Músicos de prestígio da cena brasileira resgatam algumas obras de um extenso catálogo do compositor carioca, falecido em 2017
No dia 22 de outubro, a Sala Cecília Meireles recebeu uma celebração especial em memória ao compositor Sérgio Roberto de Oliveira, falecido há sete anos e que deixou uma obra robusta e de referência para o meio da música de concerto contemporânea. Sua atuação também como produtor musical à frente de sua gravadora “A Casa Discos” ajudou de forma direta no fomento desse segmento musical, respondendo pelo lançamento de importantes álbuns de diversos compositores e intérpretes de prestígio que estabeleceram com o compositor um forte vínculo de amizade.
Alguns destes se reuniram no palco da Sala Cecília Meireles para reviver algumas de suas composições. O programa teve início com o violonista Fábio Adour interpretando “Suíte Imaginária” e, logo em seguida, sua peça “Farsa/Frevo” foi tocada pelo Duo Prevatto & Do Carmo (Tácio Prevatto, violão e Erick do Carmo, flauta). “Madureira”, para violão, foi apresentada por Marco Lima que, logo após, com a soprano Doriana Mendes, executou “A canção que não foi escrita/Canção do dia de sempre”, com poemas de Mário Quintana. Os violonistas Luis Carlos Barbieri, Max Riccio e Vicente Paschoal resgataram “18 Strings”, e Carlos Chaves, violão, Cristiano Alves, clarineta e Hugo Pilger, violoncelo realizaram a primeira audição mundial de “3 Musicians”. O programa seguiu com “Pangea” tendo à frente os clarinetistas Cristiano Alves, João Souza e Leandro Nascimento ao lado de José Batista, clarone. Outra peça que ganhou sua primeira audição na noite, “Tasto”, para violão e orquestra de cordas, traz o violão de Luis Carlos Barbieri com a Orquestra de Cordas SRO, com a regência de Sammy Fuks. Encerrando, “Tema para Laura” (extraído de sua obra “Phoenix”) reúne o clarinetista Cristiano Alves com a orquestra de cordas.
SÉRGIO ROBERTO DE OLIVEIRA (24/10/1970 – 19/07/2017)
Foi indicado ao Grammy Latino duas vezes: em 2011, na categoria “Melhor Composição Clássica Contemporânea”, com a obra “Umas Coisas do Coração”, para violão solo, e no Grammy Latino/2012, pelo CD “Prelúdio 21 – Quartetos de Cordas”, no qual atuou como produtor e compositor. Participou ativamente do cenário musical brasileiro e internacional. No exterior, sua obra tem tido destaque, notadamente nos EUA e na Inglaterra, com palestras, entrevistas, concertos e publicação de obras. Sua obra tem sido amplamente divulgada por grupos como o Quarteto Radamés Gnattali, Duo Santoro, Música Nova, GNU, Quarteto Colonial, Orquestra Sinfônica Nacional e por grandes solistas, no Brasil e no exterior.
Na Inglaterra tem como intérpretes dois dos grandes músicos do país: o flautista barroco Stephen Preston e o flautista doce John Turner. Neste país, teve a sua obra “Expresso” publicada pela Peacock Press e já participou de concertos da The North West Composers Association e The British Academy of Composers and Songwriters, além do lançamento do seu CD “Sem Espera” em Londres (a convite da Embaixada Brasileira) e em Manchester (na University of Salford).
Nos Estados Unidos a obra de Oliveira tem sido divulgada desde 1999. São dezenas de concertos e encomendas por grupos e intérpretes como o Mélomanie, Ciompi Quartet Tracy Richardson, Susan Fancher, Tom Moore, entre outros. Neste país, Oliveira tem as obras “Faces” e “Mot pour Laura” publicadas pela editora Falls House Press. Vários artigos em revistas especializadas e sites têm citado o compositor, como The Flutist Quarterly (“Circus Brasilis – The flute music of Sergio Roberto de Oliveira”), Early Music America (“Something New for Early Music”) site Andante (“The heirs of Villa-Lobos”), 21st Century Music, entre outros.
Sergio era constantemente convidado para palestras em universidades americanas, tendo proferido mais de uma dezena delas em universidades como Princeton e Duke. Em 2009 foi Artist-in-Residence na mesma Duke University. Além dos EUA e Inglaterra, a música de Oliveira tem sido tocada também na Holanda (Amsterdam), México (Cidade do México) e Itália (Milão, Trento, Udine e Pavia, onde foi convidado para um concerto exclusivamente com sua música em setembro de 2013). A revista espanhola Sonograma chegou a publicar duas entrevistas com o compositor.
O grupo de compositores Prelúdio 21, do qual foi fundador e integrante, é um dos mais ativos do mundo. Tem tido destaque no cenário da música contemporânea brasileira atuando há mais de 20 temporadas ininterruptas e apresentando, desde 2008, uma série permanente de concertos mensais. Em 2011 o grupo lançou o CD “Quartetos de Cordas”, com interpretação do Quarteto Radamés Gnattali. Oliveira foi ainda membro do grupo de compositores Vox Novus, baseado em Nova York.
Para comemorar seus 15 anos de carreira como compositor, em 2012 Sergio realizou o projeto “QUINZE”, com lançamento de um box com 4 CDs, e uma série com 13 concertos com participação de 130 músicos e 27 compositores do Rio de Janeiro, Bahia, Canadá e Estados Unidos. Sua discografia apresenta 13 CDs como produtor, 13 como compositor, 20 como produtor fonográfico, 2 como arranjador e 2 como pianista. Seu catálogo de composições apresenta mais de 100 obras para diversas formações.
