Fundada em 14 de julho de 1945, por Heitor Villa-Lobos, como instituição cultural sem fins lucrativos, tem como objetivo principal a divulgação da música clássica brasileira
Nasceu em Recife, Pernambuco, em 18 de fevereiro de 1939. Estudou piano e teoria musical no Conservatório Pernambucano de Música, entre 1948 e 1959, harmonia e contraponto com o Pe. Jaime Diniz, de 1956 a 1959 e composição com H. J. Koellreutter e Camargo Guarnieri, entre 1960 e 1962. Nos dois anos seguintes, com uma bolsa da Fundação Rockefeller, realizou estudos avançados de composição no Centro Latino-americano de Altos Estúdios Musicales do Instituto Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, com Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Riccardo Malipiero, Aaron Copland e Luigi Dallapiccola. Estudou ainda com Alexandre Goehr e Günther Schüller, no Berkshire Music Center, em Tanglewood, EUA, em 1969, onde trabalhou com Leonard Bernstein. No mesmo ano estudou no Centro de Música Eletrônica de Columbia-Princeton, em New York, com Wladimir Ussachevsky.
Nasceu no Rio de Janeiro em 05 de março de 1887. Iniciou sua formação musical com o pai, Raul Villa-Lobos, dedicando-se ao violoncelo e ao violão. O estudo do piano com uma tia o fez conhecer a obra de J. S. Bach, que se tornaria uma importante referência musical, especialmente os prelúdios e fugas de O cravo bem temperado. Ingressou no curso noturno do Instituto Nacional de Música, onde estudou violoncelo com Max Breno Niederberger e harmonia com Frederico Nascimento, estudando os compêndios de Durand, Dubois e D’Indy. Ganhava a vida como músico tocando violoncelo em orquestras, cafés e cinemas. Com o violão conheceu e travou contato com alguns dos mais importantes músicos populares do Rio de Janeiro, os “chorões”, como eram conhecidos. Sedimentou suas referências musicais nas primeiras décadas do século XX, portanto, com a música popular urbana do Rio de Janeiro, com o folclore musical brasileiro, com o impressionismo francês e a música de J. S. Bach. As obras produzidas no período transitam entre a linguagem universal de sonoridade francesa de sua música de câmara (trios e peças para violino e violoncelo e piano) e a temática nacional expressa em obras sinfônicas de grande envergadura como Uirapuru e Amazonas, onde já demonstra a força de sua criatividade. Um segundo momento se situa na década de 1920, logo após sua participação na Semana de Arte Moderna. É o período de suas obras mais arrojadas e vanguardistas como o Nonetto e a grande série dos Choros. É também o período em que se faz conhecer internacionalmente, quando realiza suas viagens a Paris. O terceiro momento se inicia na década de 1930, quando Villa-Lobos abraça a causa da educação musical e desenvolve o projeto do Canto Orfeônico, juntando multidões em estádios de futebol com o apoio do governo de Getúlio Vargas. No mesmo período escreve outra série importante, a das nove Bachianas Brasileiras, onde concilia a música de Bach com as características da música brasileira. Finalmente, seu último momento, a partir de 1945, adota um perfil neoclássico e aborda com mais desenvoltura as formas tradicionais. É o período no qual escreve a maioria de seus concertos, sinfonias e quartetos de cordas, recebe encomendas vindas de todo o mundo e amplia sua inserção internacional para os EUA, regendo as grandes orquestras norte-americanas e criando obras inclusive para filmes e musicais. Em seu catálogo, editado pelo Museu Villa-Lobos, constam mais de 700 títulos, incluindo música para instrumentos solo, com destaque para o violão e o piano, música de câmara para diferentes formações, canções, música coral (sacra e profana), concertos, obras sinfônicas, óperas e balés. Villa-Lobos fundou a Academia Brasileira de Música em 1945, tendo por modelo a Academia Brasileira de Letras e a Academia Francesa. Deixou, em testamento, seus direitos autorais para a ABM, da qual foi o presidente até a sua morte. O compositor faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 1959. Atualmente, por disposição estatutária, Villa-Lobos recebeu o título de Grande Benemérito da ABM.
José de Anchieta nasceu nas Ilhas Canárias, em 1534. O jovem missionário da Companhia de Jesus, com 19 anos de idade, ao chegar ao Brasil, dedicou-se à catequese, usando, como recurso pedagógico, o teatro e a música. Pode ser apontado como o precursor da educação musical e do teatro, no Brasil. Por esta razão, Villa-Lobos escolheu seu nome como o patrono da cadeira nº1 da Academia Brasileira de Música.
Adhemar Nóbrega nasceu em Patos, Paraíba, em 1917. Ainda criança se transferiu para João Pessoa. No Lyceu Paraibano estudou música com Gazzi de Sá, substituindo o professor na cadeira de canto orfeônico quanto este se transferiu para o Rio de Janeiro. Trabalhou no jornal A União, como repórter, articulista e crítico de cinema. Veio para o Rio de Janeiro, onde se diplomou, em 1944, pelo então Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (CNCO), dirigido por Heitor Villa-Lobos.
É natural de Araras, São Paulo (1966). Doutora (Ph.D.) em Musicologia e Etnomusicologia pela Universidade do Texas-Austin, EUA, sob a orientação de Gerard Béhague (1995-2001), com a tese Indianismo and Landscape in the Brazilian Age of Progress: Art Music from Carlos Gomes to Villa-Lobos, 1870s-1930s, publicada pela UMI-Research Press (2001). Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista-UNESP, sob a orientação de Régis Duprat (1991-1994), com a dissertação Música de Câmara do Período Romântico Brasileiro, 1850-1930. Bacharel em piano pela UNESP, sob a tutoria de Beatriz Balzi (1987). Foi editora assistente da Latin American Music Review (1999-2000), publicada pela University of Texas Press.
Nasceu em 06 de setembro de 1896, em Itajubá, Minas Gerais. Seu pai, Miguel Archanjo de Souza Vianna, era pianista e cantor amador. Seus tios Luiz e José Ramos de Lima foram músicos e compositores. Fructuoso de Lima Vianna iniciou os estudos de piano na sua cidade natal com a professora Antonina Chambelin Bourret. Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou aluno da professora Alzira Manso. Interrompeu os estudos em 1915 para realizar uma longa turnê de concertos por Minas Gerais e São Paulo. Em 1917 foi readmitido no Instituto Nacional de Música quando se tornou aluno de Henrique Oswald. Concluiu o curso em 1919. No mesmo ano conheceu Villa-Lobos e tornou-se um de seus principais intérpretes. Formou com o violinista Mário Ronchini e o violoncelista Newton Pádua o Trio Brasileiro. Foi como integrante do trio que participou da famosa audição privada organizada por Villa-Lobos para o pianista Arthur Rubinstein, em 1921, no Palace Hotel, quando o grande virtuose pela primeira vez ouviu a obra do compositor carioca, da qual passaria a ser um dos defensores.
Nasceu no Recife, em 1719. Pouco se sabia a seu respeito e sua música era praticamente desconhecida. Já em 07 de março de 1854, mereceu uma notícia biográfica no Diário de Pernambuco, escrita por Joaquim Mello. O Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres, de Pereira da Costa, publicado no Recife em 1882, também se refere ao músico pernambucano. Mas foi o musicólogo Pe. Jaime Diniz, da Academia Brasileira de Música, quem divulgou o nome de Luiz Álvares Pinto, através de seus estudos e pesquisas, especialmente no primeiro volume do livro Músicos Pernambucanos do Passado, de 1969. Diniz também promoveu a edição, execução e gravação das poucas obras do compositor que chegaram até nossos dias, especialmente o Te Deum laudamus, localizada em 1967 pelo musicólogo, em um arquivo particular. A primeira execução moderna do Te Deum laudamus se deu em 1968, no IV Festival de Música de Curitiba, sob a direção do Pe. Jaime Diniz.
Boi-Bumbá, Cobra grande, Matintaperera, Rolinha, Senhora Dona Sancha, Tambatajá são algumas das mais executadas canções do repertório vocal brasileiro de todos os tempos.
Autor de mais de 120 canções, Waldemar Henrique nasceu em Belém, do Pará, em 1905. Passou boa parte de sua infância no Porto, Portugal, retornando, com 13 anos de idade, à sua cidade natal onde iniciou os estudos musicais. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1933, estudando com Barroso Neto, Newton Pádua, Arthur Bosmans e Lorenzo Fernândez, entre outros. Foi diretor musical da Rádio Roquette Pinto e realizou várias excursões artísticas, como pianista e acompanhador, dentro e fora do país. De volta a Belém, foi diretor do Teatro da Paz. Faleceu nesta cidade, em 1995. A música de Waldemar Henrique, em sua maior parte, com forte expressão dos ritmos e lendas amazônicas, continua sendo divulgada largamente tanto por cantores clássicos como populares.
“A Música e o Tempo no Grão-Pará”,de Vicente Salles (Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1980) foi a grande contribuição que o pesquisador, antropólogo e folclorista deu à musicologia brasileira. Nesta obra, afirma: "Belém foi sede de poder político, econômico, militar e religioso. Não nos surpreende a existência de uma arquitetura monumental; consequentemente, não nos deve surpreender a música que aqui se implantou e se praticou" (p. 19). Nascido em Igarapé-Açu, Pará, em 1931, Vicente Salles logo exerceu o jornalismo no “O Estado do Pará” e iniciou suas pesquisas de folclore.
No Rio de Janeiro, diplomou-se na Universidade do Brasil, hoje UFRJ, em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia. Na Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, organizou a Biblioteca Amadeu Amaral e o Serviço de Documentação, planejou a edição de livros e folhetos sobre folclore, foi redator-chefe da "Revista Brasileira de Folclore" e lançou vários discos da série “Documentário Sonoro do Folclore Brasileiro”. No Rio, lecionou folclore no Instituto Villa-Lobos. Transferindo-se para Brasília, foi secretário da câmara de artes do Conselho Federal de Cultura. Por fim, em 1985, transferiu-se para o SPHAN/Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Pró-Memória.
Foi curador do acervo de manuscritos e outros documentos musicais da biblioteca da Universidade Federal do Pará. Membro de várias sociedades culturais e artísticas foi considerado um dos grandes especialistas sobre a cultura musical da Amazônia. Salles realizou várias pesquisas sobre Antônio Carlos Gomes, especialmente no curto período em que o maestro brasileiro viveu em Belém. Além da obra referida anteriormente, publicou inúmeros livros, dentre os quais se destacam “A Música em Belém no século XIX”, 1961, “Música e músicos do Pará”,1970, “Meneleu Campos”, 1972, “Santarém: uma oferenda musical”, 1981 e “Paulino Chaves, centenário do pianista e compositor”, 1983. Vicente Salles foi autor de verbetes e de textos de inúmeras obras, fez parte do conselho consultivo da “Revista Brasiliana” e da comissão editorial do projeto Bibliografia Musical Brasileira, ambos da Academia Brasileira de Música. Faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de março de 2013.
Salomea Gandelman, professora do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, concluiu na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cursos de Bacharelado em piano, Licenciatura em educação musical e Especialização em piano; e, na Escola de Comunicação da mesma universidade, o Mestrado em Comunicação, na área de sistemas de significação, buscando ininterruptamente aprofundar seus conhecimentos nos campos da performance, análise, estética musical, educação e pedagogia.
Realizou recitais, concertos de câmara e com orquestra, mas optou pelo magistério- que exerceu desde o ensino inicial para crianças, até a pós-graduação-, e pela pesquisa em performance, educação musical e musicologia, paralelamente exercendo funções administrativas nas instituições nas quais trabalhou. Nos Seminários de Música Pró-Arte, do qual foi uma das fundadoras, das primeiras professoras e diretora, atuou de 1959 a 1981, nas áreas de ensino de piano e musicalização, procurando motivar a criança e o jovem estudante para a música, através de abordagens de ensino que enfatizassem, além da prática instrumental, a criatividade, os conhecimentos teóricos e a apreciação musical interessada e significativa, buscando uma formação que integrasse intelecto e emoção, cognição e afeto.
Na Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, onde ingressou em 1981, foi diretora do Instituto Villa-Lobos, decana eleita do Centro de Letras e Artes e fundadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Nos cursos de bacharelado e licenciatura, ministrou as disciplinas Piano e Pedagogia do Piano; e, no Programa de Pós-Graduação, onde continua como professora, orientadora e pesquisadora, atua nas linhas de pesquisa Teoria e Prática da Interpretação Musical, com foco na Música Brasileira do século XX, e Ensino/Aprendizagem.
Além de ter integrado diversos Colegiados, desde os internos do Instituto Villa-Lobos e do Centro de Letras e Artes, aos superiores da Universidade, participou de incontáveis bancas de concursos nacionais de piano, de concursos promovidos pela Funarte, de concursos para seleção de professores do Instituto Villa-Lobos, de bancas de exame de qualificação e defesa de dissertações de mestrado, ensaios e teses de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Música da Uni-Rio e de outros programas, atuando também como consultora “ad hoc” para avaliação de projetos apresentados a agências de fomento como CNPq, CAPES e FUNARTE. Foi membro da extinta Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, é membro da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós- Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi secretária por dois mandatos, e membro de Conselhos Editoriais de inúmeros periódicos acadêmicos.
Sobre sua dissertação de mestrado, Cidadezinha qualquer: poesia e música – análise das canções de Guerra-Peixe e Ernst Widmer sobre um poema de Carlos Drummond de Andrade, um estudo sobre as relações entre poesia e música, em carta dirigida à autora, o poeta escreveu: “Jamais eu poderia ambicionar que um de meus poemas, dos mais antigos e humildes, viesse a merecer a tríplice consagração de ser musicado pelos maestros Guerra-Peixe e Ernest Widmer e de suscitar a elaboração de um trabalho universitário tão apurado e revelador dos liames que unem poesia e música. Senti uma dessas raras alegrias que resultam da comunhão de diferentes espíritos, aproximados e identificados pela igual devoção à arte sob todas as suas formas”.
Organizou, redigiu e fez a introdução do livro Estética de H.J.Koellreutter e S. Tanaka, primeiramente publicado em 1983 pela Novas Metas, editora já extinta, sob o título A procura de um mundo sem vis-a-vis, e, em 2019, reeditado em versão digital, pela Universidade Federal de S. João D’el Rei, onde esta sediada a Fundação Koellreutter, livro em que os autores comparam modos de viver, pensar, sentir e conceber a arte no ocidente e no oriente. É autora do livro 36 Compositores Brasileiros: Obras para Piano (1950/1988), publicado pela Funarte e Relume Dumara, extenso estudo sobre aspectos composicionais e pianísticos marcantes de um conjunto de mais de 500 obras para piano, escritas na 2ª metade do século XX, trabalho aplaudido pela crítica especializada do Rio de Janeiro, S. Paulo e Salvador. Da pesquisa sobre Almeida Prado e das aulas nos Seminários “Teoria e Prática da Interpretação Musical” resultou um álbum com dois Cds, O som de Almeida Prado, gravado em 1999 pelos alunos daqueles Seminários.
Em parceria com Sara Cohen, professora titular da escola de música da UFRJ, escreveu a “Cartilha Rítmica” para piano, de Almeida Prado, obra dedicada a Salomea Gandelman, trabalho publicado em 2006 e, em versão digital, em 2019, pela Música Brasilis. No livro foram analisados seus 103 Exercícios com foco nos complexos ritmos que permeiam não só as composições do autor, mas também de boa parte de compositores do século XX.
Em 2008, publicou pela editora Contra Capa, a segunda edição revista e aumentada do livro Música contemporânea brasileira do musicólogo José Maria Neves, no qual foram acrescentados mais três artigos: Música hoje: partindo dos novíssimos, do próprio José Maria, Vinte anos de Bienais escrita por Edino Krieger, e uma Biografia de José Maria, pela autora da edição do livro.
Publicou inúmeros artigos nas revistas Art da UFBa, Debates, da UNIRIO, Per Musi , da UFMG, Brasileira de Música, da UFRJ, Opus da ANPPOM, Brasiliana, da ABM, Pensar a Música, do Congresso Nacional de Guimarães -Portugal-, Pesquisa e Música, do Conservatório Brasileiro de Música, além de diversos outros em anais da ANPPOM e ISME (Sociedade Internacional de Educação Musical).
Em função de seus interesses artísticos e pedagógicos, a convite da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, fez visitas de estudo a diversas escolas de música desses países.
Em 1989 recebeu da Organização das Mulheres Pioneiras o título de “Mulher Judia destaque na Música”, em 2000, o de “Orgulho Carioca”, oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e em 2012, o de “Professor Benemérito”, conferido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Unirio.
Pianista e compositor nasceu em Porto Alegre (RS), em 27 de janeiro de 1906. Iniciou os estudos de piano com a mãe, Adélia Fossati Gnattali, prosseguindo com Guilherme Fontainha no Conservatório de Música de Porto Alegre. Ao mesmo tempo praticou o violão e o cavaquinho tocando em grupos de música popular, bailes, cafés e cinemas. Com a pretensão de se tornar concertista se transferiu para o Rio de Janeiro em 1931. Na capital deu um recital no Instituto Nacional de Música (INM) com repertório de grande dificuldade, onde incluiu a Sonata em si m, de Liszt. Após uma tentativa frustrada de ingressar no corpo docente do INM buscou nos cafés e cinemas mudos da cidade sua fonte de renda. Mas foi no rádio que se estabeleceu profissionalmente.
O compositor Jayme Rojas de Aragón y Ovalle nasceu em Belém, Pará, em 05 de agosto de 1894 e faleceu em 09 de setembro de 1955. Foi autodidata no piano e no violão. Ainda adolescente mudou-se para o Rio de Janeiro, onde entrou em contato com Villa-Lobos, Luciano Gallet e outros compositores. Fez concurso para a Fazenda Nacional, vindo a ocupar delegacias do Tesouro Nacional em Londres e em Nova York. Foi em Londres que compôs quase toda a sua obra, publicada depois de seu retorno ao Rio de Janeiro, em 1937. Tornou-se conhecido com canções como Azulão e Modinha, ambas com letra de Manuel Bandeira. É autor de obra vasta para canto e piano e para piano.
O pai de Domingos Caldas Barbosa, o português Antônio Caldas Barbosa, era funcionário da corte portuguesa na colônia de Angola, na África. Foi transferido para o Rio de Janeiro e trouxe consigo sua escrava, Antônia de Jesus. Grávida, ela deu à luz logo após desembarcar. O poeta e violeiro Domingos Caldas Barbosa nasceu no Rio de Janeiro, provavelmente em 04 de agosto de 1740, dia de São Domingos. Aos 12 anos foi matriculado no Colégio dos Jesuítas, revelando desde cedo seus dotes artísticos. Compunha, cantava modinhas e fazia versos satíricos. Ficou famoso como tocador de viola, sem, no entanto, saber ler ou escrever música, pois apenas as letras de suas canções sobreviveram.
Em 1762 assentou praça no regimento sediado na Colônia do Sacramento, no Sul do Brasil. Quando esta colônia foi ocupada pelos espanhóis, voltou ao Rio de Janeiro e obteve baixa. Por intermédio do Conde de Pombeiros, transferiu-se para Portugal onde continuou seus estudos na Universidade de Coimbra. Abandonou o curso e se transferiu para Lisboa, onde foi ordenado presbítero secular em 1788 e tornou-se capelão da Casa da Suplicação. Foi recebido como membro da Arcádia Lusitana, adotando o nome de Lereno Selenuntino. Ficou extremamente popular no reino, com suas modinhas e lundus, que apresentava em saraus de casas distintas. Muitas de suas obras apareceram também no livro Viola de Lereno, editado em Lisboa no ano de 1798.
Segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, seu principal biógrafo, o compositor e poeta brasileiro faleceu em Lisboa, em 09 de novembro de 1800.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 1950. Estudou no Brasil com Paulina D’Ambrosio e Santino Parpinelli (violino e viola), César Guerra-Peixe (composição) e Carlos Alberto Pinto Fonseca (regência). Foi bolsista do Mozarteum Argentino, tendo estudado com Sérgio Lorenzi. Na Itália foi aluno do Conservatório Cherubini, em Firenze, onde estudou com Roberto Michelucci (violino) e Annibale Gianuario (regência). Ainda na Europa fez cursos de aperfeiçoamento em regência com Adone Zecchi, Franco Ferrara e Sergiu Celibidache.
A folclorista e poetisa Oneyda Paoliello de Alvarenga nasceu em Varginha, Minas Gerais, em 06 de dezembro de 1911 e faleceu em São Paulo, em 24 de fevereiro de 1984.
Foi discípula de Mario de Andrade no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se diplomou em 1934. Por indicação de Mario de Andrade, em 1935 foi criadora e primeira diretora da Discoteca Pública Municipal de São Paulo. Seu primeiro estudo sobre o folclore foi “Cateretês do sul de Minas”.
Foi fundadora da Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo, membro da Campanha em Defesa do Folclore Brasileiro e da Comissão Nacional de Folclore, da União Brasileira de Escritores e membro correspondente do International Folk Music Council e da Association Internationale des Bibliothèques Musicales/CIM-UNESCO.
Estreou na literatura em 1938 com o livro de poemas “A Menina boba”.
Recebeu o Prêmio Fábio Prado, em 1938, pela obra “Música popular brasileira”.
Em 1958, recebeu a Medalha Sílvio Romero, por sua produção referente ao folclore brasileiro. Foi a responsável pela edição crítica de diversas obras de Mario de Andrade, publicadas postumamente. Publicou grande quantidade de artigos sobre diversos aspectos do folclore brasileiro.
Não há documentação de data, local de nascimento, nem origem de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. As informações hoje conhecidas sobre o principal compositor mineiro do século XVIII foram reveladas pelo musicólogo Francisco Curt Lange a partir da década de 1940. Sua atividade profissional registrada tem início na cidade do Serro, onde consta, em 1765, um registro de pagamento nos livros do Senado da Câmara. Por volta de 1776 transferiu-se para Diamantina, antigo Arraial do Tejuco, onde teria composto a Missa para Quarta-Feira de Cinzas, em 1778. Por mais de vinte anos atuou como organista e compositor em diversas irmandades.
m 1798 o encontramos na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), como organista da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo. Há registros de sua participação como regente no Tríduo da Semana Santa na Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Na última fase de sua vida, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde há registros de sua atuação como organista da Ordem Terceira do Carmo a partir de 1801.
É por muitos considerado o mais eminente dos compositores da chamada “Escola Mineira”. Cópias manuscritas de suas obras foram conservadas em quase todos os arquivos musicais de Minas Gerais e mesmo de outros estados, o que revela sua importância como compositor e a circulação de suas obras no Brasil. Todas as obras conhecidas de Lobo de Mesquita são essencialmente vocais (solos ou coro), religiosas e em grande parte com acompanhamento orquestral. Destacam-se Missa em mi bemol, Missa em fá, Credo, Te Deum, Ofício de Semana Santa, Ofício de defuntos (Ofício das violetas) e Tercio, além de antífonas, ladainhas, motetos e outras formas musicais religiosas. Sua obra mais conhecida e executada é a Antífona de Nossa Senhora Salve Regina, uma das primeiras partituras encontradas por Curt Lange por ocasião de suas pesquisas em arquivos mineiros na década de 1940.
Faleceu em 1805.
Nascido em 1954, na cidade de São Paulo, Roberto Tibiriçá começou sua carreira como pianista e camerista recebendo fortes influências de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de Carvalho, Nelson Freire, Gilberto Tinetti e Peter Feuchtwanger. Porém, seus conhecimentos musicais não bastavam apenas para tocar piano...queria seguir o difícil caminho da Regência Orquestral!
Resolveu então, procurar o Maestro Eleazar de Carvalho e começou a participar dos Festivais de Campos do Jordão, em São Paulo, como pianista e assistente do Maestro Dr. Hugh Ross, diretor da Schola Cantorum, de Nova York. Iniciou seus estudos de regência com o Maestro Eleazar de Carvalho e venceu por duas vezes o Concurso para Jovens Regentes da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, passando a ser o Principal Regente-Convidado, trabalhando com o Maestro Eleazar por quase 18 anos até sua vinda para a cidade do Rio de Janeiro em 1994 para a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi Diretor-Adjunto e, posteriormente seu Diretor Artístico.
Esteve em Lisboa, Portugal, entre 1984-1985, como Regente Assistente do Teatro Nacional de São Carlos onde, até hoje mantém relações muito afetivas com este País, sendo convidado permanente do júri do Concurso Internacional para Jovens Chefes de Orquestra, promovido pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pela Fundação Oriente. Convidado para participar da Semana Guiomar Novaes, em Miami, regeu um concerto com a Orquestra Filarmônica da Flórida e o pianista Arnaldo Cohen.
Como Diretor Artístico da RGE/FERMATA foi o responsável pelo início das gravações de música clássica em gravadoras brasileiras, tendo entre elas o único LP gravado no Brasil pela grande pianista Guiomar Novaes interpretando somente música brasileira.
Recebeu o prêmio de Melhor Regente Orquestral, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Lei Sarney como revelação na área de Regência Orquestral. Fundou em São Paulo a Orquestra Nova Filarmonia, que entre outros artistas acompanhou Luciano Pavarotti, a Orquestra Nova Sinfonieta e a Orquestra de Câmera Da Capo (conjuntos formados pelos melhores músicos da cidade) e onde realizou a primeira audição da Petite Messe Solennelle, de Rossini.
Em 1995 foi eleito pela crítica especializada do Rio de Janeiro como Músico do Ano. Trouxe várias primeiras audições nesta cidade em seus concertos com a OSB como a 2a. Sinfonia e as Danças Sinfônicas de Rachmaninoff e as óperas The Rape of Lucretia e A Midsummer Night's Dream, de Benjamin Britten além de várias obras de autores brasileiros inclusive a gravação do CD em Homenagem ao Papa João Paulo II com 5 obras inéditas dos compositores Ricardo Tacuchian, Ronaldo Miranda, Edino Krieger, Almeida Prado e David Korenchendler. Ainda com esta orquestra participou de diversas edições do Projeto Aquários entre as quais se destacam a Sinfonia no 2 de Gustav Mahler, na Enseada de Botafogo em 1996, para um público estimado em 150 mil pessoas e no Aterro do Flamengo, na Missa Campal celebrada por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, para cerca de 2 milhões de pessoas, em 1997!
Convidado pela Direção Artística do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizou, em 1998, o Ciclo Beethoven, onde foram executadas as 9 Sinfonias, os 5 Concertos para Piano, o Concerto Tríplice e o Concerto para Violino com o teatro completamente lotado!
Desde o ano 2000 passou a ser o Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica Petrobrás Pró Música do Rio de Janeiro “OPPM” sendo o responsável pelo alto nível artístico que este conjunto alcançou levando o mesmo a receber o Prêmio Carlos Gomes, em sua primeira edição Nacional, como o Melhor Conjunto Orquestral em 2001 e lotando suas Temporadas tanto no Theatro Municipal como na Sala Cecília Meireles. As viagens com a OPPM têm alcançado enorme sucesso de público obrigando a colocação de cadeiras extras no palco, junto à orquestra. Sua criatividade na programação e o resgate dos famosos Concertos Matinais aos domingos pela manhã, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, têm atraído um público novo composto a maioria por jovens, formando assim novas platéias.
Gravou com esta orquestra ao vivo neste Theatro Municipal 2 CDs dedicados à música brasileira: com Wagner Tiso interpretando ao piano suas "Cenas Brasileiras" e o outro com duas das obras mais cobiçadas e esquecidas em gravações: O Concerto para piano em Formas Brasileiras de Hekel Tavares, com o pianista Arnaldo Cohen e o Choros No.6 de Villa-Lobos já sendo considerado o Lançamento do Ano!
Criou a série "O Artista Brasileiro", realizada na Sala Cecília Meireles, onde só se apresentam os artistas nacionais e que tem sido recebida com muito carinho pelo público desde sua idealização quando assumiu a OPPM. Os três concursos também idealizados por Roberto Tibiriçá (o Concurso para Jovens Solistas "Armando Prazeres", o Concurso para Jovens Regentes "Eleazar de Carvalho" e o Concurso para Jovens Compositores "Claudio Santoro", este em parceria com a Academia Brasileira de Música) têm recebido grandes elogios por sua iniciativa e apoio à juventude.
Juntamente à música clássica, desenvolve intensa atividade com os clássicos populares brasileiros em concertos com Wagner Tiso (com quem tem uma parceria já há 10 anos), Rita Lee, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Zizi Possi, Sivuca, Frejat, Simone, Ivan Lins, Francis Hime, Paulo Moura entre outros. É convidado para realizar eventos dos mais diferentes motivos como a Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro desde sua primeira edição, em 1996.
Por sugestão do pianista Nelson Freire, foi convidado por Martha Argerich para reger o Concerto de Abertura do Festival Martha Argerich, em Buenos Aires, fazendo sua estréia no Teatro Colón, em Novembro de 2001, onde a maior pianista deste século tocou sob sua regência o Concerto para piano em Sol M, de Ravel juntando-se a outros artistas com quem teve a oportunidade de trabalhar como Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Barry Douglas, Lílian Zilbersntein, Valentina Lisitsa, Sergio Tiempo, Joshua Bell, Shlomo Mintz, Stefan Jackiw, Erik Schumann, Gautier Capuçon, Frederieke Saeijs, David Aaron Carpenter, Gabriela Montero, HJ Lim, Antonio Meneses, Mikhail Rudy, Alexander Toradze, Jean Louis Steuerman, Boris Belkin, Dmitry Sitkovetsky, Geza Hosszu-Legocky, Pavel Sporcl, Eugene Fodor, Wolfgang Meyer, Romain Guyot, Ole Edvard Antonsen, Cristina Ortiz, Bernard Greenhouse, Nelson Goerner, Pascal Roge, Jean-Philippe Collard, Bella Davidovitch, Yevgeny Sudbin, Jon Nakamatsu, Evgeni Mikhailov, Frank Braley, Daniel Casares, Ana Botafogo, Marcelo Misailidis entre outros...
Roberto Tibiriçá é considerado um dos melhores regentes da atualidade pela crítica especializada trazendo sempre em seu repertório obras de interesse artístico e público preservando assim seu objetivo de formação de novas platéias. Por este motivo recebeu em 28 de Novembro de 2002 o título de CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, concedido pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro por seus serviços prestados à Cultura do Estado desde sua vinda, em 1994. No dia 26 de Março de 2003 foi eleito para ocupar a Cadeira de No.05 (cujo Patrono foi o Pe. José Maurício Nunes Garcia) da Academia Brasileira de Música e no dia 11 de Maio de 2018 tomou posse como Membro Honorário da Academia Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Em 2020, em plena pandemia do Corona vírus, realizou com a OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - a Estreia Mundial da ópera em 1 ato "Cartas Portuguesas", do compositor brasileiro João Guilherme Ripper e gravou para o selo NAXUS os Choros para Clarinete, Piano, Viola, Violoncelo e a peça Flor de Tremembé, de Camargo Guarnieri.
Nasceu em Linz, na Áustria, em 29 de janeiro de 1876. Após estudar música em sua terra natal veio para o Brasil, fixando-se, inicialmente, em Salvador, Bahia, em 1893. Após naturalizar-se brasileiro em 1898 e ordenar-se sacerdote, foi transferido para o sul do Brasil. Na cidade de Lages (SC), fundou, em 1902, o periódico Cruzeiro do Sul. Em 1908 se estabeleceu na cidade de Petrópolis (RJ), onde fundou o Centro da Boa Imprensa, em 1910. Residiu posteriormente no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.
O grande destaque da vida musical de Frei Pedro Sinzig foi ser o principal agente em prol da música sacra no Brasil, tornando-se uma espécie de conselheiro com relação às questões musicais e litúrgicas.
Em 1941 criou a revista Música Sacra com o objetivo de ser um veículo divulgador e, antes de tudo, orientador sob o ponto de vista estético, musical e religioso das obras destinadas à Igreja. Foi publicada pela Editora Vozes, de Petrópolis, e mantida até o ano de 1959.
Outra importante contribuição de Frei Pedro Sinzig foi a Escola de Música Sacra, fundada em 1943, que tinha por fim preparar dirigentes para coros litúrgicos, segundo as regras eclesiásticas. Em Petrópolis, foi responsável pelo coro dos Teólogos Franciscanos. Atuou junto ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e foi um dos fundadores da Pró-Arte, organização que manteve uma escola de música, os cursos de verão de Teresópolis (RJ) e estabeleceu intercâmbio cultural entre o Brasil e a Alemanha.
Como compositor, deixou numerosa obra, na sua maioria religiosa, de estilo tradicional e caráter funcional. Destacam-se Missas, Te Deum, Ladainhas, Hinos Eucarísticos, uma Paixão Segundo São João, um Oratório de Natal e grande número de obras para os diversos serviços religiosos. Escreveu obras profanas, algumas de caráter didático, como os 100 Prelúdios para órgão, as Fantasias sobre modinhas populares para violino e piano e outras de pretensões mais ousadas como as Rapsódia Brasileira e Rapsódia Mariana para piano, posteriormente orquestrada. Deixou inacabada a ópera Frei Antônio.
No campo didático deixou uma importante contribuição com os livros: Os Segredos da Harmonia (1918), Sei compor (1919), O Brasil canta (1938) e o Dicionário musical (1945), que durante anos foi o único em seu gênero no país. Até recentemente seus manuais de harmonia e composição foram utilizados amplamente no interior do país pelos músicos que não tinham acesso à literatura musical, sendo importantes agentes na formação musical.
Foi também um consultor e conselheiro de muitos compositores nos assuntos referentes à composição de música religiosa, inclusive de Villa-Lobos, que dedicou a Frei Pedro sua Missa de São Sebastião.
Frei Pedro Sinzig faleceu na cidade de Dusseldorf, na Alemanha, em 8 de dezembro de 1952. Foi sepultado no Rio de Janeiro e seu acervo musical foi transferido para o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis.
É a personalidade mais importante da música brasileira no período compreendido entre o final do século XVIII e primeiras três décadas do XIX. Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1767, filho de um casal de pardos libertos, o alfaiate Apolinário Nunes Garcia e Vitória Maria da Cruz. Sua formação musical ficou a cargo de Salvador José de Almeida Faria, músico mineiro natural de Vila Rica. Em 1783, aos 16 anos, escreveu sua primeira obra, a Antífona Tota Pulchra, e assinou o compromisso de fundação da Irmandade de Santa Cecília, da qual seria membro até o fim da vida. Em 1792 ordenou-se padre e em 1798 conseguiu a nomeação para o cargo de mestre de capela da Catedral e Sé do Rio de Janeiro, produzindo grande quantidade de obras.
Paralelamente a suas atividades de compositor, organista e regente, José Maurício se dedicou intensamente à atividade didática, tendo mantido durante muitos anos, em sua própria residência, um curso de música, onde ministrava aulas para jovens gratuitamente. Dentre seus alunos destacaram-se Francisco Manuel da Silva, Francisco da Luz Pinto e Cândido Inácio da Silva. A atividade de professor não se limitou às aulas. Escreveu manuais teóricos, destacando-se o Compêndio de Música e Methodo de Pianoforte, escrito para a instrução musical de seus filhos.
A maior parte da obra musical de José Maurício é de peças sacras para as mais diversas cerimônias da liturgia católica. Do total composto chegaram até nós pouco mais de 200 obras. Além das obras para igreja, escreveu também obras sinfônicas (Abertura em Ré e Zemira), uma ópera hoje perdida (Le Due gemele), peças para teclado e algumas modinhas, das quais apenas uma se preservou (“Beijo a mão que me condena”).
Em 1808, José Maurício foi nomeado por D. João mestre da sua Capela Real e adaptou seu estilo ao gosto musical do Príncipe Regente. A partir de então sua música ganhou em dramaticidade e colorido, com a incorporação de um efetivo maior de instrumentos e virtuosismo vocal. Entre as obras que melhor representam sua mudança estilística se destaca a Missa de Nossa Senhora da Conceição, de 1810. Em 1815, solicitado pelo Senado da Câmara, compôs um Te Deum pela elevação do Brasil a Reino Unido e recebeu de D. João o Hábito da Ordem de Cristo. Por ordem de D. João escreveu o Requiem de 1816 para os funerais da rainha D. Maria I, obra que é considerada uma de suas melhores composições. Durante anos seguiu compondo por ordem do Príncipe Regente e Rei de Portugal e por encomenda das diversas Irmandades do Rio de Janeiro, entre elas a de São Pedro dos Clérigos e Ordem do Carmo. Ao mesmo tempo regeu, em primeira audição no Brasil o Requiem, de Mozart e o oratório A Criação, de Haydn, compositores que admirava profundamente.
A volta da Família Real para Portugal marca a fase final de sua carreira. Em 1822, já doente e sem recursos, fechou seu curso de música e apelou para D. Pedro I por melhorias salariais na Capela Imperial. Em 1826 compôs sua última obra, a Missa de Santa Cecília, para grande orquestra e coro. Em 1830 legitimou um dos seis filhos que teve com Severiana Rosa de Castro, o médico José Maurício Nunes Garcia Jr. (1808-1884), para o qual também renunciou ao título da Ordem de Cristo.
Faleceu no dia 18 de abril de 1830.
Possivelmente, foi o acadêmico que menos teve pretensões artísticas: a sua missão musical, ou melhor, seu apostolado musical foi sempre em favor de uma música funcional litúrgica, digna de fazer parte dos atos religiosos.
Era alemão, nascido em Mertloch, na Renânia, em 1873. Estudou música desde criança, dedicando-se ainda mais aos estudos musicais depois de entrar para a Congregação do Verbo Divino. Foi ordenado sacerdote em 1899 e no ano seguinte veio para o Brasil, para atuar na Academia de Comércio de Juiz de Fora como professor e músico. A música na Igreja Católica vivia um período de decadência que se iniciara ainda na primeira metade do século XIX. Pio X, preocupado com a situação promulgou o Motu próprio, baseado nas ideias dos “cecilianistas”, visando a originalidade do canto religioso livre das melodias operísticas e a valorização do canto gregoriano. Lehmann, chegando ao Brasil, iniciou um grande trabalho, apesar de todas as dificuldades, por uma nova música funcional na Igreja. Faltavam partituras, livros de canto gregoriano, e a mentalidade dos músicos de Igreja estava dominada pelo operismo. As aberrações eram incríveis: cantavam-se trechos de óperas com textos religiosos em português. Até o Hino da Independência era cantado com a melodia do hino alemão e o texto de Evaristo da Veiga! Sem alardes, pouco a pouco, foi encontrando músicas e textos corretos, mudando a mentalidade, criando coros masculinos e femininos (na época, o coro misto era proibido) e, na falta de músicas para festividades, passou a compor música religiosa. Em 1922, deixou o Colégio e passou a atuar como diretor do Jornal “Lar Católico”. No entanto, não deixou de compor. Assim, surgiu o livro de cantos a uma ou mais vozes com acompanhamento de harmônio: “Harpa de Sião”, que até o Concílio Vaticano II era encontrado em todas as igrejas e capelas católicas do Brasil. Sua fama de compositor litúrgico afirmou-se em todo o país. É verdade que teve grandes aliados como seu próprio antecessor acadêmico Frei Sinzig. Publicou depois um funcional “Método de Harmônio” que, como a “Harpa de Sião”, teve várias edições. Em 1925 passou a viver no Rio de Janeiro. Em 1946, criada a comissão arquidiocesana de Música Sacra do Rio de Janeiro, foi convidado para integrá-la e nela permaneceu até o fim de sua vida. Além do grande número de composições, quase todas religiosas e funcionais, escreveu livros de caráter religioso, destacando-se “Na luz perpétua”, em dois volumes, com biografias de santos, que também teve várias edições.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música, tomando posse a 27 de setembro de 1954, sendo saudado por Octávio Bevilacqua. Faleceu no dia 13 de outubro de 1955, aos 82 anos de idade.
Foi professora, regente e musicóloga sendo responsável por duas grandes realizações: a Associação de Canto Coral e o maior estudo já realizado acerca de um compositor brasileiro, no caso, seu patrono José Maurício Nunes Garcia.
Fundou e dirigiu durante mais de cinquenta anos a Associação de Canto Coral, o grupo vocal mais importante, historicamente, do Brasil, cujo vastíssimo repertório inclui obras de todos os períodos da história da música, responsável por inúmeras primeiras audições mundiais, contemporâneas e brasileiras. Grandes compositores e regentes brasileiros e estrangeiros estiveram à frente da ACC, a convite de sua fundadora, destacando-se Villa-Lobos e Stravinsky, sendo que a quantidade de apresentações do conjunto é admirável.
Exerceu o magistério na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1964. Suas múltiplas atividades no movimento coral foram internacionalmente reconhecidas, sendo eleita, na Venezuela, primeira presidente da Associação Interamericana de Regentes Corais, em 1978. Presidiu, também, a Sociedade Brasileira de Musicologia no biênio 1983-1985. Integrou a Comissão Nacional de Folclore do I.B.E.C.C., de 1948-1960, a Sociedade Internacional de Musicologia, em Genebra, na Suíça, o Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e o Conselho da Casa do Estudante do Brasil do Rio de Janeiro. Foi redatora, na Rádio MEC, do programa “Obras primas do Canto Coral”.
Em 1957 recebeu a Medalha Silvio Romero; em 1958, a Medalha do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro; em 1989, a Medalha Biblioteca Nacional e em 1995, o Prêmio Nacional da Música, na categoria de Musicologia, conferido pela FUNARTE /MinC.
Com Luis Heitor e Mercedes Reis Pequeno, publicou em 1952 a “Bibliografia musical brasileira (1820-1950)”. Deve-se a Cleofe Person de Mattos o resgate da obra musical de José Maurício. A partir das primeiras revisões feitas por Miguez e Nepomuceno, iniciou um longo e detalhado trabalho de pesquisa histórica, identificação de obras e documentos, levantamento de partituras, apresentações, encontro de músicas perdidas, publicações de textos e músicas, culminando na publicação de dois livros: o “Catálogo Temático das obras de J.M.N.G.”, pelo Conselho Federal de Cultura - MEC-1970 e “José Maurício Nunes Garcia – Biografia”, Biblioteca Nacional-1997. Foi Cleofe, portanto, quem confirmou definitivamente a presença de José Maurício nos programas de concerto e posteriormente nas pesquisas universitárias. Sua missão em prol da obra do chamado Padre-mestre incentivou seguidores, hoje chamados de mauricianos. Faleceu em 05 de maio de 2002, no Rio de Janeiro.
Nasceu em Stuttgart, Alemanha, em 1929, mas é brasileiro naturalizado desde 1962. Foi aluno de composição de Johann Nepomuck David, na Alemanha, de Hans Joachim Koellreutter, no Brasil. Estudou no Conservatório Dramático Musical de São Paulo e frequentou cursos internacionais de férias em Lucerna, na Suíça, Darmstdat, Alemanha, e Salzburgo, na Áustria, onde foi aluno de Olivier Messiaen, Wolfgang Fortner e Ernest Krenek. Estudou também regência com L. von Matacic, Rafael Kubelik e Mueller-Kray. Em 1953, foi um dos fundadores da Escola de Música de Piracicaba, onde exerceu, durante 50 anos, as funções de diretor artístico, professor e maestro dos vários conjuntos da entidade: coro, orquestra de câmera e sinfônica. Em 1965, recebeu o título de “Cidadão Piracicabano”, por seus trabalhos em prol da educação da juventude.
Nasceu em Porto Alegre, em 03 de agosto de 1903. Iniciou os estudos de piano com João Schwan Filho. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, diplomou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica.
Em seguida, fez o curso de direito, ao mesmo tempo em que prosseguia estudos de piano com Henrique Oswald. Estudou composição com Francisco Braga. No Canadá, aperfeiçoou-se em piano com Gladys Barnes.
Integrante da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi também crítico musical e literário da Revista do Globo e de A Noite, do Rio de Janeiro. No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, manteve, entre agosto de 1932 e março de 1933, uma coluna sobre arquitetura, intitulada Arte de Construir. Colaborou com a Revista Brasileira de Música da Escola Nacional de Música.
Realizou conferências e cursos em várias cidades brasileiras e no exterior e publicou o opúsculo Meio século de temporadas líricas internacionais, pelo Museu dos Teatros, em 1964. Como compositor escreveu as canções Chinoca, com letra de Vargas Neto, e Gaita, com letras de Augusto Meyer.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de setembro de 1988.
Nasceu em Salzburg, a 10 de julho de 1778. Foi aluno de Michael Haydn, mestre de capela e organista da catedral de Salzburgo, que lhe confiou parte de suas funções de organista da catedral. Aos 16 anos transferiu-se para Viena onde, por sete anos consecutivos, estudou com Joseph Haydn. Deixou Viena em 1804, para ser kapellmeister no teatro alemão de São Petersburgo, na Rússia. Voltou a Viena em 1809 e mais tarde passou a ocupar o cargo de músico da casa do príncipe de Talleyrand. Foi responsável pela composição e execução do grande Te Deum que marcou a entrada de Luís XVIII em Paris, assim como pelo Requiem que, em 1815, celebrou a memória de Luís XVI e de Maria Antonieta na Catedral de Viena, na presença de todas as cabeças coroadas da Europa, presentes ao Congresso de Viena.
Chegou ao Rio de Janeiro a 30 de maio de 1816, na comitiva do Duque de Luxemburgo, embaixador extraordinário de Luiz XVIII, que tinha a missão de incrementar as relações diplomáticas entre França e Brasil.
A 16 de setembro de 1816, um decreto real nomeou-o professor público de música no Rio de Janeiro e encarregado de prestar serviços como compositor e executante. Foi professor do príncipe D. Pedro, de sua esposa Leopoldina, e da princesa D. Isabel Maria. Foi também professor de Francisco Manuel da Silva e da esposa do Cônsul Geral da Rússia, Sra. Langsdorff.
No Rio de Janeiro Neukomm escreveu várias peças. A principal delas foi a Missa Solemnis pro Die Acclamationis Joannis VI, composta em 1817 cujo autógrafo encontra-se na Biblioteca Nacional da França. Outra obra sacra de destaque escrita por Neukomm no Rio de Janeiro foi a Missa Sancti Francisci, de 1820, composta por encomenda de D. Leopoldina.
Neukomm foi um dos primeiros compositores no Brasil a se dedicar ao repertório de câmara, como o Noturno para oboé trompa e piano, escrito em 03 de julho de 1817 para o entretenimento da família real no Paço da Quinta da Boa Vista. Para os saraus da aristocracia compôs L’amoureux, uma fantasia para pianoforte e flauta, escrita em 12 de abril de 1819 e dedicada a seus amigos, o casal von Langsdorff.
A obra sinfônica mais significativa escrita por Neukomm no Brasil foi a Sinfonia para Grande Orquestra em mi bemol maior, de 1820. É a primeira obra do gênero escrita em solo brasileiro.
No terreno da música de caráter nacional Neukomm foi também pioneiro. Sua peça para piano intitulada O Amor Brazileiro, de 1819, foi construída a partir de um lundu de autoria de Joaquim Manoel da Câmara, autor que contava com sua admiração e do qual transcreveu diversas modinhas com acompanhamento de piano.
As múltiplas atividades de Sigismund Neukomm no Rio de Janeiro incluíram também a produção de artigos para o periódico vienense Allgemeine Musikalische Zeitung a partir de 1819, onde comentou episódios e citou importantes figuras da vida musical da Corte, especialmente José Maurício Nunes Garcia.
Voltou para a Europa em 1821 e faleceu em Paris, a 03 de abril de 1858.
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1954. Estudou com Santino Parpinelli (violino) e Leda Coelho de Freitas (Canto) na Escola de Música da UFRJ, aperfeiçoando-se posteriormente com Paulo Prochet e Franco Iglesias. Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde concluiu a Tese: “De Petrópolis a Pasárgada – o Cancioneiro de Guerra-Peixe – Contextualização, Processo Criativo e Interpretação”, baseada na obra vocal do referido autor, é Mestre – suma cum laude pela UFRJ com a Dissertação: “Nacionalismo, Enculturação e Estética: uma Leitura dos Ciclos Drummondiana e Sumidouro, de César Guerra-Peixe”. Professor nas classes de Canto a Escola de Música da UFRJ, onde também lecionou Dicção, ingressou na instituição por concurso público em 1993. É membro da Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno, na Escola de Música da UFRJ, posicionando-se ali como um ardoroso defensor da recuperação, pesquisa e difusão dos manuscritos das obras raras dos autores brasileiros que fazem parte daquele acervo. Membro fundador da Associação Brasileira de Canto, recebeu o Prêmio Especial para a Canção Brasileira no XII Concurso Internacional de Canto do Rio de Janeiro, e de seu repertório constam mais de 30 primeiras audições mundiais de peças e óperas especificamente para ele escritas, incluindo de autores como Ricardo Tacuchian, Edino Krieger, Guerra-Peixe, Ronaldo Miranda, João Guilherme Ripper, Ernani Aguiar, Lindembergue Cardoso, Cirlei de Hollanda, Rodrigo Cichelli, Villani-Côrtes, Osvaldo Lacerda, Caio Senna, Eunice Katunda, Tim Rescala, Marisa Rezende entre muitos outros.
Nasceu em Salzburg, na Áustria, em 06 de junho de 1901. Filho do mestre de capela Franz Braunwieser, foi menino cantor e ingressou no Mozarteum de Salzburg aos 14 anos de idade, onde estudou flauta com Anton Schöner, violino e viola, além de matérias teóricas com Bernhard Paumgartner. Antes de vir para o Brasil exerceu atividades musicais na Eslovênia, onde foi professor do Conservatório de Czernowitz, e na Grécia, como docente do Conservatório Estatal de Música de Atenas. Chegou ao Brasil em 1928, e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo entre os anos de 1930 e 1935. Assumiu a direção artística da Rádio Educadora Paulista (atual Rádio Gazeta) em 1932. Foi músico da Orquestra da Sociedade de Concertos Symphonicos, nos teatros Municipal, Sant’Ana, Santa Helena, sob a regência dos maestros Lamberto Baldi e Torquato Amore. Ocupou a regência, como substituto, do Coro do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo a convite de Mario de Andrade. Como regente trabalhou em sociedades corais alemãs como a Frohsinn e o Schubert Chor.
Em 1935 fundou, com sua esposa Tatiana Kipmann, a Sociedade Bach de São Paulo, que manteve atividades até 1977. Martin Braunwieser foi regente do coro da Sociedade Bach de 1940 a 1964 e com ele fez ouvir pela primeira vez na cidade de São Paulo obras como a Paixão Segundo São João, o Oratório de Natal e a Missa em si menor.
Participou, em 1938, da missão de pesquisas folclóricas, que percorreu o norte e nordeste do país, enviado pelo Departamento de Cultura da prefeitura paulista. Naturalizou-se brasileiro em 1938 e passou a lecionar no Instituto Musical de São Paulo, nesse mesmo ano. Entre os anos de 1948 e 1951 lecionou harmonia superior, contraponto e composição no Conservatório Musical Santa Marcelina. No Conservatório Estadual de Canto Orfeônico, ensinou regência nos anos de 1949 a 1971, tendo também organizado e dirigido, de 1949 e 1964, o ensino musical nos parques infantis da prefeitura de São Paulo.
