
Na tarde da segunda-feira, dia 22 de setembro, representantes de importantes instituições da música de concerto do Rio de Janeiro participaram de uma reunião com o Secretário Municipal de Cultura, Lucas Padilha, e a chefe de gabinete da secretaria, Vanessa Leme.
Estiveram presentes o maestro André Cardoso, diretor artístico da Orquestra Sinfônica da UFRJ e presidente da Academia Brasileira de Música, a violinista Kelly Davis, da Orquestra Sinfônica da UFRJ, o diretor da Escola de Música da UFRJ, Ronal Silveira, o maestro e professor da UNIRIO, Guilherme Bernstein, a produtora cultural e diretora da Orquestra Rio Villarmonica, Isabel Zagury, e o compositor João Guilherme Ripper, representando a Orquestra Sinfônica Brasileira.
O encontro teve como primeiro ponto de pauta a ocupação irregular de logradouros públicos em frente a salas de concertos, que dificulta a circulação dos músicos, o transporte de instrumentos e equipamentos e afasta o público.
Em seguida foi abordada a necessidade de o Rio de Janeiro investir na infraestrutura para a música de concerto. Atualmente, a cidade carece de uma sala de concertos com padrão internacional, capaz de receber grandes conjuntos sinfônicos locais, nacionais e internacionais. O Theatro Municipal, principal espaço disponível, é equipamento do estado que possui corpos artisticos próprios e precisa oferecer temporadas de óperas e balés. A Sala Cecília Meireles é o espaço ideal para a música de câmara e conjuntos orquestrais de pequeno porte. Outras capitais, como São Paulo e Belo Horizonte, contam com espaços de referência, como a Sala São Paulo e a Sala Minas Gerais, que concentram as maiores temporadas sinfônicas do país.
Os representantes das instituições reforçaram que a música de concerto não é nem nunca foi elitista. Diversos projetos sociais ligados à música alcançam milhares de jovens em comunidades do Rio de Janeiro e outras cidades do estado, comprovando o crescente interesse das novas gerações pela prática da música de concerto. Os ingressos dos concertos e récitas de óperas e balés são muito mais baratos do que os de shows de artistas da música pop, inseridos na chamada indústria cultural. Muitos dos concertos das orquestras são oferecidos à população com entrada franca.
A proposta defendida pelos representantes não foi apenas a construção de uma sala de concertos, mas sim de um complexo cultural integrado: um espaço com salas de concerto, salas para ensaios, auditórios menores e áreas educativas e museu da música funcionando como um verdadeiro pólo da música de concerto.
Foi ressaltado que, somadas, as orquestras do Rio oferecem mais de 300 concertos anuais à população, revelando a força e a diversidade da cena sinfônica carioca e ampliando as oportunidades de acesso à arte para todas as camadas sociais.
O Secretário de Cultura reconheceu a relevância do tema e destacou a importância de se encontrar um espaço adequado. Mencionou a possibilidade de desapropriação de imóveis, da permuta de terrenos ou imóveis com a União e mesmo o investimento privado, como alternativas para viabilizar o projeto.
A proposta de criação de um Museu da Música no Rio de Janeiro, ficou de ser estudada, de modo a viabilizar a reunião de acervos de diferentes instituições, assim como acervos de compositores cujos herdeiros têm dificuldades em mantê-los, seja por falta de espaço ou falta de condições técnicas e financeiras. O museu seria um espaço de referência para música brasileira, cuja história, em boa parte, passa pelo Rio de Janeiro.
Haverá uma nova rodada de conversa no próximo mês, para a apresentação por parte das orquestras de números do setor no estado e de propostas mais detalhadas sobre os pontos discutidos.