Roda de Conversa sobre “O intérprete e a música contemporânea: colaborações produtivas” irá reunir o Maestro Lutero Rodrigues (mediador), o violonista Gilson Antunes e o professor Fausto Borém
Na terça-feira, dia 20 de dezembro, às 18h, a Academia Brasileira de Música vai promover a última edição de 2022 dos ENCONTROS ABM. Dentre entrevistas, palestras e mesas-redondas, foram programadas nove atividades, tendo por tema geral “Modernidade na Música Brasileira”. Com transmissão on-line pelo canal da ABM no YouTube, esta edição promove uma Roda de Conversa, mediada pelo acadêmico e maestro Lutero Rodrigues, com o violonista Gilson Antunes e o professor Fausto Borém. Serão discutidas algumas questões, como:
“A colaboração do intérprete tem resultado em avanços técnicos e estéticos, seja na concepção ou no “acabamento” da composição?”
“Como a interlocução entre compositor e intérprete se torna produtiva?”
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LUTERO RODRIGUES estudou violino e mais tarde, piano, concluindo o curso de regência na Universidade de São Paulo/USP, em 1980. Até então havia atuado como regente coral, à frente de vários grupos, destacando-se o Madrigal Klaus-Dieter Wolff que recebeu o prêmio de melhor coral do ano de 1980, outorgado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA. Nos três anos seguintes, continuou seus estudos na Alemanha, na Escola Superior de Música de Detmold, sob a orientação de Martin Stephani. Durante este período, estudou também com Sergiu Celibidache. De volta ao Brasil, em 1984, desenvolveu intenso trabalho voltado à formação de músicos, atuando como regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí, de 1985 a 1987, e da Orquestra Sinfônica Juvenil do Litoral, de 1984 a 1991. Durante 12 anos, de 1986 a 1998, foi regente da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, com a qual realizou várias turnês nacionais e concertos no México e Dinamarca.
Na temporada de 1992, foi também regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Coordenou e dirigiu eventos, cursos e festivais de música, destacando-se o Festival de Inverno de Campos do Jordão, do qual foi diretor artístico durante quatro anos, de 1987 a 1990, e as Oficinas de Música de Curitiba. De 1996 a 2003, foi regente titular e diretor artístico da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, de Porto Alegre. De 1998 a 2005 foi regente da Sinfonia Cultura, Orquestra Sinfônica da Rádio e TV Cultura, da qual tornou-se também, a partir de 1999, seu coordenador musical. Com esta orquestra que, durante a sua existência, foi aquela que maior número de composições brasileiras executou em todo o país, realizou centenas de gravações radiofônicas e dezenas de gravações para a televisão, além de várias gravações de trilhas de cinema, vinhetas e acompanhamentos de grupos de balé.
Como regente convidado, já dirigiu as principais orquestras brasileiras e atuou também no exterior, na Alemanha, Costa Rica, México, Espanha e Dinamarca. Tendo regido um amplo repertório internacional dedicou-se cada vez mais, nos últimos 20 anos, à pesquisa, divulgação e interpretação do repertório brasileiro. Realizou inúmeras revisões e editorações de obras ainda em manuscritos, preparando-os para serem executados. Dedica-se também à execução de obras brasileiras de autores contemporâneos, tendo participado de diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte e realizado ao longo da carreira mais de uma centena de estreias mundiais.
Na área de musicologia, produziu numerosos textos sobre diversos compositores brasileiros e suas obras, vários deles publicados, com ênfase nas linhas de Análise e Interpretação, bem como História, Estilo e Recepção. Em 2012 lançou pela Editora UNESP o livro Carlos Gomes – Um tema em questão: a ótica modernista e a visão de Mário de Andrade. É doutor em musicologia pela Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2009, e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes-Música, do Instituto de Artes da UNESP, em 2001. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Música em 2002.
GILSON ANTUNES consolidou-se no cenário do violão como um hábil e versátil instrumentista. Seus projetos artísticos singulares possuem sua própria narrativa e buscam lançar uma perspectiva inusitada sobre a literatura para violão e a arte da interpretação desse instrumento. Paulista de Ilha Solteira, Antunes aparece regularmente em salas de concerto de 4 continentes (as três Américas, África, Ásia e Europa), em países como Cuba, Venezuela, Israel, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Portugal, México, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru, além das Ilhas Canárias e quatro regiões do Brasil. Sua carreira como solista se iniciou em 1989, em São Paulo.