Sua obra como compositor é pouco conhecida. Do tempo de estudante do Mozarteum de Salzburg é o Annahof Quartet, de 1922. Do ano seguinte é o poema sinfônico Das Welttheater (O teatro do mundo), baseado em obra do autor espanhol Calderón de La Barca. Do período em que esteve na Grécia há registros de duas suítes, uma para orquestra e outra para dez instrumentos de sopros, ambas compostas em 1925, as Melodias Orientais, de 1926, e uma peça para flauta e orquestra de câmara chamada Aus dem Orient, de 1927. A primeira obra composta no Brasil foi In der Fremde (No estrangeiro), uma canção para canto, flauta e piano, de 1930. Seguiram-se outras canções como Pouco desejo e Estudei anos, sobre texto de Omar Kayyam e Der Schwan (O Cisne) para coro feminino, cordas e piano. Escreveu também obras didáticas.
Faleceu em São Paulo em 01 de dezembro de 1991.
Compositor, regente e professor, Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 1795, e faleceu na mesma cidade, em 1865. Teve grande destaque na vida musical brasileira na primeira metade do século XIX. Seus mestres foram o Pe. José Maurício Nunes Garcia e Sigismund Neukomm. Foi cantor da Capela Real a partir de 1809, passando depois a timpanista e violoncelista da mesma instituição. Foi um dos fundadores da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, instituição voltada para o fomento da atividade operística no Rio de Janeiro e que estimulou a criação das primeiras óperas de Carlos Gomes, Henrique Alves de Mesquita e Elias Álvares Lobo. Já a Sociedade Musical de Beneficência tinha por objetivo o amparo dos músicos profissionais e de suas famílias. Por proposta da Sociedade foi fundado o Conservatório Imperial de Música, o primeiro do gênero na América do Sul, e que teve Francisco Manoel como seu primeiro diretor.
Como mestre da Capela Imperial foi responsável pela reorganização dos conjuntos musicais. Foi o principal regente da orquestra da Sociedade Fluminense e diretor artístico das companhias de ópera dos teatros São Januário, Provisório e Lírico Fluminense. Integrou o corpo de censores do Conservatório Dramático Brasileiro.
Escreveu diversos livros didáticos como o Compêndio de Música Prática (1832), o Compêndio de Música para uso dos alunos do Colégio Pedro II (1838), o Compêndio de Princípios Elementares de Música (1848) e o Método de Solfejo (1848). Por suas realizações recebeu em duas ocasiões a Ordem da Rosa, a primeira em 1846 no grau de Cavaleiro e a segunda em 1857 no grau de Oficial.
Deixou boa quantidade de obras, espalhadas em arquivos cariocas, mineiros e paulistas, abrangendo música sacra, modinhas e lundus. A realização artística que o consagrou e colocou seu nome na história, no entanto, foi a composição do Hino ao Sete de Abril, escrito para comemorar a Abdicação de D. Pedro I e que se tornou o Hino Nacional Brasileiro.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 08 de fevereiro de 1921, filha de Pedro Moutinho dos Reis Filho e Maria Olympia de Moura Reis, professora que trabalhou com Villa-Lobos na implantação do ensino de música nas escolas primárias. Diplomada pela Escola de Música da Universidade do Brasil, em 1937, colaborou na Revista Brasileira de Música da Escola, a convite de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, de 1940 a 1941. Completou o curso de Biblioteconomia do DASP e, em 1942, ingressou, por concurso, na carreira de bibliotecário do MEC - Instituto Nacional do Livro/INL, trabalhando com Augusto Meyer.
Convidada pela União Pan-americana, atual OEA, exerceu, de 1947 a 1949, a função de assistente do musicólogo Charles Seeger, então diretor da divisão de música da entidade. De volta ao Brasil, em 1951 iniciou o trabalho de criação e organização da Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, graças ao apoio do então diretor da Biblioteca, o escritor Eugênio Gomes, e à compreensão do diretor do INL, construindo uma das mais importantes bibliotecas de música da América Latina. Em 1953, casou-se com o jornalista, linguista e violoncelista Evandro Moreira Pequeno.
Chefiou a Divisão de Música até 1990, quando se aposentou. Durante sua gestão organizou e apresentou inúmeras exposições comemorando efemérides musicais nacionais e estrangeiras, sendo que dezoito com catálogos impressos, focalizando a vida e a obra de compositores: José Maurício Nunes Garcia, em 1967; Francisco Braga, em 1968; Alberto Nepomuceno, em 1964; Ernesto Nazareth, em 1966; Glauco Velásquez, em 1964; Beethoven, em 1970; Mozart, em 1956 e 1991; Milhaud, em 1970 e ainda Música no Rio de Janeiro Imperial, em 1962, I Decênio da Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) e Três Séculos de Iconografia da Música no Brasil, em 1974, entre outras.
Ministrou cursos de organização de bibliotecas de música e participou de vários congressos da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de Documentação de Música (AIBM). Como vice-presidente desta associação, de 1965/74, colaborou em vários projetos da entidade, destacando-se o RISM (Répertoire International des Sources Musicales) e RILM (Répertoire International de Litterature Musicale). Foi membro correspondente do Boletin Interamericano de Música publicado pela OEA, Washington, D.C., de 1950/73. Distinções recebidas: Prêmio Paula Brito, em 1974; Prêmio Estácio de Sá, em 1977; Medalha Biblioteca Nacional, em 1990; Medalha Museu da Imagem e do Som-RJ, em 1990; Medalha da Societé d'encouragement au progrès-Paris, em 1993. Membro da Academia Brasileira de Música desde 1994, faleceu em 3 de agosto de 2015.
Trabalhos publicados:
"Bibliografia Musical Brasileira -1820-1950", em colaboração com Luiz Heitor C. de Azevedo e Cleofe Person de Mattos-INL.1951; "A Música Militar no Brasil no século XIX", Imp.Militar,1951; "Formação profissional do bibliotecário especializado em música"- Anais do 4º Congresso da AIBM-Bruxelas,1955; "Impressão musical no Brasil"-verbete Enciclopédia da Música Brasileira, SP,1977; "Bibliotecas e Arquivos de música no Brasil"-verbete Grove's Dictionary of Music and Musicians-Londres,1980; "Brazilian music publishers" - Inter-American music review-1988; "Música no Nordeste até os Oitocentos" - ensaio publicado na obra de Clarival do Prado Valadares- Nordeste Histórico e Monumental. R.J., Odebrecht,1982.
Nascido em 1950 no Rio de Janeiro, estudou violino com Yolanda Peixoto e análise musical com Esther Scliar, e posteriormente na Europa com Max Rostal. Formou-se com grau máximo e distinção.
Na qualidade de concertista apresentou-se como solista de orquestra, recitalista e camerista, por diversos países Europeus. No Brasil, solou com todas as orquestras importantes do cenário musical.
É professor do bacharelado de Violino na UNI-RIO e convidado para os mais importantes cursos e festivais no Brasil. Alguns de seus alunos foram premiados em importantes concursos nacionais e internacionais.
Foi fundador e por dezessete vezes (17) Diretor Artístico do Curso Oficina de Música de Curitiba, festival que por vezes congregou cerca de mil e duzentos (1200) participantes, onde foi criado o "Simpósio Latino Americano de Música".
Para estes Festivais (Curitiba) várias peças de compositores brasileiros foram especialmente encomendadas.
Como primeiro violino do Quarteto da UFF, excursionou na Inglaterra e na Escócia, com programa exclusivamente brasileiro, fazendo gravação dele para a BBC. Também com este Quarteto realizou a primeira gravação mundial do Quarteto nº 4, de Villa-Lobos em disco. Como solista e camerista realizou inúmeras primeiras audições de música brasileira.
Participou das mais diversas Bienais de Música Contemporânea, executando em primeira audição mundial peças de José Penalva, Sonata para violino solo, de David Korenchendler, além de inúmeras outra obras. Foi Diretor Artístico e Spalla da Orquestra de Câmara Brasil Consorte, que estreou várias obras em primeira audição.
Gravou para a Orquestra de Câmara de Curitiba, atuando como maestro, com programa inteiramente brasileiro (Santoro, Emani Aguiar, H. Morozowicz e Guerra-Peixe). Executou em primeira audição no Brasil a Sonata nº 5, de Cláudio Santoro.
Em concertos no ano de 2004, com a parceria da pianista Lílian Barretto, executou programa integralmente brasileiro nos festivais "Festival Musical du Chateâu de Ia Follie” (Bélgica) e "Festival di Grottammare", segunda edição (Itália).
Na turnê patrocinada pela FUNART em concertos no sudeste e nordeste executou programa com predominância da música brasileira, gravou, na Suíça, CD que inclui e traz à cena a grande Sonata em La Maior, de Leopoldo Miguez (2005).
Em 2006 grava a integral da obra romântica de Francisco Mignone. Compositores como Bruno Kiefer, Ernani Aguiar, Odemar Brígido e Andersen Vianna dedicaram-Ihe obras.
Escreveu artigos para diversos periódicos musicais assim como importantes jornais. Foi jurado de diversos concursos, dentre eles o Primeiro Concurso Internacional de Violino Villa-Lobos (1983) e outros.
O Concurso Nacional de Cordas, o único no gênero em Juiz de Fora, traz o seu nome.
Mais recentemente, em dezembro de 2006 , realizou recital na Casa-Museu Claude Debussy em San-Germain en Laye (grande Paris), a convite da direção artística daquele estabelecimento, executando programa integralmente brasileiro (Mignone, Villa-Lobos, Nazareth e Ronaldo Mirando).
Compositor gaúcho, além de violinista e musicólogo, Luiz Cosme deixou uma obra relativamente pequena, em parte por ter falecido com apenas 57 anos (Porto Alegre 1908 – Rio de Janeiro, 1965). Estudou música no Conservatório de Porto Alegre, onde foi aluno de Assuero Garritano, e Oscar Simm. Ganhou uma bolsa para estudar violino e composição no Conservatório de Cincinatti, em Ohio, nos EUA, onde foi por dois anos spalla da orquestra da instituição. Após breve estada em Paris, voltou para Porto Alegre em 1930 e se tornou professor do Instituto Musical de Porto Alegre e do Colégio Metodista Americano. Fez a sua estreia como compositor, em concerto público, em 1931, na Sala Beethoven. No mesmo ano apresentou sua obra no Rio de Janeiro, onde passou a morar a partir de 1932.
Na capital do país Luiz Cosme tornou-se violinista da Orquestra da Rádio Nacional e da Orquestra do Theatro Municipal. A atividade profissional de Luiz Cosme se concentrou no Instituto Nacional do Livro e na Rádio MEC, onde foi produtor de programas. Escreveu vários livros sobre música, entre eles Música e Tempo (1952), Introdução à Música (1954), o Dicionário musical (1957), Música, sempre música (1959) e Música de Câmara (1961).
Recebeu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul o título de Doutor Honoris Causa e Prêmio Rádio Jornal do Brasil de 1963, como melhor compositor do ano.
A sua mais importante obra, o bailado Salamanca do Jarau, foi estreada pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Villa-Lobos, em 1936. No ano seguinte, a mesma obra foi regida em São Paulo, por Francisco Mignone, com a Orquestra Sinfônica Municipal. É de se notar que ambos os regentes foram presidentes da Academia Brasileira de Música. Um terceiro acadêmico foi responsável pela única gravação existente da obra. Mário Tavares a registrou com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC para o selo Odeon.
De sua obra destacam-se, além da já citada, o bailado Lambe-lambe, o Quarteto de cordas (1933), a Pequena Suíte (1932) para quarteto com piano, Mãe D’Água Canta (1931) e Oração a Teiniaguá (1932), ambas para violino e piano e a segunda também em versão orquestral, e as trilhas sonoras para os filmes Maria Bonita (1942) e Vento Norte (1949). Compôs ainda uma série de canções sobre texto de Cecília Meireles: Cantiga, Chorinho e Modinha, todas em 1947, e Madrugada no Campo, de 1949.
A cadeira nº08 da ABM foi alocada para José Siqueira como co-fundador, depois que o efetivo da Academia se reduziu de 50 para 40 cadeiras. A vastíssima obra deste compositor nascido em Conceição, na Paraíba, em 1907 e falecido no Rio de Janeiro, em 1985, sua importância como educador e o papel de liderança que exerceu no meio musical de sua época colocam-no como uma das grandes figuras da música brasileira no século XX. Durante toda sua juventude Siqueira atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba; o seu pai fora o mestre da Banda Cordão Encarnado, em sua cidade natal. Veio para o Rio em 1927, ingressando na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista.
Entre 1928 e 1930, estudou no antigo Instituto Nacional de Música, já tendo antes recebido aulas de Paulo Silva. Estudou composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, formando-se em composição e regência em 1933, quando se apresentou em concerto público, pela primeira vez, como compositor. Ao lado de sua carreira de compositor e regente, foi professor catedrático da então Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Em 1940 fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira e formou-se em direito em 1943. Viajou pelos Estados Unidos e Canadá e, em 1949, fundou a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro.
Em 1953, viajou para Paris onde regeu a Orchestre Radio-Symphonique e frequentou o curso de musicologia da Sorbonne. Regeu várias orquestras na Itália, Portugal e na ex-URSS. Em 1961 é um dos fundadores da Orquestra Sinfônica Nacional e, em 1967, cria a Orquestra de Câmara do Brasil. Em 1969 foi aposentado, à revelia, pela ditadura militar, devido à sua pregação democrática. Siqueira participou da criação de várias entidades de classe e culturais, entre elas a Ordem dos Músicos do Brasil. Publicou vários livros didáticos tais como “Canto dado em XIV lições”, “Música para a juventude”, em quatro volumes, “Sistema trimodal brasileiro”, “Curso de Instrumentação”, entre outros. Seu catálogo de composições vai desde a ópera, o oratório e a sinfonia até a música de câmara, para instrumentos solos e para voz. Toda a obra de Siqueira está vinculada a uma estética nacionalista, com forte coloração do nordeste brasileiro.
José de Lima Siqueira, ao falecer, aos 78 anos, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 1985, além de óperas, cantatas e concertos, deixou um currículo de agitador cultural incomparável. Dentre as inúmeras matérias publicadas pelos jornais na ocasião e que se referiram à sua vida e à sua obra, eis aqui transcrito o final da matéria assinada por Luiz Paulo Horta, no “Jornal do Brasil”: “... Além de méritos como compositor, regente e animador cultural, Siqueira deixa também a imagem de um ser humano da mais alta qualidade – professor dedicado, amigo de seus amigos e da própria música. Com pouquíssimas pessoas, neste Rio de Janeiro, a música terá uma dívida tão grande”.
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, Dom Pedro I, teve um nome muito longo, mas uma vida muito curta: morreu com 36 anos de idade (Lisboa, 1798-1834). Apesar disso, teve tempo para proclamar a independência do Brasil, com 24 anos de idade, ser o seu primeiro imperador, até 1931, quando abdicou em favor de seu filho Pedro II, e ser o vigésimo sétimo rei de Portugal, sob o nome de D. Pedro IV. Tendo abdicado da coroa portuguesa em favor de sua filha Dona Maria da Glória, precisou recuperar o trono português, para restaurar os direitos da filha, usurpados por D. Miguel, seu irmão.
Durante seu governo no Brasil, de 1821 a 1831, primeiro como príncipe regente e, depois da Independência, como imperador e “Defensor Perpétuo do Brasil”, enfrentou grandes dificuldades político-econômico-militares. Sua vida pessoal e afetiva foi também muito tumultuada. Mesmo assim, ainda encontrou tempo para ser poeta, modinheiro, clarinetista e compositor, em tão curto espaço de tempo. Estudou música com Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. É autor de um dos hinos oficiais do Brasil, no caso o Hino da Independência, que tem letra de Evaristo da Veiga.
Há referências sobre duas peças para piano de autoria de D. Pedro I, uma Marcha Fúnebre e o Souvenir filial, publicadas pelo editor Pierre Laforge.
O Responsório de São Pedro de Alcântara Mortuus est e a Antífona de Nossa Senhora Sub tuum praesidium, são os primeiros ensaios do príncipe herdeiro no terreno da composição musical. Já o Te Deum e o Credo da Missa de Nossa Senhora do Carmo são obras de maior fôlego e podem eventualmente aparecer em algum concerto.
O Te Deum foi escrito por D. Pedro em dezembro de 1820 para celebrar o nascimento de seu filho, o príncipe João Carlos e dedicado a seu pai, o Rei D. João VI. Uma cópia da obra, na qual constava também uma abertura sinfônica, foi enviada por D. Leopoldina a seu pai, o Imperador Francisco I, em Viena.
Sua obra mais importante é o Credo. Foi muito executado durante o século XIX, pois contava com o incentivo do Imperador D. Pedro II, que gostava de ouvir a música composta por seu pai. Com a proclamação da república a obra foi sendo esquecida. Por ocasião do sesquicentenário da independência do Brasil, comemorado em 1972, foi novamente executado e ganhou sua primeira gravação com o Coro da Rádio MEC, a Orquestra Sinfônica Nacional e a regência de Henrique Morelenbaum.
Soprano, nasceu no Rio de Janeiro em 1920 e faleceu em 1988.
Foi aluna de Murilo de Carvalho. Venceu concurso nacional de canto em 1936, realizando, desde então, inúmeras turnês nacionais e internacionais, particularmente nos Estados Unidos da América e nos países do leste europeu, notadamente na Rússia, onde se apresentou em concertos e gravou discos sob a regência de seu marido, o compositor José Siqueira.
Nasceu em Jaú, São Paulo, em 1945 e faleceu na cidade de São Paulo, em 2007. Arnaldo José Senise dedicou sua vida a divulgar e reinterpretar aspectos técnicos e estéticos da música, e ao mesmo tempo atuou como jornalista, pedagogo e pesquisador. Sua atividade musicológica se manifestou nos textos de grande discernimento crítico, em programas de concerto e encartes de CDs como os da série “Grandes Pianistas Brasileiros”. Porém, sua maior contribuição para a música brasileira foi a edição da Sinfonia em mi menor, de Alexandre Levy.
Arnaldo Senise diplomou-se pelo Conservatório de Música de Jaú e continuou seus estudos de piano, estética e análise musical de 1897 a 1980com Sophia Mello Oliveira, discípula de Luigi Chiaffarelli. Graduou-se, também, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Como professor, lecionou análise musical, história da música, estética musical e música brasileira. Participou de júris de concursos musicais e foi sócio benemérito da Sociedade Brasileira de Musicologia, da qual foi diretor de 1982 a 1985. Integrou a diretoria eleita sub judice para a reestruturação da Academia Brasileira de Música, foi conselheiro da Comissão Municipal de Cultura de São Paulo e autor de cerca de 100 publicações, entre ensaios, estudos e trabalhos científicos.
Nasceu em São Paulo, em 1932. É compositora, pesquisadora e etnomusicóloga. Iniciou os estudos de música ao piano com a professora Leonilda Morganti. Aos oito anos passou a receber orientação do pianista e compositor Fructuoso Vianna e prosseguiu os estudos com Nair de Lima Tabet e Antonio Munhoz. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Ganhou bolsa de estudos da Comissão de Comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo para o curso de composição com Camargo Guarnieri, com quem estudou até 1961. Em 1966 foi bolsista do Instituto Torcuato Di Tella no Centro Latino-americano de Altos Estudos Musicais, para estudos de composição. Em 1970 obteve uma bolsa de estudos para estágio da Fundação Calouste Gulbenkian com a qual, em Lisboa, Portugal, trabalhou sob orientação do etnólogo Michel Giacometti e do compositor Fernando Lopes Graça.
Pianista, compositor, regente e professor, Paulino Lins de Vasconcellos Chaves nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, a 26 de junho de 1883. Fez os primeiros estudos em Belém, Pará. Foi iniciado na música por sua mãe e pela professora Idalina França. Aos 8 anos, compôs a mazurca Saudades de uma rosa. Em 1896, por ocasião da morte de Carlos Gomes, escreveu uma Marcha Fúnebre em homenagem ao mestre. Iniciou brilhante carreira de pianista ainda na adolescência.
Estudou no Real Conservatório de Leipzig, na Alemanha, em dois períodos, entre 1899 e 1902 e entre 1913 e 1914, onde estudou com Robert Teichmüller (piano), Salomon Jadassohn e Paul Quasdorf (harmonia, contraponto, fuga e composição). Enquanto estudante do conservatório recebeu, em 1902, o prêmio Mozart Stipendium pelo primeiro lugar no concurso de piano. Retornando ao Brasil, em 1903, foi nomeado professor do Instituto Carlos Gomes de Belém (PA), que veio a dirigir mais tarde.
Veio pela primeira vez ao Rio de Janeiro em 1908 onde, em 03 de agosto, abriu o programa do terceiro concerto da Exposição Nacional, como solista do Concerto para piano no1 em mi bemol, de Franz Lizst, regido por Alberto Nepomuceno. No mesmo ano excursionou por Natal, Recife e Belo Horizonte se apresentando como solista e regente.
Em 1910, partiu para Manaus, tornando-se catedrático da Escola Normal do Amazonas.
Ali ficou até 1913, quando voltou a Leipzig para um ano de estudos de aperfeiçoamento. No retorno ao Brasil, voltou a fixar residência em Belém, onde criou diversas instituições musicais como o Centro Musical Paraense (1915) e o Coro de Santa Cecília (1916). Em 1918 criou o Quarteto Beethoven, para a difusão da música de câmera.
É desta época a estreia da Missa solene em honra de São Luís e da Missa de Santa Joana d'Arc, cantada na Basílica de Nazareth na festa da canonização de Santa Joana d'Arc. Ainda em Belém concluiu sua Sinfonia em mi menor. Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou sua intensa atividade artística. Foi nomeado professor do Instituto Nacional de Música. Apresentou-se como solista, mais uma vez com o Concerto para piano e orquestra, de Liszt, com a Orquestra do Instituto Nacional de Música em 1929. Faleceu no Rio de Janeiro, a 31 de julho de 1948.
Em 2010 a pesquisadora Lúcia Maria Chaves Tourinho lançou a biografia intitulada Maestro Paulino Chaves: dando vida ao artista e o catálogo de obras do compositor, com a inclusão de diversas partituras editadas.
O violoncelista, compositor e professor Joaquim Thomaz da Cunha Lima Cantuária nasceu em Pernambuco, em 29 de dezembro de 1800 e faleceu em 04 de setembro de 1878. Foi aluno do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Requereu o lugar de timbaleiro da Capela Imperial, até então ocupado por Francisco Manuel da Silva, mas não o obteve. Foi professor de música vocal e instrumental no Colégio de Órfãos de Olinda e mestre de capela, violoncelista e organista da Catedral. Escreveu uma Pequena Arte da Música, publicada em Recife, em 1857 (Sacramento Blake cita uma edição desta obra datada de 1836). Conhecem-se dele duas Missas, um Te Deum e três Vésperas Solenes.
Também conhecido como Brasílio Itiberê II (Curitiba, 17 de maio de 1896 - Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1967) foi um folclorista, músico e escritor brasileiro. Era sobrinho de Brasílio Itiberê da Cunha, João Itiberê da Cunha e do Monsenhor Celso Itiberê da Cunha.
Morando no Rio de Janeiro, onde transferiu residência para cursar Engenharia Civil, participou de movimentos literários na então capital brasileira e ajudou a fundar a Revista Festa (revista modernista) e com os conselhos de Villa-Lobos e Pixinguinha, abandonou a engenharia para dedicar-se a música.
Foi professor de folclore no Instituto de Artes da antiga Universidade do Distrito Federal e do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Na Revista Festa, escreveu alguns dos mais significativos contos do modernismo brasileiro.
Entre suas mais conhecidas composições, podemos citar: Suíte Litúrgica Negra, Trio nº1, Oração da Noite, O Canto Absoluto, Estâncias, Epigrama.
Como prosador e poeta, escreveu: Ora Vejam Só, Seu Jujuba...(1963); Mangueira, Montmartre e Outras Favelas - Viagens e Várias Histórias (1970).
Nasceu em São Paulo/SP, Brasil, em 23 de março de 1927 e faleceu na mesma cidade, em 18 de julho de 2011. Osvaldo Costa de Lacerda iniciou seus estudos de piano com Ana Veloso de Rezende, aos nove anos de idade,continuando-os, mais tarde, com Maria dos Anjos Oliveira Rocha e José Kliass. Aprendeu os primeiros rudimentos de harmonia e contraponto com Ernesto Kierski, de 1945 a 1947. No final da década de 1940, teve aulas de técnica vocal com a cantora russa exilada Olga Urbany de Ivanov. De 1952 a 1962, estudou composição com Mozart Camargo Guarnieri, a quem deve o início de sua carreira, e sob cuja orientação formou sua personalidade de compositor. Seu estilo caracteriza-se por um refinado nacionalismo, fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira, aliado a sólido domínio das técnicas modernas de composição.
Em 1963, passou um ano nos Estados Unidos, sob os auspícios da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, tendo sido o primeiro compositor brasileiro a usufruir uma bolsa de estudos dessa importante fundação. Teve, então, aulas de composição com Vittorio Giannini, em Nova York, e Aaron Copland, em Tanglewood. No final da década de 1970, aconselhou-se em orquestração com o maestro Roberto Schnorrenberg.
Em maio de 1965, foi um dos compositores que o Ministério das Relações Exteriores enviou aos Estados Unidos, para representar o Brasil no Seminário Interamericano de Compositores, na Universidade de Indiana, e no IIIº Festival Interamericano de Música, em Washington. Em abril de 1996, foi um dos compositores brasileiros que a American ComposersOrchestra convidou para participar, em Nova York, do Festival “Sonido de las Américas: Brazil”.
Entre suas obras, que vêm sendo cada vez mais executadas no Brasil e no exterior, destacam-se trabalhos para piano, canto e piano, coro, conjuntos de câmara, orquestra e banda, muitos dos quais se acham editados e gravados em discos, no Brasil e exterior.
No Brasil, tem os seguintes editores: Academia Brasileira de Música, Artur Napoleão, Cultura Musical, Irmãos Vitale, Mangione e Filhos, Musicalia, Novas Metas, Ricordi Brasileira, e Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, MusiMed, Universidade de Brasília, Funarte, Coomusa e Vozes. No exterior, são os seguintes os seus editores: GotthardDöring, Hans Gerig, Moeck, Schott’sSöhnne, Tonos, e Zimmermann, da Alemanha; Frangipani Press, Paul Price, Tempo Primo, e União Pan-americana, dos Estados Unidos; Saga, da Inglaterra.
É detentor dos seguintes prêmios em concursos de composição: 1º prêmio no concurso nacional de composição “Cidade de São Paulo”, promovido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1962, com a Suíte Piratininga para orquestra; 1ºprêmio no concurso de composição de obras sinfônicas, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a mesma Suíte Piratininga; 2ºprêmio no concurso de composição “A Canção Brasileira”, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a canção Mandaste a sombra de um beijo; 1º prêmio no concurso de composição e arranjos para coro misto a quatro vozes, promovido pela Universidade Federal da Paraíba, em 1967, com o coro Poema da necessidade; 1º Prêmio no “Iº Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Sopro-trompa e fagote”, promovido pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em 1984, com Três Melodias, para fagote e piano.
Além desses prêmios em concursos de composição, obteve também os seguintes: “Melhor Revelação como Compositor em 1962”, outorgado pela Associação de Críticos do Rio de Janeiro; “Melhor Obra de Câmara em 1970”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, com o Trio para piano, violino e violoncelo; “Melhor Obra de Câmara em 1975”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte, com as Quatro Peças Modais para orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1978”, outorgado pela APCA, com Appassionato, Cantilena e Tocata, para viola e piano; “Melhor Obra de Câmara em 1981”, outorgado pela APCA, com o Concerto pra flautim e orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1986”, outorgado pela APCA, com a Sonata para oboé e piano; e “Melhor Obra Sinfônica em 1994”, com Cromos, para piano e orquestra.
Em 1968, recebeu o troféu “Ordem dos Músicos do Brasil-1968, Compositor de Musica Erudita”. Recebeu as seguintes medalhas: Alexandre Lévy, na qualidade de Presidente da Sociedade Pró Musica Brasileira, pela divulgação dada à obra daquele compositor; Marechal Candido Mariano da Silva Rondon e Brigadeiro José Vieira Couto de Magalhães, ambas outorgadas pela Sociedade Geográfica Brasileira.
Foi fundador da Mobilização Musical da Juventude Brasileira, em 1945, e diretor do Departamento de Divulgação da Música Brasileira, de 1951 a 1952, daquela entidade em São Paulo.
Foi fundador e diretor artístico da Sociedade Paulista de Arte, entidade que, de 1949 a 1955, apresentou diversos novos valores musicais ao público paulistano. Foi fundador e presidente da Sociedade Pró Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, de 1961 a 1966, promoveu ampla divulgação da música brasileira. Foi novamente presidente da mesma sociedade, quando esta ressurgiu brevemente em 1984.
Foi fundador e presidente do Centro de Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, promove intensa divulgação da música erudita brasileira.
Foi membro da Comissão Municipal de Música, em Santos, de 1965 a 1967; presidente da Comissão Estadual de Música, em São Paulo, em 1967; e membro da Comissão Nacional de Música Sacra, de 1966 a 1970.
Dedicou-se sempre intensamente ao ensino da música, na qualidade de professor de teoria elementar, solfejo, harmonia, contraponto, análise musical, composição e orquestração. Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical”são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.
Destaca-se a sua participação, como professor, no curso de formação de professores da Comissão Estadual de Música, de São Paulo, de 1960 a 1962, e de 1969 a 1970; no I º Seminário de Música de Sergipe em 1967; no II º Festival de Inverno de Ouro Preto em 1968; no Curso Internacional de Música do Paraná, de 1966 a 1970, em 1975 e 1977, e em muitos outros cursos de música, realizados em diversas cidades do Brasil como Campinas, Ribeirão Preto, Franca, Pindamonhangaba, Presidente Prudente, Poços de Caldas, Londrina, Natal, dentre outras.
Foi o primeiro compositor convidado para o “Festival de Bar-Harbor”, do Maine, EUA, em julho de 1997, tendo tido várias de suas obras executadas em inúmeros concertos. Em 24 de novembro de 1997, recebeu o troféu “Guarani”, outorgado pela Secretaria de Estado da Cultura, de São Paulo, como personalidade musical do ano. Ainda em 1997, recebeu o Grande Prêmio da Crítica, da APCA.
Em janeiro de 1999, foi convidado a participar, na qualidade de compositor, do“Festival de Música Latino-Americana”, promovido pelo BardCollege em Annadale-on-Hudson, no Estado de New York. Obras suas foram então tocadas em diversos concertos promovidos pelo College. Nessa ocasião, um concerto com cinco de suas obras foi apresentado na prestigiosa série de concertos da Trinity Church, na cidade de New York, a cargo da Manhattan ChamberOrchestra, regida pelo entusiástico e eficiente maestro Richard Auldon Clark.
Em 29 de março de 2004, recebeu o Prêmio da APCA, por Lembrança de Amor, como melhor CD de 2003.
Em 24 de Julho de 2006, recebeu a Medalha Anhanguera, a mais importante condecoração concedida pelo estado de Goiás, pelos seus serviços prestados à música brasileira e à música em geral.
Júlio Medaglia é natural de São Paulo, diplomou-se em regência sinfônica na Alemanha, na Meister-klasse da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg. Fez curso de alta interpretação sinfônica com Sir John Barbirolli, de quem foi assistente.
Viveu na Alemanha por mais de 10 anos, atuando também na rádio e na TV, regendo algumas das mais importantes orquestras, inclusive na Filarmônica de Berlim.
Além de sua atividade como maestro no Brasil e no exterior, compôs mais de uma centena de trilhas sonoras para teatro, cinema e televisão. Uma seleção de músicas de suas trilhas foi gravada pelo conjunto de sopros da Filarmônica de Berlim (BIS 952), além de arranjos gravados pelos 12 violoncelos dessa Filarmônica (EMI). Em sua passagem pela música popular, foi um dos fundadores do Tropicalismo. É o autor do arranjo original da música “Tropicália”, de Caetano Veloso, que deu origem àquele movimento. É autor do hino oficial da Universidade de São Paulo com o poeta Paulo Bomfim.
Ocupou os cargos de Diretor do Instituto Estadual de Comunicação do Rio de Janeiro, Diretor da Rádio Roquette Pinto (RJ), Supervisor Musical Artístico da Rede Globo de Televisão, Diretor Artístico do Teatro Municipal de São Paulo e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, diretor artístico de Teatro Municipal do Rio de Janeiro, diretor do Festival de Inverno de Campos do Jordão, diretor da Universidade Livre de Música, diretor artístico do Centro Cultural São Paulo, regente da Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília. Para o Teatro Amazonas criou a Amazonas Filarmônica com músicos de vários países do mundo. Nesse teatro acontece o maior festival de ópera do país.
Por ocasião das homenagens a Carlos Gomes pela passagem dos 100 anos de seu falecimento, regeu e gravou em vídeo e CD com os 200 artistas da Ópera Nacional da Bulgária a ópera “O Guarany”, evento transmitido para vários países europeus pela Eurovisão.
Apresenta há 35 anos programa diário na Rádio Cultura FM de São Paulo. Produz e rege a orquestra da TV Cultura de São Paulo no programa Prelúdio, transmitido em cadeia nacional há 15 anos. Esse programa recebeu o prêmio de “melhor projeto cultural da TV brasileira” pela A.P.C.A.
É membro da Academia Nacional de Música e há 25 anos assina crônica mensal na revista Concerto. Recebeu do Ministério da Cultura a “Grã Cruz” da Ordem do Mérito Cultural. Recebeu semelhante honraria da presidência da Hungria por suas interpretações de obras de autores daquele país. Por seus 6 livros e mais de 500 artigos publicados, foi eleito por unanimidade para a Academia Paulista de Letras, cadeira de nº 3, que pertenceu a Mário de Andrade.
Compositor, regente e flautista, Octavio Batista Maul nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1901. Junto com seu pai, fundou uma banda musical na cidade natal. Estudou piano com Jaime Figueiras e harmonia com Agnelo França, ocupando o lugar de flautista no sexteto formado com seus irmãos. Em 1919, prestou exames no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde passou a frequentar a classe de contraponto e fuga de Francisco Braga, de quem foi aluno particular de composição, entre 1922 e 1926. Em 1929, fez estágios na Alemanha e Bélgica. Ao retornar ao Brasil, tornou-se aluno de Guilherme Fontainha. Em 1930, foi cofundador, junto com Alcina Navarro, do Instituto Musical de Petrópolis.
Em 1934 reingressou no Instituto Nacional de Música, onde foi aluno de regência de Francisco Mignone. Em 1936, passou a integrar o corpo docente do Conservatório Brasileiro de Música. Três anos depois, dirigiu concertos da Orquestra Sinfônica da Sociedade Pró-Música. Em 1940, lecionou, interinamente, na Escola Nacional de Música, tornando-se livre-docente na mesma instituição em 1945. Quatro anos mais tarde, foi efetivado no cargo. Participou da Sociedade Propagadora da Música Sinfônica e de Câmara fazendo parte de sua diretoria.
Dirigiu a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, apresentando obras suas, em 1951. Esteve à frente também da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra da Escola Nacional de Música. Em 1952, realizou excursão artística ao Rio Grande do Sul. Organizou e preparou a orquestra do Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro, com estreia oficial em 09 de dezembro de 1960, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa. No mesmo ano, realizou o Festival Octávio Maul, transmitido pela Rádio MEC.
Suas obras principais são: Marcha festiva (1922), Prelúdio sinfônico em dó sustenido maior (1927), Paisagem tropical (1934), Dança brasileira (1939), Iara Branca para cordas, Instantâneos para cordas, o Divertimento, para piano, violino e violoncelo (1936); Concerto Fantasia para piano e orquestra, Quarteto de cordas (1944) e diversas obras para piano destacando-se o Tríptico, o Recitativo e Balada, o Estudo em fá (1932), o Estudo em fá sustenido (1934), a Suíte mirim (1940) e a Sonata (1925). Compôs ainda música incidental para o Fausto de Goethe, em espetáculo realizado em 1948 no Teatro Quitandinha, em Petrópolis.
Faleceu em abril de 1974.
O compositor e cantor Cândido Ignácio da Silva nasceu por volta de 1800. Sua naturalidade é incerta. Manuel de Araújo Porto Alegre, seu contemporâneo, afirmou ser mineiro. Já o pioneiro editor de música Pierre Laforge, também seu contemporâneo, a ele se refere em anúncio nos jornais do Rio de Janeiro como um jovem e estimável compositor fluminense. Sua formação musical se deu no curso do Padre José Maurício Nunes Garcia. Seu instrumento era a viola para cujo naipe na orquestra da Capela Imperial solicitou ingresso em 1827, ou então alternativamente, no coro na voz de tenor. Foi um destacado cantor e assumiu as partes solistas de diversas obras de seu mestre, como a Missa de Santa Cecília. Como tenor solista participou de diversos concertos a partir de 1824, onde se apresentava cantando árias e trechos de óperas.
A partir da década de 1830 seu nome aparece também como compositor. Suas Variações para corneta de chaves e orquestra foi tocada por Desidério Dorison, em 1837. No mesmo ano os músicos Francisco da Mota, João Bartolomeu Klier e Antônio Xavier da Cruz apresentaram outro conjunto de variações escritas para flauta, corne-inglês, clarineta e orquestra. Suas últimas obras foram um Hino das Artes, apresentado no Teatro Constitucional Fluminense e 12 valsas para piano, editadas por Laforge.
Como compositor de modinhas e lundus Cândido Inácio da Silva foi considerado por Ayres de Andrade um dos mais inspirados e originais de quantos músicos brasileiros se consagraram ao gênero no século XIX. São dele algumas das mais célebres e executadas entre as modinhas de seu tempo, como Quando as glórias eu gozei e Busco a campina serena. Mas é com o lundu-canção com texto de Manuel de Araújo Porto Alegre intitulado Lá no Largo da Sé que a importância de Cândido Inácio da Silva pode ser reconhecida. Mário de Andrade, em extenso artigo publicado na Revista Brasileira de Música, considerava essa pequena peça um dos marcos históricos mais notáveis do gênero e de importância acentuada na evolução da música brasileira.
Teve vida relativamente breve, tendo falecido em 1838.
Compositor, pianista, professor e musicólogo, Armando Albuquerque nasceu em Porto Alegre/RS, em 29 de junho de 1901 e faleceu na mesma cidade, em 1986. Estudou no Conservatório de Música da cidade, tendo concluído o curso de violino em 1923. Foi aluno de Oscar Simm, em aulas de violino e J. Schwartz Filho, de harmonia. Tocou piano em grupos de música popular, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e foi arranjador da Rádio Difusora de Porto Alegre. Foi orientador musical da Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, entre 1959 e 1967. Por volta de 1946, começou a dedicar-se à composição. Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e professor de composição no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Régis Duprat (Rio de Janeiro, 11.07.1930 – São Paulo, 19.12.2021) estudou violino e viola com Joahanes Oesner, integrante do Quarteto Fritsche, de Dresden, e depois do Quarteto Municipal de São Paulo. O estudo do contraponto e composição foi feito com Olivier Toni e Claudio Santoro. De 1950 a 1966, foi violista de vários conjuntos de câmara e sinfônicos, diretor do Sindicato dos Músicos e da Associação dos Professores da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Foi cofundador de diversas entidades musicais, como a Orquestra de Câmara de São Paulo e a Orquestra Angelicum do Brasil. Em 1963, Duprat foi um dos signatários do “Manifesto Música Nova”, propunha uma renovação da linguagem musical através de princípios de experimentação, defendendo o “compromisso total com o mundo contemporâneo”.
Formado em História pela USP, cursou o Instituto de Musicologia e o Conservatório de Paris. Foi professor de viola e de história da música da Universidade de Brasília, onde se doutorou em musicologia, orientado por Sérgio Buarque de Holanda. Foi professor da UNESP e da USP, onde orientou dissertações e teses de mestrado e doutorado. É sócio honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia (1993) e membro eleito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1994). Foi cofundador da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – Anppom, além de ter atuado como professor da Unesp e da USP. À frente da Anppom, defendeu a importância da transdisciplinaridade.
Recebeu, em 1970, prêmio especial da Associação Paulista de Críticos Teatrais pela pesquisa musicológica sobre o período colonial paulista. Fez parte do corpo editorial da Revista Brasileira de Música, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, e da Modus, publicação da Universidade do Estado de Minas Gerais.
Como musicólogo dedicou-se, sobretudo, ao estudo da música colonial de São Paulo, da Bahia e de Minas Gerais. Publicou grande quantidade de estudos musicológicos em periódicos no Brasil e no exterior, assim como de revisões críticas de obras musicais. Colaborou com inúmeros verbetes para a Enciclopédia da Música Brasileira Erudita, Folclórica e Popular, em suas duas edições, de 1977 e 1998. Coordenou o trabalho de organização do Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, tendo como resultado a elaboração e publicação de três catálogos dos manuscritos musicais lá existentes.
Tem cerca de 120 trabalhos publicados em revistas especializadas, dentre os quais 20 livros, comunicações musicológicas apresentadas em congressos nacionais e internacionais e cerca de 300 transcrições musicológicas e transcrições orientadas de partituras do Brasil colonial e imperial. Produziu 18 LP´s e CD´s sobre a música brasileira, erudita e popular. Recebeu o Prêmio Clio de 1996, da Sociedade Paulistana de História. Em sua produção se destaca o livro “A Música na Sé de São Paulo Colonial” (1995), onde aborda o compositor André da Silva Gomes e apresenta seu catálogo de obras. Publicou sobre o mesmo compositor uma edição comentada de sua Arte explicada do contraponto (1998). Outros livros importantes são “Garimpo Musical” (1985) e a série “Música do Brasil Colonial” (1997).
Nas palavras do confrade Ricardo Tacuchian:
“Duprat é o elo entre a musicologia tradicional, naquilo que ela tem de mais rica, e a Nova Musicologia. Ele é um homem dos arquivos, dos documentos que precisam ser autenticados, da análise das formas de expressão musical de cada época e de cada local, da extração de exemplos de épocas remotas, mas que podem servir de luz para a compreensão dos dias atuais, enfim, um detetive sherlockiano. Duprat traz para a Musicologia Brasileira o método de um Jacques Chailley, Fernand Braudel, Pierre Francastel ou Marcel Beaufils, autores que alimentaram a avidez intelectual de nossa juventude e que ele conheceu de perto, mas que soube ultrapassá-los com sabedoria.”
Régis Duprat faleceu aos 91 anos, no dia 19 de dezembro de 2021.
Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 08 de novembro de 1930. Teve os primeiros contatos com a música tocando cavaquinho, violão e piano desde os nove anos de idade. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, terminando o curso em 1954. Paralelamente atuava em casas noturnas e participava da Orquestra da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro e arranjador Orlando Costa (Cipó). De 1954 a 1959, residiu em Juiz de Fora, onde se bacharelou em Direito e foi diretor, durante dois anos, do Conservatório Estadual de Música. Na cidade natal estreou seu Concerto para piano e orquestra, em 1956.
De 1960 a 1963, aperfeiçoou-se em piano com José Kliass. Transferindo-se para São Paulo, estudou composição com Camargo Guarnieri. Atuou nesse período como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes. Trabalhou também como arranjador em trilhas e jingles. A partir de 1970, passou a integrar, como pianista e arranjador, a orquestra da extinta TV Tupi.
Em 1975 passou a lecionar arranjos e improvisação na Academia Paulista de Música. Neste período iniciou uma série de apresentações como regente de conjuntos de câmara e como pianista, apresentando composições de sua autoria. Prosseguiu os estudos de composição com H. J. Koellreutter. No período, foi vencedor do concurso patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil com a peça Noneto. Em 1981, foi vencedor da Feira Livre de MPB, patrocinada pela TV Cultura, e escolhido como regente, arranjador, autor e compositor para representar o Brasil no décimo festival da OTI, realizado na cidade do México.
Em 1982, foi convidado a lecionar contraponto e composição no Instituto de Artes da UNESP. Em 1985, iniciou seus trabalhos do mestrado de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluído em 1988. Em 1986, foi vencedor do concurso de composição patrocinado pela Editora Cultura Musical, tendo obtido o primeiro lugar com a peça para violão Choro Pretensioso, e segundo lugar com a peça para piano solo Ritmata nº1.
Entre 1988 e 1991 foi pianista do programa “Jô Soares onze e meia”, no SBT. Atuou junto a Orquestra de Jazz Sinfônica, tendo, em agosto de 1990, apresentado no Memorial da América Latina a peça Caetê Jururê, como regente da orquestra. Em 1990, recebeu o prêmio A.P.C.A. (Associação Paulista de Críticos de Arte), por sua apresentação do Ciclo Cecília Meireles. Entre 1992 e 1995, foi professor de arranjo, improvisação e orquestração do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Em 1992, foi escolhido pela Escola de Música Arte Livre como compositor do ano, homenageado por meio de inúmeros recitais com obras de sua autoria. No ano de 1993, por ocasião da comemoração do centenário de nascimento do poeta Mário de Andrade, foi vencedor do concurso promovido pela prefeitura de São Paulo, com a composição Rua Aurora, baseda em texto do poeta. Em 31 de maio de 1994, foi-lhe conferida pela Prefeitura do município de Juiz de Fora a “Comenda Henrique Halfeld”.
Em 1995, sua obra Postais Paulistanos foi premiada pela A.P.C.A. como a melhor peça coral sinfônica. Em 1996, sua peça Chorando (para contrabaixo e piano) obteve 3º lugar no II Concurso Nacional de Composição para Contrabaixo, promovido pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Concluiu o Doutorado na UNESP em 1998. No mesmo ano, foi premiado pela A.P.C.A. pelo Concerto para vibrafone e orquestra. Compôs também o Concerto para flauta e orquestra, estreado em 8 de abril de 2000, em Londres, e o Te Deum, em comemoração aos 150 anos da cidade de Juiz de Fora.
Foi compositor, musicólogo e professor. Nasceu na cidade italiana de Bari, em 20 de janeiro de 1883. Iniciou seus estudos musicais com o pai e com o maestro Gaetano Foschini (contraponto, fuga e composição). Veio para o Brasil com cerca de vinte anos de idade. Foi flautista da Banda da Força Pública e fez parte do primeiro grupo de docentes do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, ocupando, entre 1910 e 1928, o posto de professor de harmonia, contraponto e fuga. Entre seus alunos estavam os futuros compositores Dinorah de Carvalho e Francisco Mignone.
Em 1928 fundou a Academia Musical de São Paulo e foi seu diretor até 1938. Passou a lecionar harmonia no Instituto Santa Marcelina, de São Paulo, de 1934 a 1943. Lecionou também no Conservatório Musical de Santos, no Conservatório Carlos Gomes e no Instituto Caetano de Campos, de São Paulo.
Em 1913 fundou e organizou o Centro Musical de São Paulo. Publicou o Compêndio de harmonia (1921), O Canto coral nos colégios e sua teoria e pequenos solfejos para uso dos orfeões (1936), Terminologia musical (Ricordi, 1941), Tratado de harmonia – clássico e moderno (Ricordi, 1948), Elementos de Cultura Musical (Ricordi, 1952) e Curso teórico prático de instrumentação para orquestra e banda (Ricordi, 1954). Foi responsável também pela publicação no Brasil do Método Completo de Divisão, de P. Bona.
Como compositor foi premiado pelo governo de São Paulo pelo poema coral sinfônico Centenário, escrito sobre texto de Francisco Roca Dordal para a inauguração do Monumento do Ipiranga, em 1922. A obra foi novamente executada em São Paulo em 1940 pelo maestro Armando Belardi na inauguração do Estádio do Pacaembu. Sua abertura Curumiaçu mereceu o primeiro prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938. Escreveu ainda Lenda Brasileira (1923), Rapsódia Brasileira (1940), Quarteto de cordas em dó maior (1909), Cinco aquarelas para violino e piano (1925), Suíte para violino e piano (1933), a Coleção Infantil para piano, música vocal para coro e canções.
Faleceu em São Paulo em 15 de agosto de 1971.
Compositor e professor, Domingos da Rocha Viana nasceu em Salvador, Bahia, em 20 de janeiro de 1807 e lá faleceu em 29 de fevereiro de 1856. Iniciou-se como músico de banda da Guarda Nacional. Foi condecorado por sua participação na Guerra da Independência, em 1822. Ferido em combate próximo do engenho Moçurunga, adotou-lhe o nome como lembrança. Aos 20 anos já lecionava música e em 1830 era professor de latim e português no Colégio São Pedro de Alcântara. Em 1833 fez concurso para as cadeiras públicas de música e de latim, sendo nomeado catedrático da primeira e substituto da segunda. Lecionou, ainda, na Academia de Música, sociedade que funcionou em Salvador de 1830 a 1836, e da qual participaram Damião Barbosa de Araújo e José Pereira Rebouças. Com a criação do Liceu Provincial, em 1837, ocupou a cadeira de música. No mesmo ano envolveu-se na Sabinada, rebelião de caráter republicano em Salvador, e foi preso, depois julgado e absolvido.
Nessa época compôs os versos e a música do Hino da revolução. Já era então um dos mais conceituados músicos de sua terra e em 1838 teve obra sua executada no Rio de Janeiro, no Teatro São Pedro de Alcântara, em concerto que reuniu aberturas sinfônicas de mestres da escola baiana. Em 1839 foi reintegrado nas funções de catedrático de música. Em 1846 apresentou à assembleia provincial um projeto sugerindo a criação de um conservatório de música em Salvador. Foi poeta e publicou anonimamente versos satíricos. Um dos primeiros autores brasileiros a escrever obra pedagógica musical, publicou um Compêndio musical, em Salvador, em 1834 (2ª ed., como “Novo compêndio de música”, Salvador, 1846; nova ed., como “Artinha Moçurunga”, Salvador, 1905).
Como compositor deixou diversas peças sacras, entre as quais um Te Deum, escrito em 1841, para a coroação de Pedro II, as Novenas de Nossa Senhora e do Senhor da Cruz, nove Missas, Credos, Ladainhas. Na música instrumental são conhecidas três Aberturas. Autor da letra e música do dueto bufo A Negra do munguzá, encenado várias vezes em Salvador com êxito, compôs diversas quadrilhas, valsas e o lundu Onde vai o sr. Pereira de Morais. Foi fecundo autor de modinhas.
Nasceu em 04 de julho de 1935, em São Paulo e faleceu no mesmo estado em 02 de maio de 2014. Estudou piano com Maria de Freitas Moraes e Alice Philips e composição com Olivier Toni. Seu catálogo de obras é extenso, incluindo obras para quase todas as formações instrumentais: câmara, vocal, coral, cênica e sinfônica. Obteve vários prêmios em concursos de composição no país e no exterior. Possui diversas obras editadas no Brasil, Europa e Estados Unidos. Em 1975, na Tribuna Internacional de Compositores, em Paris, regeu sua obra Ensaio-72 no Theatre de laVille. Transfigurationis, encomendada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, estreou em 1981, valendo-lhe na ocasião o premio da APCA/Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1988 esta obra foi estreada pela Orquestra Sinfônica Tonhalle, de Zurique, e em 1992 teve três execuções pela Orquestra Sinfônica Bruckner de Linz, na Áustria.
