Em março, o Instituto Piano Brasileiro disponibilizou em suas plataformas digitais a partitura e primeira gravação mundial de obra para piano de Octavio Bevilacqua (1887-1969), membro fundador da cadeira número 12 da Academia Brasileira de Música (ABM), cujo patrono é José Maria Xavier. A partitura e a gravação da obra “Berceuse” (por Helber Fernandes Ribeiro, piano) podem ser acessadas diretamente neste link https://www.youtube.com/watch?v=_GN0jm3-O0I
Octavio Bevilacqua fazia parte de uma longa tradição musical familiar, uma verdadeira “dinastia Bevilacqua”, que teve início com Isidoro Bevilacqua, passando por Alfredo Bevilacqua e chegando até Octavio. Seu avô, Isidoro Bevilacqua, foi um importante comerciante de música e fabricante de pianos no Brasil, enquanto seu pai, Alfredo Bevilacqua, destacou-se como pianista, compositor e professor. Além deles, outros membros da família tiveram relevância na cena musical, como Eugenio Bevilacqua, responsável pela expansão da Casa Bevilacqua em São Paulo, e Dora Bevilacqua, filha de Octavio, que estudou na Escola de Música do Rio de Janeiro.
A carreira de Octavio Bevilacqua foi marcada por sua atuação como professor e crítico musical. Ele foi o primeiro docente de História da Música no Instituto Nacional de Música, cargo que assumiu em 1932. Além disso, trabalhou como crítico no jornal O Globo entre pelo menos 1931 e 1966 (provavelmente desde a fundação do jornal em 1925) e colaborou com publicações como Le Ménestrel (Paris) e The Journal of Musicology (Ohio). Foi membro do Conselho técnico-consultivo da Prefeitura do Distrito Federal e sócio honorário do Instituto de Música da Bahia. Participou do I Congresso da Língua Nacional Cantada, organizado por Mário de Andrade, em 1937, e recebeu a Medalha Carlos Gomes pelo conjunto de suas atividades.
Entre suas publicações, destacam-se Pontos de teoria elementar de música (1921) e Notas sobre a história do canto coral (1933). Em colaboração com Laura Jacobina Lacombe, lançou os quatro volumes de “Vamos cantar” entre 1944 e 1948. Além disso, foi redator da Ilustração Musical (1930-1931) e da Revista da Associação Brasileira de Música (1932-1934), contribuindo significativamente para a difusão do conhecimento musical no Brasil.
Como compositor, Octavio Bevilacqua escreveu diversas peças corais sacras, como O Salutaris Hostia, O Bone Jesu, Adoremus, Sub Tuum e Memorare. Além dessas, compôs uma Berceuse, originalmente publicada em 1914 como peça para harmônio, mas que também pode ser interpretada ao piano. Ele também realizou transcrições, como as adaptações para piano do coral Jesus, alegria dos homens e da Sinfonia da Cantata BWV 156, ambas de Johann Sebastian Bach.
Fonte: Instituto Piano Brasileiro