Seus registros artísticos (texto, vídeos ou áudio) se delineiam através de um olhar histórico. Sua estreia em CD se deu com um álbum lançado em abril de 2000 com obras brasileiras dedicadas a ele, tendo recebido elogios de nomes como Osvaldo Lacerda, Sérgio Vasconcellos Corrêa, Edmundo Villani-Côrtes e Edino Krieger. Desde então, compositores de quatro países lhe dedicaram mais de 50 obras para violão (solo, música de câmara e 4 concertos para violão e orquestra), entre eles Willy Corrêa de Oliveira, Ricardo Tacuchian, Roberto Victorio, Edson Zampronha, Antonio Ribeiro, Marcus Siqueira, Maurício de Bonis, Paulo Tiné e Paulo de Tarso Salles, entre vários outros.
Seus CDs seguintes foram “Obras para Violão de Américo Jacomino Canhoto (1889-1928)”, lançado em 2002, “Marcus Siqueira por Gilson Antunes”, gravado em 2009 e “Roberto Victorio por Gilson Antunes – Obras para Violão”, lançado em 2012, os dois últimos com supervisão dos próprios compositores. Estudou na Guildhall School of Music and Drama (Londres – Inglaterra), possuindo no Brasil graduação em música e pós-graduação em Artes. Entre seus professores estiveram nomes como Giácomo Bartoloni, Fabio Zanon e Robert Brightmore. É professor do Instituto de Artes da UNICAMP desde 2015, onde leciona Percepção Musical, Música de Câmara e Violão Clássico. Gilson Antunes é um artista D’Addario e se apresenta com violões construídos especialmente para ele pelos luthiers Cláudio Arone, Lucio Jacob e Carlos Novaes.
FAUSTO BORÉM é Professor Titular da UFMG, onde criou a Pós-Graduação stricto sensu em Música. Como solista no contrabaixo, recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior e tem representado o Brasil nos principais eventos internacionais do contrabaixo acústico desde a década de 1990 (Berlim, Paris, Londres, Edimburgo, Avignon e as principais universidades de música nos EUA), nos quais apresenta música brasileira, incluindo suas composições, arranjos e transcrições.
Como pesquisador do CNPq desde 1994, com seu grupo de pesquisa interdisciplinar, criou o mAAVm (Método de Análise de Áudios e Vídeos de Música) e suas ferramentas: MaPA (Mapa de Performance Audiovisual), EdiP (Edição de Performance), EdiPA (Edição de Performance Audiovisual), EdEsP (Edição Espectrográfica de Performance). Criou também o Sistema de Controle da Afinação Não-Temperada no Contrabaixo que é baseado na integração dos sentidos da audição, visão e tato. Em 2019, essa pesquisa recebeu o 1º Prêmio da ISB (International Society of Bassists) pelo artigo “Intonation in the Performance of the Double Bass: The Role of Vision and Tact in Undershoot and Overshoot Patterns” (acesso em http://www.ojbr.com/volume-10-number-1.asp).
Em 2022, também pela ISB, seu recital como solista, compositor e arranjador na Convenção Mundial de Contrabaixistas, reuniu 28 contrabaixistas e outros músicos de vários países e recebeu o prêmio “Gary Karr 80-to-90 Project”. Foi Primero Contrabaixista do Teatro Municipal de São Paulo e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerias, tendo atuado também como músico e solista da Filarmônica de Minas Gerais.
Foi professor e recitalista do Festival Internacional de Música Antiga e Música Colonial Brasileira de Juiz de Fora (2005 a 2008, 2015) e contrabaixista em 5 CDs com a Orquestra Barroca do Festival Internacional de Juiz de Fora (2005 a 2009; incluindo o Prêmio Diapason D’or do Brasil), que incluem sinfonias de W. A. Mozart e J. Haydn, Suites de Bach e a Sinfonia a Grand Orchestra de S. Neukomm.
Como contrabaixista acompanhante, tocou com músicos eruditos como Yo-Yo Ma, Midori, Menahen Pressler, Yoel Levi, Fábio Mechetti e Arnaldo Cohen e com músicos populares como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Henry Mancini, Bill Mays, Kristin Korb, Grupo UAKTI, Toninho Horta, Juarez Moreira, Tavinho Moura, Roberto Corrêa e Skank. Restaurou e publicou as lições do método de contrabaixo e as modinhas imperiais de Lino José Nunes (1789-1847). Foi o contrabaixista do 4º CD da Orquestra Barroca do Amazonas (2016). Publicou vários artigos seminais sobre figuras da música popular brasileira como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Elis Regina, Pixinguinha, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Raphael Rabelo, K-Ximbinho, Vitor Assis Brasil e Grupo Uakti. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior como solista no contrabaixo, compositor, pedagogo e analista musical.