Em 1992 estreou com sucesso sua Sinfonia nº 2 - Mhatuhabh, em Zurique, sob a regência de Roberto Duarte frente à Orquestra Sinfônica Tonhalle, que encomendou a obra. Em 1995, quando da estreia desta sinfonia em São Paulo, com a OSESP, obteve novamente o prêmio da APCA. No mesmo ano conquistou a Bolsa Vitae de Artes para a composição da 3ª Sinfonia, tendo a obra sido escrita na Suíça, onde residiu por um ano. Esta peça teve estreia mundial em abril de 1998, sob a regência de Roberto Duarte e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Em 1994 foi eleito membro da Academia Brasileira de Música. Em julho de 1996, sua Missa Solene para coro e solistas infantis, órgão e percussão foi estreada na Hungria, obra encomendada para a comemoraçãodos 1000 anos da Abadia de Pannohalma.
Novamente, mediante concurso obteve em 1997 a Bolsa Vitae de Artes para a composição de três quintetos: Quinteto para oboé e quarteto de cordas; Quinteto para trompa e quarteto de cordas, de 1998, e Quinteto para 2 violinos, 2 violas e violoncelo, de 1998. Em 1997 compôs, atendendo a encomendas, Toccata para violino, violoncelo e piano; Tempestade Óssea, sexteto para 2 xilofones, 2 marimbas, 5 claves e 5 templeblocks, gravação do Grupo de Percussão da UNESP; A Coisa, cantata para coro e percussão sobre texto de Millôr Fernandes. Seu nome é verbete em destacadas publicações estrangeiras, tais como GrovesDictionaryof Music e Who's Who in theWorl. Dedicado também ao magistério, lecionou composição e outras disciplinas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde foi professor livre docente em composição, e chefe do Departamento de Música da ECA-USP em 1997.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1947. Sobrinho-neto do compositor Arnold Schoenberg e do maestro Arthur Bodanzky, muito cedo começou a estudar piano e seguiu a vocação para regência com Hans Swarowsky, em Viena, e com Leonard Bernstein, em Tanglewood. Dentre os concursos internacionais de regência que venceu destacam-se os de Florença, 1969, da Sinfônica de Londres, 1972, e do La Scala, 1976. De volta ao Brasil em 1973, assumiu a direção dos teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na Europa, foi diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, do Teatro de Sankt Gallen, na Suíça, do Teatro Massimo, de Palermo e da Ópera de Bordeaux, além de ter sido regente residente na Ópera de Viena. Em 1996 dirigiu Il Guarany, de Carlos Gomes, na Ópera de Washington, nos Estados Unidos, tendo Plácido Domingo no papel de Peri.
Dedica-se também à composição para cinema e teatro, sendo o autor das trilhas sonoras dos filmes Pixote, O Beijo da mulher-aranha, Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, Gaijin – os caminhos da liberdade e Os Condenados, além da trilha sonora da minissérie Os Maias. Mais recentemente, compôs a música do filme Desmundo, de Alain Fresnot, e a música incidental da telenovela Esperança.
Nos doze anos em que esteve à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (1997-2008), Neschling elevou o grupo a níveis internacionais, tornando-a reconhecida pela crítica internacional como uma das orquestras a serem notadas entre as melhores do mundo (Revista Gramophone, dezembro de 2008). Neschling gravou com a OSESP uma série de CDs de música brasileira e internacional para o selo sueco BIS. Cinco deles receberam o selo Diapason D'Or, além de um Grammy Latino pela sua gravação da 6ª Sinfonia, de Beethoven, pelo selo Biscoito Fino.
Durante a gestão de Neschling a antiga Estação Júlio Prestes foi transformada em Sala São Paulo e o número de assinantes da orquestra chegou a quase 12.000, foram criadas a Academia de Música da OSESP, o Centro de Documentação Musical Eleazar de Carvalho, a Editora Criadores do Brasil, dentre outros projetos que impulsionaram a atividade sinfônica paulista e brasileira.
Sob sua direção, a OSESP fez duas turnês norte-americanas e duas turnês europeias, apresentando-se, entre outras salas, no Avery Fischer Hall, de Nova Iorque, e no Musikverein, de Viena. Viajou diversas vezes pela América do Sul e realizou duas grandes excursões pelo Brasil.
Atualmente John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo.
Professor e crítico de música, Octavio Bevilacqua nasceu no Rio de Janeiro a 17 de maio de 1887 e faleceu nesta mesma cidade a 23 de agosto de 1959. Ele era neto do pianista Isidro Bevilacqua e filho do compositor Alfredo Bevilacqua. Sua avó, senhorinha Ribeiro de Melo, foi cantora da Capela Imperial. Otavio Bevilacqua estudou medicina até o terceiro ano, passando logo a dedicar-se exclusivamente à música. Foi aluno de piano de Frederico Nascimento e de contraponto e fuga de Alberto Nepomuceno. A 08 de agosto de 1915, conquistou o título de livre-docente de teoria e solfejo do antigo Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde passou depois a professor-assistente de harmonia. Foi também livre-docente, professor-assistente e professor-catedrático da Escola Normal, depois Instituto de Educação do Rio de Janeiro.
Em 1932, foi o primeiro professor a lecionar História da Música no Instituto Nacional de Música. Viajou pela Europa, comissionado para observar os métodos de ensino de música. Foi membro do Conselho técnico-consultivo da Prefeitura do Distrito Federal e sócio honorário do Instituto de Música da Bahia. Participou do I Congresso da Língua Nacional Cantada, organizado por Mario de Andrade, em São Paulo, em 1937, e recebeu a Medalha Carlos Gomes, do Estado da Guanabara, pelo conjunto de suas atividades. Foi crítico de música do jornal O Globo e escreveu também, como correspondente ou como colaborador, na revista Le Ménestrel (Paris) e The Journal of Musicology (Greenfield, Ohio), assim como na Revista Brasileira de Música, em O Cruzeiro, na Revista da Semana, entre outras.
Foi redator da Ilustração Musical, de 1930 a 1931, e da Revista da Associação Brasileira de Música, de 1932 a 1934. Realizou muitas conferências e publicou os seguintes livros: Pontos de teoria elementar de música (1921), e Notas sobre a história do canto coral (1933). Em colaboração com Laura Jacobina Lacombe, publicou os quatro volumes da obra Vamos cantar, de 1944 a 1948.
Nasceu em São João del Rei a 23 de agosto de 1819 e faleceu nesta mesma cidade a 22 de janeiro de 1887. Era filho de João Xavier da Silva Ferrão e de Maria José Benedita de Miranda. Era sobrinho, por parte de mãe, do compositor e professor Francisco de Paula Miranda, que foi diretor da Orquestra Lira Sanjoanense e era pai do também compositor Francisco Martiniano de Paula Miranda. Com o tio realizou estudos de música, tendo estudado canto, clarineta e violino. Complementou sua formação com os estudos de Latim, Francês, História, Geografia e Filosofia. Ordenou-se padre em 1846.
Em 1872, recebeu a Medalha de Prata da V Semana Industrial Mineira, realizada em Juiz de Fora, como prêmio por suas obras. São muitas as referências a ele em obras literárias e históricas, assim como em relatos de viagens e em diários. O próprio imperador Pedro II a ele se refere em seu diário, quando menciona sua admiração pelo Te Deum ouvido em 25 de abril de 1881 na Matriz do Pilar, em homenagem à visita do Imperador a São João del Rei.
São conhecidas mais de cem obras de José Maria Xavier, muitas das quais de grandes dimensões, conservadas em arquivos de manuscritos musicais de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
Sua obra é executada principalmente em São João del Rei, pelas bicentenárias orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, assim como em outras cidades mineiras, notadamente Prados e Ouro Preto. Especialmente no período da Semana Santa sua obra pode ser ouvida nas igrejas mineiras. Suas Matinas do Natal chegaram a ser editadas na Alemanha, representando um raro exemplo de música sacra oitocentista mineira com partitura impressa. De sua autoria são também as músicas para o Ofício de Ramos, para os Ofícios de Trevas, para o Ofício de Sexta-feira Maior, as Novenas de São Sebastião, Nossa Senhora das Mercês as Matinas da Assunção de Nossa Senhora, do Espírito Santo e de Nossa Senhora da Conceição.
Em 2004 seu Ofício de Trevas, as Matinas de Sábado Santo e as Matinas da Ressurreição foram gravados pelo Coral Lírico do Palácio das Artes e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência de Marcelo Ramos.
Nasceu em São João del-Rei, em Minas Gerais, a 20 de agosto de 1943, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 2002. Filho de Telêmaco Vítor Neves, violinista, compositor e maestro da Orquestra Ribeiro Bastos entre 1940 e 1950, José Maria Neves iniciou seus estudos musicais no Conservatório Estadual de Música de sua cidade natal, continuando-os nos Seminários de Música Pró-Arte, onde foi aluno de Guerra-Peixe e Esther Scliar. Transferindo-se para a França, em 1969, realizou cursos de aperfeiçoamento em composição com Louis Saguer, regência com Pierre Dervaux, regência coral com StéphaneCaillat e música eletroacústica com Pierre Schaeffer, além de ter concluído, sob a orientação de Jacques Chailley e Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, o mestrado e o doutorado em Musicologia na Universidade de Paris IV (Sorbonne).
Realizou pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin, de 1994 a 1995, e na Universidade Nova de Lisboa, de 1999 a 2000. Suas antigas relações com a Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei fizeram com que assumisse, em 1977, a função de regente daquela que é uma das mais antigas corporações musicais do país. Dirigiu suas atividades locais e em muitas turnês através do país, tendo com ela gravado, como registros musicológicos, seis discos de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX. Desde 1968, fez parte do corpo docente do Instituto Villa-Lobos da Universidade do Rio de Janeiro/UNI-RIO, recebendo o título de professor titular emérito quando se aposentou, em 1997.
Foi professor titular também do Conservatório Brasileiro de Música, onde lecionou desde 1972. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Educação Musical, 1972-1974, da equipe permanente dos Cursos Latino-Americanos de Música Contemporânea, 1978-1986, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, 1975-1999, e da Academia Brasileira de Música, 2003-2004. Foi membro do conselho editorial de periódicos do Brasil e dos Estados Unidos e consultor ad hoc para a área da música da Fundação CAPES e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq. Sua obra musicológica inclui cerca de 50 títulos, editados no Brasil e no exterior (livros, capítulos de livros, artigos e edições críticas de partituras). Foi autor de pequena obra musical, nela incluindo-se ensaios eletroacústicos e música incidental para teatro. Realizou mais de cinquenta revisões musicológicas de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX, tendo sido o responsável pela primeira audição contemporânea da maioria delas, à frente da Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Estudou composição com Henrique Morelenbaum e piano com Dulce de Saules, na Escola de Música da UFRJ. Começou sua carreira como crítico de música do Jornal do Brasil e intensificou o seu trabalho como compositor a partir de 1977, quando obteve o 1º prêmio no Concurso de Composição para a II Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria de música de câmera. Em 1978, foi selecionado para representar o Brasil na Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO, em Paris. Nos anos seguintes, recebeu inúmeros prêmios em concursos nacionais de composição e também o Troféu Golfinho de Ouro, em 1981, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo/APCA (1982 e 2006). Em setembro de 2001, recebeu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo o Troféu Carlos Gomes, como melhor compositor do ano.
Participou de importantes festivais internacionais: o World Music Days, em Aarhus, Dinamarca (1983); a X Bienal de Música de Berlim (1985); o World Music Days, em Budapeste, Hungria (1986); o Aspekte Festival, em Salzburgo, Áustria (1992); a série Musiques del nostre Temps, em Palma de Mallorca, Espanha (992), Sonidos de las Americas/Brasil, no Carnegie Hall, em Nova Iorque (1996), Semana de Música Brasileira, realizada na Hochschule für Musik, em Karlsruhe, Alemanha (2000) e The First World Guitar Congress, em Baltimore nos EUA (2004).
Em 1984, foi feito Chevalier dans l’Ordre des Arts et des Lettres, pelo Ministério da Cultura da França.
Suas obras têm sido apresentadas nas principais salas de concerto do Brasil e do exterior, como o Queen Elizabeth Hall, em Londres, a Tonhalle, em Zurique, o Mozarteum, em Salzburgo, o Teatro Colón, em Buenos Aires e o Carnegie Hall, em Nova Iorque. Inúmeras peças de sua autoria estão gravadas e muitas delas foram comissionadas por importantes instituições, como a Fundação Apollon, de Bremen (Alemanha), a Towson University (EUA), a Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundação Vitae, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil, Sala Cecília Meireles, o Ministério da Cultura do Brasil e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Recebeu encomendas também de grupos e intérpretes como o coral sueco Vokalensemble, o Quinteto Villa-Lobos e o violoncelista Antônio Meneses.
Em novembro de 2003, a convite da Brahmsgesellschaft, foi artista residente no Brahmshaus Studio, em Baden-Baden, onde criou a obra Festspielmusik, para dois pianos e percussão.
Ronaldo Miranda foi professor de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diretor-adjunto do Instituto Nacional de Música da FUNARTE e diretor da Sala Cecília Meireles. Atualmente, é professor de composição do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
E-mail: rcmusica@terra.com.br
Portal: www.ronaldomiranda.com
Foi um dos mais famosos professores de sua época, além de regente e compositor. Alguns dos melhores compositores brasileiros do seu tempo foram seus alunos no Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro. Nascido em 1o de Janeiro de 1892, iniciou os estudos musicais na Escola XV de Novembro, praticando bombardino na banda da instituição. Prosseguiu sua formação no INM, onde foi aluno de Francisco Braga, Frederico Nascimento e Agnelo França. Em 1921 já seria livre-docente de harmonia. Paralelamente estudou Direito, concluindo o curso em 1932. Em 1935, obteve por unanimidade a cátedra de contraponto e fuga no INM. Ensinou também prosódia musical no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Em 1937, esteve em Paris e lá visitou o famoso conservatório.
Foi colaborador da Revista Brasileira de Música e publicou diversos livros didáticos de música, ainda hoje apreciados e utilizados no Brasil como Cartilha de Música (1926); Manual de Harmonia (1932); Curso de Contraponto (1933); Manual de Fuga (1935); Linguagem da música (1954).
Foi autor de obras para orquestra e música de câmara. Seu Prelúdio e Fuga para quarteto de saxofones foi publicado no Boletim Latino Americano de Música.
Faleceu nesta capital em 1967, cercado pelo carinho e admiração de seus alunos e colegas.
Nascido em Curitiba, Paraná, em 04 de Fevereiro de 1895, José Cândido de Andrade Muricy se tornaria um dos mais eminentes críticos musicais e literários do Brasil. Estudou piano com Marieta Brandão e Hugo Antônio de Barros. Na cidade natal estudou ainda com Leo Kessler. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1916, tornando-se aluno de Luciano Gallet e Tomás Terán. Formou-se em Direito em 1919 e viveu na Suíça de 1923 a 1925. Em 1927, fundou a revista Festa e a partir de 1937 assumiu a crítica musical do Jornal do Commércio, onde escrevia regularmente na coluna Pelo Mundo da Música, sucedendo a Oscar Guanabarino.
Foi professor do Conservatório de Canto Orfeônico, do Conservatório Brasileiro de Música e da Escola de Música Sacra. Em 1952, foi nomeado diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e para o Conselho Federal de Cultura. Em 1972, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.
Foi o maior crítico musical de sua época. Escreveu livros sobre música e literatura. Entre seus trabalhos podemos destacar: Emiliano Perneta, subsídios para a história da poesia brasileira contemporânea (1919); os dois volumes de Caminho de Música (1946); Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952); Villa-Lobos: uma interpretação (1961); Para conhecer melhor Cruz e Souza (1973); Panorama do Conto Paranaense (1979). Organizou para a Funarte a coletânea Carlos Gomes: uma obra em foco (1987). Para a editora Aguilar preparou e prefaciou, em 1961, a obra completa de Cruz e Souza. Foi presidente da Academia Brasileira de Música, em sucessão a Villa-Lobos, em 1959. Faleceu em 1984, no Rio de Janeiro.
O espanhol José Zapata y Amat é figura cuja biografia é praticamente desconhecida. Desempenhou papel importante no Rio de Janeiro em meados do século XIX, mas desapareceu sem deixar vestígios. Conhecido em nosso país como Don José Amat, nasceu na Espanha, em local e data desconhecidos. Teria vindo para o Rio de Janeiro, em 1848, fugindo de perseguições políticas decorrentes de seu envolvimento com o movimento carlista na luta pelo trono espanhol. Tinha boa formação musical e aqui ensinou canto e composição. Escreveu canções sobre versos de vários poetas brasileiros, inclusive Gonçalves Dias (Minha terra tem palmeiras e A Canção do exílio), além dos álbuns Melodies brésiliennes (1851) e Les nuits brésiliennes (1862).
Em 1856 casou-se com uma de suas alunas de canto, Maria Luisa Amat, soprano com expressiva atuação na vida musical do Rio de Janeiro à época.
Em março de 1857 foi criada no Rio de Janeiro a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional e José Amat assumiu a função de gerente e administrador. Um dos objetivos da instituição era encenar óperas cantadas em português, mas a companhia só durou três anos. Mas foi tempo suficiente para revelar as primeiras óperas daquele que viria a ser o mais importante compositor brasileiro do século XIX, Carlos Gomes. Logo após, foi criada a Ópera Lírica Nacional, que também se dissolveu dois anos depois, em 1862. D. José era seu diretor e também encenou óperas estrangeiras. Em 1865 participou da Arcádia Fluminense e com o escritor Machado de Assis escreveu a Cantata da Arcádia. Após 1865 não são encontradas mais referências dele no Rio de Janeiro.
Especula-se que tenha ido à Europa buscar meios de reforçar seus empreendimentos artísticos, mas não se ouviu falar mais nele. D. José Amat foi autor de peças para piano solo e canções e era personalidade muito estimada na capital do Império, embora tenha vivido menos de sete anos no Brasil.
Nasceu em São Paulo, em 18 de setembro de 1937. Estudou piano com Mathilde Frediani e Karl Heim. Em 1953 foi uma das vencedoras do concurso para solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, com a qual se apresentou pela primeira vez sob a regência de Eleazar de Carvalho interpretando o Concerto no1, de Villa-Lobos. Prosseguiu os estudos com Magdalena Tagliaferro, entre 1954 e 1957. Seguiu para Paris, onde deu continuidade aos estudos com Pierre Sancan, Christianne Sénart, o russo Pyotr Kostanoff e Lazare Levy. Ao retornar, em 1959, tornou-se aluna de Guilherme Fontainha, Camargo Guarnieri e Osvaldo Lacerda. Aperfeiçoou-se nos EUA com Olegna Fuschi e Howard Aibel, entre 1965 e 1967, ocasião na qual deu aulas na Escola de Artes da Carolina do Norte. Na Alemanha, entre 1969 e 1970, estudou com Walter Blankenheim.
Excursionou por várias cidades americanas em turnês de concertos. Deu recitais em Nova York, Washington, Houston, Miami, Chicago e Asheville, em importantes salas como a National Gallery of Arts, no Town Hall e no Carnegie Hall. Foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Cleveland, sob a regência de José Serebrier. Sua carreira internacional a levou para concertos na França (Salle Gaveau), Suíça, Inglaterra, Portugal, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Panamá e México.
No Brasil foi solista à frente de várias orquestras como a Sinfônica do Estado de São Paulo, a Sinfônica Municipal de São Paulo, a Sinfônica de Santo André, a Sinfonia Cultura, Sinfônica da USP, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica de Porto Alegre, a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Sinfônica, entre outras.
Recebeu prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes, da Ordem dos Músicos do Brasil e o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura/Funarte em 1995, na categoria intérprete. Em 1977 publicou o livro Técnica Pianística, pela editora Ricordi.
Casou-se em 1982 com o compositor Osvaldo Lacerda que a ela dedicou inúmeras obras, entre elas Cromos para piano e orquestra. Com ele fundou e atualmente preside o Centro de Música Brasileira em São Paulo.
Possui extensa produção fonográfica, com destaque para a gravação do Concerto no2 para piano e orquestra de Camargo Guarnieri, sob a regência do compositor, à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Outros registros importantes são os da obra de Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Eduardo Souto, Osvaldo Lacerda e muitos outros compositores brasileiros.
Desde 1993 faz parte da Academia Pernambucana de Música.
Portal: www.eudoxiadebarros.com.br
Nasceu em Uberaba, Minas Gerais, em 01 de junho de 1895. A família transferiu-se para São Paulo e ainda menina começou a estudar piano, no Conservatório Dramático e Musical, onde foi colega de Mário de Andrade e Francisco Mignone. Em 1916 terminou seu curso de piano com distinção e iniciou turnês como recitalista. Ganhou bolsa de estudos do governo de Minas Gerais e partiu para a França, onde se aperfeiçoou com Isidor Philipp. Ao voltar ao Brasil foi apresentada por Mário de Andrade ao professor e maestro Lamberto Baldi, com quem continuou os estudos de composição e regência. Com Martin Braunwieser estudou orquestração. Nomeada inspetora de ensino superior, foi uma das fundadoras da Orquestra Feminina de São Paulo, cujos concertos obtiveram considerável repercussão. Em 1954 recebeu a medalha de ouro do IV Centenário da fundação da cidade por seu trabalho de formação musical das crianças paulistas. Em 1960, apresentou-se novamente em concertos na Europa.
Sua obra como compositora, no entanto, não foi extensa. Souza Lima organizou no Teatro Municipal de São Paulo um Festival Dinorah de Carvalho, em 1960. Dentre suas obras podemos destacar a suíte sinfônica Arraial em festa, as três Danças brasileiras, para piano, cordas e percussão; Serenata da Saudade, para orquestra de câmara (1931) e Contrastes, para piano e orquestra (1969). Para piano deixou a Sonata no1, A Sertaneja (1930), Onze Peças Infantis sobre Motivos Populares (1939) e Jogos no parque infantil (1943). Da produção coral se destacam Boi Tungão (1942), Ê bango-bango ê (1942) e a Missa De Profundis (1977), que mereceu prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Entre as canções podemos destacar a coletânea Noite de São Paulo (1936), sobre textos de Guilherme de Almeida.
Faleceu em São Paulo, em 1980.
As principais informações biográficas sobre o compositor foram reveladas por seu filho, Antônio Álvares Lobo, em documentos encaminhados a Luciano Gallet e que hoje se encontram na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. Foram usados também os trabalhos de Ayres de Andrade (Francisco Manoel da Silva e seu tempo) e Olga Cacciatore (Dicionário biográfico de música erudita brasileira). Elias Alves Lobo nasceu em Itu, São Paulo, em 09 de agosto de 1834. Estudou contrabaixo, piano e outros instrumentos. Em 1855, sua primeira Missa foi interpretada em Tietê. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar no Conservatório de Música, onde foi aluno de harmonia e contraponto de Raphael Coelho Machado. Escreveu a Missa de São Pedro de Alcântara e a ofereceu ao Imperador do Brasil, D. Pedro II, tendo sido cantada na Capela Imperial.
Em 1859 escreveu, para a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, A Noite de São João, que é considerada a primeira ópera brasileira. Com libreto em português, foi encenada na capital sob a direção do jovem Carlos Gomes. Escreveu uma segunda ópera para a mesma companhia, A Louca, também chamada de Os Salteadores da Mantiqueira, que não chegou a ser encenada, tendo sido apresentada apenas em redução para piano no Clube Fluminense, em 1862. Fixou-se em Campinas onde fundou uma sociedade musical e integrou uma orquestra dirigida por Santana Gomes. Foi professor da Escola Modelo Maria José em São Paulo, onde organizou, em 1875, um congresso para promover a música clássica e estimular o ensino musical no estado. No ano seguinte, publicou um Método de Música, com 2ª edição em 1883.
Em 1882 começou a compor uma terceira ópera, Sacrifício de amor, com libreto de Carlos Ferreira, que ficou inacabada. Na música sacra escreveu várias Missas. Além da já mencionada, há referência sobre a Missa do Senhor Bom Jesus, de 1874. Constam ainda três Credos e toda a música para o período da Semana Santa (1872), incluindo Domingo de Ramos, Ofícios de Quarta, Quinta e Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Ressurreição. Escreveu também as Matinas do Espírito Santo, Tantum Ergo, Salutaris Hostia e Ave Maria. Há ainda referência a um Oratório do Carmo, executado em Itu, em 1865, e um Oratório da Conceição, executado em Campinas, em 1885. Na música instrumental constam peças para piano solo, música de salão, o lundu Chá preto, sinhá?, obra publicada pela Casa Artur Napoleão, e a modinha Nerina, maga estrela.
Faleceu em 15 de dezembro de 1901.
Nascido em 1953, Manoel Aranha Corrêa do Lago tem uma dupla formação, em Economia e Música. Bacharelou-se em Economia pela UFRJ (1977), seguido de um Mestrado em Administração Pública (Master in Public Affairs) na Universidade de Princeton (1980).
Seus estudos musicais realizaram-se em Genebra, Paris, Rio de Janeiro e Princeton com Madeleine Lipatti e Arnaldo Estrella (piano), Esther Scliar e Annette Dieudonné (teoria musical), Henrique Morelenbaum (orquestração), Michel Phillipot e Milton Babbitt (análise), e Nadia Boulanger (composição). Em 2005, doutorou-se em Musicologia na Unirio, seguido em 2008- sob a orientação de José Maria Neves e Elizabeth Travassos- de um pós-doutorado no IEB/USP, sob a de Flavia Camargo Toni.
Tem publicado textos diversos: para a re-edição americana da partitura de Le Boeuf sur le Toit de Darius Milhaud pela Dover Publications, e para revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, e em 2016 do livro Uma nova Missão Francesa .
Foi membro do Conselho da Fundação OSESP ( 2009-2917) , e em 2010 foi eleito para a Cadeira n.15 ( “Carlos Gomes”) da Academia Brasileira de Musica.
Tem publicado textos em revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, e nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, publicado pelo Instituto Moreira Salles.
Faz parte do Conselho de Programação da Sala Cecília Meireles e do Conselho da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
De ascendência espanhola, nasceu no Rio de Janeiro, a 04 de novembro de 1897. Depois de iniciar estudos de Medicina, que não concluiu, decidiu-se pela música, ingressando em 1917 no então Instituto Nacional de Música (INM), onde estudou piano com J. Octaviano e Henrique Oswald, matérias teóricas e composição com Frederico Nascimento, Francisco Braga e Luciano Gallet, recebendo também a orientação de Alberto Nepomuceno.
Em 1922 recebeu os três primeiros lugares no Concurso de Composição da Sociedade de Cultura Musical, com Noturno e Arabesque para piano e a canção Cisne. Em 1923 foi nomeado professor substituto de seu professor Frederico Nascimento, no INM. De 1924 é o Trio Brasileiro, para violino, violoncelo e piano, no qual já se evidencia a orientação nacionalista de sua obra. Em 1925 foi efetivado como professor do INM. No mesmo ano sua Suíte Sinfônica op.33 foi estreada pela Orquestra do INM sob a regência de Humberto Milano. Uma importante obra de câmara foi escrita no ano seguinte, o Quinteto op.37 para sopros, primeira composição brasileira para tal formação. Novas obras sinfônicas surgiram em 1928, o bailado Imbapára, e 1929, a Suíte Reizado do Pastoreio, que inclui o famoso Batuque gravado anos depois por Toscanini e Leonard Bernstein. No ano seguinte escreveu uma de suas peças para piano mais tocadas, os Três Estudos em Forma de Sonatina.
Fundou, em julho de 1930, o periódico Ilustração Musical, onde publicou artigos sobre educação musical e canto coral. A partir de 1932 passou a colaborar com Villa-Lobos na Superintendência de Educação Musical e Artística do Distrito Federal. Em 1934 foi convidado para integrar o corpo docente do Conservatório de Música do Distrito Federal e em 1936 fundou o Conservatório Brasileiro de Música. No mesmo período compôs a Valsa Suburbana para piano (1932), as Três Suítes Brasileiras para piano (1936/1938) e seu único Concerto para piano e orquestra (1935).
No final da década de 1930 seu Batuque ganhou expressão internacional ao ser editado pela Ricordi italiana e executado em Washington, Nova York, Berlim e México. Em 1938 o compositor, comissionado pelo governo brasileiro, regeu concertos na Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Peru, Cuba e Panamá. Em 1940, em sua excursão pela América Latina, a Orquestra da NBC, regida por Toscanini, incluiu o Batuque em vários concertos, inclusive no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça foi executada ainda em Boston e Roma.
O ano de 1941 é marcado pela estreia de sua ópera Malazartes, em 30 de setembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do próprio compositor. No ano seguinte passou a integrar o corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Sua produção na década de 1940 inclui o Concerto para violino e orquestra (1942), estreado em 1945 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Erich Kleiber e Oscar Borgerth como solista, a Sinfonia no1 (1945), as Invenções Seresteiras para sopros (1944), a Sonata Breve, para piano (1947), a Sinfonia no2 “Caçador de Esmeraldas” (1947) e a derradeira obra, as Variações Sinfônicas, para piano e orquestra (1948).
No dia 26 de agosto de 1948 Lorenzo Fernandez regeu, no Salão Leopoldo Miguéz, o concerto comemorativo do centenário de fundação da Escola Nacional de Música, com a orquestra da instituição. Na manhã de 27 de agosto foi encontrado morto em sua residência, tendo falecido durante o sono.
Primeiro compositor brasileiro a conquistar notoriedade internacional, Antonio Carlos Gomes nasceu em Campinas, São Paulo, a 11 de junho de 1836. Com seu pai, Manuel José Gomes, mestre de banda e pai de 26 filhos de 4 casamentos, aprendeu a tocar vários instrumentos, inclusive o piano, e aos 20 anos ajudava no orçamento familiar dando aulas de música. O talento para a composição manifestou-se bem cedo: aos 18 estreava sua primeira Missa, dirigindo um conjunto musical da família. Nessa primeira fase, mostrava-se afinado com os primeiros sinais de um estilo musical brasileiro, presente em suas modinhas, entre elas a famosa Quem sabe? e em algumas peças para piano no estilo de música de salão, cujos títulos – A Cayumba, Quilombo, Quadrilha – evidenciam uma tentativa de introduzir no ritmo europeu da polca um certo condimento afro-brasileiro – e nisso ele seria um autêntico pioneiro.
Temperamento difícil, seus frequentes desentendimentos com a família acabariam por levá-lo a transferir-se primeiro para Santos, aos 25 anos, e daí para o Rio de Janeiro, onde seria contratado como pianista ensaiador da Ópera Nacional e onde comporia sua primeira ópera, A Noite no castelo, com libreto em português, estreada com grande êxito no Teatro Lírico, em 1861. Dois anos depois estreava uma segunda ópera, Joana de Flandres, obtendo então do imperador D. Pedro II uma pensão para estudar na Europa. D. Pedro, admirador de Wagner, teria indicado a Alemanha, mas Carlos Gomes, já então mais identificado com a ópera italiana, conseguiu mudar seu rumo para a Itália, graças aos bons ofícios da imperatriz Teresa Cristina, filha do Rei de Nápoles.
Em Milão, discípulo de Lauro Rossi, diretor do Conservatório, começaria sua fulgurante carreira, iniciada com duas operetas, Se sa minga e Nellaluna, cujas melodias foram popularizadas até em realejos. Mas o grande marco de sua carreira foi a ópera O Guarani, com libreto italiano baseado no romance de José de Alencar, estreada com grande êxito no Teatro alla Scala em 1870, aos 34 anos do compositor, com repercussão imediata em toda a Europa. Num gesto precipitado, no intervalo da estreia, Carlos Gomes venderia por uma soma irrisória os direitos da obra ao editor De Lucca, que ficaria com os lucros a partir de então, restando ao autor apenas as glórias, inclusive o título de Cavaleiro da Coroa de Itália, conferido pelo Rei Vittorio Emanuele. Sua produção operística incluiria outros quatro títulos: Fosca, 1873; Salvator Rosa, 1874; Maria Tudor, 1879 e LoSchiavo,1889.
Em seu último período de vida compôs ainda o poema vocal sinfônico Colombo para as comemorações do quarto centenário do Descobrimento da América e uma Sonata para cordas, de caráter brilhante e cujo movimento final, O Burrico de pau, remete de certa maneira aos albores nacionalistas de sua juventude. A importância de sua produção operística ofuscou o restante de seu catálogo, que inclui duas cantatas, diversas páginas instrumentais da primeira fase e numerosas composições para canto e piano.
No Brasil, viveu um momento de glória quando aqui veio, consagrado na Europa, para apresentar suas três óperas já famosas no Velho Continente – O Guarani, Salvator Rosa e Fosca – no Rio de Janeiro, em Salvador e em Recife. Foi recebido "como um príncipe e como um rei", como escreveu ao Visconde de Taunay. Mas o apoio que recebeu do Imperador D. Pedro II, que lhe conferiu o título de Grande Dignitário da Ordem da Rosa pelo êxito obtido na estreia de LoSchiavo no Rio de Janeiro, valeu-lhe o pouco reconhecimento do novo governo republicano, culminando com o seu retorno melancólico ao Brasil em 1895, já padecendo de um câncer de garganta, para dirigir o Conservatório de Música de Belém do Pará, onde morreu a 16 de setembro de 1896.
Considerado o mais importante compositor operístico das Américas e reconhecido como um dos mestres da ópera romântica, Carlos Gomes não teve, até hoje, o tratamento que lhe é devido em seu próprio país, onde os teatros de ópera, mantidos pelo poder público, raramente promovem montagens de suas obras – um débito que já se torna secular para com uma das figuras máximas da produção musical brasileira.
Mais conhecido no Brasil por sua longa atividade como crítico musical do "Jornal do Brasil", Renzo Massarani nasceu em Mantua, Itália, a 26 de março de 1898. Realizou sua formação musical em Parma, Viena e Roma, tendo tido, entre outros, a orientação de OttorinoRespighi na Academia Santa Cecilia de Roma, da qual se tornaria professor. Como compositor, é autor de diversas obras sinfônicas, de câmara e para vozes, tendo obtido grande êxito com a ópera Noi due, premiada em concurso internacional. Durante longos anos atuou como regente do famoso Teatro dei Piccoli, em Milão, com o qual realizou diversas viagens pela Europa e as Américas. Em 1939 transferiu-se para o Rio de Janeiro, vítima das perseguições políticas e raciais do fascismo italiano. Aqui, confessando-se decepcionado e traumatizado com a proibição de suas obras em seu próprio país, abandonou a composição, dedicando-seao ensino da música, à elaboração de arranjos e principalmente à crítica musical, que exerceu com seriedade e independência, procurando sempre apoiar os novos talentos. Naturalizado brasileiro em 1945 foi membro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais e da Academia Brasileira de Música. Morreu a 28 de março de 1957.
Considerado um dos expoentes da criação musical brasileira da atualidade, José Antonio Resende de Almeida Prado nasceu em Santos, São Paulo, a 08 de fevereiro de 1943 e faleceu na mesma cidade em21 de novembro de 2010. Discípulo de Dinorah de Carvalho, piano, Osvaldo Lacerda, harmonia e Camargo Guarnieri, composição, seu nome conquistou prestígio nacional em 1969, ao conquistar o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara, com a cantata Pequenos Funerais Cantantes, sobre texto de Hilda Hilst. Executada então no Theatro Municipal do Rio de Janeiro pelo coro e a orquestra do teatro sob a regência de Henrique Morelenbaum, teve como solistas Maria Lúcia Godoy e Eladio Pérez-Gonzales. Do júri internacional que premiou sua obra faziam parte Guerra-Peixe, Roberto Schnorrenberg e Ayres de Andrade, do Brasil, Fernando Lopes Graça, de Portugal, Franco Autori, dos Estados Unidos, Hector Tosar, do Uruguai, Roque Cordero, do Panamá, JohannesHoemberg, da Alemanha, e KrzysztofPenderecki, da Polônia.
O prêmio, oferecido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Guanabara e entregue pelo Secretário Gonzaga da Gama Filho, permitiu ao jovem compositor realizar um estágio de dois anos na Europa, incluindo uma breve permanência em Darmstadt para trabalhar com Gyorgy Ligeti e LukasFoss e um longo período em Fontainebleau e Paris, recebendo a orientação de mestres como NadiaBoulanger e Olivier Messiaen. Sem renunciar aos valiosos ensinamentos de Camargo Guarnieri, os contatos com a música e as ideias de grandes expoentes da música europeia contemporânea abriram para perspectivas novas, ampliando os seus horizontes e estimulando a sua fértil imaginação criadora, levando-o a construir uma forte personalidade musical própria sobre os pilotis de uma severa disciplina formal e técnica e uma inesgotável fantasia musical. Extremamente prolífero, seu catálogo de obras é um dos mais consistentes e volumosos da criação musical brasileira de hoje, tendo a ecologia e a religiosidade como referências permanentes.
Sua diversificada produção inclui, entre muitas outras, obras de grande porte como a Missa da Paz, os Pequenos Funerais Cantantes, a Trajetória da Independência (Prêmio do Governo do Estado de São Paulo), o oratório Therèse ou l’Amour de Dieu. a Paixão segundo Marcos, o Ritual para sexta-feira santa, a cantata Bendito da Paixão de Jesús de Nazaré, o oratório Villegaignon ou LesIslesfortunées (estreado na França), além de um conjunto significativo de obras sinfônicas: a Sinfonia nº 1 (Prêmio Lili Boulanger), os Arcos sonoros da catedral Anton Bruckner, a Sinfonia dos Orixás, obras para piano e orquestra como Aurora, Exoflora, Concerto nº 1 e Variações Concertantes, para violino e orquestra como a Fantasia (encomenda da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro para comemorar a visita do Papa João Paulo II) e a Sinfonia OréJacy-Tatá, inspirada na constelação da bandeira brasileira e encomendada pelo Ministério da Cultura para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento, ambas estreadas por sua filha, a violinista Constanza de Almeida Prado. Para piano solo, compôs uma série de Cartas Celestes, visões sonoras dos céus do Brasil, e também Rios, de inspiração ecológica, além de sonatas, sonatinas, variações e peças avulsas. É autor, ainda, de diversas canções e obras corais e para outros instrumentos, além de música de câmara. Suas obras têm sido executadas com frequência e com grande êxito no Brasil e no exterior e têm merecido numerosos prêmios.
Carlos E. Kater, musicólogo, compositor e educador musical é Doutor em História da Música e Musicologia pela Universidade de Paris IV-Sorbonne (1981), com Pós-Doutorado pela mesma instituição (1987) e Professor Titular concursado pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1991).
Criou e editou, ao longo de 10 anos, duas importantes revistas: Cadernos de Estudo: Análise Musical e Cadernos de Estudo: Educação Musical (ONG Atravez, 1987-1998), bem como o periódico Música Hoje (UFMG, 1993-1998).
Na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais fundou o NAPq (Núcleo de Apoio à Pesquisa), que dirigiu de 1989 a 2000, coordenou os Cursos de Especialização (Pós-Graduação Latu sensu) em Musicologia Histórica Brasileira e em Educação Musical e foi diretor do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea.
Um dos fundadores da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, foi o Diretor da Região Sudeste, seu Vice-Presidente por 2 mandatos consecutivos (1996-98 e 1998-2000), tendo também participado de sua Equipe Editorial e Conselho Científico em várias gestões.
Membro das mais reconhecidas associações (ANPPoM-Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/Brasil; ABEM-Associação Brasileira de Educação Musical/Brasil; etc.), atua como consultor científico junto a entidades representativas da área (Ad Hoc do CNPq, CAPES e FAPESP).
É autor de muitos textos publicados, entre os quais os livros Música Viva e H.J.Koellreutter: movimentos em direção à modernidade (SP: Musa, 2001), Eunice Katunda, musicista brasileira (SP: M&K, 2020) e Musicantes e o Boi brasileiro (SP: Musa, 2013). Os acervos de documentos de H.J. Koellreutter e de Eunice Katunda foram digitalizados por ele e se encontram, em parte, acessíveis publicamente em seu site.
O livro Arte por toda parte (coleção em vários volumes editada pela Ed. FTD), do qual é o autor da parte musical, foi aprovado pelo MEC e se tornou um dos 10 finalistas indicado ao Prêmio Jabuti de Livro Didático, em 2017.
Criou e coordenou, em equipe, o projeto Música na Escola (Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, 1997-1999), que viabilizou a formação musical em escolas da rede pública para mais de 4.000 professores e seus alunos, tendo ainda criado e dirigido o Grupo de Ação Musical Coreto (com o qual montou Cidade, de Gilberto Mendes no Museu da Imagem e do Som de São Paulo), o coral VOX (da Universidade São Marcos) e o grupo de Musicantes (com apresentações interativas em diversos espaços sociais durante 10 anos).
O projeto A Música da Gente, criado e coordenado por ele desde 2013, propõe uma educação musical criativa, centrada na realidade brasileira e na criação e interpretação de músicas inéditas, aliada ao desenvolvimento pessoal. Teve inúmeras edições e desdobramentos ao longo dos anos, em diversas regiões do Brasil (escolas da SME de São Bernardo do Campo e escolas do SESC em diferentes regiões do país), tendo alcançado mais de 30.000 participantes até o momento.
Possui composições apresentadas em significativos festivais e encontros de música no Brasil, bem como arranjos musicais e restauração de obras. Desde 2018 vem lançando videoclipes de suas composições, além de ter gravado 1 CD e 1 EP com algumas delas.
Desde agosto de 2022 publica mensalmente o projeto “Encontros com Villa-Lobos”, integrado por entrevistas realizadas por ele, na década de 1980, com personalidades significativas que conviveram com esse grande compositor brasileiro.
Paulista de Bebedouro/SP, nasceu a 26 de agosto de 1905 e faleceu em Rio Bonito/RJ, em 24 de setembro de 1973. Já aos 12 anos de idade participava ativamente da vida musical de sua cidade tocando em bandas de música e pequenos conjuntos. Em 1922 viajou para o Rio de Janeiro e se matriculou no Grêmio Arcangelo Corelli. Transferiu-se em 1932 para o então Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para estudar flauta com Pedro Vieira Gonçalves e harmonia, contraponto e fuga com Paulo Silva. Ao concluir seu curso, em 1934, obteve também o Prêmio de Medalha de Ouro, em flauta.
Na fundação da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, Ary Ferreira ocupou o posto de primeiro-flautista, onde permaneceu por 25 anos. Foi o flautista na primeira audição mundial do Assobio a Jato, de Villa-Lobos, em 1950, ao lado do violoncelista Iberê Gomes Grosso. Ambicionando ser regente viajou para a Áustria, em 1953, com o apoio da Academia Brasileira de Música, onde estudou com Hans Svarowsky por dois anos na Academia de Música de Viena. Estreou como regente em 1957 à frente da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Como compositor deixou algumas obras, entre elas um Trio para violino, violoncelo e piano, um Noturno para flauta e piano e o Episódio Sinfônico, para orquestra.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1830. Iniciou os estudos musicais com Desidério Dorison. Em 1848 ingressou no Liceu Musical, na classe de Gioacchino Giannini. Prosseguiu os estudos com o mesmo professor no Conservatório de Música, onde se diplomou em 1856. Foi o primeiro aluno a receber o prêmio de Viagem à Europa.
Seguiu para a França em 1857, matriculando-se na classe de harmonia de François-Emmanuel-Joseph Bazin no Conservatório de Paris. Naquela capital apresentou sua primeira ópera, Une nuit au chateau, e fez sucesso com uma quadrilha chamada Soirée brésilienne. Em Paris compôs e remeteu para o Brasil uma Missa, executada em 26 de agosto de 1860, na Igreja da Santa Cruz dos Militares, regida por Francisco Manoel da Silva, e a abertura sinfônica L’Étoile du Brésil, executada no Conservatório de Música em 1861.
Sua ópera O Vagabundo foi representada a 24 de outubro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense. Em Paris, um mal esclarecido incidente o levou à prisão e fez com que perdesse a pensão, sendo obrigado a retornar ao Brasil em julho de 1866. No Rio de Janeiro, integrou como trompetista a orquestra do Alcazar Lírico. A partir de 1869 passou a atuar como regente da orquestra do Teatro Fênix Dramática.
É considerado o compositor que estabeleceu o tango brasileiro, ao assim designar sua composição intitulada Olhos matadores, em 1871. Em 1872, assumiu o cargo de organista da Igreja de São Pedro. No mesmo ano tornou-se professor do Conservatório de Música, inicialmente nas disciplinas de teoria e solfejo e, a partir de 1890, de instrumentos de metal. Permaneceu como professor após o Conservatório se transformar em Instituto Nacional de Música, pelo qual se aposentou em 1904. Entre seus alunos ilustres estão Joaquim Antônio da Silva Callado e Anacleto de Medeiros.
Como compositor fez muito sucesso com operetas e mágicas como Trunfo às avessas (1871), Ali Babá (1872) e A Coroa de Carlos Magno (1873). Escreveu ainda modinhas, canções, lundus e uma série de outras obras, especialmente para piano.
Foi uma figura importante e admirada por vários outros músicos. Chiquinha Gonzaga dedicou seu tango característico Só no Choro (1889) “ao maestro Henrique Alves de Mesquita” e Ernesto Nazareth escreveu em sua homenagem o tango Mesquitinha.
Faleceu, no Rio de Janeiro, a 12 de julho de 1906.
Nasceu a 05 de setembro de 1931, em Lagow, na Polônia. Aos três anos e meio chegou ao Brasil e naturalizou-se aos 16 anos. Sua formação foi feita na Escola Nacional de Música, onde estudou violino, viola, regência e composição. Sua atividade profissional é múltipla. Como camerista, participou de importantes grupos, entre eles o Quarteto Iacovino, o Quarteto de Cordas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da Rádio Ministério de Educação e Cultura e da Escola de Música da UFRJ, com o qual excursionou pelo Brasil, América do Sul e Europa.
O início de sua carreira como regente, em 1959, foi casual. Em um espetáculo de balé onde Margot Fontaine era a artista principal, assumiu a batuta em virtude de um impedimento repentino do regente programado. Em 1962, assumiu o cargo de regente adjunto da Orquestra do Theatro Municipal. Em sua intensa atividade como regente tem abordado todos os gêneros, regendo com frequência concertos sinfônicos, óperas e balés. A música nova e de compositores brasileiros tem merecido sua atenção especial. Sob sua batuta foram apresentadas em primeira audição mundial obras de Francisco Mignone, Almeida Prado, Aylton Escobar, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Edino Krieger, entre muitos outros. Do repertório contemporâneo internacional apresentou pela primeira vez no Brasil obras de Schoenberg (Kol Nidrei), Stravinsky (The Rake’s Progress), Britten (Peter Grimes), Lutoslawsky (Concerto para orquestra), Penderecki (Dies Irae) e Berio (Sinfonia).
Foi regente do Coral Israelita Brasileiro, professor de contraponto, fuga e composição na Escola de Música da UFRJ e chefe do departamento de composição entre 1973 e 1975. Ocupou cargos de direção como o de diretor, por duas vezes, da Sala Cecília Meireles, diretor-geral do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, também por duas vezes, diretor de Departamento da Coordenadoria de Música da Fundação de Artes do Rio de Janeiro e diretor-artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira dirigiu as principais orquestras brasileiras. No exterior regeu na Argentina, Bélgica, Chile, Equador, Escócia, Espanha, Inglaterra, Itália, México, Mônaco, Paraguai, Polônia, Uruguai e Venezuela. Em seu repertório constam mais de 40 títulos de óperas e balés e inúmeras obras sinfônicas.
Gravou mais de 20 discos, entre LPs e CDs, com destaque para o Credo, de D. Pedro I, a Missa e Credo a 8 vozes, de Castro Lobo, as Matinas de Natal, de José Maurício Nunes Garcia, o poema sinfônico Ave, Libertas!, de Leopoldo Miguéz, Floresta Amazônica, de Villa-Lobos e várias obras de Francisco Braga.
Faleceu no Rio de Janeiro aos 90 anos, em 22 de julho de 2022.
A cadeira vaga após o falecimento do acadêmico Guilherme Bauer, em 3 de março de 2024
Nasceu na cidade de São Paulo, em 16 de outubro de 1894. Iniciou os estudos de música no Brasil com Savino de Benedictis. Transferindo-se para a Itália estudou no Conservatório San Pietro a Majella, em Nápoles, onde se diplomou em 1917. Destaca-se, entre seus professores, Alessandro Longo, famoso revisor da obra de Domenico Scarlatti, com quem estudou piano e Giovanni Barbieri, seu professor de composição. Ainda na Itália teve duas óperas de sua autoria encenadas, Godiamo la vita!, em 1917, no Teatro Morgana de Roma, e Principessa dell’atelier, em 1918, no Teatro Bellini, em Nápoles.
Voltando ao Brasil, foi professor do Conservatório Dramático de São Paulo, onde trabalhou por quase 25 anos e do qual foi diretor. Foi um dos fundadores da Sociedade Sinfônica de São Paulo, diretor da Rádio Educadora Paulista, membro do Conselho de Orientação Artística do Estado de São Paulo e destacado participante do movimento do canto orfeônico.
Como compositor escreveu duas óperas, música sinfônica, de câmera, instrumental e vocal. Escreveu três poemas sinfônicos: Crepúsculo sertanejo, de 1916, Nero, de 1915 e Noite de São João, de 1924. Na música de câmara produziu um Quarteto de cordas (1937), uma Sonata para violino e piano (1943), além de obras para piano solo e música vocal.
Faleceu em São Paulo, aos 84 anos, a 24 de maio de 1979.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1843. Sua família descende de Nicolas-Antoine Taunay, um dos artistas integrantes da Missão Artística Francesa, patrocinada por D. João VI para implementar o ensino das artes no Brasil. Seu pai, Félix Émile Taunay, foi diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Sua formação se deu no Colégio Pedro II, onde estudou literatura. Estudou física e matemática na Escola Militar de Aplicação. Colou grau como bacharel em matemática e ciências naturais em 1863.
Como engenheiro militar participou da Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. A experiência vivida nos campos de batalha resultou no livro A Retirada da Laguna, de 1869. Ao retornar do Paraguai iniciou carreira política, sendo eleito deputado pela província de Goiás, em 1872. Foi presidente da província de Santa Catarina entre 1876 e 1877, pela qual foi eleito deputado em 1881. Transferiu-se para Curitiba, onde foi responsável pela criação do primeiro parque público da cidade. Foi nomeado presidente da província do Paraná em 1885 e eleito senador por Santa Catarina em 1886. Recebeu do Imperador D. Pedro II o título de Visconde em 1889. Em sua carreira literária publicou os romances Inocência (1872), Lágrimas do coração (1873) e Ouro sobre azul (1875). Suas Memórias foram publicadas postumamente, em 1908.
O interesse da família Taunay por música vinha de longa data. Seu pai, o Barão de Taunay, conheceu e ouviu obras de José Maurício. Em suas Memórias o Visconde relata seu encontro com Bento das Mercês, arquivista da Capela Imperial, quando pela primeira vez ouviu uma Missa de José Maurício na abertura dos trabalhos legislativos. Em 1880, o Visconde de Taunay iniciou uma série de artigos sobre a vida e a obra do compositor na Revista Musical e de Belas Artes, publicada no Rio de Janeiro pela casa editora de Arthur Napoleão & Miguéz. Iniciou em seguida campanha pleiteando o levantamento e a publicação das obras de José Maurício, que resultou no primeiro catálogo de obras do compositor.
