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Opinião | Por Norton Morozowicz

"O que falta, então, ao Brasil de hoje, para impulsionamento desta vasta rede de música e músicos, que teve origem lá atrás nas orquestras de câmara de José Maurício?"

Opinião | Por Norton Morozowicz
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Em momento delicado quando o Brasil toma decisões importantes que se desdobrarão nos próximos anos, a Academia Brasileira de Música permanece atenta e vigilante.

Um olhar pelo país revela quadros interessantes como as significativas comemorações dos 200 anos da nossa Independência que trazem à memória o Imperador Pedro I, também músico e compositor, raramente lembrado como tal, criado em ambiente de excelente música já implementada por D. João VI, responsável por trazer ao Brasil toda uma herança musical europeia, com esplendorosa biblioteca e músicos de excelência – sem esquecer da influência de Dona Leopoldina, dona de impecável formação musical obtida de Koželuh (1747-1818).

Num relance, ouvimos o Hino da Independência, escrito por D. Pedro cantado por Corais e executado por Orquestras e Bandas que existem nos 26 estados.

E nos surpreendemos com a quantidade de músicos e professores de música atuantes em todo o território nacional; afinal, existem 116 instituições de ensino superior no país que oferecem o curso de Música (CPC/MEC).   Ainda, como informação substancial, um mapeamento (Revista Per Musi no. 42), levantou a existência de 213 cursos técnicos na área de Música existentes no Brasil, em 133 unidades de Ensino de 94 municípios.

Não se pode deixar de mencionar a quantidade significativa de professores e instituições particulares e/ou religiosas de ensino de música, em todos os níveis, atuando no Brasil, de norte a sul.

O resultado do esforço, coragem e ousadia de instituições e músicos brasileiros geram, de forma evidente e relevante, exemplos atualíssimos como as excursões internacionais de três orquestras brasileiras pela Europa e Estados Unidos – OSESP, Filarmônica de Minas Gerais, NEOJIBA além do impressionante primeiro prêmio obtido aos 17 anos, pelo brasileiro Guido Felipe Sant’Anna no Concurso Internacional de Violino Fritz Kreisler recentemente realizado na Áustria – mencione-se com louvor o incrível trabalho didático de performance musical realizado por Elisa Fukuda, em São Paulo.

O que falta, então, ao Brasil de hoje, para impulsionamento desta vasta rede de música e músicos, que teve origem lá atrás nas orquestras de câmara de José Maurício? Lembrando que os jesuítas, primeiros professores de música do Brasil, chegaram em 1549…

Cremos que, contemporaneamente, ocorre uma falta de entendimento, por parte das autoridades envolvidas e da mídia em geral, da Cultura como direito fundamental do ser humano, importante vetor de desenvolvimento econômico e inclusão social, formadora de opinião pelo gigantesco público que atinge. Seria preciso apontar, claramente para todos, os pressupostos políticos e sociológicos relativos à presença da Música e à atuação do músico na sociedade contemporânea e também aprofundar estudos quanto às questões educacionais, políticas, sociais e artísticas relacionadas às Culturas musicais do Brasil, analisando-se a estrutura e eficácia das políticas públicas e privadas existentes e a serem criadas.

Buscando-se o texto do Decreto 91.1447, de 15 de março de 1985, que cria o Ministério da Cultura, é possível encontrar-se um ideal já preconizado o qual, caso atendido em sua essência, geraria uma ação cultural efetiva:

“O poder público assume a promoção, a valorização e o estabelecimento do incentivo à criação, à difusão e à conservação dos bens culturais em colaboração com a sociedade. ”

Norton Morozowicz

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