Em 1897, foi realizada a primeira edição de obra de José Maurício, o Requiem, de 1816. No ano seguinte foi a vez da Missa em si bemol, precedida de um “esboceto biográfico” escrito por Taunay. Por ocasião da inauguração e sagração da nova Igreja de Nossa Senhora da Candelária, foi executada, por iniciativa de Taunay, a Missa de Santa Cecília, de 1826, última obra de José Maurício, sob a regência de Alberto Nepomuceno. Foi também graças à ação do Visconde de Taunay que a maior coleção de manuscritos de José Maurício foi comprada pelo governo da república para a biblioteca do Instituto Nacional de Música.
Taunay teve atuação decisiva também em prol da carreira de Carlos Gomes e foi o autor do enredo para a ópera Lo Schiavo. Convidado pela Sociedade Congresso Militar pronunciou, em 1880, um discurso – “Homenagem a Carlos Gomes” – publicado por G. Leuzinger & Filhos. Sua correspondência com o autor da ópera Il Guarany foi publicada em 1910, pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Os inúmeros artigos e discursos parlamentares do Visconde de Taunay sobre José Maurício e Carlos Gomes foram reunidos por seu filho, Affonso d’Escragnole Taunay em dois livros: Dois artistas máximos – José Maurício e Carlos Gomes e Uma grande glória brasileira – José Maurício Nunes Garcia, publicados em São Paulo pela Editora Melhoramentos, em 1930.
Visconde de Taunay faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1899.
Nascida em Boston, nos Estados Unidos, em 14 de março de 1920, veio para o Brasil com apenas seis meses. Estreou, com onze anos, durante um concerto infantil no Teatro Municipal de São Paulo, onde sete anos mais tarde estrearia profissionalmente como solista, com a Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Souza Lima. Sua estreia internacional ocorreu em 1942, no Town Hall de Nova Iorque.
A partir de então realizou sua movimentada e premiada carreira como concertista, estendida à Europa, onde a criação musical brasileira esteve sempre presente. Entre seus momentos mais importantes como solista com orquestras estão a apresentação em Paris, de Bachianas Brasileiras nº 3, sob a regência do autor e no Festival Brahms, durante a Semana de Gala da Filarmônica de Berlim, sob a regência de Karl Böhm. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Em 1972, passou a viver na Alemanha onde lecionou na Escola de Música e Arte Dramática de Hamburgo.
Nesse país gravou para a Deutsche Grammophon. Foi jurada em importantes concursos internacionais de piano. Com Airton Pint, violino, e Antonio Lauro Del Claro, violoncelo, formou o "Artistrio". Faleceu em São Paulo, 30 de março de 2002.
Nascida na cidade de Goiás/GO, Belkiss Carneiro de Mendonça iniciou seus estudos musicais com sua avó Maria Angélica da Costa Brandão (Nhanhá do Couto), grande incentivadora da música no estado de Goiás.
A partir de 1945, quando concluiu o curso de piano na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, na classe do professor Paulino Chaves, Belkiss Carneiro de Mendonça passou a aperfeiçoar-se com renomados professores e músicos como Joseph Kliass, Camargo Guarnieri e Arnaldo Estrella, entre outros, iniciando uma brilhante carreira como concertista. Dedicou-se, desde 1946, ao estudo e pesquisa da música brasileira, divulgando-a através de gravações, recitais, concertos, publicações, cursos, palestras e conferências em vários países da Europa e em todas as Américas. Seu trabalho no plano regional, nacional ou internacionalrepresentou, sobretudo, um esforço multidisciplinar e laborioso para a consolidação de uma consciência musical no plano erudito. Em 2002, foi eleita para a cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Música. Faleceu em Goiânia, em novembro de 2005.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1o de julho de 1940. Iniciou os estudos musicais no Colégio Santo Inácio. Foi aluno de violino de Iolanda Peixoto. Ingressou na Escola Nacional de Música em 1960, onde foi orientado por Oscar Borgerth. Participou da Orquestra Sinfônica Universitária e posteriormente ingressou na Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Como compositor, teve aulas de contraponto e composição com Cláudio Santoro, de análise musical com Esther Scliar e de harmonia, contraponto, fuga, composição e orquestração com Guerra-Peixe. Em 1977 organizou o grupo Ars Contemporânea que durante sete anos realizou inúmeros concertos visando divulgar, principalmente, o repertório brasileiro.
Lecionou composição e orquestração na Universidade Estácio de Sá/RJ, de 1986 a 1999 e lecionou harmonia, contraponto, fuga, orquestração e composição na Escola de Música Villa-Lobos do Rio de Janeiro.
Foi idealizador do selo RioArte Digital, que registrou em CD de mais de 50 obras de compositores brasileiros e do Projeto Estreias Brasileiras, patrocinado pelo Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB que, em 1997, encomendou e estreou 33 obras de autores nacionais.
Deu palestras sobre música brasileira, em 1996, nas universidades da Flórida, Miami e Houston, nos EUA. Em 1999, no Conservatório Bruckner, em Linz, na Áustria, participou de um ensaio público de sua obra Reflexos, encomendada e estreada pelo George Crumb Trio.
Contabiliza um total de oito prêmios em concursos de composição, com destaque para o Prêmio ESSO de Música Erudita, Concurso Latino-Americano da UFBa e Prêmio da Sociedade Cultura Artística de São Paulo/SP. Recebeu, em 1998, o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA pelo Quarteto de cordas nº 2.
Sua obra compreende composições para diferentes formações. Na música orquestral podem ser citadas: Introdução, Seções e Coda (1979), o Canto Flutuante (1981), Blocos Sinfônicos (2012), Homenagem a Villa-Lobos (1987) e Três Toques Emotivos, para orquestra de cordas (2007). As obras concertantes são representadas pelas Cadências, para saxofone (1995), violino (1982) e piano (2005) e orquestra. Na música de câmara produziu, entre outras obras, o Quarteto de cordas no1 “Petrópolis” (1983), o Quarteto de cordas no2 (1997), Trio para violino, violoncelo e piano, (1980), Reflexos, para flauta, violoncelo e piano (1999), Duas peças para violoncelo e piano, (1989) e as Partitas Brasileiras, (1994-2001) para violino solo.
Faleceu aos 83 anos, em 3 de março de 2024.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1944. Sonia Maria Vieira Rabinowitz iniciou na música como aluna de piano de Allan Félix de Souza e de teoria musical de Maria Luiza Priolli. No Conservatório Brasileiro de Música graduou-se em 1962, tendo sido aluna de Maria José Maia. Graduou-se em piano também pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi aluna de Elzira Amábile. Estudou ainda com Jacques Klein. Em 1965 conquistou o primeiro prêmio no VI Concurso Nacional de Piano do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma bolsa de estudos na Escola Superior de Música de Leipzig, Alemanha, onde se aperfeiçoou durante dois anos com Heinz Volger. Concluiu o mestrado em música em 1976, sob a orientação de Heitor Alimonda.
Vários compositores, como Guerra-Peixe, Dawid Korenchendler, Oriano de Almeida, Maria Helena Rosas Fernandes, Murillo Santos e Ricardo Tacuchian a ela dedicaram obras. Guerra-Peixe musicou sete poemas seus, dos quais Sinto e provo foi editado pela Irmãos Vitale.
Gravou mais de 20 discos com música brasileira. Cinco deles foram considerados melhores do ano, pela Associação dos Produtores de Discos. Destaca-se a redescoberta da obra do compositor Misael Domingues e gravações de peças de Ernesto Nazareth, Alexandre Levy, Guerra-Peixe e Ricardo Tacuchian.
Como solista, tem se apresentado nos EUA, América Central e do Sul (México, Costa Rica e Venezuela), na Europa (França, Inglaterra, Espanha e Itália) e em Israel.
Foi professora de História da Música da Escola de Música da UFRJ, onde foi também diretora do setor artístico e cultural e diretora da unidade.
Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Nasceu em São Paulo, a 23 de julho de 1902, onde estudou piano com Luigi Chiaffarelli. Transferiu-se em 1913 para o Rio de Janeiro onde foi estudar particularmente com Henrique Oswald, que o iniciou na carreira de concertista. No mesmo ano o periódico Fon Fon publicou pequena matéria chamando atenção para o jovem pianista, elogiado por Henrique Oswald e Arthur Napoleão. Em 1921 se transferiu para a Europa e tornou-se aluno de piano de Heinrich Barth e de contraponto, fuga e composição de Friedrich Koch, em Berlim. Durante o ano de 1924 residiu em Londres, onde foi aluno de Tobias Matthay, na Royal Academy of Music. Ao retornar para Berlim passou a estudar piano sob a orientação de James Kwast e orquestração com Emil von Reznicek. Entre 1928 e 1929 estudou regência em Basel, Suíça, com Felix Weingartner.
Em 1930 Walter Burle Marx retornou ao Brasil e estreou como regente no Teatro Lírico, à frente da Orquestra do Centro Musical do Rio de Janeiro, tendo Alexander Brailowsky como solista do Concerto para piano, de Tchaikovsky. Em 1931, fundou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, conjunto que realizou vários concertos, promovendo estreias no Brasil de importantes obras sinfônicas, dentre elas da 9a Sinfonia, de Beethoven. Em 13 de outubro de 1931, Burle Marx regeu a Filarmônica no Theatro Municipal no concerto que marcou a inauguração da estátua do Cristo Redentor. Com a Filarmônica acompanhou solistas do porte de Marguerite Long, Arthur Rubinstein e Guiomar Novaes. Promoveu a vinda do maestro Felix Weingartner para concertos em 1933. A orquestra, infelizmente, teve existência curta, sendo extinta em 1933. Ainda em 1931 Burle Marx iniciou sua carreira internacional, com concertos no Chile e na Argentina.
Em 1932, foi nomeado professor do recém-criado curso de regência do Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal o Rio de Janeiro. Foi, portanto, o primeiro professor de regência de curso superior de música no Brasil.
Com a extinção da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, Burle Marx prosseguiu com sua carreira internacional e em 1934 regeu concerto com a Filarmônica de Berlim e com a Filarmônica de Hamburgo. No ano seguinte regeu concerto com a Sinfônica Nacional de Washington e decidiu se estabelecer definitivamente nos Estados Unidos, onde regeu algumas das principais orquestras, como a Filarmônica de Nova York, as sinfônicas de Boston e Detroit e a Orquestra de Cleveland.
Retornou ao Brasil em algumas ocasiões. Em maio de 1947 foi nomeado diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, permanecendo na função até 1949, quando retornou aos Estados Unidos. Voltou ainda em 1967 e 1975 para concertos com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC.
De sua produção como compositor, podemos destacar as Sinfonia no1 (1945), no2 Brasiliana (1950), no3 Macumba (1956) e no4 (1973). Deixou ainda dois Concertinos para piano (1980 e 1984), o Concerto para violoncelo (1982), dois Quartetos de cordas (1978 e 1986) e o Sambatango, para violoncelo e piano (1976).
Faleceu na cidade de Akron, nos Estados Unidos, em 28 de dezembro e 1990.
Nasceu no Porto, Portugal, em 06 de março de 1843. Seu pai, Alexandre Napoleão, foi pianista e professor particular do instrumento. Menino prodígio, seu primeiro recital de piano aconteceu em 1849, quando tocou a quatro mãos com seu pai em apresentação privada. No ano seguinte começaram as apresentações públicas. Em Portugal se apresentou, dentre outros lugares, na Sociedade de Concertos do Porto e no Teatro São Carlos de Lisboa. A partir de 1852 passou a excursionar pela Europa e também pela América, merecendo elogios de grandes personalidades musicais, como do compositor Hector Berlioz em crônica publicada no Journal Des Débats, após concerto de Arthur Napoleão em Paris. Sua carreira não se limitou à de solista, sendo importante sua atuação como camerista em duo com dois dos maiores violinistas de sua época: Henri Vieuxtemps e Henryk Wieniawski.
Sua primeira apresentação no Brasil se deu em 1857, quando tinha apenas 14 anos, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Seguiu em turnê por províncias do Rio da Prata e retornou no ano seguinte, quando tocou no Theatro São Pedro de Alcântara. Depois de muitas viagens, fixou-se definitivamente no Rio de Janeiro, em 1866. Na então capital do país tornou-se comerciante de instrumentos e partituras criando a famosa Casa Arthur Napoleão que, no papel de editora, muito incentivou e propagou a música brasileira durante décadas. Publicou também a Revista Musical e de Belas Artes, com circulação semanal, entre 1879 e 1880.
Continuou a atuar como pianista concertista e camerista, destacando-se o duo formado com o violinista cubano Joseph White. Como professor, teve entre seus alunos Chiquinha Gonzaga. Fundou em 1883 a Sociedade de Concertos Clássicos no Rio de Janeiro.
Sua obra é praticamente dedicada ao piano, embora possamos encontrar também uma opereta (O Remorso vivo) e peças para orquestra e banda (Marcha Heroica a Camões). Uma de suas obras mais importantes é L’Africaine, grande fantasia para piano e orquestra op.28. Seus Études pour virtuoses foram compostos em 1910 e formam a parte mais importante de sua obra.
O compositor deixou escrita uma autobiografia, intitulada Memórias de Arthur Napoleão, cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, que foi publicada em partes no jornal Correio da Manhã no ano de sua morte. Outra obra que se tornou referência é Arthur Napoleão – Resenha comemorativa de sua vida pessoal e artística, pelo Visconde Sanches de Frias (1845-1922), obra editada em Lisboa em 1913.
Arthur Napoleão faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1925.
Nasceu em 26 de dezembro de 1941, em Niterói/RJ. Roberto Ricardo Duarte estudou piano no Conservatório de Música de Niterói e aperfeiçoou-se com Arnaldo Estrella. Graduou-se em composição e regência na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, onde foi aluno de Francisco Mignone, José Siqueira, Eleazar de Carvalho e Raphael Baptista. Concluiu o curso de Direito pela Universidade Federal Fluminense. Fez pós-graduação em música na UFRJ e estudou no Corso Internazionale di Interpretazione Musicale di Ravello, na Itália. Foi bolsista do DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico e da Fundação Vitae.
Fundou e foi o regente titular do Coro e Orquestra de Câmara de Niterói. Dirigiu também o Coral da Universidade Federal Fluminense e o Coral da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ, de 1981 a 1995, da Orquestra Sinfônica do Paraná, de 1998 a 1999, da Orquestra Unisinos (RS), de 2003 a 2005 e da Orquestra do Teatro São Pedro (SP).
Sua carreira internacional começou logo após conquistar o segundo lugar (Prêmio Koussevitsky), no Concurso Internacional de Regência do Festival Villa-Lobos, em 1975. Entre as orquestras com as quais trabalhou se pode destacar a Tonhalle de Zurique, Ungarische Philharmonie, da Radio Suisse Romande, Orchestra G. Enescu, Sinfônica da Eslováquia, de Câmara de Moscou, Sinfônica de Moscou, Orquestra Bruckner-Linz, Sinfônica de Akron e a Sinfônica de Bari, além de quase todas as maiores orquestras brasileiras. Na Itália fundou, em 1988, a Orquestra de Câmara Tommaso Traetta.
Desde 1991, gravou diversos CDs com obras de Villa-Lobos e de outros compositores brasileiros. Ao longo da carreira realizou mais de uma centena de primeiras audições.
Por mais de vinte e sete anos ministrou aulas de regência na Escola de Música da UFRJ e cursos em vários estados brasileiros. No exterior, realizou master classes no Chile, Grécia, Suíça e Itália. Foi professor de regência por quatorze anos no Corso Internazionale di Polifonia Latino Mediterranea, na Itália.
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, do Conselho Municipal de Cultura de Niterói, do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil e dos Serviços Culturais do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal Fluminense. De 1978 a 1980, foi diretor artístico dos Cursos Internacionais de Férias Pró-Arte, de Teresópolis. Recebeu o prêmio de Melhor Regente do Ano da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, em 1994 e 1997. Em 1996, foi agraciado com o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura.
Como revisor vem realizando novas edições de obras de Villa-Lobos, para a Max Eschig e a Academia Brasileira de Música. Para a FUNARTE, revisou e editou as óperas completas Il Guarany e Lo Schiavo, de Carlos Gomes. Publicou pela editora da Universidade Federal Fluminense dois volumes de Revisão das obras orquestrais de Villa-Lobos (1989 e 1994). Pela editora Algol, de São Paulo, publicou Villa-Lobos errou? – subsídios para uma revisão musicológica em Villa-Lobos (2009).
Nasceu em Curitiba, Paraná, em 10 de setembro de 1878 e faleceu nessa mesma cidade, em 09 de julho de 1956. Sua formação musical teve início na Escola de Belas Artes do Paraná. Teve atuação como violoncelista na orquestra do maestro Francisco Rodriguez Maiquez, Companhia de Zarzuelas Maria Alonso. Organizou, nessa época, uma orquestra de salão. Veio para o Rio de Janeiro para servir na Alfândega, entre 1906 e 1907, quando estudou com Cavalier Darbilly. Promovido a primeiro escriturário de alfândega de Paranaguá, em 1907, lá organizou e dirigiu uma pequena orquestra. Mais tarde, fixou residência definitiva em Curitiba, dedicando-se a pesquisas sobre música.
Exerceu atividades como professor no Colégio Paroquial de Paranaguá, na Academia Paranaense de Comércio e na Faculdade de Ciências Econômicas. Foi um dos fundadores e organizadores do Círculo de Estudos Bandeirantes, membro da Academia Paranaense de Letras, do Centro de Letras do Paraná, do Instituto de Musicologia de Montevidéu e do Conselho de Defesa do Patrimônio do Paraná. Fundou os periódicos O Vigilante, mensal e O Cruzeiro, semanal, o primeiro em Paranaguá e o segundo em Curitiba, tendo colaborado nas revistas simbolistas O Sapo e Azul.
Compositor e diplomata, Brasílio Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, no Paraná, em 01 de agosto de 1846. Era irmão do crítico musical João Itiberê da Cunha e tio do compositor Brasílio Itiberê da Cunha Luz. Sua iniciação ao piano foi feita em casa, com sua irmã Maria Lourença. Tornou-se logo pianista de renome, tendo realizado muitos concertos em seu estado natal e em São Paulo, onde frequentou a Faculdade de Direito. Realizou concertos beneficentes, como o realizado para a Sociedade Redemptora em agosto de 1870, para arrecadar fundos para a compra da liberdade de crianças escravas.
Sua obra A Sertaneja é considerada uma das primeiras composições brasileiras baseadas em material de tradição popular. Foi publicada pela Casa Levy em 1869 e tornou-se seu trabalho mais importante e conhecido.
Ingressou na carreira diplomática muito jovem, em 1870, por indicação de Pedro II, e teve postos diversos na Itália, no Peru, na Bélgica, no Paraguai e na Alemanha. Teria mantido relações de amizade com alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton Rubinstein, para quem teria escrito um Estudo de Concerto, Sgambatti e Liszt, que dizem ter tocado sua rapsódia A Sertaneja.
Faleceu em Berlim, Alemanha, enquanto ocupava o cargo de Ministro Plenipotenciário do Brasil na Prússia, em 11 de agosto de 1913.
Deixou cerca de 60 obras, a maioria para piano solo. Boa parte delas se encontra na Biblioteca Casa da Memória da Fundação Cultural de Curitiba e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Helza de Cordoville Camêu (1903-1995) foi compositora, pianista, musicóloga, pesquisadora e divulgadora da música brasileira. Começou a estudar piano com Paula Ballariny, aos 7 anos e, aos 16, passou a estudar com Alberto Nepomuceno. Quatro anos depois, aos 20, deu seu primeiro recital.
Continuando os estudos, Helza passou a dar mais ênfase à composição do que ao piano. Suas composições começaram a ficar conhecidas a partir de 1934. Em 1936, seu Quarteto de Cordas op. 12ganhaou o 2º prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura de São Paulo. Em 1944, com o poema sinfônico Suplício de Felipe dos Santos, levou o 1º prêmio do concurso promovido pela OSB. Ingressou na Rádio MEC em 1955, onde trabalhou como produtora, com destaque para o programa Música e músicos do Brasil. Em 1977, lançou seu único livro editado a Introdução ao estudo da música indígena no Brasil, considerado o mais completo estudo da música dos nossos índios. Ao falecer, aos 92 anos, HelzaCamêu deixou inacabado o livro Tempo e música – um estudo sobre música brasileira dos séculos XVI ao XX.
Sérgio Oliveira de Vasconcellos-Corrêa nasceu em São Paulo, em 16 de julho de 1934. Iniciou os estudos musicais em 1946 com a pianista Ilíria Serato, prosseguindo, a partir de 1951, com Ubelina Reggiani de Aguiar no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Na mesma instituição estudou harmonia, composição e regência coral com Martin Braunwieser. Tornou-se discípulo de Camargo Guarnieri, com quem estudou entre 1956 e 1968. No Rio de Janeiro fez curso de especialização em didática da música no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.
Foi professor do Conservatório Paulista de Canto Orfeônico. Foi um dos fundadores da Sociedade Pró-música Brasileira, que presidiu de 1985 a 1995. Foi professor ainda da Faculdade Santa Marcelina, do Departamento de Música da Universidade Estadual Paulista/UNESP e do Instituto de Artes da Universidade de Campinas/UNICAMP. Foi crítico musical da Folha da Tarde e do jornal O Estado de São Paulo, com o pseudônimo de José Guilherme. Em 1994 fundou a Academia Paulista de Música, da qual foi o primeiro presidente.
Recebeu prêmios e distinções como o 2o lugar no Concurso Nacional de Composição da Cidade de São Paulo de 1962, com a Suíte Piratininga; Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte em diferentes edições (1973, 1974, 1979 e 1982) e o prêmio Governador do Estado de São Paulo de “melhor composição” pelo Concertino para trompete e orquestra, de 1975.
Entre suas obras, além das já citadas, podem ser destacadas as óperas Retábulo de Santa Joana Carolina e Tibicuera; o Concertino para piano (1967), o Concerto do Agreste, para violão e orquestra (1992), o Concerto para Harmônica, a Sinfonia no1, para sopros (1999), o Trio para violino, violoncelo e piano (1964), além de várias peças para piano e canções.
Sua obra didática compõe-se de três livros: Planejamento em Educação Musical (1971); Introdução à Harmonia (1975) e O Estudo do piano, um início sem fim.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1988.
Site: http://svasconcelloscorrea.blogspot.com.br/
Nasceu em Piracicaba, São Paulo, em 10 de dezembro de 1900. De família oriunda da cidade de Tatuí/SP, João da Cunha Caldeira Filho estudou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde foi aluno de Samuel Arcanjo e Savino de Benedictis. Foi monitor de Mário de Andrade em suas turmas de História da Música. Aperfeiçoou-se na França com grandes mestres como Isidor Phillip, Marguérite Long e Wanda Landowska. Em 1931 retornou ao Brasil e começou a lecionar história da música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Foi professor ainda do Conservatório Estadual de Canto Orfeônico de São Paulo, do Instituto Musical de São Paulo e do Instituto Musical de Santos. Em 1937 ingressou por concurso no Instituto de Educação Caetano de Campos, onde se aposentou em 1964.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Em 1967 ganhou da União Panamericana, com sede em Washington D. C., nos EUA, o Diploma Interamericano de Música. Em 1975 recebeu do governo francês o título de Chevalier des Arts et des Lettres.
Sua carreira como crítico musical teve início em 1932, no Correio de São Paulo. Logo depois exerceu a mesma função na Folha da Noite. Em 1935 assumiu a coluna no jornal O Estado de São Paulo, onde escreveu por mais de 40 anos.
Entre suas obras publicadas destacam-se: Música contemporânea e música no Brasil, Noções de história da música (1942), A Música em São Paulo (1954), Os Compositores (1961), São Paulo espírito, povo e instituições (1968) e Apreciação musical (1971).
Faleceu em São Paulo, em 21 de maio de 1982.
Nasceu em Pindamonhangaba/SP, em 05 de agosto de 1846. Iniciou os estudos musicais no violino aos 10. Com a idade de 15 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro e tornou-se aluno do Conservatório de Música, onde estudou por dois anos com Francisco Manoel da Sila e Demétrio Rivera. Retornou à cidade natal aos 17 anos onde, além de trabalhar na casa comercial do pai, dirigiu a banda local. Em 1865 passou a trabalhar na Câmara Municipal e em 1877 foi eleito vereador.
Por sua Missa de São Benedito (1884) mereceu por parte do Imperador D. Pedro II uma bolsa para estudar na Itália. Na cidade de Milão escreveu sua primeira ópera, Edméa. A segunda, Carmosina, foi encenada na mesma cidade, no Teatro Dal Verme em 1888, com a presença do Imperador.
Retornou ao Brasil em 1891. Em 1896 fez executar sua Ode Fúnebre em homenagem a Carlos Gomes, falecido naquele ano. Retornou à Itália em 1903, onde escreveu a ópera Maria Petrovna, não conseguindo, contudo, encená-la. De volta ao Brasil em 1906 foi um dos fundadores do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde lecionou por décadas.
É autor de seis Sinfonias, sendo a primeira de 1899 e a última, Sinfonia Militar, de 1923. Escreveu ainda a Missa do Espírito Santo (1867), Missa de Nossa Senhora da Conceição (1872), Missa de Nossa Senhora Aparecida (1880), Missa de Nossa Senhora do Bom Sucesso (1882), Missa do Coração de Jesus (1907), Missa de Nossa Senhora de Lurdes (1922), Missa de Nossa Senhora Auxiliadora (1930), Missa de Nossa Senhora do Carmo (1931) e Missa de São Paulo (1932), a ópera Helena (1916), os poemas sinfônicos Trilogia da Noite, Pátria e A Vitória de São Paulo (1932), assim como hinos marchas, música sacra e inúmeras canções para canto e piano.
Sua filha Estefânia escreveu a biografia do músico paulista, editada em São Paulo, em 1946. Em 2014 o jornalista Douglas Salgado Jacometti, tetraneto do compositor, escreveu o livro As memórias de João Gomes de Araújo.
O compositor faleceu quase centenário, em 08 de setembro de 1943, em São Paulo.
Teve sua formação musical iniciada nos Seminários de Música da UFBA a partir de 1969, convivendo com a intensa produção musical de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Walter Smetak, Milton Gomes e Fernando Cerqueira. Teve sua primeira obra apresentada em 1976. Seguiu para os EUA, onde realizou o bacharelado em composição na University of Illinois, Champaign-Urbana, tendo sido orientado por Herbert Brün e Ben Johnston. Pela mesma universidade obteve o grau de Mestre em Educação, tendo estudado e convivido com figuras como Alexandre Ringer, Stephen Blum, Bruno Nettl, Salvadore Martirano, entre outros. É Doutor em Artes pela Universidade de São Paulo, em 2000, e em Educação pela Universidade Federal da Bahia, com teses dedicadas ao ensino de composição e à análise da música do compositor suíço-baiano Ernst Widmer.
Foi diretor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia de 1988 a 1992, tendo criado em sua gestão o Programa de Pós-Graduação em Música da UFBA. Pró-Reitor de Extensão desta Universidade em duas gestões, 1996 e 2002, foi presidente da Fundação Gregório de Mattos, de 2005 a 2008, função equivalente à de Secretário de Cultura de Salvador. Desde 2014 atua como Assessor Especial do Reitor da Universidade Federal da Bahia, tendo coordenado o Congresso da UFBA, evento que marcou os 70 anos da Instituição (2016)
É docente da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, desde 1979, onde leciona composição e análise musical para os cursos de graduação, mestrado e doutorado. É Editor da Revista ART, criada em 1981, atualmente ART Music Review (www.revista-art.com).
Seu catálogo tem 120 obras, 98 estreadas, e registro de 480 performances em mais de 20 países, sendo mais de cem delas internacionais. Já teve obras comissionadas/estreadas por: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Festival de Campos de Jordão, Festival Música Nova de Santos, American Composers Orchestra/Carnegie Hall, Orquestra Sinfônica de Seattle, OSESP, Juilliard Contemporary Ensemble, Mivos Quartet, GRUPU-Unicamp, Conselho Musical da cidade de Düsseldorf.
Em 2015 foi indicado em primeiro lugar nacional para a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, por um colegiado composto por 79 compositores, regentes e professores de composição. Em 2017 também foi indicado para o primeiro prêmio (obra Sinfônica) da XXII Bienal. Autor de diversos livros e artigos sobre composição e seu ensino, além de temas de crítica cultural, e mentor de uma nova geração de compositores baianos, é cofundador da OCA-Oficina de Composição Agora.
Site: http://www.paulolima.ufba.br/
Nasceu em Manaus, Estado do Amazonas, em 23 de novembro de 1919. Estudou violino em sua cidade natal e aos 13 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para prosseguir os estudos com Edgard Guerra. Em 1940 foi um dos músicos fundadores da Orquestra Sinfônica Brasileira, atuando no naipe de violinos. No mesmo ano iniciou os estudos de composição com Hans-Joachim Koellreutter e integrou o Grupo Música Viva. Em 1943 ganhou o Chamber Music Guild de Washington por seu Quarteto de cordas no1 e em 1945 foi distinguido com bolsa da Guggenheim Foundation Fellowship. Por sua militância no Partido Comunista teve sua entrada impedida nos Estados Unidos e rumou para Paris, com bolsa do governo francês para estudos com Nádia Boulanger. Na Europa participou do II Congresso de Compositores Progressistas, em Praga, na Tchecoslováquia, como delegado brasileiro. Ao contato com as teorias de Jdanov e do Realismo Soviético para as artes alterou sua orientação estética e aderiu ao nacionalismo musical.
De volta ao Brasil em 1949 passou um período em fazenda na Serra da Mantiqueira. Voltou ao Rio de Janeiro em 1950 para trabalhar na Rádio Tupi e Rádio Clube do Brasil. Em seguida ingressou na Rádio Ministério da Educação como diretor artístico e fundou a Orquestra de Câmara da Rádio MEC. Na década de 1950 realizou turnês de concertos pela União Soviética e países da Europa Oriental onde executou e gravou obras como a Sinfonia no4 “Da Paz”, Canto de Amor e Paz e o Ponteio, para cordas. Durante estada em Paris, em 1957, criou as Canções de Amor em parceria com Vinícius de Moraes.
Em 1962, a convite de Darcy Ribeiro, criou o departamento de música da Universidade de Brasília. Após o golpe militar de 1964, Santoro rumou para Heidelberg, na Alemanha, onde lecionou composição e regência na Escola Superior de Música. Na Alemanha foi ainda “Compositor Residente” da Casa de Brahms (Baden Baden). Em 1978 retornou ao posto na UNB e assumiu a direção da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional.
Durante sua carreira Santoro foi distinguido com inúmeros prêmios como o da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro (1950), Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (1951 e 1958), Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1960), Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1977) e Prêmio Shell (1985), entre outros.
Recebeu condecorações do Governo do Amazonas (1969), da República Federal da Alemanha (1979), Medalha do Mérito do Estado do Amazonas (1982), Ordem do Rio Branco (1985), Ordem do Mérito de Brasília (1986), Governo da Bulgária (1986), Governo da Polônia (1987), Ordem do Mérito do Alvorada (1987), Governo da França (póstumo, 1989). Recebeu postumamente também o titulo de Cidadão Honorário de Brasília (2003) e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (2005).
Como regente convidado dirigiu algumas das mais importantes orquestras do mundo como as filarmônicas de Leningrado, Bucarest, Sofia e Varsóvia, as sinfônicas do Porto, de Magdeburg, da Rádio de Praga, da Rádio de Leipzig, Estatal de Moscou, RIAS
Berlin, ORTF de Paris, OSSODRE de Montevidéu, Beethovenhalle de Bonn e as principais orquestras brasileiras.
Claudio Santoro faleceu em Brasília, a 27 de março de 1989 e sua obra está sob a responsabilidade da Edition Savart (http://editionsavart.com/)
Nasceu na cidade de Cantagalo/RJ, em 25 de novembro de 1845. São escassas as informações biográficas e não há referências sobre sua formação musical inicial. Sabe-se, no entanto, que entre 1860 e 1862 partiu para a Bélgica, onde teria sido aluno do Conservatório de Bruxelas e estudado com Henry Vieuxtemps. Retornou ao Brasil entre 1869 e 1871 e se estabeleceu no Rio de Janeiro. Em 1879 pleiteou o cargo de mestre da Capela Imperial, mas não tomou posse e não atuou efetivamente. Em janeiro de 1880 estreou a opereta Antonica da Silva, com libreto de seu tio Joaquim Manoel de Macedo, no Teatro Fenix Dramática. No ano seguinte foi exonerado do posto na Capela Imperial.
Em 1883 transferiu-se para a cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, onde conheceu sua esposa, Cecília de Macedo. É encontrado posteriormente residindo em Barbacena (1896) e Juiz de Fora, sobrevivendo com aulas de violino e eventuais concertos. Em 1909 conseguiu uma bolsa do governo de Minas Gerais e partiu para Bruxelas, onde trabalhou na conclusão de sua ópera Tiradentes. Em 1910 trechos da ópera foram apresentados em concerto com a presença do Rei da Bélgica. Em 1922 retornou ao Brasil, passando a residir na cidade de Cataguases, deixando, no entanto, boa parte de suas composições com a filha na Europa.
De sua produção restam conhecidas hoje poucas obras. Das mencionadas, a ópera Tiradentes pertence ao acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFMG e foi encenada no Palácio das Artes de Belo Horizonte, em abril de 1992, com Inácio De Nonno no papel título e a regência de Roberto Duarte. Da opereta Antonica da Silva não se sabe o paradeiro. Há referências sobre seis concertos para violino e orquestra, dos quais apenas o último sobreviveu em redução para piano. O manuscrito se encontra na Seção de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Também na Biblioteca Nacional são encontradas obras impressas, como o Álbum pour piano – Onze morceaux, impresso pela editora Bevilacqua, com miniaturas para piano solo e violino e piano, a Sonata para piano op.158 e o Poema Sinfônico op.160, dedicado a Floriano Peixoto, em redução para piano. No Almanack Garnier foi publicada em 1909 a canção Una Lacrima e no acervo de Flausino Vale encontra-se o manuscrito da Fantasia sobre temas de Moniuszko op.154, para violino e piano.
Faleceu no dia 1o de dezembro de 1925, aos 80 anos.
Carioca de nascimento, de 1943, Luiz Paulo Horta se fez conhecer como pianista, crítico musical e depois como jornalista. Estudou matérias teóricas com Ester Scliar e Cleofe Person de Mattos e piano com SalomeaGandelmann, Homero Magalhães e Moura Castro. A partir de 1970, trabalhou como crítico musical do “Jornal do Brasil”, em sucessão a Ronaldo Miranda, exercendo o cargo com notável competência e imparcialidade. De 1985 a 1990, dirigiu a seção de música do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, quando teve oportunidade de trazer ao Brasil KarlheinzStockhausen. A partir de 1990, foi crítico musical do jornal “O Globo”, onde exerceu também outras funções, como a de diretor da prestigiosa página “Opinião”.
Eleito para a ABM em 1993 foi também membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Letras.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1942. Iniciou os estudos musicais em 1958. Em 1960 ingressou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, mais tarde Escola de Música da UFRJ, onde estudou violino com Carlos de Almeida, composição com José Siqueira e Henrique Morelenbaum e regência com Eleazar de Carvalho. Na UFRJ estudou também Física e passou a se interessar pela música eletrônica. É de sua autoria a primeira obra brasileira para sons eletrônicos, a Valsa Sideral, de 1962.
Em 1969 seguiu para Buenos Aires, onde estudou como bolsista do Centro Latino Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato Di Tella. Teve como orientadores, entre outros, Alberto Ginastera e Eric Salzman. Em 1970 prosseguiu os estudos no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht, com bolsa do governo holandês. Entre 1971 e 1973 fez um curso de aperfeiçoamento junto ao Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, onde atuou sob a orientação de Pierre Schaeffer, Guy Reibel e François Bayle. No mesmo período iniciou seu curso de Doutorado em Estética Musical na Sorbonne, Universidade de Paris VIII, sendo orientado por Daniel Charles. Ainda em 1973 retornou ao Brasil e assumiu a cadeira de composição no Departamento de Música da Universidade de Brasília, onde se aposentou como professor titular. Na capital do país organizou o GeMUnB (Grupo de Experimentação Musical da UNB), especializado em música contemporânea com o qual realizou turnê de concertos na Europa em 1975. Em 1977 concluiu sua tese de doutorado intitulada Son Nouveau, Nouvelle Notation.
Em Brasília coordenou vários projetos, como o Núcleo de Pesquisas Sonológicas, a Orquestra de Câmara da UnB e os Festivais de Música Contemporânea. Entre 1992 e 1993 foi contemplado com a Bolsa Vitae de Artes para escrever sua ópera Olga. No mesmo período recebeu uma bolsa de Pós-Doutorado do CNPq para realizar pesquisas musicais durante um ano na Europa e no Oriente Médio, em cidades como Paris, Berlin, Baden-Baden, Freiburg, Amsterdam, Tel Aviv e Jerusalém, resultando em diversas obras novas.
Entre janeiro e julho de 1993 foi compositor residente do Ateliers UPIC. No mesmo ano sua obra Idiosynchronie foi distinguida com o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO.
Entre os festivais internacionais de que participou podemos citar: o Festival de Música Eletroacústica de Bourges, na França; o Festival Présences 95, onde foi estreada sua nova obra Rimbaudiannisia MCMXCV, encomendada pela Radio France e diferentes edições do Festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea. No Brasil participou de diversas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte, do Panorama da Música Brasileira Atual, da Escola de Música da UFRJ, e da Bienal de Música Eletroacústica do Estado de São Paulo. Organizou e coordenou os Encontros de Música Eletroacústica de Brasília e foi eleito o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, em 1997.
Ministrou cursos e workshops em instituições como a Universidade de Aveiro, o Instituto Goethe, o Laboratorio de Informática y Electrónica Musical (LIEM) de Madrid, a Sorbonne, Université de Paris VIII,
Recebeu homenagens, prêmios e encomendas de organismos como o Ministério da Cultura da Espanha; do Ministério da Cultura do Brasil; da Radio France; da Fundación Carolina de Madri, Espanha; da Fundação Stichting Dijkverzwaring, da Holanda e da Fundação Gaudeamus de Amsterdam. Do Ministério da Cultura da França recebeu, em 2002, o título de Chevalier des Arts et des Lettres. No mesmo ano a Assembleia Legislativa do Distrito Federal, Brasil, outorgou a Antunes o título de Cidadão Honorário de Brasília.
Jorge Antunes ingressou na Academia Brasileira de Música em 1994.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de dezembro de 1905. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1923 e foi aluno de Alfredo Bevilacqua, Charles Lachmund e Paulo Silva. Era pianista e compositor, mas optou pela musicologia e pela crítica musical. Em 1932, sucedeu a Guilherme Pereira de Mello como bibliotecário do Instituto Nacional de Música. Em 1934 participou da criação da Revista Brasileira de Música, primeiro periódico científico em música do Brasil, e foi seu editor até 1942. A partir de 1939 foi catedrático de folclore no Instituto Nacional de Música e fundou o Centro de Pesquisas Folclóricas.
Com Luciano Gallet e Lorenzo Fernandez fundou, em 1930, a Associação Brasileira de Música. Em 1937 foi um dos fundadores da Sociedade Pró-Música, que promovia concertos e concursos. Em 1941 foi consultor da Divisão de Música da União Pan-Americana, de Washington. Em 1947 aceitou o posto de chefe da seção de música da UNESCO, em Paris, onde trabalhou até 1965.
Estabelecido em Paris, realizou uma série de palestras e conferências no Instituto de Altos Estudos da América Latina, da Universidade de Paris. Após aposentar-se na UNESCO foi professor visitante da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, entre 1967 e 1968, e da Universidade de Indiana, em Bloomington, em 1969. Entre 1966 e 1973 foi membro do comitê executivo do Conselho Internacional da Música da UNESCO e colaborou nas mais importantes publicações mundiais de música. De 1966 a 1977, foi membro do Conselho Internacional de Música Folclórica, de Londres.
Alguns de seus trabalhos publicados no Brasil se tornaram referenciais. Em 1950 lançou Música e Músicos do Brasil, uma coletânea de artigos que publicou em diferentes jornais e revistas, com importantes estudos sobre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manoel da Silva, Carlos Gomes e outros compositores brasileiros, assim como crônicas sobre a vida musical do Rio de Janeiro. Em 1952 publicou importante obra de referência: a Bibliografia Musical Brasileira, em colaboração com Cleofe Person de Mattos e Mercedes Reis Pequeno. Em 1956 foi a vez de seu livro mais importante, 150 anos de música no Brasil. Publicou ainda diversos textos em espanhol, francês e inglês, em diferentes periódicos internacionais.
Luiz Heitor faleceu em Paris, em 10 de novembro de 1992.
Carioca, nascido em 11 de julho de 1848, Joaquim Antônio da Silva Callado começou os estudos musicais pela mão do pai, que era mestre da Banda Sociedade União de Artistas. Estudou posteriormente com Henrique Alves de Mesquita, pouco antes do mesmo partir para a Europa como bolsista. Aos 15 anos apresentou-se pela primeira vez em concerto. Sua composição Querosene (1863) é uma das primeiras de suas obras conhecidas. Em 1866 realizou concerto no Teatro Ginásio Dramático, com a presença da Família Imperial. Sua composição que primeiro fez sucesso foi uma quadrilha chamada Carnaval (1867), ano em que perdeu seu pai, aos 52 anos. Sua primeira polca, chamada Querida por todos (1869) foi dedicada à Chiquinha Gonzaga. Seu Lundu Característico (1871) fez muito sucesso e lhe valeu a indicação para o cargo de professor de flauta no Conservatório Imperial de Música, assim como do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Criou, por volta de 1875, um conjunto que se tornou padrão na música instrumental carioca e considerado o primeiro grupo de choro, composto por dois violões, uma flauta e um cavaquinho. Foi um dos maiores flautistas brasileiro de seu tempo e rivalizava com o belga Matheus André Reichert, que havia se estabelecido no Rio de Janeiro em 1859. Em 1879 Callado foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, a mais alta condecoração do Império. Sua peça intitulada Flor Amorosa é até hoje tocada e recebeu posteriormente letra de Catulo da Paixão Cearense. Callado morreu no Rio de Janeiro, vítima de meningite, em 20 de março de 1880.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1935. Estudou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Escola de Música da UFRJ, onde recebeu orientação de Guilherme Fontainha. Aos sete anos de idade atuou como solista da Orquestra Juvenil daquela instituição. Formou-se com Medalha de Ouro e recebeu prêmio para estudar em Viena com Bruno Seidelhofer, e em Milão, com Andolfi.
Ao retornar ao Brasil construiu sólida carreira, apresentando-se em recitais e como solista à frente das principais orquestras brasileiras e algumas do exterior. Notabilizou-se como intérprete de compositores brasileiros e contemporâneos. Apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira tocando os Quatro Temperamentos, de Paul Hindemith, sob a regência do autor. Estreou no Brasil obras de Hans Werner Henze e Samuel Barber. Especializou-se na interpretação de obras de Camargo Guarnieri, de quem fez a primeira audição do 5º Concerto para piano e orquestra, a ela dedicado. Para Laís de Souza Brasil Guarnieri dedicou ainda a Sonata para piano (1972). Fez várias turnês nos Estados Unidos, Europa e América Latina. Sob a regência de Camargo Guarnieri foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Chicago.
Possui extensa e importante discografia, com destaque para a obra de Guarnieri. Realizou a gravação integral dos 50 Ponteios, das três Sonatas para violoncelo e piano, com Antônio Del Claro, e de três Sonatas para violino, com a violinista e filha do compositor, Tânia Camargo Guarnieri. Gravou também, sob a regência do autor, os Concertos para piano nº3, 4 e 5, além do Concertino para piano, sob a regência de Simon Blech. Outra gravação integral importante foi realizada em 1999 com a violinista Mariana Salles, com todas as sonatas para violino e piano do compositor Cláudio Santoro, em CD do selo ABM Digital.
Nasceu em Tietê, São Paulo, em 01 de fevereiro de 1907. O pai, Miguel Guarnieri, era barbeiro e flautista. Sua mãe, Géssia Arruda Camargo Penteado, era pianista. Deles recebeu as primeiras lições, prosseguindo com Benedito Flora e Virgínio Dias. Em 1923 mudou-se para São Paulo e trabalhou como pianista em cinemas e cafés. Passou a estudar com Ernani Braga e, pouco depois, com Antônio de Sá Pereira e Lamberto Baldi. Em 1928 conheceu Mário de Andrade, que o encaminhou para a música nacionalista. No mesmo ano ingressou como professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde ficou até 1933.
Em 1935 assumiu a regência do Coral Paulistano, onde ficou por três anos. Em 1938 seguiu para Paris, onde realizou estudos com Charles Koechlin e François Rühlmann. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial retornou ao Brasil.
Em seguida voltou seu interesse para os Estados Unidos, onde permaneceu por seis meses no ano de 1942, como bolsista do Departamento de Estado e da Pan-American Union. No mesmo ano ganhou o primeiro lugar no Concurso Internacional Fleischer Music Collection, com seu Concerto para violino e orquestra. No mesmo período dirigiu a Sinfônica de Boston. Em 1945 assumiu a direção da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Na década de 1950 atuou como assessor do Ministro da Educação, Clóvis Salgado. Foi a época da Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, documento no qual condenou o dodecafonismo, e exortou os compositores a permanecerem na trilha do nacionalismo musical.
Criou em 1975 a Orquestra Sinfônica da USP, da qual foi regente titular por quase duas décadas.
Como professor de composição criou uma verdadeira escola e orientou importantes compositores de diferentes gerações como Osvaldo Lacerda, Sérgio de Vasconcellos-Corrêa, Aylton Escobar, Almeida Prado e Marlos Nobre.
Sua obra é rica e diversificada, abrangendo os mais diferentes gêneros. Escreveu sete Sinfonias; seis Concertos para piano; concertos e peças concertantes para violino, viola, violoncelo, flauta e clarineta; diversificada música de câmara, incluindo três quartetos de cordas, sete sonatas para violino e piano e três para violoncelo e piano. Na música para piano solo se destacam as sonatas e sonatinas e os 50 Ponteios. Abordou também a música para cinema (Rebelião em Vila Rica) e a ópera (Pedro Malazartes e Um homem só). Deixou também grande número de canções, obras para coro e música sacra.
Em 1992 recebeu da Organização dos Estados Americanos (OEA) o Prêmio Gabriela Mistral como “Maior Músico das Américas”.
Faleceu em São Paulo, em 13 de janeiro de 1993.
Leopoldo Américo Miguéz nasceu em Niterói/RJ, em 09 de setembro de 1850. Aos dois anos de idade se transferiu com a família para a cidade de Vigo, na Espanha, onde viveu até 1857. Em seguida se estabeleceu no Porto, em Portugal, onde foi matriculado no Liceu da cidade e recebeu aulas de música. Estudou violino com Nicolau Medina Ribas e harmonia e composição com Giovanni Franchini. Sua primeira obra, um Noturno para piano, foi escrita em 1867, época em que inicia seu trabalho no comércio.
Em 1870 a família retornou ao Brasil e Miguéz se empregou como guarda-livros na Casa Dantas. Ao mesmo tempo participou de concertos como violinista, atuando na Filarmônica Fluminense. Em 1877 estabeleceu sociedade com o pianista Arthur Napoleão e abriu, na Rua do Ouvidor, uma casa especializada na venda de partituras e instrumentos musicais. Continuou a atuar como violinista e participou de concerto em duo com o famoso violinista cubano José White.
Em 1882 estreou no Teatro São Pedro de Alcântara sua Sinfonia em si bemol, para coro e orquestra. No mesmo ano viajou novamente para a Europa, levando consigo carta de apresentação de D. Pedro II para o diretor do Conservatório de Paris, Ambroise Thomas. Na França estabeleceu contato com compositores como Vincent D’Indy e César Franck e travou contato mais próximo com a música de Wagner. No ano seguinte retornou ao Brasil e passou a atuar no Clube Beethoven e como regente de companhias líricas. Em 1886, estava à frente da orquestra da Companhia Lírica Italiana quando protagonizou o incidente que proporcionou a estreia como regente de Arturo Toscanini.
Aderiu ao movimento republicano e em 1889 participou e venceu o concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, que se tornou o Hino à Proclamação da República. Em 1890 foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música, instituição de ensino que substituiu o antigo Conservatório de Música. Para o INM escreveu, no ano seguinte, os livros Teoria elementar da música e Elementos de teoria musical.
Através da direção do INM, exerceu efetiva liderança e ditou os rumos da vida musical do Rio de Janeiro. Em 1895 viajou para a Europa para visitar os conservatórios de música de vários países e conhecer novas práticas pedagógicas com o intuito de implementá-las no INM. Em 1896 criou, com Alberto Nepomuceno, a Associação de Concertos Populares e no ano seguinte sua ópera Pelo Amor estreou no Cassino Fluminense. Em 1901 foi a vez I Salduni, sua segunda ópera, estrear no Teatro Lírico.
Sua obra se concentra especialmente nas peças orquestrais. Como exemplo podemos citar os poemas sinfônicos Parisina, Prometeu e Ave, Libertas! e a Suíte Antiga. Na música de câmara sobressai a Sonata para violino e piano, além de várias peças para piano, como Allegro appassionato, e o Noturno op.10 e Noturno op.20.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 06 de julho de 1902, com apenas 52 anos.
Nasceu em 20 de janeiro de 1948, na cidade de Curitiba/PR. Estudou no Rio de Janeiro e depois na Alemanha, com Auréle Nicolet. Aos 20 anos, após retornar ao Brasil, ingressou como flautista na Orquestra Sinfônica Brasileira, função que ocupou por 17 anos. Participou de grupos de câmara com o clarinetista José Botelho e o fagotista Noel Devos, assim como em duo com seu irmão, o pianista e compositor Henrique de Curitiba Morozowicz. Atuou em concertos em duo com Jean Pierre Rampal.
Como regente, tem dirigido as principais orquestras do país, como Sinfônica Brasileira, Sinfônica Nacional, Sinfônica da USP, de Campinas, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Salvador, Jazz Sinfônica e Banda Sinfônica de São Paulo, entre outras. Foi o titular da Orquestra de Câmara de Blumenau, com a qual gravou diversas obras de compositores brasileiros, e da Orquestra da Universidade Estadual de Londrina.
Foi o criador e diretor artístico do Festival de Música de Londrina e idealizador dos Festivais de Música de Câmara de Blumenau. Foi também diretor artístico do Encontro Nacional Pequenos & Grandes Artistas, em Goiânia.
Foi professor da Universidade Federal de Goiás, onde dirigiu o coro e realizou gravações. É atualmente o regente da Orquestra Sinfonia Brasil, com a qual lançou um CD inteiramente dedicado ao compositor Radamés Gnattali.
Nasceu em Rodelas, na Bahia, em 26 de fevereiro de 1909. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1926 e ingressou na banda do 2º Batalhão de Caçadores de São Gonçalo. Em 1928 tornou-se aluno do Conservatório de Música de Niterói. Aperfeiçoou-se com Paulo Silva e Hostílio Soares. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1932, estudando com Francisco Braga, Paulo Silva, J. Octaviano e Francisco Mignone. Em 1940, fez um curso de regência com o maestro húngaro Eugen Szenkar, titular da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1945 ingressou no corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. No ano seguinte tornou-se catedrático da Escola Nacional de Música da então Universidade do Brasil, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Publicou obras didáticas como Elementos fundamentais da música (1948) e Canto Orfeônico no curso secundário (1951).
Regeu como convidado as orquestras Sinfônica Brasileira, do Theatro Municipal e da Escola Nacional de Música. Entre suas obras destacam-se duas sinfonias (1950 e 1952), os poemas sinfônicos Contemplação dos Cimos (1940) e O Rapto do Fogo (1941), o Concertino para trombone (1942), a Sonata para violoncelo e piano (1937), o Trio para violino, violoncelo e piano (1939) e o Quarteto de cordas (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1996.
Nasceu em 02 de novembro de 1853, em Belém do Pará. A mãe, Ana Cândida Malcher, era pianista e o iniciou no instrumento. Prosseguiu os estudos com o professor Joaquim Pinto de França. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar com Felício Tati.
Em 1870 seguiu para os Estados Unidos, onde se formou engenheiro pela Universidade de Le Haye, na Pennsylvania. Partiu para a Itália em 1876, onde ingressou no Conservatório de Milão, onde estudou com Michele Saladino. Tornou-se amigo de Carlos Gomes e esteve presente na estreia da ópera Maria Tudor do compositor de Campinas. Em 1881 recebeu de seu pai, o médico e presidente do legislativo provincial José da Gama Malcher, a incumbência de contratar uma companhia lírica para a terceira temporada lírica do Teatro da Paz.
Retornou ao Brasil em 1882, acompanhando a Companhia Lírica Tomás Passini, contratada pela Associação Lírica Paraense, e trouxe consigo o amigo Carlos Gomes, para a apresentação de Salvator Rosa, em Belém. No intervalo das récitas da ópera de Carlos Gomes se apresentou como regente em sua Marcha Heróica op.18.
Assumiu o cargo de diretor artístico da empresa Gomes Leal & Cia e encenou sua primeira ópera Bug-Jargal no Teatro da Paz (1890), depois levada para apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1892 tornou-se professor do Liceu Paraense (1892), onde formou um grupo coral e orquestra sinfônica. Posteriormente foi professor do Instituto Carlos Gomes, do qual foi diretor (1898-1900) e assumiu a presidência do Centro Musical Paraense (1914).
Escreveu uma segunda ópera, Iara, estreada no Teatro da Paz, em 1895. Há registros ainda de duas outras óperas, Idílio e O Seminarista, hoje perdidas. Escreveu também peças para piano solo, obras orquestrais, canções, música de câmara. Faleceu em Belém, em 1921.
Em 2005 o musicólogo Vicente Salles publicou o livro Maestro Gama Malcher, a figura humana e artística do compositor paraense, pela Universidade Federal do Pará.
Nasceu em São Paulo, em 14 de outubro de 1943. Estudou na Academia Paulista de Música com Osvaldo Lacerda, Guilherme Fontainha e Ciro Brizola. Prosseguiu os estudos de piano com Lúcia Branco, composição com Camargo Guarnieri e regência com Alceo Bocchino e Francisco Mignone. Estudou também na Columbia University, nos Estados Unidos, com Vladimir Ussachevsky e Mario Davidovsky. No início da década de 1960 transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro e passou a se relacionar com os colegas cariocas, frequentando a Escola de Música da UFRJ e os Seminários de Música Pro-Arte. Ingressou como cantor do Conjunto Roberto de Regina, cantando no registro de contratenor.
Despontou como compositor nas duas edições do Festival de Música da Guanabara, em 1969 e 1970, com Poemas do Cárcere e a Missa Orbis Factor, premiada com o terceiro lugar e prêmio do público. Como compositor foi laureado por suas criações dedicadas ao Teatro, com o Prêmio Molière, e ao Cinema, com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e da Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA.
No Rio de Janeiro foi diretor da Escola de Música Villa-Lobos, coordenou projetos no Instituto Nacional de Música da Funarte, ocupou cargos executivos na Funarj e Theatro Municipal e manteve programas de música na TV Educativa. Em São Paulo foi diretor da Universidade Livre de Música e dos Festivais Internacionais de Campos do Jordão, São Paulo.
Como regente foi titular e diretor artístico de importantes orquestras nacionais, como a Sinfônica de Minas Gerais, a Filarmônica Norte/Nordeste do Brasil e a Sinfônica de Campinas, além de dirigir, como convidado, concertos com as principais orquestras brasileiras e latino-americanas.
Foi professor de orquestração, composição e regência do Departamento de Música da ECA-USP e também regente adjunto da Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo.
Tem recebido frequentes encomendas de obras. Em 2008 sua obra intitulada Salmos Elegíacos para Miguel de Unamuno, estreou pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob regência de John Neschling. Em 2009, teve obras estreadas em Bruxelas, na Bélgica, e uma obra comissionada por ensembles dedicados à música contemporânea, em Zurique. Em 2013 foi lançado pelo Selo Digital OSESP um CD exclusivo com obras corais de sua autoria pelo Coro da OSESP e a regência de Naomi Munakata.
Para a temporada de 2015 recebeu uma encomenda conjunta da OSESP e Fundação Gulbenkian, para as quais escreveu a obra Rua dos Douradores – Litania da Desesperança, baseada no Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
Ayres de Andrade Júnior, musicólogo e professor, nasceu no Rio de Janeiro em 27 de junho de 1903 e faleceu nessa cidade em 26 de outubro de 1974. Estudou com Barrozo Netto, Agnelo França, Henrique Oswald no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde conquistou o prêmio Medalha de Ouro. Fez aperfeiçoamento em Paris com Marguérite Long e Isidor Phillipp. Teve interrompida sua carreira de concertista devido a acidente que lhe afetou a mão direita.
Foi professor do Conservatório Brasileiro de Música, da Academia Lorenzo Fernandez e integrou o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi diretor da Sala Cecilia Meireles e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi agraciado em 1968 com o Troféu Estácio de Sá, setor música, concedido pelo Museu da Imagem do Som do Rio de Janeiro.
Exerceu a crítica musical em O Jornal e redigiu programas na Rádio MEC. Foi também colaborador da Revista Brasileira de Música. Seu mais importante trabalho musicológico é o livro Francisco Manuel da Silva e seu tempo, publicado em 1967 em dois volumes, considerado uma das principais fontes para o estudo da música brasileira, especialmente do Rio de Janeiro, do século XIX.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1852. Em 1853 se transferiu para São Paulo onde a família estabeleceu um comércio de pianos. Entre seis e sete anos começou a estudar com Gabriel Giraudon, francês que se estabelecera na cidade. Com 16 anos partiu para a Europa, passando a residir na cidade de Florença onde ingressou no Instituto Moriani, estudando contraponto, harmonia e composição com os professores Maglioni e Grazzini e piano com Henry Ketten e Giuseppe Buonamici.
A partir de 1879 passou a receber uma bolsa de estudos, concedida pelo Imperador Pedro II. Em 1896 viajou para o Brasil, acompanhado do violoncelista Cinganelli, para uma série de concertos, inclusive com música de sua autoria. Daí em diante, passou a retornar ao Brasil regularmente para turnês.
Em 1900 foi nomeado pelo presidente Campos Sales, chanceler do Brasil no Consulado do Havre, seguindo, posteriormente para o Consulado de Gênova. Em 1902 venceu, com a obra Il Neige, o concurso de composição do jornal Le Figaro, com júri formado por Saint-Saens, Gabriel Fauré e Louis Diémer.
Em maio de 1903, Henrique Oswald foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música pelo Barão do Rio Branco. Permaneceu no cargo até 1906. Em 1909 tocou o seu Concerto para piano e orquestra, no Instituto Nacional de Música, sob a regência de Alberto Nepomuceno, então diretor. Após retornar a Florença, lá recebeu o convite formal para assumir como catedrático uma cadeira no Instituto Nacional de Música. Instalou-se então definitivamente no Brasil, não retornando nunca mais à Itália, tornando-se disputado professor. Teve entre seus alunos Lorenzo Fernandez, Luciano Gallet e Fructuoso Viana.
Em julho de 1920 recebeu a Médaille du Roi Albert, conferida pelo governo da Bélgica. Em 1931 embaixador da França no Brasil comunica a concessão do título de Chevalier de la Légion d’Honneur. Henrique Oswald, no entanto, faleceu no Rio de Janeiro, em 09 de junho de 1931 e foi condecorado durante seu velório.
Sendo pianista, compôs especialmente para seu instrumento, embora tenha deixado produção importante em outros gêneros, como sinfonias, concertos para violino e piano, música de câmara como duos, trios, quartetos e quintetos, três óperas, música sacra e canções para voz e piano.
Suas obras foram publicadas na Itália e no Brasil por diversas editoras como: Genezio Venturini (Florença); Carish e Janichen (Leipzig / Milão); Ricordi (Milão e São Paulo); Durand (Paris); Boston Music Co. (Boston); Bevilacqua; Arthur Napoleão e Vieira Machado, no Rio de Janeiro e Mangioni; Mello Abreu e Novas Metas, em São Paulo.
No Rio de Janeiro seus manuscritos encontram-se na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, Biblioteca Nacional e Arquivo Nacional; em São Paulo, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Site: http://www.oswald.com.br/
Nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1964. Iniciou suas atividades musicais como cantor do Coral do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro e nos cursos de verão do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, onde estudou teoria musical com Gilberto Bittencourt e viola com Nayran Pessanha. Ingressou na Escola de Música Villa-Lobos, onde estudou teoria e percepção musical com Marcilda Clis. Na cidade de Petrópolis fez parte do Coral Municipal e das orquestras Camerata Abrarte e Academia Música Nova.
Em 1985, ingressou no curso de composição da Escola de Música da UFRJ, onde estudou percepção musical com Judith Cocareli, história da música com Ricardo Tacuchian, instrumentação e orquestração com Murillo Santos, piano com Maria Helena Andrade, contraponto e fuga com Henrique Morelenbaum e regência com Roberto Duarte. Concluiu o curso de regência em 1991.
Como instrumentista prosseguiu seus estudos com Marco Antônio Lavigne e ingressou na Orquestra Sinfônica Jovem do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e na Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Frequentou cursos de verão de Prados/MG e as Oficinas de Música de Curitiba/PR, onde estudou com os maestros Alceo Bocchino e Lutero Rodrigues. De 1998 a 2000 fez curso de aperfeiçoamento e especialização em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, na Universidade de Cuyo, em Mendoza, Universidade Católica Argentina e no Teatro Colón de Buenos Aires, com bolsa da Fundação VITAE.
Em 1994 ganhou o 1º prêmio no Concurso Nacional de Regência promovido pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense. A partir da premiação passou a ser convidado para as temporadas de orquestras como a Sinfônica Brasileira, a Petrobras Sinfônica, a Sinfônica da Paraíba, a Sinfônica de Minas Gerais, a Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica do Estado do Espírito Santo e Sinfônica de Campinas. De 2000 a 2007, foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde dirigiu concertos, óperas e balés.
Cursou mestrado e doutorado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Publicou mais de vinte artigos em revistas especializadas, periódicos e anais. Em 2005 lançou seu primeiro livro, A Música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro, premiado com o primeiro lugar no II Concurso José Maria Neves de Monografias da Academia Brasileira de Música. Em 2008 lançou A Música na corte de D. João VI, pela Editora Martins, de São Paulo.
Produziu dezenas de discos, todos dedicados à música brasileira de concerto, como a primeira gravação integral da ópera Colombo, de Carlos Gomes que ganhou em 1998 dois prêmios: o APCA/Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prêmio Sharp, na categoria “Melhor Disco Erudito”.
Realizou mais de cinquenta primeiras audições e, como regente, já executou obras de 53 compositores brasileiros desde o período colonial até os contemporâneos mais jovens, inclusive em diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Foi diretor da Escola de Música da UFRJ, onde é professor de regência e prática de orquestra, além de diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ.
Compositor, pianista, regente e musicólogo, Valdemar de Oliveira nasceu em Recife, Pernambuco, a 02 de maio de 1900 e faleceu na mesma cidade a 18 de abril de 1977. Estudou piano com Olímpia Braga e composição com Euclides Fonseca, aperfeiçoando-se com a professora francesa Angéline Radévèse, que se estabeleceu em Recife, em 1911. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1922, escreveu em 1924 a tese Musicoterapia. Formou-se também em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1929. Foi professor da cátedra de Higiene na Faculdade de Medicina do Recife a partir de 1928 e de História Natural da Escola Normal Oficial, a partir de 1942. Foi colunista do Jornal do Commércio de Recife entre 1934 e 1970. A partir de 1946 foi editor da revista Contraponto.
Foi homem intimamente ligado às atividades artísticas em sua cidade natal, e foi diretor do Teatro Santa Isabel entre 1939 e 1950. Presidiu a Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco de 1945 a 1977 e organizou o grupo Teatro Amador de Pernambuco, em 1941. Foi titular da Academia Pernambucana de Letras, da qual foi presidente entre 1949 e 1961. Publicou ensaios sobre a história do teatro em Recife no século XIX, premiados no Concurso de Monografia do Serviço Nacional de Teatro em 1976 e 1977. Escreveu operetas e revistas, como Berenice (1925), Aves de arribação (1926), A Rosa vermelha (1927), Sai Carlota (1927) e A Madrinha dos cadetes (1933). Deixou ainda o Choro triste e a Valsa para mão esquerda, para piano, e algumas canções.
Compositor, pianista e professor, Euclides de Aquino Fonseca nasceu em Recife, Pernambuco, em 06 de janeiro de 1854 e faleceu em Olinda, Pernambuco, em 31 de dezembro de 1929. Estudou com Inocêncio Smolz e ocupou o cargo de crítico musical, em jornais e revistas do Recife e de Lisboa. Lecionou na Escola Normal Oficial do Recife, dedicando-se também à composição.
Foi o fundador do Centro Musical Pernambucano e do Orfeão da Escola Normal Oficial. Foi regente da orquestra do Clube Carlos Gomes. Escreveu e publicou em 1925, pela editora do Diário de Pernambuco, o livro Um século de vida musical em Pernambuco.
Compôs em 1888 um Te Deum para comemorar a abolição dos escravos. Sua ópera Leonor foi composta para o Clube Carlos Gomes e estreada no Teatro Santa Isabel de Recife, em 07 de setembro de 1883.
Deixou ainda as óperas Il Maledetto; As Damas d’honor e A Princesa do Catete. Na música orquestral pode ser mencionada a Fantasia para piano e orquestra, a Sinfonia Republicana e a Abertura em dó menor. Os manuscritos das obras de Euclides Fonseca se encontram na Seção de Obras Raras do Instituto Ricardo Brennand, da cidade de Recife, Pernambuco.
Pianista, nasceu em Campinas, São Paulo. Foi aluna de MarguériteLong, depois de ter estudado no Brasil com José Kliass, da escola Liszt. Esta formação caracteriza sua técnica e sua interpretação pianística. Uma de suas principais características é sua militância musical, preocupando-se em revelar obras raramente tocadas dos grandes mestres, assim como aquelas de compositores contemporâneos. Em razão disto, ela foi responsável pela primeira audição no Brasil de obras de Pierre Boulez, do Concerto para piano, de Schoenberg, em Portugal, e da obra de Michel Philippot (com quem se casou), de Villa-Lobos e de diversos compositores brasileiros do século XX na Europa e nos Estados Unidos.
Professora respeitada, deu aulas na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A partir de 1980, foi professora do Conservatório Europeu de Paris. Por suas atividades de intérprete, recebeu inúmeras medalhas e condecorações, inclusive a Ordem do Ipiranga, a Ordem do Mérito de Brasília e a Ordem Nacional das Artes e Letras, assim como diversos prêmios como o de melhor realização discográfica de 1983, pela gravação integral da obra pianística de Villa-Lobos. Ela gravou também a obra pianística de G. Gershwin, os Prelúdios e Fugas, de Mendelssohn, obras de Michel Philippot. É autora do livro "Villa-Lobos, o índio branco" e está preparando estudo sobre a pedagogia de Liszt. É sucessora de Valdemar de Oliveira na cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Música.
Nasceu em Salvador, Bahia, em 15 de dezembro de 1948. Sua formação de compositora foi orientada por Ernst Widmer, na Universidade Federal da Bahia, de 1969 a 71, por Mauricio Kagel, na Musikhochschule Köln, de 1972 a 77, por Lejaren Hiller e Morton Feldman, na SUNY at Buffalo, de 1982 a 85. Ao lado da composição, realizou estudos em teoria da música orientados por John Clough, SUNY-Buffalo, e Janet Schmalfeldt, Yale University, de 1989 a 1990. É doutora em composição pela Universidade de New York, em Buffalo (PhD, 1985) e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba.
Esteticamente diversificada, sua produção musical passou por diferentes interesses: pesquisa timbrística, nos anos 70, serialismo não dodecafônico nos anos 80, e procedimentos intertextuais desde os anos 90. No entanto, comum a todas essas fases é uma estreita relação com a literatura. Na maioria de suas obras, a voz se faz presente, falada ou cantada, em solo ou coro, veiculando sons inarticulados ou textos poéticos. Dentre os poetas brasileiros que inspiraram suas composições, incluem-se Augusto dos Anjos, Mario de Andrade, Thiago de Melo e W. J. Solha.
Ao lado da atividade composicional, atua na área de teoria analítica da música, dedicando-se especialmente ao estudo do repertório brasileiro contemporâneo e, principalmente, às obras do Grupo de Compositores da Bahia. É autora do livro Ernst Widmer, Perfil Estilístico (UFBA, 1997). Coordena a pesquisa Marcos Históricos da Composição Contemporânea na UFBA e publicou os catálogos de obras de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Fernando Cerqueira e Agnaldo Ribeiro.
Integrou o comitê assessor para a área de artes do CNPq. É membro fundador da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi a primeira presidente entre 1988 e 1990. Em 2014 fundou a Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical (TeMA), da qual é a presidente.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em abril de 2003.
Compositor, pianista, organista, professor e crítico, Silvio Deolindo Froes nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de outubro de 1864 e faleceu nessa cidade, em 03 de dezembro de 1948. Sua mãe, pianista e cantora lírica, foi quem o iniciou na música. Em 1882, mudou-se para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Politécnica, mas optou por continuar na área musical, tendo como orientador Miguel Cardoso, em harmonia. Em 1888, seguiu para a Europa, onde estudou composição e órgão com Charles-Marie Widor, em Paris e, na Alemanha, com E. Welt e Felix Mottl, em Leipzig e Karlruhe, respectivamente. Ao retornar ao país, fixou-se em Salvador, passando a dar aulas de piano, órgão, teoria, composição e harmonia.
Foi também professor do quadro do magistério público. Ocupou a direção do Conservatório de Música, ligado à Escola de Belas Artes, em 1898. Fundou e dirigiu, mais tarde, o Instituto de Música. Publicou artigos em jornais e revistas do país e exterior.
Sua obra hoje é pouco conhecida. Deixou duas óperas inacabadas, a Sinfonia em si bemol (1909), uma Sonata para violino e piano (1896), um Septeto para cordas e sopros (1897), música para piano e canções.
Musicólogo, violinista, compositor e professor, Vincenzo Cernicchiaro nasceu em Torraca, na Itália, em 23 de julho de 1858 e faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de outubro de 1928. Veio para o Brasil aos doze anos de idade, mas retornou à Itália para estudar no Real Conservatório de Milão, onde recebeu o Primeiro Prêmio de violino. Vindo para fazer alguns concertos no Brasil, fixou residência no Rio de Janeiro. Apresentou-se em duo com o pianista Arthur Napoleão. Ingressou no Clube Mozart e no Clube Beethoven, a partir de 1880, apresentando-se como concertista. Em 1883 esteve em São Paulo para concertos na Casa Levy em parceria com a soprano Marietta Siebs. Na ocasião, Cernichiaro atuou como violinista do Trio no1 op.10, de Alexandre Levy e ajudou a fundar o Clube Haydn, a primeira associação de concertos de São Paulo.
Com o pianista Jeronymo Queiroz fundou, em 1886, a Sociedade de Quartetos do Rio de Janeiro. No ano seguinte voltou a São Paulo e apresentou-se no Clube 06 de julho da cidade de Itu, acompanhado pelo pianista Eugênio Hollander. Em 1890, passou a integrar o corpo docente do Instituto Benjamim Constant, como professor de violino e viola. Ocupou também a cátedra de violino no Instituto Nacional de Música, a partir desse mesmo ano. Em 1899 apresentou-se em duo com o compositor Camile Saint-Saenz em concerto no Teatro São Pedro de Alcântara, fazendo a estreia no Brasil da Sonata no1 para violino e piano do compositor francês. Regeu o Requiem, de Verdi, na Igreja da Candelária, em 1906.
Como compositor deixou principalmente obras para seu instrumento, como o Estudo de Concerto, o Andante e Polonaise op.12, Mazurca, Tarantela, Premier Regret (morceux de salon) e Chant de Coer.
Sua contribuição mais importante, no entanto, foi a Storia della Musica nel Brasile: dai tempi coloniali sino ai nostri giorni (História da Música no Brasil: dos tempos coloniais até nossos dias), um livro de mais de 600 páginas publicado em Milão, pela Fratelli Riccioni, em 1926.
Violinista e compositor, nasceu em Campinas, São Paulo, em 15 de março de 1881 e faleceu no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1954. Iniciou seus estudos musicais e de violino com Simões Junior, e teve sua estreia como concertista aos nove anos de idade, no Teatro Novelli, de Juiz de Fora, Minas Gerais. Dois anos depois, seguiu para a Europa para prosseguir seus estudos, ingressando no Conservatório Real de Bruxelas, na classe de EugèneIsaye. Lá ganhou, em 1897, o primeiro prêmio de violino. Em 1899, concluiu o curso de harmonia, e em 1901 o de contraponto, recebendo um ano depois o primeiro prêmio de fuga na classe de Edgar Tinel. Iniciou sua vida artística profissional apresentando-se como solista e camerista, e organizando um trio que se apresentou na Sociedade Real, de Bruxelas. Excursionou pela Europa e América do Sul. Em 1911, foi nomeado professor catedrático do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, introduzindo ali a escola franco-belga de violino. Teve uma atuação importante nos meios musicais cariocas, criando junto com a cantora Camila da Conceição, a primeira Academia Brasileira de Música. Fundou também o Grêmio de Amigos da Música e o Centro de Cultura Musical, e foi membro do conselho técnico e administrativo da Escola de Música e diretor da "Rádio Jornal do Brasil". Foi, ainda, presidente de honra da Escola de Música Santa Cecília, de Petrópolis, Rio de Janeiro. Foi sucessor de Sílvio Deolindo Froes na cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Música.
Obras principais
Música instrumental: Cismas de matuto, para piano; Fantasia brasileira, para violino e piano.
Música vocal: Seis melodias para canto e piano e A Balada do pingo d’água, para coro.
O compositor, regente, musicólogo e professor Padre Jayme Cavalvanti Diniz nasceu em Água Preta, Pernambuco, em 01 de maio de 1924. Estudou filosofia no Seminário de Olinda e teologia no Seminário Central de São Paulo. Em 1936, iniciou seus estudos de piano, teoria e solfejo em Pesqueira, Pernambuco, dando continuidade no Seminário de Olinda, onde foi, de 1941 a 1943, organista e regente de coro. Em 1945 apresentou sua Missa Mirabilis Deus. No ano seguinte, transferiu-se para o Seminário do Ipiranga em São Paulo, onde frequentou as classes de composição sacra com Furio Franceschini e frei Pedro Sinzig, e de interpretação com Paula Loebenstein. É desse período a sua colaboração para a revista "Música Sacra", de Petrópolis. Em 1951, fez estudos de técnica dodecafônica com César Guerra-Peixe. Como participante do III Curso Internacional de Férias da Pró-Arte, em Teresópolis, em 1952, estudou regência com H. J. Koellreutter, estética musical com Ernst Krenek e história da música com HildeSinnek. Em 1957, criou a ScholaCantorum Padre Jayme Diniz. No ano seguinte, foi aperfeiçoar-se no Instituto Pontifício de Música Sacra, de Roma, onde fez cursos de musicologia com Higino Anglès, instrumentação com EdgardoCarducci-Agustini, polifonia com Domenico Bartoluci e paleografia musical Eugenio Cardine. No Liceu Isabella Rosato, em Roma, estudou contraponto e prática de coros com Arnaldo Boreggi. Em Paris, frequentou o Instituto Gregoriano e o Conservatório de Música, em 1959.
Retornando ao Brasil em 1960, realizou o II Concurso Nacional de Música Sacra, sendo também nomeado membro do Departamento de Cultura da Prefeitura de Recife e convidado para fundar o curso de m úsica, na Universidade Federal de Recife, onde foi nomeado professor de história da música e de harmonia complementar. Regeu, no mesmo ano, o coral da Escola de Belas Artes. Em 1961, presidiu a comissão arquidiocesana de música sacra de Olinda e Recife, foi professor de canto gregoriano e regente coral do Seminário de Olinda. Foi fundador e regente do Coro Guararapes. Também ministrou curso de história da música no Pontifício Colégio Brasileiro, em Roma. Publicou ensaios musicológicos em jornais, revistas e livros. Dentre eles, destaque-se: "Músicos pernambucanos do passado", Recife, 1969-1971, "Ciranda – roda de adultos no folclore pernambucano", Recife, 1960, "Nazaré – estudos analíticos", Recife, 1963, "A Sinfonia de Alberto Nepomuceno", Recife, 1964, "Organistas da Bahia, Velhos organistas da Bahia" e "Os Mestres de Capela da Santa Casa da Misericórdia de Salvador", tornando-se o mais destacado estudioso da música do nordeste brasileiro.
Nasceu em Campinas, no Estado de São Paulo, em 1924, onde estudou composição com Damiano Cozzella e Savino De Benedictis, e na Academia Santa Cecília de Roma, com Boris Porena. Foi professor titular de contraponto e fuga e música contemporânea na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Fundador e pPresidente da Sociedade Pró-Música de Curitiba, desenvolveu in tensa atividade de concertos como diretor de coros. Foi regente do Teatro Carlos Gomes e professor na Escola Superior de Música de Blumenau. Teve obras publicadas na Alemanha e no Brasil e gravadas pelo governo do Estado do Paraná e pela Fundação Cultural de Curitiba. Escreveu peças para coro, piano, música de câmara e música sacra. Faleceu em 2002.
Natural da cidade de Russas, Liduino é atualmente professor de Composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos nomes mais relevantes da música contemporânea. Em seu currículo, apresenta marcas importantes, como sua atuação como doutor em Composição e Teoria e como mestre em Composição pela Louisiana State University, nos Estados Unidos.
Seu interesse pela música começou quando tinha 11 anos de idade, em 1974, a partir do seu contato com o violão. Liduino integrou o grupo de música da igreja matriz sob a coordenação do pianista e organista Cônego Pedro de Alcântara Araújo. Por volta de 1982, iniciou seus estudos de harmonia com Vanda Ribeiro Costa, que o levaram a um maior aprofundamento na área da composição. Em 1986, atuou na fundação do grupo de música de câmara do Ceará Syntagma. O músico também chegou a desempenhar a função de consultor de música da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).
As obras desenvolvidas por Pitombeira já foram executadas tanto no Brasil quanto no exterior. Como exemplos, as iniciativas do Quinteto de Sopros da Filarmônica de Berlim, na Alemanha, da Louisiana Sinfonietta e do New York University New Music Trio, nos Estados Unidos, e a Orquestra Filarmônica de Poznan, na Polônia.
Além disso, o cearense conquistou importantes premiações de composição no Brasil, como o primeiro prêmio no Concurso de Composição "Sinfonia dos 500 Anos" e o primeiro no I Concurso Nacional Camargo Guarnieri, com a obra “Suite Guarnieri”. Nos Estados Unidos, recebeu, em 2004, o prêmio de compositor do ano no “2003 MTNA-Shepherd Distinguished Composer of the Year” por seu trabalho "Brazilian Landscapes No.1".
Em 2019, Liduino foi agraciado com a Medalha Villa-Lobos, concedido pela Academia Brasileira de Música e em 2021 foi eleito membro, ocupando a cadeira 28. O compositor também desenvolve artigos científicos sobre composição e teoria e pesquisas como membro do grupo MusMat da UFRJ. A presença na ABM será oficializada ainda neste ano.
Regente, organista, compositor e professor, nasceu em Roma, Itália, em 04 de abril de 1880 e faleceu em São Paulo, em 15 de abril de 1976. Começou seus estudos musicais com o pai, Filippo Franceschini. Estudou na Academia Santa Cecília de Roma e especializou-se em contraponto e órgão com Filippo Capocci. A seguir, em Paris, estudou fuga e instrumentação com Jules Mouquet e canto gregoriano com Dom André Mocquereau, na ilha de Wight, na Inglaterra. Apresentou-se como regente de orquestra em Corfu e Atenas, Grécia, em 1903.
Em 1904, veio para o Rio de Janeiro, como regente auxiliar e de coros de uma companhia lírica. Em 1907, mudou-se para São Paulo, onde se tornou professor de música sacra e canto gregoriano do Seminário Provincial da Arquidiocese de São Paulo, vindo a ser mestre de capela da Sé no ano seguinte. Fez vários cursos de aperfeiçoamento na Europa com Giacomo Setaccioli, Charles-Marie Widor, Philippe Bellenot e Vincent d’Indy. Foi considerado o melhor organista brasileiro de seu tempo, tendo feito inúmeros concertos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Recusou convites para substituir seu antigo professor, Filippo Capocci, na Basílica de São João de Latrão, como mestre de capela.
Lecionou, particularmente, órgão, contraponto, fuga e composição. Entre 1933 e 1939, deu aulas de análise musical no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, e foi nomeado professor do curso de cultura e análise musical do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Entre 1944 e 1945, foi professor do curso de estudos dos instrumentos de orquestra organizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Publicou o Breve curso de análise musical, São Paulo, 1931, e Compêndio de canto gregoriano, São Paulo, 1938.
Compôs mais de 400 peças, entre missas, cânticos sacros, música para canto, orquestra, órgão e piano. Seu acervo particular, incluindo manuscritos, diários, cartas, fotos, programas de concertos e documentos diversos está dividido entre as bibliotecas da Escola de Comunicação e Artes/ECA da Universidade de São Paulo/USP e a da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita/UNESP.
Compositor e pianista, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1863. Sua iniciação no piano foi com sua mãe, a pianista Carolina Augusta Pereira da Cunha. Posteriormente, estudou com Eduardo Madeira e com Lucien Lambert. Quatro anos mais tarde, compôs sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe. Tornou-se profissional do piano, compondo e editando diversas obras. Com Brejeiro, se torna o grande fixador do tango brasileiro. Em 1898, dá seu primeiro concerto no salão nobre da Intendência de Guerra. Atuou, em 1917, como pianista na sala de espera do Cine Odeon, para o qual compôs o tango Odeon. Em 1919, empregou-se na Casa Carlos Gomes, onde executava ao piano as partituras solicitadas pelos fregueses interessados em comprá-las.
No ano seguinte compôs, episodicamente, fox-trotes, sambas e marchas carnavalescas, então em voga. Fez uma audição de peças suas no Instituto Nacional de Música, em 1922, a convite de Luciano Gallet. Quatro anos depois, assistiu à conferência de Mário de Andrade sobre sua obra, na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo. Estes dois eventos marcam a definitiva aceitação de Nazareth como compositor. Nessa época, se apresentou no salão do Conservatório Dramático e Musical de Campinas, São Paulo. Tocou na inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC. Em 1930, gravou para a Odeon disco onde aparecia o tango Escovado e a polca Apanhei-te, cavaquinho, com a denominação de choro.
Em 1932 empreendeu uma turnê de concertos pelo Rio Grande do Sul e Uruguai, se apresentando nas cidades de Porto Alegre, Rosário e Sant’Anna do Livramento. Quando se encontrava em Montevidéu, capital do Uruguai, foi acometido de grave crise nervosa. De volta ao Rio de Janeiro teve confirmado o diagnóstico de sífilis e foi internado no Hospício D. Pedro II, na Praia Vermelha. Em 1933 foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, de onde fugiu no ano seguinte, morrendo por afogamento em represa próxima, em 04 de fevereiro de 1934.
Nazareth teve no piano o veículo para suas ideias musicais. Sua obra é composta por mais de 200 títulos, englobando os principais gêneros da música de salão baseados em danças populares instrumentais. Estão contabilizados 88 tangos, 41 valsas e 28 polcas e ainda marchas, quadrilhas, schottisches e fox-trotes, assim como peças de concerto.
Site: http://www.ernestonazareth.com.br/
Pianista, folclorista e compositor, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 03 de fevereiro de 1912 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 06 de outubro de 2007, aos 96 anos de idade. Em 1932 bacharelou-se em direito pela Universidade do Ceará. Em 1936 concluiu o curso de piano no Instituto Nacional de Música com medalha de ouro.
Foi aluno de Barrozo Netto e Nicolai Orloff, tendo estudado no ConservatoireAméricain no Palácio de Fontainebleau onde foi aluno de Robert Casadesus, MarguariteLong e NadiaBoulanger, recebendo no fim do curso o grande prémio Mentiond’HonneurduConcours de Virtuosité, láurea outorgada a Aaron Copland alguns anos antes.
Como pedagogo e professor de seu instrumento, teve oportunidade de orientar os estudos de eminentes pianistas brasileiros, tais como Jacques Klein, Gerardo Parente, Maria da Penha e Irany Leme.
Como compositor notabilizou-se pelo Ciclo de Canções Afro-Brasileiras, Cantos Indígenas, Acalantos Brasileiros, Suíte Sul Americana (Plano), Suíte Brasileira, para 2 pianos, Sarau de Sinhá - ballet, para piano a quatro mãos e orquestra sinfônica, o ciclo O Natal Brasileiro, para coro misto, Ponteios para violão, Glória in Excelsis, para soprano e orquestra, além de numerosas peças avulsas para piano solo e música de câmara. Estas obras foram gravadas em, pelo menos, 18 discos LP e cd, no país e no exterior. Na qualidade de intérprete, mencionem-se os dois últimos discos gravados: "12 valsas de Ernesto Nazareth", da SOARMEC e "Os Pianeiros".
Foi membro dos dois conselhos do Museu da Imagem e do Som, música erudita e música popular, organizando e dirigindo a coleção de depoimentos ao vivo de um sem número de músicos brasileiros, como Francisco Mignone, Guiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro.
No ano de 1965, sob os auspícios do Ministério das Relações Exteriores, levou a Paris o conjunto de Balé Folclórico do Brasil que se apresentou no Theâtre Sarah Bernhardt com grande sucesso. Durante muitos anos foi diretor de programação e programador cultural da Rádio MEC, com programas como "Estampas Brasileiras" e "Mosaico Pan-Americano", ambos ligados à difusão da música.
Quando de sua passagem pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, dirigiu a série de documentários, de mais de 40 discos, intitulada "Documentos Sonoros do Folclore Brasileiro". Bem como participou de pesquisas de campo, principalmente no seu estado natal, como a “Romarias de Canindé”, da série "Romarias Brasileiras", realizada com apoio do Instituto Nacional do Folclore e da Embaixada da Itália no Brasil e o LP “A Arte da cantoria”, que reúne belíssima antologia sobre cantadores do nordeste brasileiro.
Sua viagem à Almofala, nos anos 70, ensejou por parte do IPHAN uma ação vigorosa pela recuperação daquela igreja de arquitetura colonial tomada pelas dunas. Escreveu artigos musicológicos, sobre Ernesto Nazareth, José Maurício Nunes Garcia, Villa-Lobos e DariusMilhaud.
Foi consultor brasileiro na finalização do filme "It’salltrue" sobre fotogramas da obra inacabada de Orson Welles no Ceará, nos anos 40.
Recebeu da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro o título de Doctor Honoris Causa pelo conjunto de sua obra.
A Fundação Casa de Rui Barbosa conferiu-lhe a Medalha Rui Barbosa pela sua contribuição à cultura brasileira.
Aloysio de Alencar Pinto foi membro titular da Academia Nacional de Música e da Academia Brasileira de Música, onde foi o 1º sucessor de Furio Franceschini na cadeira nº 28.
Flavio Vieira da Cunha Silva, nasceu a 07 de fevereiro de 1939, em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. Os estudos de piano, iniciados com uma tia, foram continuados em Porto Alegre, com Milton Lemos e Natho Henn. Frequentou os cursos internacionais de férias de Teresópolis e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, passando a estudar com Hans Graff, Alda Caminha e Homero Magalhães, além de fazer estudos gerais com Esther Scliar e Guerra-Peixe. Em 1960, ingressou na embaixada da França como discotecário e foi aprovado para o curso de filosofia da Faculdade Nacional de Filosofia. Durante dois anos, foi redator de programas da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1968, obteve bolsa para estudos de musicologia em Paris, tendo se dedicado, sobretudo, à etnomusicologia, com Jacques Chailley, Tran Van Khê, Simha Arom, Claude Laloum, Émile Leipp e Claudie Marcel-Dubois, sob cuja orientação e, com apoio de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, preparou a memória Origines de la samba urbaine a Rio de Janeiro, só concluída em 1974, após voltar ao Brasil e fazer intensa pesquisa em cerca de 2.500 periódicos cariocas publicados, sobretudo, entre 1916 e 1918.
Em 1977, ingressou na Funarte, como funcionário do então Instituto Nacional de Música, onde exerceu as mais diversas funções envolvendo divulgação e organização musical no Brasil e ocupou vários cargos, inclusive o de diretor do atual Centro da Música, do qual é coordenador de música erudita. Coube-lhe organizar diversas edições das Bienais de Música Brasileira Contemporânea. Organizou livro sobre Camargo Guarnieri, com estudos de vários especialistas, aos quais acrescentou textos seus. Participou da edição de outros livros sobre música pela Funarte, e de gravações de música brasileira.
Foi bolsista da Fundação Vitae e recebeu da Academia Brasileira de Música o segundo lugar em concurso de monografias, com estudo sobre relações entre músicas clássicas e populares no Brasil entre 1920 e 1950, mediadas, em especial, pela influência do disco e do rádio. As pesquisas envolvidas por esses trabalhos levaram-no a encontrar gravações esquecidas de coros escolares cariocas, gravadas em discos em 1940, e que motivaram um dos artigos que publicou na Revista Brasiliana. Ainda para a ABM, organizou o catálogo de obras de Francisco Mignone. Tem diversos estudos em andamento e participa com frequência, como palestrante, conferencista e debatedor, de eventos científicos na área da musicologia e da cultura brasileira.
Eleito para a Academia Brasileira de Música a 11 de fevereiro de 2008, foi empossado a 15 de março do mesmo ano. Teve dois filhos, e foi casado com a pianista, também acadêmica, Lais de Souza Brasil. Faleceu em 8 de outubro de 2019.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de novembro de 1939, descendente de uma família da Armênia que imigrou para o Brasil. Iniciou os estudos musicais com Nelly Adelino dos Santos. Aos 12 anos ingressou na Escola Nacional de Música, tendo estudado com Florêncio de Almeida Lima, José Siqueira e Francisco Mignone. Foi orientado em composição também por Cláudio Santoro e em regência por Hilmar Schatz e Hans Swarowsky. Diplomou-se em piano em 1963 e em composição e regência em 1965. Fundou o grupo Ars Contemporânea em 1971 para o qual compôs e estreou obras de compositores brasileiros. Ao mesmo tempo dirigiu o grupo Síntese, voltado para o repertório medieval e renascentista.
Concluiu o Doutorado em Composição na University of Southern California, em 1990, quando recebeu o Academic Achievement Award, prêmio conferido a pós-graduandos que se destacam em suas respectivas especialidades. Realizou o pós-doutorado em Lisboa, no Museu da Música Portuguesa, com bolsa da CAPES.
Foi professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Villa-Lobos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, além de professor visitante da State University of New York at Albany, com bolsa da Fulbright para o programa Scholar in Residence, e da Universidade Nova de Lisboa. Em 2011 ministrou um curso sobre Música do Brasil no Século XX no Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca. Como professor da Escola de Música da UFRJ criou o Panorama da Música Brasileira Atual.
Tacuchian é membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, da Federação Fluminense de Bandas de Música Civis, da Sociedade Brasileira de Musicologia e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música.
Como compositor participou, entre outros festivais, da Tribune Internationale des Compositeurs du Conseil lnternational de la Musique, da UNESCO (1977); do International Society of Contemporary Music/World Music Days (1978); do Music of the Americas Festival 2001, da Florida International University, e do Other Minds Music Festival 8, em São Francisco, Califórnia (2002). Teve obras executadas em todas as edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Em 2000, com bolsa da Rockefeller Foundation, foi compositor residente na Villa Serbelloni, em Bellagio, Itália.
É membro do corpo editorial da revista da ANPPOM e da revista da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, consultor ad hoc do CAPES, CNPQ, FAPERJ, UERJ, Ciência Hoje da SBPC, Fundação Universidade Estadual de Maringá, Universidade Estadual de Londrina, UNICAMP, The Rockefeller Foundation e John Simon Guggenheim Memorial Foundation, entre outras instituições.
Segundo seu catálogo de obras, publicado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 2014, é autor de cerca de mais de 250 títulos, apresentados no Brasil e em mais de 30 países da Europa, Ásia, América do Norte e América Latina, com mais de uma centena de gravações em cerca de 40 itens discográficos.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1981, instituição da qual foi presidente em dois períodos, de 1993 a 1997 e de 2006 a 2009.
Portal: https://sites.google.com/site/tacuchianmusica/
Foi professor e compositor. Nasceu em São Paulo, em 18 de março de 1882 e faleceu nessa mesma cidade, em 13 de novembro de 1957. Sua iniciação musical foi no Liceu Salesiano do Coração de Jesus, onde participou da execução de músicas religiosas. Fez aperfeiçoamento com G. Foschini, estudou composição com Agostinho Cantu e piano com José Wincole, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Nessa entidade veio a ser professor catedrático e diretor. Durante o período em que dirigiu o conservatório, realizou programa de organização e reformas da secretaria, biblioteca, museu, discoteca, sociedade orquestral, curso infantil e classes de pedagogia e análise musical. Veio a lecionar em outras escolas paulistas de música, como o Instituto Dom Bosco. Foi integrante de várias comissões examinadoras de concursos da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Foi membro do Conselho de Orientação Artística de São Paulo. Publicou Lições elementares de teoria musical (1918), Método de Solfejo e Curso de leitura rítmica musical (1921).
Compositor, pianista, regente e crítico musical, Alexandre Levy nasceu em São Paulo, capital, em 10 de novembro de 1864 e faleceu prematuramente na mesma cidade, em 17 de janeiro de 1892. Era filho do clarinetista francês Louis Levy, radicado em São Paulo desde 1860 e fundador da Casa Levy, um dos principais comércios de música da época. Luís Henrique Levy, seu irmão três anos mais velho, e seu pai foram seus iniciadores na música. Seu professor de piano parece ter sido o pianista francês radicado em São Paulo Gabriel Giraudon, antes de estudar com o pianista russo Luis Maurice. Sua estreia como pianista foi aos oito anos de idade. Seu talento foi amplamente reconhecido, tendo sido mesmo comparado a Mozart por críticos musicais de seu tempo. A importância da Casa Levy e a popularidade de seu pai propiciaram-lhe contato direto com todos os músicos paulistas importantes, e com todos aqueles que iriam apresentar-se naquela cidade. Em 1882, Alexandre e Luís Levy tocaram em Buenos Aires.
Desde 1880, diversas obras suas para piano começaram a ser editadas na Europa. Em 1883, foi feito diretor de concertos do Clube Haydn, importante sociedade paulista de concertos. Em 1885, atuou como regente pela primeira vez, em concerto deste mesmo Clube Haydn. Em 1887, viajou para a Europa, tendo estudado em Paris com Émile Durand e Vincenzo Ferroni. Ao final deste mesmo ano retornou a São Paulo, onde iniciou trabalho de crítico musical na imprensa. Algumas de suas composições desta época já seguem clara tendência nacionalista. É o caso de duas obras para piano, o Tango Brasileiro e as Variações sobre um tema popular brasileiro, onde usa a melodia da famosa canção “Vem cá, Bitu”, e da Suíte Brasileira, onde, no último movimento, intitulado Samba, utiliza elementos da música rural paulista. Outras obras de Levy, por sua vez, seguem claramente as características da música romântica austro-germânica, como os poemas sinfônicos Werther e Comala, a Sinfonia em mi menor, o Trio em si bemol e diversas obras para piano, como o Romance sem palavras op.4, o Allegro Appassionato op.14 e as Schumannianas, para piano.
Ênio de Freitas e Castro (Montenegro, 27 de junho de 1911 - Porto Alegre (?) 21 de junho de 1975) foi um professor, compositor, pianista, maestro, folclorista e musicólogo brasileiro.
Começou seus estudos em Vacaria. Com apenas 13 anos de idade já era pianista do cinema local. Em 1925 mudou-se para Porto Alegre, ingressando no Conservatório do Instituto de Belas Artes, onde estudou com Antonina Maineri (piano) e AssueroGarritano (teoria musical e harmonia). Deu seu primeiro recital em 1930 e depois se transferiu para o Rio de Janeiro, a fim de se aperfeiçoar no Instituto Nacional de Música.
Ali foi aluno de piano de Guilherme Fontainha, concluindo seu curso em 1932 com Medalha de Ouro, por unanimidade. Em 1937, terminou o curso de composição e regência, sob a orientação de Paulo Silva (contraponto e fuga), Francisco Braga (composição e instrumentação), Francisco Mignone (regência) e Octávio Bevilacqua (história da música). Mas antes de concluir os estudos foi convidado a assumir a cátedra de Harmonia no Instituto de Belas Artes. Além de professor, foi concertista e maestro da Orquestra Filarmônica de Porto Alegre. Entre 1954 e 1955 esteve em Paris para outros estudos avançados. Foi fundador e dirigente da Associação Rio-Grandense de Música e membro fundador da Cadeira n. 29 da Academia Brasileira de Música.
Foi o primeiro Superintendente de Educação Artística e o primeiro Diretor da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, sendo o responsável pela criação da Discoteca Pública, da Biblioteca Pública Infantil, do Instituto de Tradições e Folclore e do Serviço de Radiodifusão Educativa. Escreveu artigos para o Diário de Notícias e deixou o livro Princípios de Arquitetura Musical (Porto Alegre, 1940). Outros artigos apareceram nos livros Rio Grande do Sul - Imagem da Terra Gaúcha (Porto Alegre, 1942) e Fundamentos da Cultura Rio-Grandense (Porto Alegre, 1960).
Principais composições
Música orquestral: Sinfonia e Suite, para orquestra de cordas
Música de câmara: Trio, para piano, violino e violoncelo e Quarteto de cordas
Canto e piano: Historietas, Mar, Ouve o canto da noite, Porque, A velha carta e A vida.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de agosto de 1959. Iniciou o estudo de música através do violão. Em 1979 ingressou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estudou com Henrique Morelenbaum, Ronaldo Miranda e Roberto Duarte. Na mesma instituição realizou o mestrado. Cursou o Doutorado na The Catholic University of América, em Washington D.C., sob orientação do violinista e compositor Helmut Braunlich (composição) e da musicóloga Emma Garmendia (música latino-americana). Realizou estudos adicionais em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, em Mendoza e Buenos Aires, na Argentina.
Foi professor e coordenador do Curso de Música da Universidade Estácio de Sá. Nos EUA, foi professor assistente da classe de orquestração na The Catholic University of America e professor do Programa de Música do Sistema Público de Educação de Montgomery County, Maryland. Desde 1988, é professor de composição, harmonia e análise musical nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Música da UFRJ. De volta ao Brasil, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em 1998 e diretor da instituição de 1999 a 2003.
Em 2004, foi nomeado Diretor da Sala Cecilia Meireles, cargo que ocupa atualmente.
Como regente, dirigiu diversas orquestras como a Sinfônica Nacional, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, Orquestra da Rádio Cultura de SP, Orquestra Sinfônica da Província de Cuyo (Arg.) e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Ripper fundou e foi o diretor artístico e regente da Orquestra de Câmara do Pantanal, em Mato Grosso do Sul.
Suas obras têm sido tocadas nas principais salas de concerto do Brasil e exterior. Destacam-se a Brasiliana, para orquestra de sopros (1996); a Abertura Concertante (1999), a partir de uma encomenda da Orquestra Sinfônica de Akron, Ohio – EUA; a cantata Peabiru, para solistas, coro, dois pianos e percussão (2000); o Ciclo Portinari, série de oito canções para soprano e meio-soprano sobre poemas do pintor; Psalmus (2002) para orquestra sinfônica; Magnificat (2004), para solistas, coro e orquestra de câmara, escrita para os 30 anos da Camerata Antiqua de Curitiba; Ciclo Pierrot – Seis Canções de Carnaval (2005), sobre poemas de Manuel Bandeira, para barítono e piano; Cervantinas (2005), para meio-soprano e banda sinfônica, encomendada pela Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo escreveu Desenredo (2008) e Cinco Poemas de Vinícius de Moraes (2013). Para o Quinteto Villa-Lobos compôs o Concerto a 5 (2012) e para a Sinfônica Brasileira a Concertante para piano e orquestra (2013). É um dos compositores brasileiros que mais têm se dedicado à ópera, tendo escrito Domitila (2000), baseada na correspondência amorosa entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos; Anjo Negro (2003), escrita sobre o texto homônimo de Nelson Rodrigues; Piedade (2012), baseada na trágica morte de Euclides da Cunha; Onheama (2014), sob encomenda do Festival de Ópera de Manaus, e O Diletante (2014), baseada em texto de Martins Pena, sob encomenda do projeto Ópera da UFRJ.
Site: http://www.joaoripper.com.br/site/
Professor e compositor, João Baptista nasceu em Silveiras, São Paulo, em 19 de setembro de 1886 e faleceu na mesma cidade, em 20 de maio de 1961. Sua iniciação musical se fez como participante de banda dirigida por Desidério Alves Leite. Em 1904, foi para Mogi das Cruzes, onde participou da Corporação Musical Guarani. Passou a reger a Corporação Musical União Mogiana, fruto da união das bandas Guarani e Euterpe, ambas de Mogi das Cruzes, até 1914. Nessa época, começou a compor e escrever revistas para teatro. Seus estudos superiores começam em 1912, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, orientado por Savino de Benedictis e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva Júnior.
Fundou no ano seguinte o Instituto Musical de Mogi das Cruzes e, ao concluir seu curso, assumiu a função de mestre de capela da igreja matriz da cidade. Anos depois, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se especializou no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e obteve o primeiro registro junto ao Ministério de Educação e Saúde como professor de canto orfeônico. Assim titulado, assumiu a cadeira de música e canto orfeônico da penitenciária-modelo do Estado de São Paulo. Tornou-se colaborador do maestro João Gomes Júnior, na preparação dos alunos de grupos escolares, por ocasião da comemoração do Centenário da Independência, em 1922. Por esse tempo, foi efetivado como professor da Escola Normal Padre Anchieta, São Paulo. Em 1927, fundou com outros músicos o Instituto Musical de São Paulo.
Em 1944, teve a missão de elaborar um plano para o ensino de canto orfeônico. Em 1949 passou a dirigir o curso de canto orfeônico do Instituto de Educação Caetano de Campos, transformado posteriormente em Conservatório Estadual de Canto Orfeônico. Foi iniciativa sua a fundação do Conservatório de Canto Orfeônico, que tem hoje seu nome ligado à Universidade Católica de Campinas, São Paulo. Dentre suas composições encontram-se peças para piano e violino e música sacra. Publicou Chave para os cadernos de exercícios caligráficos e análise musical, São Paulo, 1922.
Compositor, organista, pianista e professor, Alberto Nepomuceno nasceu em Fortaleza, Ceará, em 06 de julho de 1864. Em 1872 se transferiu para Recife, onde iniciou os estudos de piano e violino. Em 1880 se tornou aluno de harmonia de Euclides Fonseca. No ano seguinte conheceu Tobias Barreto, que o iniciou nos estudos de filosofia e língua alemã. Torna-se republicano e abolicionista. Retornou ao Ceará em 1884. No ano seguinte partiu para o Rio de Janeiro. Residindo com a família Bernardelli, passa a estudar com Miguel Cardoso e revela suas primeiras composições. Apresentou-se como pianista no Clube Beethoven e realizou turnê de concertos com o violoncelista Frederico Nascimento.
Em 1888 partiu para a Europa matriculando-se no Liceo Musicale Santa Cecília de Roma, onde estudou harmonia com Eugenio Terziani e Cesare De Sanctis e piano com Giovanni Sgambatti. Participou, em 1890, do concurso que, após a Proclamação da República, iria escolher o novo hino nacional brasileiro. Obteve o terceiro lugar e uma pensão do governo que permitiu ampliar sua estada na Europa. Segui para a Alemanha, onde estudou na Academia Meister Schulle e no Conservatório Stern de Berlim com Heinrich Herzogenberg, Theodor Lechetitzky, Arnó Kleffel e Max Bruch.
Na Noruega contraiu matrimônio com Walborg Bang, sua colega de conservatório, e hospedou-se na casa de Edvard Grieg. Ao retornar para a Alemanha regeu a Orquestra Filarmônica de Berlim em suas provas finais, apresentando o Scherzo, para orquestra e a Suíte Antiga, para cordas.
Retornou ao Brasil em 1895, após estada em Paris para estudos na Schola Cantorum, com Guilmant. Ao chegar assumiu a cadeira de professor de órgão do Instituto Nacional de Música, que viria a dirigir em dois períodos, o primeiro entre 1902 e 1903, após a morte de Leopoldo Miguéz, e o segundo entre 1906 e 1916. Foi regente da Sociedade de Concertos Populares e diretor musical dos concertos da Exposição Nacional da Praia Vermelha de 1908. Em 1910 empreendeu viagem à Europa, regendo concertos em Bruxelas, Genebra e Paris, onde conheceu Debussy. Em 1913 estreou sua ópera Abul no Teatro Coliseo de Buenos Aires, apresentada também em Rosário e Montevidéu no mesmo ano e em 1915 no Teatro Constanzi, de Roma.
De sua obra se destacam as composições para piano e as canções, especialmente as escritas em português, motivo de intenso debate com o crítico Oscar Guanabarino nos jornais cariocas. De sua obra orquestral podemos destacar a Série Brasileira, de 1891, onde pela primeira vez aparece um instrumento típico brasileiro, o reco-reco, no famoso Batuque. Outras obras importantes são: o Trio para violino, violoncelo e piano, (1916), os três quartetos de cordas, escritos entre 1890 e 1891, a Sinfonia em sol menor, escrita em Berlim em 1894; a abertura O Garatuja (1904), as Seis Valsas Humorísticas, para piano e orquestra (1902), a Serenata para orquestra de cordas (1906) e o episódio lírico Artemis (1898).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1920.
Musicólogo, professor e historiador nasceu em Campo Grande, Ceará, em 25 de janeiro de 1904. Partiu para o Rio de Janeiro em 1928, para fazer o curso de medicina. Fez pesquisas e análises de documentos sobre a música no Brasil, chegando a reunir grande coleção de manuscritos e edições raras de música brasileira desde o período colonial. Veio a ocupar cargos públicos na área musical, foi vice-presidente da Orquestra Sinfônica Brasileira e membro do Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Dirigiu a "Revista Brasileira de Cultura", onde assinou artigos sobre música brasileira. Publicou "A Modinha e o lundu no século XVIII", editado em São Paulo, pela editora Ricordi Brasileira, em 1964, além de grande quantidade de artigos em jornais e revistas especializadas.
Considerado, por muitos, o mais autorizado intérprete e autêntico divulgador da obra orquestral de Villa Lobos, o compositor e regente Mário Tavares foi, desde 1960, o maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. De seu mestre, Don Victor Tevah, Tavares herdou a maneira eficiente e descontraída com que obtinha, em tempo recorde, o mais alto rendimento artístico das orquestras com as quais se apresentava. Regeu mais de 120 mil solistas, nacionais e estrangeiros. O renomado maestro atuou em Bonn, na Alemanha, com a BeethovenhalleOrchester; nos Estados Unidos, Portugal, Porto Rico, Chile, Colômbia, Peru, Romênia e Bulgária.
Durante dezesseis anos foi regente oficial dos Festivais Internacionais Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Paralelamente, atuou como principal maestro dos Festivais da Canção Popular, entre 1967 e 1975, na Rede Globo de Televisão. São até mesmo lendárias as suas atuações "salvando situações emergenciais" como no jubileu de Bela Bártok, com GiorgySandor, em 1970, ou com Arnaldo Estrella ao piano, no Centenário de Busoni, em 1966, ou ainda acompanhando em improviso a MstslavRostropovich, nos trinta anos da Manchete, em 1982. Fez a estréia mundial do Gênesis, de Villa-Lobos, e a primeiro audição da Floresta do Amazonas em 1969, do bailado Rudá e da Fantasia Concertante para orquestra e violoncelos.
No gênero lírico, regeu óperas como Salomé, de Richard Strauss, Yerma, de Villa-Lobos, além de outras de Puccini, Carlos Gomes e Francisco Mignone. O compositor recebeu vários prêmios nacionais, como o do quinquagésimo aniversário do Theatro Municipal, o do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e o de Música para Bailado/93. Mário Tavares foi fundador da Associação Brasileira de Violoncelistas e membro honorário e vitalício de orquestras sinfônicas corno as de Porto Rico, a da Universidade do Chile e a Filarmônica Oltênio da cidade de Craiova, na Romênia. Foi agraciado pelo governo brasileiro com a ordem do Rio Branco, no grau de comendador. Foi membro honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia. Primeiro regente brasileiro a receber o Prêmio Nacional da Música - MINC/95, com expressiva votação de âmbito nacional. Faleceu no Rio de Janeiro, em 05 de fevereiro de 2003.
Pianista e musicólogo, Manuel Vicente Ribeiro Veiga Junior nasceu em Salvador, Bahia, a 20 de fevereiro de 1931. Iniciou seus estudos musicais em 1939, com Sylvia Souza. Formou-se em Engenharia em 1953, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1954 e 1957, estudou nos Seminários de Música, atualmente Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, tendo concluído o curso de piano sob a orientação de Sebastian Benda. Venceu o concurso de piano da Orquestra Sinfônica Brasileira e foi solista com esta orquestra em 1956, sob a regência de Eleazar de Carvalho.
No mesmo ano realizou turnê de 23 concertos em 13 Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, com o violinista belga Clemens Quatacker, patrocinado pela Juventude Musical Brasileira. Entre 1957-1958, com Bolsa do Comitê de Líderes e Especialistas do American Council on Education, realizou extenso programa de visitas a universidades e centros musicais nos Estados Unidos. Entre 1959-1961, com bolsa concedida pela Organização de Estados Americanos, estudou na Juilliard School of Music, classe de piano de Beveridge Webster. Entre 1963-1964, estudou em Nova York com Guiomar Novaes e Wolfgang Rosé. Tocou em importantes salas dos Estados Unidos e do Brasil.
Em 1966, iniciou carreira de professor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, onde permaneceu até sua aposentadoria. Nesta instituição, desempenhou por diversas vezes atividades de coordenação de curso, chefia de departamento e de direção. Desde a década de 70, tem sido membro do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Doutorou-se em musicologia pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em 1981.
É consultor da área de artes da CAPES e do CNPq, tendo sido representante da área de música nesta última agência de fomento. É pesquisador 1A do CNPq. Foi um dos fundadores da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, tendo sido membro de sua primeira diretoria em duas ocasiões. É membro fundador da Associação Brasileira de Etnomusicologia/ABET e Professor Emérito da UFBA.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 17 de novembro de 1909. Os primeiros estudos musicais foram realizados ainda na Cidade Imperial, prosseguindo, a partir de 1932, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro como aluno de Francisco Braga, Francisco Mignone e Paulo Silva. Diplomou-se em 1937. Paralelamente, estudou piano com Rossini Freitas.
Foi colaborador na organização da Orquestra Sinfônica Pró-Arte, da qual veio a ser regente. Em 1939, esteve em Buenos Aires, visitando organizações musicais. Foi nomeado professor catedrático de prática de orquestra da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, em 1945.
Foi membro do conselho técnico administrativo da Fundação Rádio Mauá. Em 1946 criou a Orquestra Universitária da Casa do Estudante do Brasil. Em 1948, recebeu o título de sócio conselheiro da Sociedade Carlos Gomes e ingressou na Escola Cultural de Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, na qual foi professor de regência e composição. Ocupou a regência da Orquestra Sinfônica Paraense, em 1952, com a qual excursionou no norte do país. Participou de estágio nos Estados Unidos e Europa, a convite da UNESCO, em 1954. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Como convidado regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica Nacional.
São de sua autoria as teses A Educação auditiva do pianista e o piano nas suas várias finalidades, de 1940 e Prática de orquestra, de 1944. Publicou ainda o Tratado de Regência aplicado à orquestra, banda e coro, pela editora Irmãos Vitale (1976).
Como compositor deixou diversas obras, entre as quais se destacam os poemas sinfônicos Lincoln (1944) e A Conquista do Sertão (1959), o balé Teresinha, o Scherzo (1942) e a Toada (1951) para orquestra, a Dança da Índia Enamorada, para cordas (1966), os Instantâneos Folclóricos (1963) para quinteto de sopros e o Divertimento Folclórico (1978) para quinteto de metais. Sua obra A Conquista do Sertão foi gravada em CD pela Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob a regência de Roberto Duarte.
Faleceu em 02 de junho de 1984, no Rio de Janeiro.
Nasceu em Salvador/BA, em 26 de junho de 1867, filho de Pedro Theodoro Pereira de Mello e Helena Francisca de Mello. Ingressou em 1876 na Casa Pia e Colégio de Órfãos de São Joaquim, onde teve aulas com Elisário de Andrade, mestre da banda musical. No educandário estudou Letras, Latim, Humanidades e concluiu o curso em 1883. Retornou em 1892 como mestre da banda e fundou uma Schola Cantorum. Em 1908 publicou, em Salvador, A música no Brasil: dos tempos coloniais até o primeiro decênio da República, pioneira obra de história da música nacional.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro e assumiu em 1928 o posto de bibliotecário interino do Instituto Nacional de Música, sendo efetivado no ano seguinte. Ao longo de sua vida em Salvador reuniu preciosa coleção de manuscritos e edições impressas de modinhas, lundus e música de salão. A Coleção Guilherme de Mello foi doada ao Instituto Nacional de Música por seu proprietário. Estão presentes na coleção peças de autores consagrados como Gabriel Fernandes da Trindade, Xisto Bahia e Carlos Gomes, assim como uma série de outras de autores anônimos que retratam a diversidade da música popular brasileira da época.
O pioneirismo de seu livro justificou uma segunda edição em 1947, corrigida e prefaciada por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, tendo sido reeditada pela Escola Nacional de Música.
Guilherme de Melo faleceu no Rio de Janeiro, em 04 de maio de 1932.
Nasceu em Curitiba/PR, em 11 de abril de 1936. Iniciou os estudos de piano com a professora Alice Serva Pinto. Prosseguiu com o professor russo José Kliass em São Paulo. Estreou como solista com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo em 1952. Foi para Paris em 1954 para estudar com Marguerite Long. No mesmo ano casou-se com o maestro Eleazar de Carvalho.
Foi solista à frente de grandes orquestras como a Sinfônica de Boston, a Orchestre National de Belgique e Sinfônica de Saint Louis, entre outras, sob a regência de importantes maestros, incluindo Igor Stravinsky. Apresentou várias primeiras audições de compositores que a ela dedicaram obras, como Olivier Messiaen, Iannis Xenakis, Luciano Berio, Lukas Foss, Cláudio Santoro e Johon Cage. De Messiaen gravou em 1969 para o selo Vox de Nova York, o Catalogue d’Oiseaux e Vingt Regards sur l’Enfant Jesus.
Como compositora direcionou seu trabalho para o desenvolvimento de uma linguagem multimídia, envolvendo música, teatro, instalações, textos e vídeo. Recebeu vários prêmios como: Guggenheim Foundation, Rockfeller Foundation (1983 e 2007), Bogliasco Foundation, CAPS, do New York Council on the Arts, Fundação Vitae, RioArte. Suas obras têm sido apresentadas em teatros e festivais como: Berliner Festspiele, Haus der Kulturen der Welt, Hebbel Theater em Berlim, StaadtsTheater Darmstadt, Festivals Dresdner Tage der Zeitgenössischen Musik, Desden, Expo 2000 Hannover, Ludwigshafen Opera Festival, Salzburg Festival – Aspekte, Hayden Planetarium, Carnegie Hall, Brooklyn Academy – em New York, New Music America Festivals, Miami Planetarium, Bellas Artes – México, Teatro Avenida, Buenos Aires, Chengdu – China, Radio France – Paris, Bayrischer Rundfunk, Munique Gaudeamus e Gulbenkian Foundations, Biennials of Contemporary Music, Rio de Janeiro, Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre outros inúmeros festivais e rádios em diferentes países.
Em 2007, o Festival Internacional de Campos do Jordão/SP homenageou sua obra programando várias de suas peças (ópera, concerto de câmera, peça para soprano e orquestra de cordas). Em 2008, lançou um Box com 4 DVDs compilando suas 6 óperas, com distribuição internacional pela NAXOS Video Library. No mesmo ano, o Instituto Oi Futuro do Rio de Janeiro promoveu uma retroprospectiva de seu trabalho em forma de instalação, exposições, concertos e ópera, durante dois meses, que foi visitada por cerca de 20 mil pessoas.
Seus espetáculos mais recentes foram Revisitando Stravinsky (2010) e Berio sem censura (2012), apresentados no SESC São Paulo e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda em 2012, a Radio France, Paris, apresentou um perfil de sua trajetória e obra em dois programas exclusivos de uma hora cada.
É autora de seis livros publicados no Brasil e nos EUA. Seu mais recente trabalho – Diálogo com cartas – foi lançado pelo SESI/SP em 2014 e também na França, pela editora Honoré Champion, 2015.
Suas últimas obras são Mobius Sonorum, para a XI Bienal de Música Brasileira Contemporânea e Esferas rítmicas para a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 2015.
Portal: http://www.jocydeoliveira.com/
Nasceu em Iguatu, Ceará, em 28 de julho de 1912. Transferiu-se, jovem ainda, para o Rio de Janeiro, passando a integrar a Banda de Música do Batalhão Naval, onde tocava tuba. No Instituto Nacional de Música estudou contraponto e fuga com Paulo Silva e regência com Francisco Mignone. Diplomou-se em 1934. Teve a sua ópera em dois atos Descobrimento do Brasil encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1939. Ao deixar a Marinha, tocou em cabarés, cassinos e circos, até ser empossado na Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Com a fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira em 1940 tornou-se assistente do maestro titular Eugen Szenkar, com quem teve aulas de regência. Na mesma época fundou e dirigiu o Coral Eleazar de Carvalho.
Em 1946, seguiu para os Estados Unidos, onde estudou regência com Sergey Koussevitzky, no Berkshire Music Center, em Massachusettts. No ano seguinte, dividiu com Leonard Bernstein a função de assistente de Koussevitzky. Na Europa, estreou em 1950, no Palais Beaux-Arts de Bruxelas, regendo a seguir outras orquestras. Sucedeu a Koussevitzky na cátedra de regência no Berkshire Music Center, onde permaneceu até 1965. Recebeu o título de doutor em Música, em 1963, pela Washington State University, Saint Louis, Estados Unidos, e, em 1970, o doutorado em letras e humanidades, pelo Hofstra College, Hempstead, Nova Iorque.
Foi professor de regência da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Julliard School of Music de New York, da Yale University e do Hofstra College. Entre seus alunos encontram-se nomes importantes como Claudio Abbado, Zubin Metha, Seiji Osawa, Gustav Meier, David Wooldbridge, Harold Faberman e Charles Dutoit. No Brasil seus dois mais destacados discípulos foram Roberto Duarte e Roberto Tibiriçá. Sua ação pedagógica se estendeu aos festivais de música de Campos do Jordão e Itu.
Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da Sinfônica da Paraíba e da Sinfônica de Porto Alegre. Participou de várias temporadas de óperas nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. Regeu inúmeras orquestras por todo o mundo incluindo as Filarmônicas de Berlim, Viena, Londres, Israel, Nova York e Los Angeles e as Sinfônicas de Londres, Boston Cleveland, Washington, Detroit e Dallas, entre outras. Foi conductor emeritus da Orquestra Sinfônica de Saint Louis, da qual foi diretor musical e regente, e também da Orquestra Sinfônica Pró-Arte de Hempstead.
Dedicou-se ao repertório contemporâneo e brasileiro. Estreou obras de vários compositores brasileiros, inclusive Villa-Lobos, e participou como regente das primeiras edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Eleazar de Carvalho deixou poucas obras. São conhecidas, além de Descobrimento do Brasil (1939), uma segunda ópera, Tiradentes (1941), e as Variações sobre duas séries dodecafônicas, para percussão e orquestra de cordas (1968).
Faleceu em São Paulo, em 12 de setembro de 1996.
Antônio Francisco Braga nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1868. Começou seus estudos musicais no Asilo dos Meninos Desvalidos, em 1876. Ingressou no Conservatório de Música e em 1886 concluiu seu curso de clarineta com Antônio Luís de Moura, tendo também sido aluno de harmonia e contraponto de Carlos de Mesquita. No ano seguinte, estreou Fantasia-Abertura, no primeiro dos concertos da Sociedade de Concertos Populares. Em 1888, foi nomeado professor de música do Asilo. Em 1890, ao classificar-se entre os quatro primeiros colocados no concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, obteve bolsa do governo para estudar na Europa.
Conquistou o primeiro lugar no concurso para admissão no Conservatório de Paris, onde se tornou discípulo de Jules Massenet (1842-1912). Após o término do curso de composição viajou para Dresden (Alemanha), onde fixou residência, e visitou Bayreuth para assistir à encenação da tetralogia wagneriana. Voltou para o Brasil em 1900. Foi nomeado professor de contraponto, fuga e composição do Instituto Nacional de Música em 1902. Em 1908 tornou-se professor de música do Instituto Profissional Masculino e instrutor das bandas de música do Corpo de Marinheiros e Regimento Naval.
Foi um dos mais ativos regentes de seu tempo. Inaugurou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1909 regendo seu poema sinfônico Insônia. Foi, a partir de 1912, o principal regente da Sociedade de Concertos Sinfônicos, da Orquestra do Instituto Nacional de Música (1924) e, a partir de 1931, primeiro titular da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1920 teve seu poema sinfônico Marabá executado pela Filarmônica de Viena sob a regência de Richard Strauss em concerto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No mesmo teatro teve seu Episódio Sinfônico executado por Erich Kleiber com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ganhou do governo francês a comenda da Legião de Honra, no grau de cavaleiro, em 1931. Em 1937 foi criada a Sociedade Propagadora da Música Sinfônica (Sociedade Pró-Música), da qual foi presidente perpétuo. Foi fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Músicos. É autor de grande quantidade de hinos patrióticos, dos quais o mais popular é o Hino à Bandeira (1906), com letra de Olavo Bilac.
Suas obras principais, além das já citadas, são: a ópera Jupira, encenada pela primeira vez no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, os poemas sinfônicos Paysage (1892) e Cauchemar (1895), a música incidental para O Contratador dos diamantes (1905) de Afonso Arinos, onde se incluem as Variações sobre um tema popular brasileiro, e o Trio para piano, violino e violoncelo (1930). É grande também sua produção na música sacra, tendo composto as Missas de São Francisco Xavier (1910) e de São Sebastião (1911), o Te Deum Alternado (1904), o Stabat Mater (1911), a antífona Sub Tuum Praesidium (1903), O Salutaris Hostia (1911). Deixou inacabada a ópera Anita Garibaldi.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1945.
Natural de Leme, São Paulo, 1936, estudou com Camargo Guarnieri e diplomou-se em sua classe de composição e regência no Conservatório Musical de Santos, em 1973. Foi contratado como professor da UNICAMP em março de 1974. Viajou no mesmo ano para a Europa, onde estudou com Nadia Boulanger, em Paris e com Alberto Ginastera, em Genebra. A partir de 1976 passou a residir em Paris onde estudou com Oliver Messiaen, Pierre Boulez e Iannis Xenakis. Participou de ateliers de criação com John Cage, Andre Boucourechliev, Andrey Eschpay, Ton de Leeuw e outros.
Especializou-se em música eletroacústica no Groupe de Recherches Musicales – GRM, com Guy Reibel e Pierre Schaeffer, entre 1976/78. Sua produção inclui várias obras sinfônicas, de câmara e eletroacústicas, além de músicas para filmes, curtas e longas metragens, vídeos, teatro, dança e espetáculos multimídia. Sua obra Estrias IV, para violoncelo, representou o Brasil na 26º Tribuna Internacional dos Compositores, UNESCO, 1979, e foi destaque na Tribuna Internacional de Composição para América Latina e Caribe/TRIMALCA, UNESCO, São Paulo, 1980. Encadeamento, para cinco contrabaixos, representou o Brasil na 28ª Tribuna Internacional dos Compositores – UNESCO, Paris, 1981. Entre seus prêmios destacam-se Prix du Public e Prix de la Critique, do Centro Internacional de Percussão, em Genebra, 1975, com a obra Cambiantes; Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, de 1980, com Contextura, melhor obra sinfônica; Prêmio APCA de 1984, com …Os Ventos Quentes, melhor obra experimental; prêmio candango no XVII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, filme de curta metragem O Incrível Senhor Blois, de 1981, melhor trilha sonora.
Premiações recentes: honorable mention & merit award human and nature relationship, 18º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 95 e Finalist award – The New York Film Festival – NY/USA – 95 com a trilha sonora Beija-Flor (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/ Rede Globo de Televisão; no mesmo ano, o documentário foi ainda premiado como o terceiro melhor vídeo no Columbus International Film & Vídeo Festival – Ohio, EUA, foi finalista do Festival International du Film Ornitologique – França; e Japan Wildlife Festival – Japão. Merit Award for Conservation Message – 20º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 97, com a trilha sonora Encanto das Águas (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/Rede Globo de Televisão.
É doutor em música pela UNICAMP e professor titular aposentado do Departamento de Música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP. Criou em 1983 o núcleo interdisciplinar de comunicação sonora/NICS e foi seu coordenador de 1983 a 2000. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC; membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica/SBME; membro fundador da Academia Paulista de Música e Academia Campineira de Música. Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Compositor, regente, professor e fagotista Antônio de Assis Republicano nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 15 de novembro de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1960. Estudou fagote no então Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro na classe de Agostinho Gouveia, obtendo Medalha de Ouro em 1920. Aperfeiçoou-se em composição, contraponto e fuga com Francisco Braga e em harmonia com Agnelo França. Em 1921 a Sociedade de Concertos Sinfônicos apresentou seu poema sinfônico Ubirajara. Concluiu o curso de composição em 1924 com o grau máximo.
Sua ópera O Bandeirante foi estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1925, sob a regência de Gino Marinuzzi. Em 1927 realizou turnê de concertos pelos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. No mesmo ano escreveu o oratório A Natividade de Jesus, sobre texto de Afonso Celso. Em 1930 foi nomeado professor de contraponto e fuga no Conservatório Mineiro de Música de Belo Horizonte. De volta ao Rio de Janeiro, lecionou análise harmônica e construção musical no Instituto Nacional de Música.
Em 1937 transformou A Natividade de Jesus em ópera e a encenou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Publicou diversas obras teóricas, inclusive um Tratado de composição. É de sua autoria a orquestração do Hino do Maranhão e do Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manoel da Silva, oficializada por Decreto Federal de 1942. Em 1947 ingressou na Escola Nacional de Música como catedrático de instrumentação e orquestração. Em 1958 tornou-se também professor de composição. É autor dos poemas sinfônicos, Ubirajara (1921) e Navio Negreiro (1925), do bailado Narciso (1945), das óperas O Bandeirante (1925), A Natividade de Jesus (1937), O Ermitão da Glória (1943) e Amazonas (1938), de Improviso sobre tema brasileiro para piano e orquestra (1925), de Concerto para piano e orquestra (1950), Concerto para violino e orquestra (1948), das sinfonias “Das Multidões” (1938), “Das Américas” (1945) e “De São Paulo” (1955), da Sinfonia em dó (1953) e das Seis Danças Brasileiras (1924-1956), dentre outras.
Nasceu em 20 de março de 1869, em Porto das Flores, Juiz de Fora/MG. Estudou primeiramente com seu pai, o flautista Manuel Marcelino do Valle (1839-1903), sendo posteriormente aluno de piano de Elisa Schmidt e Wilhelm Bickerle. De acordo com o biógrafo Américo Pereira, Francisco Valle começou a compor aos quatorze anos de idade e, a partir de 1885, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou piano com Alfredo Bevilacqua e harmonia com Miguel Cardoso. Suas primeiras obras foram a Sonata em dó menor e a Mazurca Sentimental.
Foi no ano de 1886 que começou a se projetar como pianista. Em agosto exibiu-se no Club Beethoven do Rio de Janeiro e em setembro na Exposição Industrial de Juiz de Fora. Seu concerto para a Princesa Isabel no Paço de São Cristóvão, em setembro desse ano, rendeu-lhe uma carta de apresentação para o imperador Pedro II, que se encontrava então em Paris. Partiu para a França em setembro de 1887, com recursos financeiros de seu avô materno. Vivendo modestamente, foi aluno ouvinte do Conservatório de Paris, estudou piano com Charles-Wilfrid Bériot, órgão com Charles-Marie Widor e composição particularmente com César Franck.
Durante sua estada em Paris, Francisco Valle reencontrou seu colega brasileiro Sílvio Deolindo Fróis, além dos compositores Alexandre Levy e Francisco Braga, que lá também estudavam. Fróis, em uma carta de 1938, deixou um importante testemunho das atividades de Francisco Valle naquela capital e sobre sua amizade com os franceses André Dulaurens e Charles Tournemire.
Seu regresso ao Brasil foi forçado pela morte de seu avô em 1890, que havia deixado sua família em difícil situação. No Brasil, Francisco Valle passou um curto período dando aulas de piano em fazendas da região de Juiz de Fora, casando-se em 1894 com Maria da Conceição Coimbra, que faleceu em 1903, e com a qual teve três filhos. No ano seguinte transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu como professor de piano, e apresentou suas composições em concertos no Teatro São Pedro de Alcântara e no Clube Sinfônico em 1895. Foi também nomeado membro honorário do conselho do Instituto Nacional de Música em 1896, integrando bancas de exames na instituição. Uma doença neurológica que já se manifestava por essa época obrigou-o a retornar para Minas Gerais em outubro de 1899, fixando-se em Juiz de Fora. Recuperado de sua doença, Valle casou-se com Petrina Leal, tendo com ela seu quarto filho.
Nos primeiros anos da República a produção de Francisco Valle reflete os acontecimentos políticos dessa fase: em 1897 foi apresentado no Rio de Janeiro, sob a regência de Alberto Nepomuceno, um poema sinfônico de sua autoria intitulado Depois da Guerra, inspirado na Revolta da Armada (1893-1894); em 1900 o compositor escreveu o Hino do Centenário, para celebrar o Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil.
Foi também em 1900 que o compositor apresentou, no Teatro Novelli de Juiz de Fora, várias de suas novas composições, entre as quais a versão para dois pianos do Bailado na Roça. Em 1905 o compositor apresentou em Juiz de Fora uma palestra usando como exemplo uma série de variações ao piano sobre o já conhecido tema Vem cá Bitu.
Em 1906 Valle escreveu sua última obra completa – Batel da Dor, para dois pianos. Nesse mesmo ano, em 10 de outubro, Francisco Valle não resistiu à sua angustiosa neurastenia e atirou-se ao rio Paraibuna.
Compositor, pianista, regente e professor, Francisco Mignone nasceu em São Paulo, capital, a 03 de setembro de 1897. Iniciou os estudos de flauta com seu pai, Alfério Mignone, e de piano com Sílvio Motto. Estreou como flautista aos 13 anos de idade. No Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, estudou com de Savino de Benedictis e Agostinho Cantú, diplomando-se em 1917 em piano, flauta e composição. Nesta época, produziu muita música popular e de salão, que assinava com o pseudônimo de Chico Bororó. Em 16 de setembro de 1918 apresentou no Theatro Municipal de São Paulo algumas obras de sua autoria, como o poema sinfônico Caramuru (1917) e a Suíte campestre (1918).
Com bolsa concedida pelo Governo de São Paulo viajou para Milão em 1920, onde estudou com Vincenzo Ferroni. Na Itália escreveu a ópera O Contratador de Diamantes, estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1924. Ainda na Itália escreveu uma segunda ópera, L’Innocente, também estreada no Rio de Janeiro, em 05 de setembro de 1928.
Antes de voltar para o Brasil passou um período na Espanha (1927/1928), onde compôs a Suíte Asturiana (1928). Durante sua estada na Europa, Mignone participou de dois concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. No primeiro, em 1923, ficou com o primeiro prêmio com a peça Cenas da Roça. No segundo, em 1926, foi duplamente premiado, com as peças Festa Dionisíaca (1923) e No sertão (1925).
Retornou ao Brasil em 1929 e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical. Também atuou como pianista acompanhador, tendo trabalhado com os tenores BeniaminoGigli e Tito Schippa. No Conservatório reencontrou Mario de Andrade, cuja pregação nacionalista foi importante para a reorientação estética da obra de Mignone. É o momento no qual compõe a 1ª Fantasia Brasileira, para piano e orquestra.
Em 1933 radicou-se no Rio de Janeiro, assumindo o posto de professor de regência do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. Em 1939 foi efetivado no cargo. Em 1936 participou da fundação do Conservatório Brasileiro de Música, sendo seu primeiro vice-diretor. Nos dois anos seguintes realizou concertos na Europa, regendo diferentes orquestras, entre elas a Filarmônica de Berlim e a RAI de Roma.
Foi diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Música e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Regeu o concerto inaugural da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Ministério da Educação e foi seu primeiro regente titular. Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios e honrarias como a Ordem do Rio Branco (1972), Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1979) e o Prêmio Shell de Música Brasileira (1982).
Sua obra é extensa e abrange os mais diversos gêneros, desde peças para piano, com destaque para as Lendas Sertanejas, as Valsas de Esquina, as Valsas Choro, quatro Sonatas e quatro Sonatinas; os Concertinos para fagote (1957) e clarineta, o Concerto para piano (1958), os bailados Maracatu do Chico Rei, Leilão (1939) e Quincas Berro D’Água, peças orquestrais como Festa das Igrejas (1940) e a Sinfonia Tropical e as óperas O Chalaça (1972) e Sargento de Milícias (1980).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1986.
Nasceu em Livramento, na Bahia, em 1939. Começou sua carreira em bandas de música e dedicando-se à música popular. Em 1961 ingressou nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, quando trabalhou sob orientação de Ernst Widmer. Diplomou-se em composição e regência em 1974 na Escola de Música da mesma Universidade, na qual atuou como madrigalista, percussionista e fagotista de sua orquestra sinfônica. Tornou-se, posteriormente, professor de composição e de outras disciplinas, na mesma instituição. Foi membro da Academia Brasileira de Música, ocupando a cadeira nº 33, recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, tem inúmeras de suas obras gravadas e várias outras editadas, inclusive fora do país. Produziu cerca de 110 obras. Faleceu em 1989.
Obras principais
Música de câmara: Nove variações, 1985; Sedimentos, 1973; Sincronia, 1974; Trio nº 2, 1970.Música orquestral: Captações, 1969; Caricaturas, 1968; Espectros, 1970; A Festa na Canabrava, 1966; O Fim do mundo, 1966; Minisuíte, 1967; Pleorama, 1971; Procissão das carpideiras, 1969, Relatividade I, 1980; Viassacra, 1971; Sanctus, 1972.
Música instrumental: Tocata, para piano, 1972.
Música sacra: Agnus Dei, 1974; Kirie Christe, 1971; Sanctus, para coro e órgão, 1972.
Música vocal: Forrobodó na saparia, 1982.
Estudou na Escola de Música da UFRJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Com Han-Joachim Koellreutter estudou composicão, contraponto e arranjo. Licenciou-se em música pela UNI-RIO em 1983. Compositor e diretor musical de várias peças de teatro. É um dos mais premiados compositores brasileiros, tendo recebido diversos prêmios Mambembe, Shell, Coca-Cola, APTR, CBTIJ e outros. Faz música para cinema, TV e exposições e trabalhou para a TV Globo por 29 anos. Atuou como compositor e regente em muitos festivais de música contemporânea no Brasil e no exterior. Autor de óperas, musicais, música de câmera e eletroacústica. Sua peça Pianíssimo foi o primeiro texto infantil apresentado na Comédie-Française. Recebeu as bolsas Vitae e Rio-Arte. Foi diretor da Sala Baden Powell, RJ, em 2005 e 2006. Escreve e apresenta o programa Blim-blem-blom na rádio MEC-FM desde 2011, premiado na Bienal do México. Seu Quarteto Circular foi indicado ao Grammy Latino de 2011. Sua ópera O perigo da arte, estreou em 2013 em Buenos Aires e sua montagem brasileira em 2014 foi escolhida como um dos 10 melhores espetáculos do ano pelo jornal O Globo. Seus trabalhos mais recentes em TV tiveram muita repercussão : as novelas Meu pedacinho de chão e Velho Chico e a minissérie Dois irmãos, todas com direção de Luiz Fernando Carvalho. Fez a música do filme Pluft, com direção de Rosane Svartman e em 2019 lançou a Classical tracks, uma livraria digital de música clássica voltada para o mercado audiovisual. Foi novamente premiado pela músicas de vários espetáculos infantis e trabalhou em duas novas grandes produções para o Parque Beto Carrero World, sendo uma delas o aclamado show Hotwheels. Em 2018 começou uma importante colaboração com o maestro Rodrigo Toffolo, da Orquestra Ouro Preto, escrevendo as músicas para O pequeno Príncipe e Fernão Capelo Gaivota. Em 2021 e 2022 lançou três novas óperas: O engenheiro, O boi e o burro no caminho de Belém e Auto da Compadecida (também para a Orquestra Ouro Preto), além do musical Pinóquio, apresentado em todas as unidades do CCBB do país. Em 2022 comemorou seus 60 anos de idade e 45 de carreira, regendo a OSN da UFF em concerto na Sala Cecília Meireles, RJ. É membro da Academia líbano-brasileira de letras, artes e ciências.
Professor e violoncelista, nasceu no Rio de Janeiro, em 03 de novembro de 1894. Iniciou seus estudos musicais em 1905, no Instituto Nacional de Música. Teve aulas de harmonia e violoncelo com Frederico Nascimento, Breno Niederberger, Eurico Costa e Francesco Comaglia. Entre 1912 e 1914, esteve em Roma, como aluno da Academia de Música Santa Cecília, em classes de violoncelo com Luigi Fiorino, e harmonia com Giacomo Setaccioli. Ao regressar ao Brasil, terminou seus estudos de violoncelo no Instituto Nacional de Música, na classe de Alfredo Gomes, obtendo ao final o Primeiro Prêmio e Medalha de Ouro. Em 1927, estudou contraponto, fuga e harmonia com Paulo Silva e, mais tarde, composição e orquestração com Francisco Braga, história da música com Octávio Bevilacqua, regência com Walter Burle Marx, música sacra com frei Pedro Sinzig e harmonia com Agnello França.
Atuou em diversos grupos de câmara, como o Trio Beethoven, com o qual realizou concertos nos salões do Jornal do Commercio, do Clube dos Diários, promovidos pela Sociedade de Cultura Musical. Foi violoncelista do Quarteto de Laureados, criado em 1920 com alunos premiados do INM. Formou ainda o Trio Brasileiro com Humberto Milano no violino e Barrozo Neto ao piano. Foi violoncelista da orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos e um dos fundadores da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, onde atuou como violoncelo solista. Foi também integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Rádio Clube.
Foi nomeado, em 1934, professor interino de harmonia, análise harmônica e construção musical na Escola Nacional de Música e, em 1942, professor interino de harmonia superior, cadeira na qual foi efetivado dois anos depois. Assumiu, posteriormente, a cátedra de composição na Escola Nacional de Música e no Conservatório Brasileiro de Música. Entre seus alunos se destacam Waldemar Henrique, Breno Blauth e Guerra-Peixe. Iniciou a carreira de regente em 1931 e atuou à frente de várias orquestras no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Como compositor deixou diversas obras sinfônicas e de câmara como a ópera A Lenda do Irupê, o episódio lírico Branca Dias, a Sinfonia em sol menor, a Suíte Sinfônica, os Prelúdios Sinfônicos, os poemas sinfônicos São Paulo e Anchieta, a Canção e Dança, para violoncelo e orquestra, a Suíte Auriverde, para orquestra de cordas, o Trio em dó menor, dois Quartetos de cordas e uma Sonata para piano.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de junho de 1966.
Compositor e regente, José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 10 de fevereiro de 1871. De família de músicos, aos sete anos começou a aprender piano com o irmão Pedro. Aos dez anos iniciou estudos com o professor Grunewald e aos doze tornou-se aluno de piano de Tomás Legori e canto de Pedro Pedotti. Em 1889 apresentou-se em audições promovidas pela Sociedade Filarmônica Porto Alegrense. Em 1893 viajou para Milão, Itália, onde frequentou o Real Conservatório como aluno assistente e estudou com Arturo Buzzi-Peccia. Mais tarde tomou aulas particulares com Amintore Galli e Vincenzo Ferroni, mestres do Real Conservatório. Ficou dois anos na Europa e, logo depois de seu retorno ao Brasil, promoveu a execução, na Igreja do Outeiro de Nossa Senhora da Glória, no Rio de Janeiro, da Ave Maria, sua primeira composição apresentada em público.
Voltando a Porto Alegre, frequentava o Bazar Musical e o Café América, e promovia reuniões de músicos em sua casa, entre eles os violinistas Raimundo Viana e Fábio Barros, com os quais muitas vezes improvisava um trio. Participou também dos serões musicais em casa de Otilia Barreto. Entre 1896 a 1911 realizou várias viagens à Europa. Fundou, em 1897, junto com Olímpio Olinto de Oliveira, o Clube Haydn, em Porto Alegre. A 02 de abril de 1897 realizou um concerto no salão do Cassino e a 29 de abril de 1897 participou do segundo concerto do Clube Haydn. Em 1898 apresentou em Porto Alegre fragmentos de Requiem, do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Em 1901 compôs a Marcha da exposição, para a inauguração da Exposição Estadual, e, em outubro do mesmo ano, concluiu sua ópera em dois atos Carmela, que estreou no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, a 17 de outubro de 1902, sob a direção de Ciro Colleoni. Em 1903 fez uma apresentação dessa mesma ópera, mas adaptada para piano, no Rio de Janeiro. Pouco depois, viajou para Milão, onde casou com a harpista Medea Ferrea, que, em Porto Alegre, adotaria o pseudônimo de Isulina Santoro.
Em 1906, já no Brasil, levou a ópera Carmela, no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, com tanto sucesso, que foi reencenada mais quatro vezes. A 10 de junho de 1906 o Instituto Nacional de Música recebeu-o para uma audição de câmara, dedicada somente a obras de sua autoria: interpretou Rêverie, Dança espanhola, Marcha humorística e Festa napolitana. Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Música de Porto Alegre. Em 1909 viajou para Paris, França, em tratamento de saúde, retornando a Porto Alegre já quase paralítico. A 28 de agosto de 1913 participou do concerto que apresentou sua nova ópera, em três atos, O Rei Galaor, no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi, que seria estreada no Theatro Municipal, no entanto, somente a 29 de setembro de 1922.
Faleceu no Rio de Janeiro, capital, em 02 de novembro 1916.
Compositor, violinista e professor, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 18 de março de 1914. Iniciou seus estudos de violino na Escola de Música Santa Cecília de Petrópolis. Mais tarde, na Escola Nacional de Música, estudou com Paulina d’Ambrósio. Fez cursos de aperfeiçoamento em composição no Conservatório Brasileiro de Música com Newton Pádua e H. J. Koellreutter, que o introduziu na técnica dodecafônica. Foi um dos fundadores do Grupo Música Viva, que abandonou no fim da década de 40, quando voltou a professar o nacionalismo musical.
Teve sua Sinfonia nº1, de 1946, executada pela Orquestra da BBC de Londres. Mais tarde, seu Noneto foi regido por Hermann Scherchen, que o convidou para residir na Europa. Preferiu assinar contrato com uma emissora de rádio do Recife, onde aprofundou pesquisas folclóricas, que resultaram na publicação do livro Maracatus do Recife, em 1955. Realizou também pesquisas em São Paulo, onde trabalhou com Rossini Tavares de Lima. No período resultaram obras como o Ponteado, a Suíte Sinfônica no1 “Paulista” e a Suíte Sinfônica no2 “Pernambucana”, compostas em 1955, e o Pequeno Concerto para piano e orquestra, de 1956. Para o Concurso Sinfonia Brasília escreveu a Sinfonia no2, de 1960.
Fixou residência no Rio de Janeiro a partir de 1962, tornando-se violinista da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC e professor de composição dos Seminários de Música Pró-Arte. Lecionou também na Escola de Música Villa-Lobos, na Universidade Federal de Minas Gerais e na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Teve importante atuação como arranjador, tendo trabalhado na Rádio Nacional, na Rádio e TV Tupi, na TV Paulista, TV Globo e nos Festivais Internacionais da Canção (FIC). É autor do famoso arranjo para “Pra frente, Brasil”, música de Miguel Gustavo para a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. Criou também diversas trilhas sonoras para filmes, com destaque para Terra é sempre Terra (1950), O Canto do mar (1953), Riacho de Sangue (1966) e Batalha dos Guararapes (1978).
Foi premiado em concursos de composição como o do programa Música e Músicos do Brasil da Rádio MEC, com o Trio no2 para violino, violoncelo e piano (1960) e no Concurso do Sesquicentenário da Independência do Brasil, do Departamento de Cultura do Estado da Guanabara, com a obra Museu da Inconfidência (1972).
Foi eleito para a ABM em 1971. Recebeu inúmeros prêmios e honrarias de diferentes entidades como Medalha Sylvio Romero pela Prefeitura do Distrito Federal (1951), prêmio “Melhores do Ano”, pela Sociedade Brasileira de Críticos Teatrais e da Rádio Jornal do Brasil (1963), Medalha do Mérito Carlos Gomes, concedida pelo Governo do Estado da Guanabara (1965), Prêmio Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978), Medalha de Mérito da Fundação Joaquim Nabuco de Recife, Pernambuco, Medalha Koeler da Câmara Municipal de Petrópolis, Prêmio Shell (1986) e o Prêmio Nacional da Música, do Ministério da Cultura (1993).
Da Fundação Vitae de São Paulo recebeu a Bolsa Vitae de apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, para compor a obra sinfônica Tributo a Portinari, sua última composição, estreada em 1993 na abertura da X Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1993.
Nasceu em Brusque, Santa Catarina, a 17 de março de 1928. Iniciou aos sete anos estudos de violino com seu pai, Aldo Krieger. Aos 15 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para prosseguir sua formação no Conservatório Brasileiro de Música, onde estudou com H. J. Koellreutter. Em 1945 passou a integrar o Grupo Música Viva. Em 1948 foi escolhido em concurso para estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, EUA, onde assistiu também a aulas de Darius Milhaud. Estudou ainda na Juilliard School of Music, de Nova Iorque com Peter Mennin (composição) e na Henry Street Settlement School of Music com William Nowinsky (violino). Representou a Juilliard no Simpósio de Compositores dos Estados Unidos e Canadá realizado em Boston, e atuou como violinista da Mozart Orchestra de Nova Iorque.
Retornando ao Brasil em 1950 iniciou a atividade de produtor na Rádio Ministério da Educação, onde exerceu a função de diretor musical e organizou a Orquestra Sinfônica Nacional, e de crítico musical do jornal Tribuna da Imprensa. Em 1952 estudou com Ernst Krenek no III Curso Internacional de Verão de Teresópolis, RJ.
Com bolsa do Conselho Britânico, estudou em Londres durante um ano com Lennox Berkeley, da Royal Academy of Music. Em 1959 obteve o primeiro prêmio no I Concurso Nacional de Composição do Ministério da Educação, com Divertimento para Cordas. Em 1961 seu Quarteto de Cordas nº1 obteve o Prêmio Nacional do Disco. Em 1965 suas Variações Elementares foram estreadas no III Festival Interamericano de Música de Washington, e no ano seguinte seu Ludus Symphonicus foi estreado pela Orquestra de Filadélfia no III Festival de Música de Caracas, Venezuela. Em 1969 e 1970 organizou e dirigiu os Festivais de Música da Guanabara, dos quais se originaram, a partir de 1975, as Bienais de Música Brasileira Contemporânea.
Entre os prêmios e honrarias que recebeu estão: Prêmio Internacional da Paz do Festival de Varsóvia (1955), Prêmio da Fundação Rottelini de Roma (1955), Medalha de Honra do Cinquentenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1959), Troféu Golfinho de Ouro (1969 e 1988), a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza, do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina (1997), Troféu Barriga-Verde (1977), Comenda da Ordem Cultural do Ministério da Cultura e Belas Artes da Polônia (1985), Medalha do Mérito Cultural Anita Garibaldi, do Estado de Santa Catarina (1986), Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura (1994) e Medalha Pedro Ernesto, maior honraria concedida pela cidade do Rio de Janeiro. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
Dirigiu a divisão de música clássica da Rádio Jornal do Brasil e exerceu a crítica musical no Jornal do Brasil. Em 1976 assumiu a direção artística da FUNTERJ – Fundação de Teatros do Rio de Janeiro. Em 1979 criou o Projeto Memória Musical Brasileira/PRO-MEMUS, junto ao Instituto Nacional de Artes da FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura. De 1981 a 1989 foi diretor do Instituto Nacional de Música. Foi presidente da FUNARTE, da Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Música.
Seu catálogo inclui obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratórios, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Suas composições têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior, inclusive por orquestras do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Bahia, Belo Horizonte, Liège, Bruxelas, Paris, Londres, Munique, Buenos Aires, Córdoba, Nova Iorque, Filadélfia, Washington, Colônia, Tóquio e outras.
Alda Oliveira (14 de março de 1945, Salvador, Bahia) dedicou a sua carreira à interpretação pianística, à consolidação da educação música no Brasil, ao ensino de música em vários níveis e contextos e à pesquisa. Graduou-se em piano e Licenciatura em Música (UCSAL e UFBA), fez Mestrado em Composição (Tufts University) e PhD em Educação Musical (University of Texas). Foi pesquisadora nível 1 A do CNPq por treze anos. Em 2015/2014 foi pesquisadora visitante no Eliot-Pearson Child Study Department da Tufts University onde concluiu o livro sobre a Abordagem PONTES (Paco Editorial, Jundiaí,SP, para formação do professor de música articulado às variáveis presentes nas situações e tramas presentes nos diversos contextos socioculturais. Publicou dois livros de canções para crianças e jovens: Passeio no Zoológico e Canções para Infância (Ed. Solisluna, Salvador). Alda recebeu prêmios em Composição, em Piano. Foi Diretora da Escola de Mùsica da UFBA e da Escola Pracatum de Carlinhos Brown. Presidiu a ABEM, a CEE/ARTES, a CEE/Música na SESU/ MEC e o I Encontro Latino Americano de Educação Musical ISME/ABEM em Salvador, Bahia. Recebeu os títulos de Sócia Benemérita da ABEM, de Housewright Eminent Scholar pela Florida University (USA) e de Honorário Life Member pela ISME (International Society for Music Education).
Crítico e musicólogo carioca, nasceu a 28 de maio de 1913. Formou-se em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina em 1934, e em piano, no ano seguinte, pela Escola Nacional de Música da antiga Universidade do Brasil. Nessa instituição, ganhou a medalha de ouro de piano, em 1937. Deu continuidade a seus estudos de piano com Tomás Terán e ingressou no curso de formação de professores de canto orfeônico da Universidade do Distrito Federal, formando-se em 1940. Nesse período já colaborava na Revista Brasileira de Música, da qual chegou a ser redator-responsável. Foi redator da Rádio MEC e de 1944 a 1974 foi redator e crítico de música dos jornais Correio da Manhã e Última Hora e da revista Manchete. Foi secretário-geral da Comissão de Música do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi membro da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Teatro e Música.
Como musicólogo seus livros mais importantes são: Lorenzo Fernandez, compositor brasileiro (1950), Música do Brasil (1951), Do lado da música (1955), Memórias de Vera Janacópulos (1959), as coletâneas Matéria de Música I e II (1967 e 1972), Villa-Lobos: síntese crítica e biográfica (1974) e A evolução de Villa-Lobos na música de câmara (1979).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1992.
Compositor, regente e professor, Octávio Meneleu Campos nasceu em Belém, Pará, em 22 de julho de 1872. Iniciou seus estudos com a mãe, a pianista Adelaide da Costa Campos. Interessou-se pelo violino, após contato com o violinista baiano Adelino Francisco do Nascimento. Suas primeiras composições publicadas são de 1888. Em 1891, abandonou a faculdade de Direito que cursava em Recife, e viajou para Milão, aonde veio a frequentar o Real Conservatório de Música, quando estudou com Vincenzo Ferroni. Estudou piano, violino, contraponto, canto gregoriano, harmonia, composição e regência.
Retornou para Belém, em 1900, para assumir a direção do Instituto Carlos Gomes, também estreando como regente no Teatro da Paz. Sua atuação foi intensa: reforma curricular, promoção de concertos e organização de uma orquestra, um quarteto e um coral. É um período de grande produção como compositor, tendo escrito o Intermezzo elegíaco, para o quarto aniversário da morte de Carlos Gomes, o Presto scherzando para orquestra, o Concerto para piano e o Concerto para dois violinos.
Viajou novamente à Europa em 1903 e, em Milão, realizou concertos no Liceo Beccaria e no Real Conservatório quando foram executadas a Sinfonia em lá maior, escrita em 1898, a Fantasia para violino e orquestra e a Suíte Brasileira, ambas de 1901. Ao retornar a Belém reassumiu a direção do Instituto até 1906. No período compôs a suíte Miniaturas, para orquestra, com motivos retirados do folclore paraense. Seguiu para Milão onde compôs a ópera Gli Eroi. Tempos depois, em Paris, realizou audição privada da ópera e apresentou obras de câmara na Sala Berlioz. Inaugurou em 1908, em Belém, uma escola particular de música, onde lecionou. Um ano depois, fez apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em 1913, retornou a Paris para audições. Mudou-se para Portugal, por dois anos, chegando a lecionar nesse país. Ao retornar em 1916 a Belém, retomou o magistério e fundou o Orfeão Meneleu Campos. Como presidente do Centro Musical Paraense e diretor do Serviço de Canto Coral do Estado promoveu concertos vocais sinfônicos e organizou um orfeão com alunos de escolas primárias em Belém.
Além das já citadas, suas obras principais são: a ópera Il Salvocondutto (1899), o Prelúdio em ré maior (1893), Tango (1897) e Marcha nupcial (1902), todas para orquestra, além dos Quartetos em sol maior (1899), em lá maior (1899), em ré maior (1901) e em mi maior (1901-1902) e as canções O Baile na flor (1899), Canto noturno (1899), Perchè (1901), Nella mia barca (1901), Romanzetta (1903), Hinos das normalistas (1903), Alla Mamma! (1908), Infiniment (1913) e Marcha infantil (1925).
Deixou Belém em fins de 1927 para uma viagem ao Rio de Janeiro.
Faleceu repentinamente quando se encontrava na cidade de Niterói/RJ, em 20 de março de 1927.
Compositor e professor, nasceu em Saúde, na Bahia, em 21 de março de 1944. Iniciou os estudos de música com a flauta, a viola e a tuba. Estudou na Universidade Federal da Bahia graduando-se em Estruturação Musical (1966) e Composição (1969), ambas na classe de Ernst Widmer. Participou de cursos de extensão com Edgar Willems, Edino Krieger, Ingmar Gruemauer e Peter Maxwell Davies. Professor aposentado da Universidade Federal da Bahia é mestre em composição e teoria da música pela Universidade Brandeis, doutor em composição pela Universidade do Texas, em Austin, membro da Associação Brasileira de Educação Musical/ABEM, da International Society for Music Education/ISME, membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia, da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/ANPPOM e do Centro de Produção, Documentação e Estudos de Música/SONARE.
Na Universidade Federal da Bahia, além de professor de composição e teoria da música, atuou na administração acadêmica, tendo exercido cargos de chefia na Escola de Música e na administração central da universidade.
Como compositor tem suas obras editadas, executadas e gravadas no Brasil e no exterior. O seu nome está incluído no The New Grove Dictionary of Music and Musicians, no Dizionario Enciclopedico Universale Della Musica e dei Musicisti, no Rieman Musik Lexikon, no Diccionario de la Musica y los Músicos, no Die Musik in Geschichte und Gegenwart e em fontes de referência a respeito da música do Brasil e da América Latina.
Atuou como pesquisador senior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, e como assessor junto a diversas universidades e órgãos de fomento à pesquisa tais como o CNPq a Fundação CAPES, a Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo/FAPESP, e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Sul/FAPERGS. Atualmente exerce a presidência do SONARE além de atuar no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal da Bahia, onde leciona disciplinas relacionadas à composição, teoria da música e informática aplicada à música. Em suas pesquisas tem se dedicado principalmente ao uso da informática aplicada à teoria da música e à composição.
Em 1994 foi lançado, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o livro A música de Jamary Oliveira: estudos analíticos, uma coletânea de textos onde diferentes autores abordam a obra do compositor. Em 2011 teve várias de suas peças para piano gravadas em CD pela pianista Cristina Capparelli Gerling.
Faleceu em Salvador, 29 de março de 2020.
Estudou violino e mais tarde, piano, concluindo o curso de regência na Universidade de São Paulo/USP, em 1980. Até então havia atuado como regente coral, à frente de vários grupos, destacando-se o Madrigal Klaus-Dieter Wolff que recebeu o prêmio de melhor coral do ano de 1980, outorgado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA. Nos três anos seguintes, continuou seus estudos na Alemanha, na Escola Superior de Música de Detmold, sob a orientação de Martin Stephani. Durante este período, estudou também com Sergiu Celibidache.
De volta ao Brasil, em 1984, desenvolveu intenso trabalho voltado à formação de músicos, atuando como regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí, de 1985 a 1987, e da Orquestra Sinfônica Juvenil do Litoral, de 1984 a 1991. Durante 12 anos, de 1986 a 1998, foi regente da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, com a qual realizou várias turnês nacionais e concertos no México e Dinamarca. Na temporada de 1992, foi também regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Coordenou e dirigiu eventos, cursos e festivais de música, destacando-se o Festival de Inverno de Campos do Jordão, do qual foi diretor artístico durante quatro anos, de 1987 a 1990, e as Oficinas de Música de Curitiba.
De 1996 a 2003, foi regente titular e diretor artístico da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, de Porto Alegre. De 1998 a 2005 foi regente da Sinfonia Cultura, Orquestra Sinfônica da Rádio e TV Cultura, da qual tornou-se também, a partir de 1999, seu coordenador musical. Com esta orquestra que, durante a sua existência, foi aquela que maior número de composições brasileiras executou em todo o país, realizou centenas de gravações radiofônicas e dezenas de gravações para a televisão, além de várias gravações de trilhas de cinema, vinhetas e acompanhamentos de grupos de balé. Como regente convidado, já dirigiu as principais orquestras brasileiras e atuou também no exterior, na Alemanha, Costa Rica, México, Espanha e Dinamarca.
Tendo regido um amplo repertório internacional dedicou-se cada vez mais, nos últimos 20 anos, à pesquisa, divulgação e interpretação do repertório brasileiro. Realizou inúmeras revisões e editorações de obras ainda em manuscritos, preparando-os para serem executados. Dedica-se também à execução de obras brasileiras de autores contemporâneos, tendo participado de diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte e realizado ao longo da carreira mais de uma centena de estreias mundiais.
Na área de musicologia, produziu numerosos textos sobre diversos compositores brasileiros e suas obras, vários deles publicados, com ênfase nas linhas de Análise e Interpretação, bem como História, Estilo e Recepção. Em 2012 lançou pela Editora UNESP o livro Carlos Gomes – Um tema em questão: a ótica modernista e a visão de Mário de Andrade.
É doutor em musicologia pela Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2009, e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes-Música, do Instituto de Artes da UNESP, em 2001.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Música em 2002.
Pianista, compositor, regente e professor, José Vieira Brandão nasceu em Cambuquira, Minas Gerais, em 26 de setembro de 1911. Aos sete anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro e, em 1924, ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou teoria e solfejo com Roberta Gonçalves de Sousa Pinto, Raimundo da Silva e Alfredo Richard, contraponto e fuga com Paulo Silva e piano com Custódio Fernandes Góis. Diplomou-se em 1929, obtendo Medalha de Ouro de piano. Três anos depois, recebeu o diploma do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, do Rio de Janeiro. Fez aperfeiçoamento em piano no Rio de Janeiro com Marguerite Long, em 1932.
Em 1934, fundou o Madrigal Vox, do Conservatório Brasileiro de Música, do qual foi o regente até 1945. Fez recitais no Brasil e no exterior. Tornou-se professor de regência no Conservatório de Canto Orfeônico, a partir de 1943.
Colaborou artisticamente com Villa-Lobos, de quem foi um dos mais notáveis intérpretes. Foi responsável pelas estreias de obras como a Bachianas Brasileiras no3, em Nova York, Choros no11, como solista da Orquestra do Theatro Municipal em 1942, e ainda As Três Marias, Valsa da Dor e vários números do Guia Prático. Fez também a transcrição para piano de peças para violão de Villa-Lobos.
Entre 1945 e 1946, foi bolsista da University of Southern California, em Los Angeles, período em que estudou os diversos sistemas de educação musical utilizados pelas escolas norte-americanas e regeu o conjunto coral daquela universidade, o Madrigal Singers, além de realizar várias palestras e recitais em diversas cidades norte-americanas. Foi quem representou o Brasil na Bienal de Educadores Musicais em Cleveland, EUA, em 1946. Em 1947 retornou aos EUA, desta vez acompanhando Villa-Lobos para auxiliá-lo na preparação do musical Madalena, estreado na Broadway.
Ao retornar ao Brasil, dedicou-se à composição e ao trabalho de regente coral no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e no Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro. Fez parte do Serviço de Educação Musical e Artística da Prefeitura do antigo Distrito Federal. Foi docente livre de piano na Escola Nacional de Música, a partir de 1950. Em 1956, assumiu o cargo de técnico em educação musical e artística junto à Secretaria Geral de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Foi diretor do Conservatório Brasileiro de Música em 1990 e recebeu o Prêmio Nacional da Música da Funarte em 1997.
Começou a compor ainda no tempo de estudos no INM. São dessa época peças como o Minueto para piano (1926) e a canção Sabiá e Mangueira (1929), com texto de Álvaro Moreira. Como compositor é reconhecido por sua consistente obra para coro, com destaque para clássicos do repertório brasileiro, como Trem de Ferro, Canção de muitas Marias e Cussaruim em Dois Tempos, todas com texto de Manuel Bandeira, além de Chorinho, A Missa e o Papagaio e os dois Vocalizes. Deixou ainda várias obras de câmara como o Trio para violino, viola e violoncelo (1960), o Trio para violino, violoncelo e piano (1963), os Quarteto de cordas no1 (1944) e Quarteto de cordas no2 (1960), o Divertimento no1, para quinteto de sopros, a Dança e Seresta para violino e piano, a Seresta e Desafio, para oboé e violoncelo, a Sonata para violoncelo e piano (1954) e várias canções com acompanhamento de piano. Deixou ainda obras de maior fôlego como a ópera Máscaras, com libreto de Menotti Del Picchia, e a Fantasia Concertante para piano e orquestra (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, a 27 de julho de 2002.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1881. Iniciou os estudos de piano como aluno do professor Frederico Malho. Ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou matérias teóricas com Arnaud Gouvêa, piano com Alfredo Bevilacqua, harmonia com Frederico Nascimento e composição com Alberto Nepomuceno. Formou com Humberto Milano e Alfredo Gomes um Trio que marcou época no Rio de Janeiro. Realizou concertos em Bruxelas, Paris, Roma e Turim. Foi diretor artístico da Sociedade de Cultura Musical do Rio de Janeiro.
Ingressou como catedrático do Instituto Nacional de Música em 1906. Foi grande incentivador do canto coral, estimulado pelo movimento do Canto Orfeônico, sob a liderança de Villa-Lobos, nas escolas da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1932. Naquela ocasião tiveram lugar os memoráveis concertos do Coral Barrozo Netto e do Coral Jovem Carlos Gomes, no Salão Leopoldo Miguéz e a apresentação, em um desses concertos, da Suíte Vozes da Floresta, de sua autoria, para coro, solistas e orquestra.
Revisou e editou obras pianísticas para editoras brasileiras, até hoje utilizadas, como os estudos de M. Clementi, J. B. Cramer e C. Czerny.
Como compositor deixou extensa produção de peças para piano. Destacam-se as Variações sobre um tema original, Minha Terra, Movimento Perpétuo, Corrupio, Valsa Lenta, Serenata Diabólica, Galhofeira, Rapsódia guerreira, Feux Follets, Danse des fantoches e Romance sem palavras. No terreno das canções produziu Cantiga, A um coração, Olhos Tristes, Canção da Felicidade, Dorme, Regresso ao Lar, Adeus e Balada, entre outras. As obras de maior envergadura são o Concerto para piano e a ópera A Rainha da noite e a mencionada Suíte Vozes da Floresta.
Faleceu no Rio de Janeiro, 01 de setembro de 1941.
Nasceu em Piracicaba/SP. Celso Porta Woltzenlogel estudou na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, na classe do professor Moacyr Liserra. Aperfeiçoou sua formação musical em Paris, onde teve aulas com Alain Marion, Jean-Pierre Rampal e Nadia Boulanger. Em Boston/EUA,foi aluno do New England Conservatory of Music.
Foi flautista das orquestras Sinfônica Nacional da Rádio MEC e Sinfônica Brasileira. Como camerista fundou e atuou nos grupos Ars Barroca, Quinteto Villa-Lobos, Sexteto do Rio, Duo Instrumentalis e Flautistas do Rio. Além de suas atividades no campo da música clássica, participou intensamente de gravações de trilhas sonoras para o cinema e televisão e nos discos de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim, Egberto Gismonti, Francis Hime, Chico Buarque, entre tantos outros.
Como professor, ministrou master class nos mais importantes cursos de férias e festivais do país e do exterior. Foi professor titular de flauta da Escola de Música da UFRJ, sendo o responsável pela formação de diferentes gerações de flautistas brasileiros. Coordenou o Projeto Bandas da Funarte desde sua criação, em 1976, até 1990.
Já se apresentou em Atlanta, Assunção, Baton Rouge (Louisiana), Bariloche, Beijing, Budapest, Buenos Aires, Caracas, Chicago, Copenhague, Estocolmo, Halifax, Hamburgo, Havana, Izmir, La Plata, Le Mans, Los Angeles, Lima, Lund, Madri, Malmo, Marselha, Mendoza, México, Montevidéu, Nice, Orlando, Porto, Quito, Rosário, Santiago do Chile, Slovenia, San José da Costa Rica, São Petersburgo, Tuscaloosa, Valencia e Vilnius.
Publicou vários trabalhos didáticos, destacando-se o Método Ilustrado de Flauta e, mais recentemente, o Flauta Fácil, método prático para principiantes. Foi fundador e presidente da Associação Brasileira de Flautistas (1994/2007). Desde 1999 reside em Paty do Alferes/RJ onde continua produzindo trabalhos didáticos junto à Editora Irmãos Vitale, além de ministrar aulas de flauta para jovens da região sul fluminense e participar como professor do Festival Vale do Café desde sua primeira edição.
Site: http://www.celsowoltzenlogel.net/
Crítico e compositor, João Itiberê da Cunha nasceu em Açungui, hoje Cerro Azul, no Estado do Paraná, em 08 de agosto de 1870. Seu pai, João Manoel da Cunha, era músico amador, latinista e diretor de Instrução Pública do Paraná. Com ele, João Itiberê conheceu as primeiras noções de música. Em 1880, quando tinha dez anos de idade, seu irmão Brasílio Itiberê da Cunha, diplomata e compositor, o levou para a Bélgica, onde se tornou aluno do Collége Saint-Michael, o mesmo onde estudava o escritor Maeterlinck. Em seguida foi matriculado no Institut Saint Louis. Diplomou-se em Direito pela Universidade de Bruxelas. Na capital belga escreveu e publicou Prélude, livro de poemas, em 1889.
Teve participação no movimento simbolista belga, graças à sua atuação na revista La Jeune Belgique. Transferiu-se para Paris, onde trabalhou para o Le Figaro. Voltou ao Brasil em 1892, fixando-se em Curitiba, onde lançou a revista O Cenáculo. No ano seguinte, ingressou na carreira diplomática, servindo como secretário na Legação do Paraguai. Não aceitando a transferência para a Legação da Bolívia, em 1898, abandonou definitivamente a diplomacia e entrou para o jornalismo. No Rio de Janeiro, trabalhou inicialmente em A Imprensa, jornal de Rui Barbosa. Foi um dos fundadores do jornal Correio da Manhã, onde assinava seus textos e críticas musicais com as iniciais JIC. Como compositor, deixou algumas poucas obras, especialmente para piano solo e canções.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1953.
Nasceu em Nápoles, Itália, em 22 de março de 1884. Era filho de Adelina Alambary e de seu professor de canto, o tenor português Eduardo Medina Ribas. Na primeira infância, Velasquez foi confiado a uma família italiana, sendo trazido para o Brasil com onze anos, passando por filho adotivo de sua mãe verdadeira, com quem viveu até o fim de sua curta vida. Fez seus estudos musicais no Instituto Nacional de Música com Frederico Nascimento e Francisco Braga.
Suas primeiras composições datam de 1902. Sua música está escrita em linguagem bastante moderna para sua época, razão pela qual alguns críticos viram nela sinais do expressionismo e mesmo tendências ao atonalismo. Seus amigos músicos ficaram tão impressionados com a produção musical deste jovem compositor que, quando de seu falecimento, aos 30 anos de idade, constituíram uma sociedade com o objetivo de difundir sua obra. Pouco antes de seu falecimento, foi feito movimento no sentido de ser obtida bolsa de estudos do governo brasileiro, cujo verdadeiro objetivo seria permitir ao compositor tratar-se em algum centro suíço especializado em tuberculose, doença que provocou sua morte prematura em 21 de junho de 1914, no Rio de Janeiro.
A Sociedade Glauco Velasquez foi fundada em 17 de janeiro de 1915. Entre os admiradores do compositor brasileiro estava o francês Darius Milhaud, que residia no Rio de Janeiro e conheceu a obra de Velasquez através de Luciano Gallet. Milhaud participou, em 1917, como violinista e pianista, de concertos interpretando a música de câmara de Velasquez. Foi também o responsável por completar e apresentar, em 1918, o Trio no4, para violino, violoncelo e piano. Outra obra de Velasquez que ficou incompleta foi a ópera Soeur Beatrice. Escreveu ainda sonatas para violino e para violoncelo, música para piano e canções.
Nascido em Curitiba, Para¬ná, em 1918, aos 5 anos já tocava piano em festivais de arte, diplomando-se em piano pelo Conservatório de Salzburgo, Áustria. Após sua passagem como professor de piano, na Escola de Música e Belas Artes do Para¬ná, e de fisiologia da voz, no Con¬servatório de Santos, transfe¬riu-se para o Rio de Janei¬ro, onde atuou como diretor musical das rádios Mayrink Veiga e Mun¬dial. Foi regente de importan¬tes orques¬tras brasi¬leiras, tais como a Orquestra Sinfônica Brasileira, a do Thea¬tro Municipal do Rio de Janeiro e a Or¬questra de Câmara da Rádio Ministério de Educação e Cultura, além de reger e orquestrar repertório diversificado para or¬questras de rádio e tele¬visão. Foi ocupante da cadeira nº 37 da Acade¬mia Brasileira de Músi¬ca. De sua obra orquestral destacam-se ‘Seres¬ta suburbana’, ‘Fantasia, para orquestra’, de 1938, ‘Bailado do trigo’, de 1940 e a sinfonia ‘Um poema para a Lapa’. Alceo Bocchino faleceu em 07 de abril de 2013.
Nasceu em 07 de março de 1943, em São Luís do Maranhão. Em 1946 radicou-se no Rio de Janeiro. Iniciou o estudo do violão por influência do pai, também violonista. Estudou com Antônio Rebello e Jodacil Damasceno. A partir de 1959 passou a estudar com o professor uruguaio Oscar Cáceres. Em 1961 conheceu Arminda Villa-Lobos, esposa do compositor, que o convidou a gravar a primeira integral dos Estudos para violão e participar da primeira audição mundial do Sexteto Místico. Em 1963 apresentou a primeira audição da série completa dos Estudos para violão, durante o Festival Villa-Lobos.
Em 1965, venceu o VII Concours International de Guitare da ORTF e se radicou na França, iniciando sua carreira internacional. Na Europa estudou com Julian Bream e Andrés Segóvia e gravou seus primeiros discos para os selos RCA, Musidisc Europe e Erato. Entre os concertos de maior destaque de sua carreira internacional figuram parcerias com artistas como M. Rostropovitch, Yehudi Menuhin e Victoria de Los Angeles, assim como atuações como solista diante das orquestras Royal Philharmonic Orchestra, English Chamber Orchestra, Orchestre National de France, Orchestre J. F. Paillard, Orchestre National de L'Opéra de Monte-Carlo, Concerts Pasdeloup e Concerts Colonne.
Para a Editora Max Eschig criou uma coleção de obras para violão onde figuram compositores como Cláudio Santoro, Edino Krieger, Ricardo Tacuchian, Francisco Mignone, Almeida Prado, Radamés Gnattali e Nicanor Teixeira. Para a Ricordi de São Paulo organizou uma coletânea com obras de João Pernambuco, Garoto (Anibal Sardinha) e Dilermando Reis.
Em 1974 fixou residência novamente no Rio de Janeiro mantendo a carreira internacional até 1980, quando decidiu suspender as grandes turnês. Foi diretor da Sala Cecília Meireles em 1980. No mesmo ano recebeu o título de Notório Saber da Universidade Federal do Rio de Janeiro e criou o curso de violão da Escola de Música da UFRJ. No ano seguinte tornou-se também professor da UNIRIO. Como fruto das atividades didáticas nas duas universidades criou em 1982 a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro. Vários compositores escrevem para a orquestra (ou transcrevem originais) como Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Edino Krieger e Roberto Gnattali.
Em 1986 assumiu a direção do Museu Villa-Lobos, permanecendo no cargo até 2010. À frente da instituição liderou as comemorações pelo centenário do compositor em 1987, conseguiu a sede definitiva e digitalizou todo o acervo. Em 1987 fundou a Associação de Amigos do Museu Villa-Lobos/AAMVL.
Em sua carreira artística continuou gravando para selos como Vison, Ritornello, Sony, Kuarup e Rob Digital. Suas antigas gravações para a Erato foram relançadas pela Warner (WEA). Em 2002 lançou seu livro Mentiras…ou não?, pela Editora Zahar.
Turibio Santos foi condecorado como Chevalier de la Legion D'Honneur pelo Governo Francês, em 1985, e pelo Governo Brasileiro como Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul, em 1989. Foi presidente da Academia Brasileira de Música entre 2010 e 2013.
Portal: www.turibio.com.br
Nasceu em São Paulo, em 21 de março de 1898. Seu irmão, o pianista José Augusto de Souza Lima, foi quem o iniciou, aos quatro anos de idade, nos estudos musicais. Prosseguiu com Luigi Chiaffarelli (piano), Agostino Cantú (harmonia e composição) e Saverio Simoncelli (violoncelo). Com dezesseis anos de idade, já havia feito recitais no Rio de Janeiro e São Paulo, e obtido prêmios de composição. Em 1919, foi o primeiro colocado em concurso para bolsa de estudo no Conservatório de Paris, onde permaneceu entre 1919 e 1930. Estudou piano com Isidor Philipp, Marguerite Long, Egon Petri e Alexander Brailowsky, música de câmara com Camille Chevillard e Paul Paray, história da música com Maurice Emmanuel, harmonia, órgão e composição com Eugène Cools e Eugène Gigout e regência com Camille Chevillar.
Ganhou o primeiro prêmio de piano do Conservatório de Paris em 1922. Em 1926, veio a substituir Marguerite Long no mesmo conservatório. Em 1923, conseguiu a vaga de solista, por concurso, dos concertos Colonne, de Paris. Estudou a obra pianística de Claude Debussy com Madame Debussy e grande parte da obra pianística de Maurice Ravel, com o próprio compositor. Fez turnês pelo Brasil, França, Itália, Alemanha, Turquia, África, Argentina e Uruguai.
Colaborou com o Quarteto de Cordas Léner. Ganhou o primeiro prêmio, em 1937, com seu poema sinfônico O Rei Mameluco, em concurso promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Recebeu menção honrosa com o Poema das Américas em concurso sinfônico organizado por Henry Reichold, nos Estados Unidos, em 1942, no qual participaram 400 compositores das Américas. Foi pianista por dez anos do Trio de São Paulo, do Departamento Municipal de Cultura. Fez conferências sobre música brasileira nos Estados Unidos, entre 1971 e 1972, a convite da Universidade de Michigan, e dirigiu a orquestra desse centro. Fundou e dirigiu a Orquestra de Câmara da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi fundador e diretor artístico da Rádio Tupi de São Paulo e teve participações na Rádio Gazeta, de São Paulo, como solista de piano e regente. Foi diretor e fundador da Instrução Artística do Brasil. Dirigiu cursos de virtuosidade nos conservatórios Carlos Gomes, de São Paulo e Santa Cecília, de Santos. Foi professor da Academia Paulista de Música. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e diretor artístico da editora musical Irmãos Vitale.
Como compositor, além das acima citadas, se destacam as seguintes obras: ópera Andrea Del Sarto (1957), os bailados Lendas Brasileiras (1941) e Brasil Moderno (1960), o Poema de São Paulo, para orquestra, o Concerto em lá menor para piano e orquestra, Intermezzo, para violino, violoncelo e piano (1918), Quarteto de cordas, Berceuse e Sonata em mi menor para violino e piano, Canção Infantil (1918), Tocatina (1940), Valsa Brasileira (1942), Noturno (1968) para piano, o Hino da Revolução de 1932 e as duas séries de Cantos Infantis Brasileiros, para coro (1973). Escreveu ainda a obra didática O Futuro pianista e revisou inúmeras obras para piano publicadas pelas editoras Vitale e Ricordi.
Em 1982 publicou, pela IBRASA de São Paulo, sua autobiografia, intitulada Moto Perpétuo, a visão poética da vida através da música.
Faleceu pouco tempo depois, em São Paulo, em 28 de novembro de 1982.
Compositor, professor e pianista, Homero de Sá Barreto nasceu em Cravinhos, São Paulo, em 25 de março de 1884. Teve formação na área de humanidades, em São Paulo. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, matriculou-se no Liceu de Artes e Ofícios e, posteriormente, no Conservatório Livre de Música. Frequentou também o Instituto Nacional de Música, onde teve aulas de piano com Alfredo Bevilacqua e de harmonia com Frederico Nascimento. Abandonou o Instituto devido à debilidade de sua saúde. Foi livre docente da Escola Normal e, em 1917, foi nomeado professor de canto do Instituto Nacional de Música.
Sua obra é pequena. Algumas delas foram adaptadas por Villa-Lobos e adotadas no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Entre elas se destacam a ópera Jati, o poema sinfônico Fiat Lux, a Suíte Antiga, para orquestra, o Trio para violino, violoncelo e piano, Moto Perpétuo, para violino e piano, a Missa Pro Defunctis, as canções Amor!, Desengano e Arabescos, Canção Russa e Lamento Noturno, para piano.
Faleceu aos 40 anos, no Rio de Janeiro, em 02 de dezembro de 1924.
Nasceu em São Paulo, em 02 de março de 1952. Iniciou o estudo do piano aos nove anos com o maestro Souza Lima. Aos 12 anos estreou como solista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Estudou harmonia, contraponto e composição com Artur Hartmann. Em 1967 seguiu para a França com bolsa do governo Frances para estudar no Conservatório de Paris, onde foi aluno de composição de Olivier Messiaen e de piano de Lucette Descaves. Do governo da Alemanha, através do DAAD, ganhou bolsa em 1969 para estudar na Escola Superior de Música de Freiburg com Carl Seemann e Konrad Lechner. Seguiu para Londres com apoio do Conselho Britânico em 1974, onde foi orientado por Louis Kentner. Retornou ao Brasil em 1977. Suas realizações fonográficas, como compositor e/ou como intérprete contam com mais de 70 títulos, apresentando um vasto repertório, com ênfase especial para Liszt, e suas próprias composições. Estão distribuídos no Brasil, Europa, Japão e Estados Unidos.
Recebeu inúmeros prêmios como pianista e compositor, assim como distinções e honrarias em reconhecimento ao seu trabalho artístico no Brasil, França, Alemanha, Inglaterra, Hungria e Japão. Da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA já recebeu diversas vezes o prêmio de melhor obra do ano.
Ocupou a presidência da Sociedade Brasileira de Musicologia no triênio 1993/1995, e em 1998 tomou posse na presidência da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, International Society for Contemporary Music, Brazilian Section, para um mandato de quatro anos.
É responsável pelo programa de música sacra Laudate Dominum, da Cultura FM de São Paulo.
Suas turnês de concertos incluíram, afora o Brasil, quase todos os países da Europa, China, Japão, Taiwan e Oriente Médio. A convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil realizou uma extensa viagem de concertos por oito países da América Latina, apresentando-se na Colômbia, Equador, Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia. No Japão já realizou mais de 250 concertos em cerca de 200 cidades em turnês regulares desde 1994.
Assumiu a presidência da Fundação Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 2001, cargo que ocupou por oito anos.
Seu extenso catálogo de obras abrange mais de 500 composições em diferentes gêneros, desde piano solo e música de câmara até peças corais sinfônicas, com especial ênfase na música sacra. Algumas de suas obra são publicadas pela Ponteio Publishing de Nova York e pela LittleStar do Japão.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em 2000.
Site: http://www.amaralvieira.com/
Médico sanitarista e músico amador, Rodolpho Josetti nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 17 de setembro de 1888 e faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de março de 1946. Violinista e musicólogo teve sua iniciação musical em colégio religioso de Novo Hamburgo. Mais tarde, fez aperfeiçoamento com diversos mestres na Alemanha. Ao retornar ao Brasil, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1912. Fez curso de aperfeiçoamento no Instituto Oswaldo Cruz. Era membro do American College of Surgeons de Chicago/EUA, eleito em 1920, e publicou inúmeros trabalhos sobre medicina.
Fundou em 1934 a Sociedade de Cultura Artística do Rio de Janeiro, da qual ocupou a presidência. Através da Cultura Artística promoveu inúmeros concertos com artistas nacionais e internacionais como Pablo Casals, Fritz Kreisler, Andrés Segovia, Antonieta Rudge, Quarteto Guarnieri, entre muitos outros. Da Sociedade Pro-Arte foi responsável pela seção brasileira da Revista Intercâmbio. Foi violinista do quarteto do Clube da Música de Câmara. Pronunciou várias conferências radiofônicas, na Casa d’Itália e na Escola Nacional de Música. Participou, com Andrade Muricy, da comissão nomeada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1939, para organizar o Conselho Administrativo do Theatro Municipal. Pelas rádios Difusora e Jornal do Brasil apresentou a série Música e Saúde, vinculada ao Serviço de Propaganda Sanitária e também uma série de 22 conferências sobre as sinfonias de Beethoven. Recebeu do governo italiano a comenda Coroa d’Itália em 1941. Sua obra musicológica aborda compositores universais e é voltada para o público leigo. Publicou: Schubert, ensaio crítico e biográfico; Goethe, prefácio à guisa de ensaio; Luigi Boccherini (1941) e Beethoven e suas nove sinfonias (1945).
Compositor, professor, pianista, regente e folclorista, nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1893. Durante sua formação escolar, no Colégio Pedro II, participou de várias atividades como cantor, pianista e ator. Formou-se em arquitetura. Atuou como pianista em cafés e cinemas. Em 1913 começou a atuar como acompanhador e, por incentivo de Glauco Velasquez, apresentou-se a Henrique Oswald. No ano seguinte fez sua matrícula no Instituto Nacional de Música, onde teve aulas com Henrique Oswald e Agnelo França. Neste mesmo ano veio a fundar a Sociedade Glauco Velasquez, para a difusão da obra do compositor prematuramente falecido. Terminou seu curso de piano em 1916, iniciando logo sua carreira no magistério. No ano seguinte, estudou com Darius Milhaud, então residente no Rio de Janeiro, que o colocou em contato com a música moderna francesa.
A partir de 1918 iniciou sua carreira de compositor. Em 1924 lançou os dois primeiros cadernos das Canções Populares Brasileiras, e fundou a sociedade coral Pró-Arte. Mais três cadernos completariam, em 1926, as Canções Populares Brasileiras. Nesse mesmo ano tornou-se o diretor da revista musical Weco. Em 1930, descontente com os rumos da música brasileira, acionou campanha que culminou com a fundação da Associação Brasileira de Música.
Tornou-se diretor do Instituto Nacional de Música em 1930, nomeado por Getúlio Vargas. Empreendeu uma grande reforma curricular com a colaboração de Mário de Andrade e Antônio de Sá Pereira. A reforma imposta, sem a participação do corpo docente do INM, gerou conflitos que culminaram com sua renúncia em 1931.
Escreveu duas monografias, O Índio na música brasileira e O Negro na música brasileira (1928), e outros trabalhos de pesquisa sobre cantigas e danças brasileiras. Os escritos foram reunidos postumamente por Mário de Andrade e publicados sob o título de Estudos de Folclore (1934).
De sua obra se destacam: Elegia e Romances nos1 e 2, para violino e piano (1918), a Suíte Turuna, para violino, viola, clarineta e percussão (1926), a Suíte Nhô-Chico, para piano (1927), a Suíte sobre temas afro-brasileiros, para sopros e piano (1928) e a Suíte Popular, para orquestra (1929).
Faleceu precocemente no Rio de Janeiro, em 29 de outubro de 1931.
Historiador e folclorista, nasceu em Itapetininga, São Paulo, a 25 de abril de 1915. Iniciou seus estudos de piano e de teoria musical com seu pai, Mozart Tavares de Lima. Diplomou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Fundou e dirigiu a revista Folclore, participando também da criação do Centro de Pesquisas Folclóricas Mario de Andrade. Ocupou o cargo de professor de história da música e de folclore nacional no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Foi colaborador dos seguintes jornais: "Jornal da Manhã", "Correio Paulistano", "Folha da Manhã", "Roteiro", "Planalto", "A Noite", "Hoje e das revistas Ilustração", "Hoje e Leitura". Foi fundador da Academia Paulista de Música, redator de arte do jornal "A Gazeta", comentarista musical da "Rádio Gazeta". Foi fiscal de ensino musical do Serviço de Fiscalização Artística da Secretaria de Governo, membro da comissão de ensino da Fundação Armando Alvares Penteado e membro do Conselho Nacional de Folclore. Escreveu "Manifestações folclóricas em São Paulo", para o livro de Ernâni Silva Bruno: São Paulo, e "Terra e povo", editado em Porto Alegre em 1967,"Notas sobre pesquisas do folclore musical", São Paulo, 1945, "Folclore nacional", São Paulo, 1946, "Ai, eu entrei na roda, 50 rodas infantis, São Paulo, 1947, "Poesias e adivinhas", São Paulo, 1947, "ABC de folclore", São Paulo, 1952, "Da conceituação do lundu", São Paulo, 1953, "Melodia e ritmo no folclore de São Paulo", São Paulo, 1954, "Folguedos populares de São Paulo", São Paulo, 1954, "O Folclore na obra de escritores paulistas", São Paulo, 1962, "O Folclore do litoral norte de São Paulo", Rio de Janeiro, 1968 e "Folclore das festas cíclicas", São Paulo, 1971.
Soprano e folclorista, foi musicista de raros méritos. Estudou no Instituto Nacional de Música da Universidade do Brasil, onde formou-se com Medalha de Ouro em Piano. Durante toda sua vida, usou o piano sobretudo como colaboradora de cameristas, particularmente de cantores, granjeando fama de parceira musical de qualidades excepcionais. Estudou canto com Murillo de Carvalho, com ele aprendendo a usar com perfeição a pequena voz de que dispunha. Se não foi cantora famosa por ter timbre ímpar ou volume poderoso, fez nome por saber dizer as canções que cantava. O grande crítico Andrade Muricy dela dizia: "um recital de Maria Sylvia é uma festa de inteligência. É uma intérprete". Suas qualidades fizeram com que grande quantidade de compositores tenham dedicado a ela muitas canções de câmara, que ela cantou em estreia mundial, muitas vezes acompanhada dos autores.
Maria Sylvia Pinto foi professora requisitada. Lecionou canto por muitos anos no Instituto Villa-Lobos da UNI-RIO, além de ter dado aulas particulares para cantores já atuantes que buscavam orientação quanto à interpretação da canção de câmara e, muito particularmente, da música brasileira. Ela foi também professora de folclore brasileiro da mesma universidade. Os arquivos da Rádio MEC guardam muitas gravações de programas nos quais Maria Sylvia cantou. Ela deixou também o livro "A canção brasileira", editado por ela em 1985. Foi sucessora de Rossini Tavares de Lima na cadeira nº 39 da Academia Brasileira de Música, para a qual tinha sido eleita inicialmente no quadro especial de membros intérpretes.
Mestre (1985) e Doutora (1989) em Artes, é Livre-Docente (2004) e Professora Titular (2009) da Universidade de São Paulo. Pesquisadora no Instituto de Estudos Brasileiros, onde foi Presidente e Coordenadora do Programa Culturas e Identidades Brasileiras entre 2010 e 2014. Orienta também na pós-graduação em Musicologia do Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicações e Artes (USP). Antes de seu ingresso na Universidade, como pesquisadora do Centro Cultural São Paulo, processou e descreveu todo o acervo constituído pela Missão de Pesquisas Folclóricas trabalhando, a partir da década de 1990, pelo restauro e preservação da Coleção.
Na Musicologia tem trabalhado com ênfase nos assuntos da primeira metade do século XX atuando principalmente nos seguintes temas: a literatura musical de Mário de Andrade, Modernismo e Música, Camargo Guarnieri: vida e obra, Etnomusicologia, Metodologia da Pesquisa em Música.
O musicólogo Renato Almeida nasceu em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, em 06 de dezembro de 1895. Após a conclusão do curso de humanidades, partiu para o Rio de Janeiro, onde mais tarde ingressou na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelando-se em direito em 1915. O direito e o jornalismo foram suas atividades profissionais, atuando nos periódicos Monitor Mercantil e na América Brasileira, como redator-chefe. Assumiu a direção do Licée Français do Rio de Janeiro, em 1926, época de seu ingresso no Ministério das Relações Exteriores, onde chefiou o Serviço de Informações e, posteriormente, o Serviço de Documentação do Itamaraty.
Em 1947, no âmbito do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura/IBECC do Ministério das Relações Exteriores, fundou a Comissão Nacional de Folclore, sediada no Palácio do Itamaraty e vinculada à UNESCO. Entre 1947 e 1952, promoveu em vários estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Alagoas, a Semana do Folclore. Foi também o promotor do I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, tendo presidido também, três anos depois, o II Congresso Brasileiro de Folclore, em Curitiba. Também organizou e presidiu, em 1954, o Congresso Internacional do Folclore, por ocasião do IV Centenário da Cidade de São Paulo. De sua obra musicológica destaque-se: História da música brasileira (1926 e 1942); Compêndio de história da música brasileira (1948); Inteligência do folclore (1957); O Folclore na poesia e na simbólica do direito (1960), Tablado folclórico (1961), O IBECC e os estudos de folclore no Brasil (1964), Manual de coleta folclórica (1965); Música e dança folclóricas (1968); Danses africaines en Amérique Latine (1969) e Vivência e projeção do folclore (1971).
Publicou artigos na Revista Brasileira de Folclore, como O Folclore negro no Brasil (1968).
Foi membro-fundador efetivo do Conselho Superior de Música Popular Brasileira do Museu da Imagem e do Som/MIS, a partir de 1966.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1981.
Nasceu em São Paulo, em 09 de outubro de 1893. Fez estudos secundários no Ginásio do Carmo. Em 1911, matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, nos cursos de piano e canto, formando-se em piano em 1917, ano em que publicou os primeiros ensaios de crítica de arte, em jornais e revistas e seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema. Em 1922, tornou-se professor de história da música e de estética musical do Conservatório. Dois anos depois, assumiu a cátedra de história da música e de piano. Em 1922 publicou Paulicéia desvairada e organizou, no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, evento cultural que marcou o início do modernismo no Brasil e que apresentou novas ideias e conceitos para a arte brasileira.
O ano de 1928 viu nascer suas duas obras mais importantes, o romance Macunaíma e o Ensaio sobre a música brasileira, que fixou as bases do nacionalismo musical brasileiro e tornou-se a principal referência teórica para várias gerações de compositores. Publicou um ano depois o Compêndio de história da música (1929), reescrito posteriormente com o nome de Pequena história da música (1942), e a seguir Modinhas imperiais (1930). Em Música, doce música (1933), reuniu escritos, conferências e textos de crítica musical. A partir de 1934 tornou-se colaborador da Revista Brasileira de Música, publicada pelo Instituto Nacional de Música/INM, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No INM já havia colaborado com a reforma curricular de 1931, em parceria com Luciano Gallet e Antônio de Sá Pereira.
Assumiu a direção do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1935, tendo sido o criador no mesmo ano da Discoteca Pública Municipal e do Quarteto Haydn, atual Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. No ano seguinte criou o Coral Paulistano. Do mesmo período são outras iniciativas importantíssimas, como a fundação da Sociedade de Etnografia e Folclore (1936), a organização do I Congresso da Língua Nacional Cantada (1937) e da Missão de Pesquisas Folclóricas (1938), que realizou um levantamento etnográfico de manifestações folclóricas do Norte e Nordeste do Brasil.
Em 1936 redigiu para o Ministério da Educação, por solicitação de Gustavo Capanema, o documento que estabeleceu as bases para a organização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/SPHAN, fundado em 1937.
Desligou-se do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938 e se estabeleceu no Rio de Janeiro, assumindo a direção do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, onde também lecionava filosofia e história da arte.
Em 1941 publicou Música do Brasil e em 1944 foi homenageado pela Revista Brasileira de Música, com a publicação de uma separata do volume IX, por ocasião de seu cinquentenário de nascimento. Mário de Andrade faleceu em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1945.
Inúmeros trabalhos e escritos seus foram incorporados às suas Obras completas, iniciada em 1944, compreendendo 20 volumes. Entre eles se destacam Aspectos da Música Brasileira (vol. XI), Música de Feitiçaria no Brasil (vol. XIII) e Danças Dramáticas do Brasil (vol. XVIII). Textos inéditos foram publicados ao longo dos anos como o Dicionário Musical Brasileiro (1989) e Introdução à Estética Musical (1995).
Vasco Mariz (Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1921 - Rio de Janeiro, 16 de junho de 2017) foi um historiador, musicólogo, escritor e diplomata brasileiro. Estudou música no Conservatório Brasileiro de Música e formou-se em direito pela Universidade do Brasil, em 1943. Diplomata de carreira desde 1945, serviu o Itamaraty por 42 anos, aposentando-se como embaixador do Brasil em Berlim. Como diplomata, trabalhou em Portugal, Iugoslávia, Argentina, Itália e Estados Unidos. Foi representante do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos e embaixador do Brasil no Equador, Israel e Chipre, cumulativamente, Peru e Alemanha Oriental. Representou o Brasil em numerosas conferências internacionais da ONU, OEA, UNESCO e FAO. No Itamaraty, chefiou as Divisões de Política Comercial, de Organismos Internacionais, de Difusão Cultural e da Europa Ocidental. Foi depois chefe do Departamento Cultural e de Informações, assessor especial para relações com o Congresso Nacional e secretário de assuntos legislativos.
Como musicólogo, foi secretário da Comissão Nacional de Música da UNESCO, presidente do Conselho Inter-americano de Música da OEA e vice-presidente do IBECC, órgão da UNESCO no Brasil. Depois de aposentado, foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura do MinC, onde presidiu a Câmara de Artes, de 1987-1989. Foi colaborador regular do suplemento Cultura de "O Estado de São Paulo" e do "Jornal do Brasil". Foi membro do júri e presidiu diversos concursos nacionais e internacionais de música. Tem proferido numerosas palestras em diversas instituições culturais em vários estados do Brasil. Foi condecorado por diversos governos estrangeiros e recebeu várias medalhas brasileiras. É membro do conselho técnico da Confederação Nacional do Comércio, da Academia Brasileira de Música, que presidiu de 1991 a 1993, do PEN Clube do Brasil, dos Institutos Histórico e Geográfico Brasileiro e de São Paulo e da Academia Brasileira de Arte, da Real Academia de História da Espanha, das Academias de História de Portugal e Argentina. Vinte e seis dicionários e enciclopédias brasileiros e internacionais trazem verbetes a ele dedicados.
Em 1983, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe o prêmio José Veríssimo pelo melhor estudo histórico do ano. Em 1993, a prestigiosa revista norte-americana “Inter-American Music Review”, de Los Angeles, publicou um Tribute to Vasco Mariz, comentando a sua obra como musicólogo. Em 1996, sócio benemérito do PEN Clube do Brasil; em 2000, a Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA concedeu-lhe o grande prêmio da crítica musical pelo conjunto de sua obra musicológica e pela divulgação da música clássica brasileira no Brasil e no exterior. Em 2007, a Academia Paulista de História deu-lhe o prêmio Clio; em 2009 a APCA voltou a conceder-lhe o prêmio personalidade musical de 2008. É sucessor de Renato de Almeida na cadeira nº 40 da Academia Brasileira de Música.
De sua obra musicológica, destaque-se: "Figuras da música brasileira contemporânea", 2ª ed., Editora Universidade de Brasília, 1970; "A Canção Popular Brasileira e A Canção Brasileira de Câmara", 6ª ed., Editora Francisco Alves, RJ, 2002; "Dicionário biográfico musical", 3ª ed., Editora Vila Rica, 1991; "Heitor Villa-Lobos, compositor brasileiro" 12ª ed., Editora Francisco Alves, 2006, além de duas edições nos EUA, uma na União Soviética, uma na França, uma na Itália e uma na Colômbia; "Vida musical", 1ª série, Editora Lello e Irmãos, 1950; 2ª série, MEC, 1970; 3ª série, BCD Editores, 1997; "Alberto Ginastera", Centro de Estudios Brasileños, 1954; "História da música no Brasil", 7ª ed., Editora Nova Fronteira, 2009; "Três musicólogos brasileiros, ensaios sobre Mário de Andrade, Renato Almeida e Luiz Heitor", Civilização Brasileira, 1985; "Claudio Santoro", Civilização Brasileira, 1984; "Villegagnon e a França Antártica", Nova Fronteira, 2000 - 2ª ed., 2005; "La Ravardière e a França Equinocial", Topbooks, 2007; "Temas da polícia internacional", Topbooks, 2008; "Cartas de Villegagnon", Editora Batel, 2009 e “Ensaios Históricos” Francisco Alves, 2004.
Foi o organizador das seguintes obras: "Música brasileña contemporánea", Editora Apis, Rosário, Argentina, 1952; "Quem é quem nas artes e letras do Brasil", MRE, 1967; "Ribeiro Couto", Centro de Estudios Brasileños de Lima, 1985; "Ribeiro Couto, 30 anos de saudade", Univ. Santa Cecília dos Bandeirantes, 1994; "Antônio Houaiss, uma vida", Civilização Brasileira, 1995; "Francisco Mignone:o homem e a obra", FUNARTE, 1997; "O centenário de Rui Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras, 1998; "Maricota Baianinha e outras mulheres", ABL, 2002, "A Antologia de Contos de Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras; "Brasil / França: as relações históricas no período colonial", Editora da Biblioteca do Exército, 2006.
Como lexicógrafo, além de seu "Dicionário Biográfico Musical", Vasco Mariz contribuiu com numerosos verbetes nos seguintes dicionários e enciclopédias nacionais e estrangeiras: "Diccionario Enciclopédico de la Musica", Barcelona, 1946; "Brockhaus Riemann Musik Lexikon", Mainz, Alemanha, 1979; "New Grove Dictionary of Musicians", Nova York, 7ª edição, 1984; "Koogan / Houaiss Enciclopédia e Dicionário Ilustrado", Rio de Janeiro, 2000; "Enciclopedia ENCARTA", Madri, 2001 (CD-Rom); "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", Rio de Janeiro, 2001; "Mini-Dicionário da Língua Portuguesa Caldas Aulet", Rio de Janeiro, 2004 e "Diccionario Biográfico Español", da Real Academia de la História, Madrid, edição de 2007. Sua biografia de Villa-Lobos foi adaptada para um CD-Rom pela LN Comunicações e Informática, Rio de Janeiro, 1998.
Fundada em 14 de julho de 1945, por Heitor Villa-Lobos, como instituição cultural sem fins lucrativos, tem como objetivo principal a divulgação da música clássica brasileira
José de Anchieta nasceu nas Ilhas Canárias, em 1534. O jovem missionário da Companhia de Jesus, com 19 anos de idade, ao chegar ao Brasil, dedicou-se à catequese, usando, como recurso pedagógico, o teatro e a música. Pode ser apontado como o precursor da educação musical e do teatro, no Brasil. Por esta razão, Villa-Lobos escolheu seu nome como o patrono da cadeira nº1 da Academia Brasileira de Música.
Nasceu no Rio de Janeiro em 05 de março de 1887. Iniciou sua formação musical com o pai, Raul Villa-Lobos, dedicando-se ao violoncelo e ao violão. O estudo do piano com uma tia o fez conhecer a obra de J. S. Bach, que se tornaria uma importante referência musical, especialmente os prelúdios e fugas de O cravo bem temperado. Ingressou no curso noturno do Instituto Nacional de Música, onde estudou violoncelo com Max Breno Niederberger e harmonia com Frederico Nascimento, estudando os compêndios de Durand, Dubois e D’Indy. Ganhava a vida como músico tocando violoncelo em orquestras, cafés e cinemas. Com o violão conheceu e travou contato com alguns dos mais importantes músicos populares do Rio de Janeiro, os “chorões”, como eram conhecidos. Sedimentou suas referências musicais nas primeiras décadas do século XX, portanto, com a música popular urbana do Rio de Janeiro, com o folclore musical brasileiro, com o impressionismo francês e a música de J. S. Bach. As obras produzidas no período transitam entre a linguagem universal de sonoridade francesa de sua música de câmara (trios e peças para violino e violoncelo e piano) e a temática nacional expressa em obras sinfônicas de grande envergadura como Uirapuru e Amazonas, onde já demonstra a força de sua criatividade. Um segundo momento se situa na década de 1920, logo após sua participação na Semana de Arte Moderna. É o período de suas obras mais arrojadas e vanguardistas como o Nonetto e a grande série dos Choros. É também o período em que se faz conhecer internacionalmente, quando realiza suas viagens a Paris. O terceiro momento se inicia na década de 1930, quando Villa-Lobos abraça a causa da educação musical e desenvolve o projeto do Canto Orfeônico, juntando multidões em estádios de futebol com o apoio do governo de Getúlio Vargas. No mesmo período escreve outra série importante, a das nove Bachianas Brasileiras, onde concilia a música de Bach com as características da música brasileira. Finalmente, seu último momento, a partir de 1945, adota um perfil neoclássico e aborda com mais desenvoltura as formas tradicionais. É o período no qual escreve a maioria de seus concertos, sinfonias e quartetos de cordas, recebe encomendas vindas de todo o mundo e amplia sua inserção internacional para os EUA, regendo as grandes orquestras norte-americanas e criando obras inclusive para filmes e musicais. Em seu catálogo, editado pelo Museu Villa-Lobos, constam mais de 700 títulos, incluindo música para instrumentos solo, com destaque para o violão e o piano, música de câmara para diferentes formações, canções, música coral (sacra e profana), concertos, obras sinfônicas, óperas e balés. Villa-Lobos fundou a Academia Brasileira de Música em 1945, tendo por modelo a Academia Brasileira de Letras e a Academia Francesa. Deixou, em testamento, seus direitos autorais para a ABM, da qual foi o presidente até a sua morte. O compositor faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 1959. Atualmente, por disposição estatutária, Villa-Lobos recebeu o título de Grande Benemérito da ABM.
Nasceu em Recife, Pernambuco, em 18 de fevereiro de 1939. Estudou piano e teoria musical no Conservatório Pernambucano de Música, entre 1948 e 1959, harmonia e contraponto com o Pe. Jaime Diniz, de 1956 a 1959 e composição com H. J. Koellreutter e Camargo Guarnieri, entre 1960 e 1962. Nos dois anos seguintes, com uma bolsa da Fundação Rockefeller, realizou estudos avançados de composição no Centro Latino-americano de Altos Estúdios Musicales do Instituto Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, com Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Riccardo Malipiero, Aaron Copland e Luigi Dallapiccola. Estudou ainda com Alexandre Goehr e Günther Schüller, no Berkshire Music Center, em Tanglewood, EUA, em 1969, onde trabalhou com Leonard Bernstein. No mesmo ano estudou no Centro de Música Eletrônica de Columbia-Princeton, em New York, com Wladimir Ussachevsky.
Adhemar Nóbrega nasceu em Patos, Paraíba, em 1917. Ainda criança se transferiu para João Pessoa. No Lyceu Paraibano estudou música com Gazzi de Sá, substituindo o professor na cadeira de canto orfeônico quanto este se transferiu para o Rio de Janeiro. Trabalhou no jornal A União, como repórter, articulista e crítico de cinema. Veio para o Rio de Janeiro, onde se diplomou, em 1944, pelo então Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (CNCO), dirigido por Heitor Villa-Lobos.
Nasceu no Recife, em 1719. Pouco se sabia a seu respeito e sua música era praticamente desconhecida. Já em 07 de março de 1854, mereceu uma notícia biográfica no Diário de Pernambuco, escrita por Joaquim Mello. O Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres, de Pereira da Costa, publicado no Recife em 1882, também se refere ao músico pernambucano. Mas foi o musicólogo Pe. Jaime Diniz, da Academia Brasileira de Música, quem divulgou o nome de Luiz Álvares Pinto, através de seus estudos e pesquisas, especialmente no primeiro volume do livro Músicos Pernambucanos do Passado, de 1969. Diniz também promoveu a edição, execução e gravação das poucas obras do compositor que chegaram até nossos dias, especialmente o Te Deum laudamus, localizada em 1967 pelo musicólogo, em um arquivo particular. A primeira execução moderna do Te Deum laudamus se deu em 1968, no IV Festival de Música de Curitiba, sob a direção do Pe. Jaime Diniz.
Nasceu em 06 de setembro de 1896, em Itajubá, Minas Gerais. Seu pai, Miguel Archanjo de Souza Vianna, era pianista e cantor amador. Seus tios Luiz e José Ramos de Lima foram músicos e compositores. Fructuoso de Lima Vianna iniciou os estudos de piano na sua cidade natal com a professora Antonina Chambelin Bourret. Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou aluno da professora Alzira Manso. Interrompeu os estudos em 1915 para realizar uma longa turnê de concertos por Minas Gerais e São Paulo. Em 1917 foi readmitido no Instituto Nacional de Música quando se tornou aluno de Henrique Oswald. Concluiu o curso em 1919. No mesmo ano conheceu Villa-Lobos e tornou-se um de seus principais intérpretes. Formou com o violinista Mário Ronchini e o violoncelista Newton Pádua o Trio Brasileiro. Foi como integrante do trio que participou da famosa audição privada organizada por Villa-Lobos para o pianista Arthur Rubinstein, em 1921, no Palace Hotel, quando o grande virtuose pela primeira vez ouviu a obra do compositor carioca, da qual passaria a ser um dos defensores.
É natural de Araras, São Paulo (1966). Doutora (Ph.D.) em Musicologia e Etnomusicologia pela Universidade do Texas-Austin, EUA, sob a orientação de Gerard Béhague (1995-2001), com a tese Indianismo and Landscape in the Brazilian Age of Progress: Art Music from Carlos Gomes to Villa-Lobos, 1870s-1930s, publicada pela UMI-Research Press (2001). Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista-UNESP, sob a orientação de Régis Duprat (1991-1994), com a dissertação Música de Câmara do Período Romântico Brasileiro, 1850-1930. Bacharel em piano pela UNESP, sob a tutoria de Beatriz Balzi (1987). Foi editora assistente da Latin American Music Review (1999-2000), publicada pela University of Texas Press.
Boi-Bumbá, Cobra grande, Matintaperera, Rolinha, Senhora Dona Sancha, Tambatajá são algumas das mais executadas canções do repertório vocal brasileiro de todos os tempos.
Autor de mais de 120 canções, Waldemar Henrique nasceu em Belém, do Pará, em 1905. Passou boa parte de sua infância no Porto, Portugal, retornando, com 13 anos de idade, à sua cidade natal onde iniciou os estudos musicais. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1933, estudando com Barroso Neto, Newton Pádua, Arthur Bosmans e Lorenzo Fernândez, entre outros. Foi diretor musical da Rádio Roquette Pinto e realizou várias excursões artísticas, como pianista e acompanhador, dentro e fora do país. De volta a Belém, foi diretor do Teatro da Paz. Faleceu nesta cidade, em 1995. A música de Waldemar Henrique, em sua maior parte, com forte expressão dos ritmos e lendas amazônicas, continua sendo divulgada largamente tanto por cantores clássicos como populares.
“A Música e o Tempo no Grão-Pará”,de Vicente Salles (Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1980) foi a grande contribuição que o pesquisador, antropólogo e folclorista deu à musicologia brasileira. Nesta obra, afirma: "Belém foi sede de poder político, econômico, militar e religioso. Não nos surpreende a existência de uma arquitetura monumental; consequentemente, não nos deve surpreender a música que aqui se implantou e se praticou" (p. 19). Nascido em Igarapé-Açu, Pará, em 1931, Vicente Salles logo exerceu o jornalismo no “O Estado do Pará” e iniciou suas pesquisas de folclore.
No Rio de Janeiro, diplomou-se na Universidade do Brasil, hoje UFRJ, em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia. Na Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, organizou a Biblioteca Amadeu Amaral e o Serviço de Documentação, planejou a edição de livros e folhetos sobre folclore, foi redator-chefe da "Revista Brasileira de Folclore" e lançou vários discos da série “Documentário Sonoro do Folclore Brasileiro”. No Rio, lecionou folclore no Instituto Villa-Lobos. Transferindo-se para Brasília, foi secretário da câmara de artes do Conselho Federal de Cultura. Por fim, em 1985, transferiu-se para o SPHAN/Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Pró-Memória.
Foi curador do acervo de manuscritos e outros documentos musicais da biblioteca da Universidade Federal do Pará. Membro de várias sociedades culturais e artísticas foi considerado um dos grandes especialistas sobre a cultura musical da Amazônia. Salles realizou várias pesquisas sobre Antônio Carlos Gomes, especialmente no curto período em que o maestro brasileiro viveu em Belém. Além da obra referida anteriormente, publicou inúmeros livros, dentre os quais se destacam “A Música em Belém no século XIX”, 1961, “Música e músicos do Pará”,1970, “Meneleu Campos”, 1972, “Santarém: uma oferenda musical”, 1981 e “Paulino Chaves, centenário do pianista e compositor”, 1983. Vicente Salles foi autor de verbetes e de textos de inúmeras obras, fez parte do conselho consultivo da “Revista Brasiliana” e da comissão editorial do projeto Bibliografia Musical Brasileira, ambos da Academia Brasileira de Música. Faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de março de 2013.
O pai de Domingos Caldas Barbosa, o português Antônio Caldas Barbosa, era funcionário da corte portuguesa na colônia de Angola, na África. Foi transferido para o Rio de Janeiro e trouxe consigo sua escrava, Antônia de Jesus. Grávida, ela deu à luz logo após desembarcar. O poeta e violeiro Domingos Caldas Barbosa nasceu no Rio de Janeiro, provavelmente em 04 de agosto de 1740, dia de São Domingos. Aos 12 anos foi matriculado no Colégio dos Jesuítas, revelando desde cedo seus dotes artísticos. Compunha, cantava modinhas e fazia versos satíricos. Ficou famoso como tocador de viola, sem, no entanto, saber ler ou escrever música, pois apenas as letras de suas canções sobreviveram.
Em 1762 assentou praça no regimento sediado na Colônia do Sacramento, no Sul do Brasil. Quando esta colônia foi ocupada pelos espanhóis, voltou ao Rio de Janeiro e obteve baixa. Por intermédio do Conde de Pombeiros, transferiu-se para Portugal onde continuou seus estudos na Universidade de Coimbra. Abandonou o curso e se transferiu para Lisboa, onde foi ordenado presbítero secular em 1788 e tornou-se capelão da Casa da Suplicação. Foi recebido como membro da Arcádia Lusitana, adotando o nome de Lereno Selenuntino. Ficou extremamente popular no reino, com suas modinhas e lundus, que apresentava em saraus de casas distintas. Muitas de suas obras apareceram também no livro Viola de Lereno, editado em Lisboa no ano de 1798.
Segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, seu principal biógrafo, o compositor e poeta brasileiro faleceu em Lisboa, em 09 de novembro de 1800.
Pianista e compositor nasceu em Porto Alegre (RS), em 27 de janeiro de 1906. Iniciou os estudos de piano com a mãe, Adélia Fossati Gnattali, prosseguindo com Guilherme Fontainha no Conservatório de Música de Porto Alegre. Ao mesmo tempo praticou o violão e o cavaquinho tocando em grupos de música popular, bailes, cafés e cinemas. Com a pretensão de se tornar concertista se transferiu para o Rio de Janeiro em 1931. Na capital deu um recital no Instituto Nacional de Música (INM) com repertório de grande dificuldade, onde incluiu a Sonata em si m, de Liszt. Após uma tentativa frustrada de ingressar no corpo docente do INM buscou nos cafés e cinemas mudos da cidade sua fonte de renda. Mas foi no rádio que se estabeleceu profissionalmente.
O compositor Jayme Rojas de Aragón y Ovalle nasceu em Belém, Pará, em 05 de agosto de 1894 e faleceu em 09 de setembro de 1955. Foi autodidata no piano e no violão. Ainda adolescente mudou-se para o Rio de Janeiro, onde entrou em contato com Villa-Lobos, Luciano Gallet e outros compositores. Fez concurso para a Fazenda Nacional, vindo a ocupar delegacias do Tesouro Nacional em Londres e em Nova York. Foi em Londres que compôs quase toda a sua obra, publicada depois de seu retorno ao Rio de Janeiro, em 1937. Tornou-se conhecido com canções como Azulão e Modinha, ambas com letra de Manuel Bandeira. É autor de obra vasta para canto e piano e para piano.
Salomea Gandelman, professora do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, concluiu na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cursos de Bacharelado em piano, Licenciatura em educação musical e Especialização em piano; e, na Escola de Comunicação da mesma universidade, o Mestrado em Comunicação, na área de sistemas de significação, buscando ininterruptamente aprofundar seus conhecimentos nos campos da performance, análise, estética musical, educação e pedagogia.
Realizou recitais, concertos de câmara e com orquestra, mas optou pelo magistério- que exerceu desde o ensino inicial para crianças, até a pós-graduação-, e pela pesquisa em performance, educação musical e musicologia, paralelamente exercendo funções administrativas nas instituições nas quais trabalhou. Nos Seminários de Música Pró-Arte, do qual foi uma das fundadoras, das primeiras professoras e diretora, atuou de 1959 a 1981, nas áreas de ensino de piano e musicalização, procurando motivar a criança e o jovem estudante para a música, através de abordagens de ensino que enfatizassem, além da prática instrumental, a criatividade, os conhecimentos teóricos e a apreciação musical interessada e significativa, buscando uma formação que integrasse intelecto e emoção, cognição e afeto.
Na Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, onde ingressou em 1981, foi diretora do Instituto Villa-Lobos, decana eleita do Centro de Letras e Artes e fundadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Nos cursos de bacharelado e licenciatura, ministrou as disciplinas Piano e Pedagogia do Piano; e, no Programa de Pós-Graduação, onde continua como professora, orientadora e pesquisadora, atua nas linhas de pesquisa Teoria e Prática da Interpretação Musical, com foco na Música Brasileira do século XX, e Ensino/Aprendizagem.
Além de ter integrado diversos Colegiados, desde os internos do Instituto Villa-Lobos e do Centro de Letras e Artes, aos superiores da Universidade, participou de incontáveis bancas de concursos nacionais de piano, de concursos promovidos pela Funarte, de concursos para seleção de professores do Instituto Villa-Lobos, de bancas de exame de qualificação e defesa de dissertações de mestrado, ensaios e teses de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Música da Uni-Rio e de outros programas, atuando também como consultora “ad hoc” para avaliação de projetos apresentados a agências de fomento como CNPq, CAPES e FUNARTE. Foi membro da extinta Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, é membro da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós- Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi secretária por dois mandatos, e membro de Conselhos Editoriais de inúmeros periódicos acadêmicos.
Sobre sua dissertação de mestrado, Cidadezinha qualquer: poesia e música – análise das canções de Guerra-Peixe e Ernst Widmer sobre um poema de Carlos Drummond de Andrade, um estudo sobre as relações entre poesia e música, em carta dirigida à autora, o poeta escreveu: “Jamais eu poderia ambicionar que um de meus poemas, dos mais antigos e humildes, viesse a merecer a tríplice consagração de ser musicado pelos maestros Guerra-Peixe e Ernest Widmer e de suscitar a elaboração de um trabalho universitário tão apurado e revelador dos liames que unem poesia e música. Senti uma dessas raras alegrias que resultam da comunhão de diferentes espíritos, aproximados e identificados pela igual devoção à arte sob todas as suas formas”.
Organizou, redigiu e fez a introdução do livro Estética de H.J.Koellreutter e S. Tanaka, primeiramente publicado em 1983 pela Novas Metas, editora já extinta, sob o título A procura de um mundo sem vis-a-vis, e, em 2019, reeditado em versão digital, pela Universidade Federal de S. João D’el Rei, onde esta sediada a Fundação Koellreutter, livro em que os autores comparam modos de viver, pensar, sentir e conceber a arte no ocidente e no oriente. É autora do livro 36 Compositores Brasileiros: Obras para Piano (1950/1988), publicado pela Funarte e Relume Dumara, extenso estudo sobre aspectos composicionais e pianísticos marcantes de um conjunto de mais de 500 obras para piano, escritas na 2ª metade do século XX, trabalho aplaudido pela crítica especializada do Rio de Janeiro, S. Paulo e Salvador. Da pesquisa sobre Almeida Prado e das aulas nos Seminários “Teoria e Prática da Interpretação Musical” resultou um álbum com dois Cds, O som de Almeida Prado, gravado em 1999 pelos alunos daqueles Seminários.
Em parceria com Sara Cohen, professora titular da escola de música da UFRJ, escreveu a “Cartilha Rítmica” para piano, de Almeida Prado, obra dedicada a Salomea Gandelman, trabalho publicado em 2006 e, em versão digital, em 2019, pela Música Brasilis. No livro foram analisados seus 103 Exercícios com foco nos complexos ritmos que permeiam não só as composições do autor, mas também de boa parte de compositores do século XX.
Em 2008, publicou pela editora Contra Capa, a segunda edição revista e aumentada do livro Música contemporânea brasileira do musicólogo José Maria Neves, no qual foram acrescentados mais três artigos: Música hoje: partindo dos novíssimos, do próprio José Maria, Vinte anos de Bienais escrita por Edino Krieger, e uma Biografia de José Maria, pela autora da edição do livro.
Publicou inúmeros artigos nas revistas Art da UFBa, Debates, da UNIRIO, Per Musi , da UFMG, Brasileira de Música, da UFRJ, Opus da ANPPOM, Brasiliana, da ABM, Pensar a Música, do Congresso Nacional de Guimarães -Portugal-, Pesquisa e Música, do Conservatório Brasileiro de Música, além de diversos outros em anais da ANPPOM e ISME (Sociedade Internacional de Educação Musical).
Em função de seus interesses artísticos e pedagógicos, a convite da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, fez visitas de estudo a diversas escolas de música desses países.
Em 1989 recebeu da Organização das Mulheres Pioneiras o título de “Mulher Judia destaque na Música”, em 2000, o de “Orgulho Carioca”, oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e em 2012, o de “Professor Benemérito”, conferido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Unirio.
Não há documentação de data, local de nascimento, nem origem de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. As informações hoje conhecidas sobre o principal compositor mineiro do século XVIII foram reveladas pelo musicólogo Francisco Curt Lange a partir da década de 1940. Sua atividade profissional registrada tem início na cidade do Serro, onde consta, em 1765, um registro de pagamento nos livros do Senado da Câmara. Por volta de 1776 transferiu-se para Diamantina, antigo Arraial do Tejuco, onde teria composto a Missa para Quarta-Feira de Cinzas, em 1778. Por mais de vinte anos atuou como organista e compositor em diversas irmandades.
m 1798 o encontramos na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), como organista da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo. Há registros de sua participação como regente no Tríduo da Semana Santa na Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Na última fase de sua vida, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde há registros de sua atuação como organista da Ordem Terceira do Carmo a partir de 1801.
É por muitos considerado o mais eminente dos compositores da chamada “Escola Mineira”. Cópias manuscritas de suas obras foram conservadas em quase todos os arquivos musicais de Minas Gerais e mesmo de outros estados, o que revela sua importância como compositor e a circulação de suas obras no Brasil. Todas as obras conhecidas de Lobo de Mesquita são essencialmente vocais (solos ou coro), religiosas e em grande parte com acompanhamento orquestral. Destacam-se Missa em mi bemol, Missa em fá, Credo, Te Deum, Ofício de Semana Santa, Ofício de defuntos (Ofício das violetas) e Tercio, além de antífonas, ladainhas, motetos e outras formas musicais religiosas. Sua obra mais conhecida e executada é a Antífona de Nossa Senhora Salve Regina, uma das primeiras partituras encontradas por Curt Lange por ocasião de suas pesquisas em arquivos mineiros na década de 1940.
Faleceu em 1805.
A folclorista e poetisa Oneyda Paoliello de Alvarenga nasceu em Varginha, Minas Gerais, em 06 de dezembro de 1911 e faleceu em São Paulo, em 24 de fevereiro de 1984.
Foi discípula de Mario de Andrade no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se diplomou em 1934. Por indicação de Mario de Andrade, em 1935 foi criadora e primeira diretora da Discoteca Pública Municipal de São Paulo. Seu primeiro estudo sobre o folclore foi “Cateretês do sul de Minas”.
Foi fundadora da Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo, membro da Campanha em Defesa do Folclore Brasileiro e da Comissão Nacional de Folclore, da União Brasileira de Escritores e membro correspondente do International Folk Music Council e da Association Internationale des Bibliothèques Musicales/CIM-UNESCO.
Estreou na literatura em 1938 com o livro de poemas “A Menina boba”.
Recebeu o Prêmio Fábio Prado, em 1938, pela obra “Música popular brasileira”.
Em 1958, recebeu a Medalha Sílvio Romero, por sua produção referente ao folclore brasileiro. Foi a responsável pela edição crítica de diversas obras de Mario de Andrade, publicadas postumamente. Publicou grande quantidade de artigos sobre diversos aspectos do folclore brasileiro.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 1950. Estudou no Brasil com Paulina D’Ambrosio e Santino Parpinelli (violino e viola), César Guerra-Peixe (composição) e Carlos Alberto Pinto Fonseca (regência). Foi bolsista do Mozarteum Argentino, tendo estudado com Sérgio Lorenzi. Na Itália foi aluno do Conservatório Cherubini, em Firenze, onde estudou com Roberto Michelucci (violino) e Annibale Gianuario (regência). Ainda na Europa fez cursos de aperfeiçoamento em regência com Adone Zecchi, Franco Ferrara e Sergiu Celibidache.
É a personalidade mais importante da música brasileira no período compreendido entre o final do século XVIII e primeiras três décadas do XIX. Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1767, filho de um casal de pardos libertos, o alfaiate Apolinário Nunes Garcia e Vitória Maria da Cruz. Sua formação musical ficou a cargo de Salvador José de Almeida Faria, músico mineiro natural de Vila Rica. Em 1783, aos 16 anos, escreveu sua primeira obra, a Antífona Tota Pulchra, e assinou o compromisso de fundação da Irmandade de Santa Cecília, da qual seria membro até o fim da vida. Em 1792 ordenou-se padre e em 1798 conseguiu a nomeação para o cargo de mestre de capela da Catedral e Sé do Rio de Janeiro, produzindo grande quantidade de obras.
Paralelamente a suas atividades de compositor, organista e regente, José Maurício se dedicou intensamente à atividade didática, tendo mantido durante muitos anos, em sua própria residência, um curso de música, onde ministrava aulas para jovens gratuitamente. Dentre seus alunos destacaram-se Francisco Manuel da Silva, Francisco da Luz Pinto e Cândido Inácio da Silva. A atividade de professor não se limitou às aulas. Escreveu manuais teóricos, destacando-se o Compêndio de Música e Methodo de Pianoforte, escrito para a instrução musical de seus filhos.
A maior parte da obra musical de José Maurício é de peças sacras para as mais diversas cerimônias da liturgia católica. Do total composto chegaram até nós pouco mais de 200 obras. Além das obras para igreja, escreveu também obras sinfônicas (Abertura em Ré e Zemira), uma ópera hoje perdida (Le Due gemele), peças para teclado e algumas modinhas, das quais apenas uma se preservou (“Beijo a mão que me condena”).
Em 1808, José Maurício foi nomeado por D. João mestre da sua Capela Real e adaptou seu estilo ao gosto musical do Príncipe Regente. A partir de então sua música ganhou em dramaticidade e colorido, com a incorporação de um efetivo maior de instrumentos e virtuosismo vocal. Entre as obras que melhor representam sua mudança estilística se destaca a Missa de Nossa Senhora da Conceição, de 1810. Em 1815, solicitado pelo Senado da Câmara, compôs um Te Deum pela elevação do Brasil a Reino Unido e recebeu de D. João o Hábito da Ordem de Cristo. Por ordem de D. João escreveu o Requiem de 1816 para os funerais da rainha D. Maria I, obra que é considerada uma de suas melhores composições. Durante anos seguiu compondo por ordem do Príncipe Regente e Rei de Portugal e por encomenda das diversas Irmandades do Rio de Janeiro, entre elas a de São Pedro dos Clérigos e Ordem do Carmo. Ao mesmo tempo regeu, em primeira audição no Brasil o Requiem, de Mozart e o oratório A Criação, de Haydn, compositores que admirava profundamente.
A volta da Família Real para Portugal marca a fase final de sua carreira. Em 1822, já doente e sem recursos, fechou seu curso de música e apelou para D. Pedro I por melhorias salariais na Capela Imperial. Em 1826 compôs sua última obra, a Missa de Santa Cecília, para grande orquestra e coro. Em 1830 legitimou um dos seis filhos que teve com Severiana Rosa de Castro, o médico José Maurício Nunes Garcia Jr. (1808-1884), para o qual também renunciou ao título da Ordem de Cristo.
Faleceu no dia 18 de abril de 1830.
Nasceu em Linz, na Áustria, em 29 de janeiro de 1876. Após estudar música em sua terra natal veio para o Brasil, fixando-se, inicialmente, em Salvador, Bahia, em 1893. Após naturalizar-se brasileiro em 1898 e ordenar-se sacerdote, foi transferido para o sul do Brasil. Na cidade de Lages (SC), fundou, em 1902, o periódico Cruzeiro do Sul. Em 1908 se estabeleceu na cidade de Petrópolis (RJ), onde fundou o Centro da Boa Imprensa, em 1910. Residiu posteriormente no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.
O grande destaque da vida musical de Frei Pedro Sinzig foi ser o principal agente em prol da música sacra no Brasil, tornando-se uma espécie de conselheiro com relação às questões musicais e litúrgicas.
Em 1941 criou a revista Música Sacra com o objetivo de ser um veículo divulgador e, antes de tudo, orientador sob o ponto de vista estético, musical e religioso das obras destinadas à Igreja. Foi publicada pela Editora Vozes, de Petrópolis, e mantida até o ano de 1959.
Outra importante contribuição de Frei Pedro Sinzig foi a Escola de Música Sacra, fundada em 1943, que tinha por fim preparar dirigentes para coros litúrgicos, segundo as regras eclesiásticas. Em Petrópolis, foi responsável pelo coro dos Teólogos Franciscanos. Atuou junto ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e foi um dos fundadores da Pró-Arte, organização que manteve uma escola de música, os cursos de verão de Teresópolis (RJ) e estabeleceu intercâmbio cultural entre o Brasil e a Alemanha.
Como compositor, deixou numerosa obra, na sua maioria religiosa, de estilo tradicional e caráter funcional. Destacam-se Missas, Te Deum, Ladainhas, Hinos Eucarísticos, uma Paixão Segundo São João, um Oratório de Natal e grande número de obras para os diversos serviços religiosos. Escreveu obras profanas, algumas de caráter didático, como os 100 Prelúdios para órgão, as Fantasias sobre modinhas populares para violino e piano e outras de pretensões mais ousadas como as Rapsódia Brasileira e Rapsódia Mariana para piano, posteriormente orquestrada. Deixou inacabada a ópera Frei Antônio.
No campo didático deixou uma importante contribuição com os livros: Os Segredos da Harmonia (1918), Sei compor (1919), O Brasil canta (1938) e o Dicionário musical (1945), que durante anos foi o único em seu gênero no país. Até recentemente seus manuais de harmonia e composição foram utilizados amplamente no interior do país pelos músicos que não tinham acesso à literatura musical, sendo importantes agentes na formação musical.
Foi também um consultor e conselheiro de muitos compositores nos assuntos referentes à composição de música religiosa, inclusive de Villa-Lobos, que dedicou a Frei Pedro sua Missa de São Sebastião.
Frei Pedro Sinzig faleceu na cidade de Dusseldorf, na Alemanha, em 8 de dezembro de 1952. Foi sepultado no Rio de Janeiro e seu acervo musical foi transferido para o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis.
Nascido em 1954, na cidade de São Paulo, Roberto Tibiriçá começou sua carreira como pianista e camerista recebendo fortes influências de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de Carvalho, Nelson Freire, Gilberto Tinetti e Peter Feuchtwanger. Porém, seus conhecimentos musicais não bastavam apenas para tocar piano...queria seguir o difícil caminho da Regência Orquestral!
Resolveu então, procurar o Maestro Eleazar de Carvalho e começou a participar dos Festivais de Campos do Jordão, em São Paulo, como pianista e assistente do Maestro Dr. Hugh Ross, diretor da Schola Cantorum, de Nova York. Iniciou seus estudos de regência com o Maestro Eleazar de Carvalho e venceu por duas vezes o Concurso para Jovens Regentes da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, passando a ser o Principal Regente-Convidado, trabalhando com o Maestro Eleazar por quase 18 anos até sua vinda para a cidade do Rio de Janeiro em 1994 para a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi Diretor-Adjunto e, posteriormente seu Diretor Artístico.
Esteve em Lisboa, Portugal, entre 1984-1985, como Regente Assistente do Teatro Nacional de São Carlos onde, até hoje mantém relações muito afetivas com este País, sendo convidado permanente do júri do Concurso Internacional para Jovens Chefes de Orquestra, promovido pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pela Fundação Oriente. Convidado para participar da Semana Guiomar Novaes, em Miami, regeu um concerto com a Orquestra Filarmônica da Flórida e o pianista Arnaldo Cohen.
Como Diretor Artístico da RGE/FERMATA foi o responsável pelo início das gravações de música clássica em gravadoras brasileiras, tendo entre elas o único LP gravado no Brasil pela grande pianista Guiomar Novaes interpretando somente música brasileira.
Recebeu o prêmio de Melhor Regente Orquestral, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Lei Sarney como revelação na área de Regência Orquestral. Fundou em São Paulo a Orquestra Nova Filarmonia, que entre outros artistas acompanhou Luciano Pavarotti, a Orquestra Nova Sinfonieta e a Orquestra de Câmera Da Capo (conjuntos formados pelos melhores músicos da cidade) e onde realizou a primeira audição da Petite Messe Solennelle, de Rossini.
Em 1995 foi eleito pela crítica especializada do Rio de Janeiro como Músico do Ano. Trouxe várias primeiras audições nesta cidade em seus concertos com a OSB como a 2a. Sinfonia e as Danças Sinfônicas de Rachmaninoff e as óperas The Rape of Lucretia e A Midsummer Night's Dream, de Benjamin Britten além de várias obras de autores brasileiros inclusive a gravação do CD em Homenagem ao Papa João Paulo II com 5 obras inéditas dos compositores Ricardo Tacuchian, Ronaldo Miranda, Edino Krieger, Almeida Prado e David Korenchendler. Ainda com esta orquestra participou de diversas edições do Projeto Aquários entre as quais se destacam a Sinfonia no 2 de Gustav Mahler, na Enseada de Botafogo em 1996, para um público estimado em 150 mil pessoas e no Aterro do Flamengo, na Missa Campal celebrada por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, para cerca de 2 milhões de pessoas, em 1997!
Convidado pela Direção Artística do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizou, em 1998, o Ciclo Beethoven, onde foram executadas as 9 Sinfonias, os 5 Concertos para Piano, o Concerto Tríplice e o Concerto para Violino com o teatro completamente lotado!
Desde o ano 2000 passou a ser o Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica Petrobrás Pró Música do Rio de Janeiro “OPPM” sendo o responsável pelo alto nível artístico que este conjunto alcançou levando o mesmo a receber o Prêmio Carlos Gomes, em sua primeira edição Nacional, como o Melhor Conjunto Orquestral em 2001 e lotando suas Temporadas tanto no Theatro Municipal como na Sala Cecília Meireles. As viagens com a OPPM têm alcançado enorme sucesso de público obrigando a colocação de cadeiras extras no palco, junto à orquestra. Sua criatividade na programação e o resgate dos famosos Concertos Matinais aos domingos pela manhã, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, têm atraído um público novo composto a maioria por jovens, formando assim novas platéias.
Gravou com esta orquestra ao vivo neste Theatro Municipal 2 CDs dedicados à música brasileira: com Wagner Tiso interpretando ao piano suas "Cenas Brasileiras" e o outro com duas das obras mais cobiçadas e esquecidas em gravações: O Concerto para piano em Formas Brasileiras de Hekel Tavares, com o pianista Arnaldo Cohen e o Choros No.6 de Villa-Lobos já sendo considerado o Lançamento do Ano!
Criou a série "O Artista Brasileiro", realizada na Sala Cecília Meireles, onde só se apresentam os artistas nacionais e que tem sido recebida com muito carinho pelo público desde sua idealização quando assumiu a OPPM. Os três concursos também idealizados por Roberto Tibiriçá (o Concurso para Jovens Solistas "Armando Prazeres", o Concurso para Jovens Regentes "Eleazar de Carvalho" e o Concurso para Jovens Compositores "Claudio Santoro", este em parceria com a Academia Brasileira de Música) têm recebido grandes elogios por sua iniciativa e apoio à juventude.
Juntamente à música clássica, desenvolve intensa atividade com os clássicos populares brasileiros em concertos com Wagner Tiso (com quem tem uma parceria já há 10 anos), Rita Lee, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Zizi Possi, Sivuca, Frejat, Simone, Ivan Lins, Francis Hime, Paulo Moura entre outros. É convidado para realizar eventos dos mais diferentes motivos como a Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro desde sua primeira edição, em 1996.
Por sugestão do pianista Nelson Freire, foi convidado por Martha Argerich para reger o Concerto de Abertura do Festival Martha Argerich, em Buenos Aires, fazendo sua estréia no Teatro Colón, em Novembro de 2001, onde a maior pianista deste século tocou sob sua regência o Concerto para piano em Sol M, de Ravel juntando-se a outros artistas com quem teve a oportunidade de trabalhar como Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Barry Douglas, Lílian Zilbersntein, Valentina Lisitsa, Sergio Tiempo, Joshua Bell, Shlomo Mintz, Stefan Jackiw, Erik Schumann, Gautier Capuçon, Frederieke Saeijs, David Aaron Carpenter, Gabriela Montero, HJ Lim, Antonio Meneses, Mikhail Rudy, Alexander Toradze, Jean Louis Steuerman, Boris Belkin, Dmitry Sitkovetsky, Geza Hosszu-Legocky, Pavel Sporcl, Eugene Fodor, Wolfgang Meyer, Romain Guyot, Ole Edvard Antonsen, Cristina Ortiz, Bernard Greenhouse, Nelson Goerner, Pascal Roge, Jean-Philippe Collard, Bella Davidovitch, Yevgeny Sudbin, Jon Nakamatsu, Evgeni Mikhailov, Frank Braley, Daniel Casares, Ana Botafogo, Marcelo Misailidis entre outros...
Roberto Tibiriçá é considerado um dos melhores regentes da atualidade pela crítica especializada trazendo sempre em seu repertório obras de interesse artístico e público preservando assim seu objetivo de formação de novas platéias. Por este motivo recebeu em 28 de Novembro de 2002 o título de CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, concedido pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro por seus serviços prestados à Cultura do Estado desde sua vinda, em 1994. No dia 26 de Março de 2003 foi eleito para ocupar a Cadeira de No.05 (cujo Patrono foi o Pe. José Maurício Nunes Garcia) da Academia Brasileira de Música e no dia 11 de Maio de 2018 tomou posse como Membro Honorário da Academia Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Em 2020, em plena pandemia do Corona vírus, realizou com a OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - a Estreia Mundial da ópera em 1 ato "Cartas Portuguesas", do compositor brasileiro João Guilherme Ripper e gravou para o selo NAXUS os Choros para Clarinete, Piano, Viola, Violoncelo e a peça Flor de Tremembé, de Camargo Guarnieri.
Possivelmente, foi o acadêmico que menos teve pretensões artísticas: a sua missão musical, ou melhor, seu apostolado musical foi sempre em favor de uma música funcional litúrgica, digna de fazer parte dos atos religiosos.
Era alemão, nascido em Mertloch, na Renânia, em 1873. Estudou música desde criança, dedicando-se ainda mais aos estudos musicais depois de entrar para a Congregação do Verbo Divino. Foi ordenado sacerdote em 1899 e no ano seguinte veio para o Brasil, para atuar na Academia de Comércio de Juiz de Fora como professor e músico. A música na Igreja Católica vivia um período de decadência que se iniciara ainda na primeira metade do século XIX. Pio X, preocupado com a situação promulgou o Motu próprio, baseado nas ideias dos “cecilianistas”, visando a originalidade do canto religioso livre das melodias operísticas e a valorização do canto gregoriano. Lehmann, chegando ao Brasil, iniciou um grande trabalho, apesar de todas as dificuldades, por uma nova música funcional na Igreja. Faltavam partituras, livros de canto gregoriano, e a mentalidade dos músicos de Igreja estava dominada pelo operismo. As aberrações eram incríveis: cantavam-se trechos de óperas com textos religiosos em português. Até o Hino da Independência era cantado com a melodia do hino alemão e o texto de Evaristo da Veiga! Sem alardes, pouco a pouco, foi encontrando músicas e textos corretos, mudando a mentalidade, criando coros masculinos e femininos (na época, o coro misto era proibido) e, na falta de músicas para festividades, passou a compor música religiosa. Em 1922, deixou o Colégio e passou a atuar como diretor do Jornal “Lar Católico”. No entanto, não deixou de compor. Assim, surgiu o livro de cantos a uma ou mais vozes com acompanhamento de harmônio: “Harpa de Sião”, que até o Concílio Vaticano II era encontrado em todas as igrejas e capelas católicas do Brasil. Sua fama de compositor litúrgico afirmou-se em todo o país. É verdade que teve grandes aliados como seu próprio antecessor acadêmico Frei Sinzig. Publicou depois um funcional “Método de Harmônio” que, como a “Harpa de Sião”, teve várias edições. Em 1925 passou a viver no Rio de Janeiro. Em 1946, criada a comissão arquidiocesana de Música Sacra do Rio de Janeiro, foi convidado para integrá-la e nela permaneceu até o fim de sua vida. Além do grande número de composições, quase todas religiosas e funcionais, escreveu livros de caráter religioso, destacando-se “Na luz perpétua”, em dois volumes, com biografias de santos, que também teve várias edições.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música, tomando posse a 27 de setembro de 1954, sendo saudado por Octávio Bevilacqua. Faleceu no dia 13 de outubro de 1955, aos 82 anos de idade.
Foi professora, regente e musicóloga sendo responsável por duas grandes realizações: a Associação de Canto Coral e o maior estudo já realizado acerca de um compositor brasileiro, no caso, seu patrono José Maurício Nunes Garcia.
Fundou e dirigiu durante mais de cinquenta anos a Associação de Canto Coral, o grupo vocal mais importante, historicamente, do Brasil, cujo vastíssimo repertório inclui obras de todos os períodos da história da música, responsável por inúmeras primeiras audições mundiais, contemporâneas e brasileiras. Grandes compositores e regentes brasileiros e estrangeiros estiveram à frente da ACC, a convite de sua fundadora, destacando-se Villa-Lobos e Stravinsky, sendo que a quantidade de apresentações do conjunto é admirável.
Exerceu o magistério na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1964. Suas múltiplas atividades no movimento coral foram internacionalmente reconhecidas, sendo eleita, na Venezuela, primeira presidente da Associação Interamericana de Regentes Corais, em 1978. Presidiu, também, a Sociedade Brasileira de Musicologia no biênio 1983-1985. Integrou a Comissão Nacional de Folclore do I.B.E.C.C., de 1948-1960, a Sociedade Internacional de Musicologia, em Genebra, na Suíça, o Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e o Conselho da Casa do Estudante do Brasil do Rio de Janeiro. Foi redatora, na Rádio MEC, do programa “Obras primas do Canto Coral”.
Em 1957 recebeu a Medalha Silvio Romero; em 1958, a Medalha do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro; em 1989, a Medalha Biblioteca Nacional e em 1995, o Prêmio Nacional da Música, na categoria de Musicologia, conferido pela FUNARTE /MinC.
Com Luis Heitor e Mercedes Reis Pequeno, publicou em 1952 a “Bibliografia musical brasileira (1820-1950)”. Deve-se a Cleofe Person de Mattos o resgate da obra musical de José Maurício. A partir das primeiras revisões feitas por Miguez e Nepomuceno, iniciou um longo e detalhado trabalho de pesquisa histórica, identificação de obras e documentos, levantamento de partituras, apresentações, encontro de músicas perdidas, publicações de textos e músicas, culminando na publicação de dois livros: o “Catálogo Temático das obras de J.M.N.G.”, pelo Conselho Federal de Cultura - MEC-1970 e “José Maurício Nunes Garcia – Biografia”, Biblioteca Nacional-1997. Foi Cleofe, portanto, quem confirmou definitivamente a presença de José Maurício nos programas de concerto e posteriormente nas pesquisas universitárias. Sua missão em prol da obra do chamado Padre-mestre incentivou seguidores, hoje chamados de mauricianos. Faleceu em 05 de maio de 2002, no Rio de Janeiro.
Nasceu em Salzburg, a 10 de julho de 1778. Foi aluno de Michael Haydn, mestre de capela e organista da catedral de Salzburgo, que lhe confiou parte de suas funções de organista da catedral. Aos 16 anos transferiu-se para Viena onde, por sete anos consecutivos, estudou com Joseph Haydn. Deixou Viena em 1804, para ser kapellmeister no teatro alemão de São Petersburgo, na Rússia. Voltou a Viena em 1809 e mais tarde passou a ocupar o cargo de músico da casa do príncipe de Talleyrand. Foi responsável pela composição e execução do grande Te Deum que marcou a entrada de Luís XVIII em Paris, assim como pelo Requiem que, em 1815, celebrou a memória de Luís XVI e de Maria Antonieta na Catedral de Viena, na presença de todas as cabeças coroadas da Europa, presentes ao Congresso de Viena.
Chegou ao Rio de Janeiro a 30 de maio de 1816, na comitiva do Duque de Luxemburgo, embaixador extraordinário de Luiz XVIII, que tinha a missão de incrementar as relações diplomáticas entre França e Brasil.
A 16 de setembro de 1816, um decreto real nomeou-o professor público de música no Rio de Janeiro e encarregado de prestar serviços como compositor e executante. Foi professor do príncipe D. Pedro, de sua esposa Leopoldina, e da princesa D. Isabel Maria. Foi também professor de Francisco Manuel da Silva e da esposa do Cônsul Geral da Rússia, Sra. Langsdorff.
No Rio de Janeiro Neukomm escreveu várias peças. A principal delas foi a Missa Solemnis pro Die Acclamationis Joannis VI, composta em 1817 cujo autógrafo encontra-se na Biblioteca Nacional da França. Outra obra sacra de destaque escrita por Neukomm no Rio de Janeiro foi a Missa Sancti Francisci, de 1820, composta por encomenda de D. Leopoldina.
Neukomm foi um dos primeiros compositores no Brasil a se dedicar ao repertório de câmara, como o Noturno para oboé trompa e piano, escrito em 03 de julho de 1817 para o entretenimento da família real no Paço da Quinta da Boa Vista. Para os saraus da aristocracia compôs L’amoureux, uma fantasia para pianoforte e flauta, escrita em 12 de abril de 1819 e dedicada a seus amigos, o casal von Langsdorff.
A obra sinfônica mais significativa escrita por Neukomm no Brasil foi a Sinfonia para Grande Orquestra em mi bemol maior, de 1820. É a primeira obra do gênero escrita em solo brasileiro.
No terreno da música de caráter nacional Neukomm foi também pioneiro. Sua peça para piano intitulada O Amor Brazileiro, de 1819, foi construída a partir de um lundu de autoria de Joaquim Manoel da Câmara, autor que contava com sua admiração e do qual transcreveu diversas modinhas com acompanhamento de piano.
As múltiplas atividades de Sigismund Neukomm no Rio de Janeiro incluíram também a produção de artigos para o periódico vienense Allgemeine Musikalische Zeitung a partir de 1819, onde comentou episódios e citou importantes figuras da vida musical da Corte, especialmente José Maurício Nunes Garcia.
Voltou para a Europa em 1821 e faleceu em Paris, a 03 de abril de 1858.
Nasceu em Porto Alegre, em 03 de agosto de 1903. Iniciou os estudos de piano com João Schwan Filho. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, diplomou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica.
Em seguida, fez o curso de direito, ao mesmo tempo em que prosseguia estudos de piano com Henrique Oswald. Estudou composição com Francisco Braga. No Canadá, aperfeiçoou-se em piano com Gladys Barnes.
Integrante da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi também crítico musical e literário da Revista do Globo e de A Noite, do Rio de Janeiro. No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, manteve, entre agosto de 1932 e março de 1933, uma coluna sobre arquitetura, intitulada Arte de Construir. Colaborou com a Revista Brasileira de Música da Escola Nacional de Música.
Realizou conferências e cursos em várias cidades brasileiras e no exterior e publicou o opúsculo Meio século de temporadas líricas internacionais, pelo Museu dos Teatros, em 1964. Como compositor escreveu as canções Chinoca, com letra de Vargas Neto, e Gaita, com letras de Augusto Meyer.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de setembro de 1988.
Nasceu em Stuttgart, Alemanha, em 1929, mas é brasileiro naturalizado desde 1962. Foi aluno de composição de Johann Nepomuck David, na Alemanha, de Hans Joachim Koellreutter, no Brasil. Estudou no Conservatório Dramático Musical de São Paulo e frequentou cursos internacionais de férias em Lucerna, na Suíça, Darmstdat, Alemanha, e Salzburgo, na Áustria, onde foi aluno de Olivier Messiaen, Wolfgang Fortner e Ernest Krenek. Estudou também regência com L. von Matacic, Rafael Kubelik e Mueller-Kray. Em 1953, foi um dos fundadores da Escola de Música de Piracicaba, onde exerceu, durante 50 anos, as funções de diretor artístico, professor e maestro dos vários conjuntos da entidade: coro, orquestra de câmera e sinfônica. Em 1965, recebeu o título de “Cidadão Piracicabano”, por seus trabalhos em prol da educação da juventude.
Compositor, regente e professor, Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 1795, e faleceu na mesma cidade, em 1865. Teve grande destaque na vida musical brasileira na primeira metade do século XIX. Seus mestres foram o Pe. José Maurício Nunes Garcia e Sigismund Neukomm. Foi cantor da Capela Real a partir de 1809, passando depois a timpanista e violoncelista da mesma instituição. Foi um dos fundadores da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, instituição voltada para o fomento da atividade operística no Rio de Janeiro e que estimulou a criação das primeiras óperas de Carlos Gomes, Henrique Alves de Mesquita e Elias Álvares Lobo. Já a Sociedade Musical de Beneficência tinha por objetivo o amparo dos músicos profissionais e de suas famílias. Por proposta da Sociedade foi fundado o Conservatório Imperial de Música, o primeiro do gênero na América do Sul, e que teve Francisco Manoel como seu primeiro diretor.
Como mestre da Capela Imperial foi responsável pela reorganização dos conjuntos musicais. Foi o principal regente da orquestra da Sociedade Fluminense e diretor artístico das companhias de ópera dos teatros São Januário, Provisório e Lírico Fluminense. Integrou o corpo de censores do Conservatório Dramático Brasileiro.
Escreveu diversos livros didáticos como o Compêndio de Música Prática (1832), o Compêndio de Música para uso dos alunos do Colégio Pedro II (1838), o Compêndio de Princípios Elementares de Música (1848) e o Método de Solfejo (1848). Por suas realizações recebeu em duas ocasiões a Ordem da Rosa, a primeira em 1846 no grau de Cavaleiro e a segunda em 1857 no grau de Oficial.
Deixou boa quantidade de obras, espalhadas em arquivos cariocas, mineiros e paulistas, abrangendo música sacra, modinhas e lundus. A realização artística que o consagrou e colocou seu nome na história, no entanto, foi a composição do Hino ao Sete de Abril, escrito para comemorar a Abdicação de D. Pedro I e que se tornou o Hino Nacional Brasileiro.
Nasceu em Salzburg, na Áustria, em 06 de junho de 1901. Filho do mestre de capela Franz Braunwieser, foi menino cantor e ingressou no Mozarteum de Salzburg aos 14 anos de idade, onde estudou flauta com Anton Schöner, violino e viola, além de matérias teóricas com Bernhard Paumgartner. Antes de vir para o Brasil exerceu atividades musicais na Eslovênia, onde foi professor do Conservatório de Czernowitz, e na Grécia, como docente do Conservatório Estatal de Música de Atenas. Chegou ao Brasil em 1928, e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo entre os anos de 1930 e 1935. Assumiu a direção artística da Rádio Educadora Paulista (atual Rádio Gazeta) em 1932. Foi músico da Orquestra da Sociedade de Concertos Symphonicos, nos teatros Municipal, Sant’Ana, Santa Helena, sob a regência dos maestros Lamberto Baldi e Torquato Amore. Ocupou a regência, como substituto, do Coro do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo a convite de Mario de Andrade. Como regente trabalhou em sociedades corais alemãs como a Frohsinn e o Schubert Chor.
Em 1935 fundou, com sua esposa Tatiana Kipmann, a Sociedade Bach de São Paulo, que manteve atividades até 1977. Martin Braunwieser foi regente do coro da Sociedade Bach de 1940 a 1964 e com ele fez ouvir pela primeira vez na cidade de São Paulo obras como a Paixão Segundo São João, o Oratório de Natal e a Missa em si menor.
Participou, em 1938, da missão de pesquisas folclóricas, que percorreu o norte e nordeste do país, enviado pelo Departamento de Cultura da prefeitura paulista. Naturalizou-se brasileiro em 1938 e passou a lecionar no Instituto Musical de São Paulo, nesse mesmo ano. Entre os anos de 1948 e 1951 lecionou harmonia superior, contraponto e composição no Conservatório Musical Santa Marcelina. No Conservatório Estadual de Canto Orfeônico, ensinou regência nos anos de 1949 a 1971, tendo também organizado e dirigido, de 1949 e 1964, o ensino musical nos parques infantis da prefeitura de São Paulo.
Sua obra como compositor é pouco conhecida. Do tempo de estudante do Mozarteum de Salzburg é o Annahof Quartet, de 1922. Do ano seguinte é o poema sinfônico Das Welttheater (O teatro do mundo), baseado em obra do autor espanhol Calderón de La Barca. Do período em que esteve na Grécia há registros de duas suítes, uma para orquestra e outra para dez instrumentos de sopros, ambas compostas em 1925, as Melodias Orientais, de 1926, e uma peça para flauta e orquestra de câmara chamada Aus dem Orient, de 1927. A primeira obra composta no Brasil foi In der Fremde (No estrangeiro), uma canção para canto, flauta e piano, de 1930. Seguiram-se outras canções como Pouco desejo e Estudei anos, sobre texto de Omar Kayyam e Der Schwan (O Cisne) para coro feminino, cordas e piano. Escreveu também obras didáticas.
Faleceu em São Paulo em 01 de dezembro de 1991.
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1954. Estudou com Santino Parpinelli (violino) e Leda Coelho de Freitas (Canto) na Escola de Música da UFRJ, aperfeiçoando-se posteriormente com Paulo Prochet e Franco Iglesias. Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde concluiu a Tese: “De Petrópolis a Pasárgada – o Cancioneiro de Guerra-Peixe – Contextualização, Processo Criativo e Interpretação”, baseada na obra vocal do referido autor, é Mestre – suma cum laude pela UFRJ com a Dissertação: “Nacionalismo, Enculturação e Estética: uma Leitura dos Ciclos Drummondiana e Sumidouro, de César Guerra-Peixe”. Professor nas classes de Canto a Escola de Música da UFRJ, onde também lecionou Dicção, ingressou na instituição por concurso público em 1993. É membro da Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno, na Escola de Música da UFRJ, posicionando-se ali como um ardoroso defensor da recuperação, pesquisa e difusão dos manuscritos das obras raras dos autores brasileiros que fazem parte daquele acervo. Membro fundador da Associação Brasileira de Canto, recebeu o Prêmio Especial para a Canção Brasileira no XII Concurso Internacional de Canto do Rio de Janeiro, e de seu repertório constam mais de 30 primeiras audições mundiais de peças e óperas especificamente para ele escritas, incluindo de autores como Ricardo Tacuchian, Edino Krieger, Guerra-Peixe, Ronaldo Miranda, João Guilherme Ripper, Ernani Aguiar, Lindembergue Cardoso, Cirlei de Hollanda, Rodrigo Cichelli, Villani-Côrtes, Osvaldo Lacerda, Caio Senna, Eunice Katunda, Tim Rescala, Marisa Rezende entre muitos outros.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 08 de fevereiro de 1921, filha de Pedro Moutinho dos Reis Filho e Maria Olympia de Moura Reis, professora que trabalhou com Villa-Lobos na implantação do ensino de música nas escolas primárias. Diplomada pela Escola de Música da Universidade do Brasil, em 1937, colaborou na Revista Brasileira de Música da Escola, a convite de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, de 1940 a 1941. Completou o curso de Biblioteconomia do DASP e, em 1942, ingressou, por concurso, na carreira de bibliotecário do MEC - Instituto Nacional do Livro/INL, trabalhando com Augusto Meyer.
Convidada pela União Pan-americana, atual OEA, exerceu, de 1947 a 1949, a função de assistente do musicólogo Charles Seeger, então diretor da divisão de música da entidade. De volta ao Brasil, em 1951 iniciou o trabalho de criação e organização da Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, graças ao apoio do então diretor da Biblioteca, o escritor Eugênio Gomes, e à compreensão do diretor do INL, construindo uma das mais importantes bibliotecas de música da América Latina. Em 1953, casou-se com o jornalista, linguista e violoncelista Evandro Moreira Pequeno.
Chefiou a Divisão de Música até 1990, quando se aposentou. Durante sua gestão organizou e apresentou inúmeras exposições comemorando efemérides musicais nacionais e estrangeiras, sendo que dezoito com catálogos impressos, focalizando a vida e a obra de compositores: José Maurício Nunes Garcia, em 1967; Francisco Braga, em 1968; Alberto Nepomuceno, em 1964; Ernesto Nazareth, em 1966; Glauco Velásquez, em 1964; Beethoven, em 1970; Mozart, em 1956 e 1991; Milhaud, em 1970 e ainda Música no Rio de Janeiro Imperial, em 1962, I Decênio da Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) e Três Séculos de Iconografia da Música no Brasil, em 1974, entre outras.
Ministrou cursos de organização de bibliotecas de música e participou de vários congressos da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de Documentação de Música (AIBM). Como vice-presidente desta associação, de 1965/74, colaborou em vários projetos da entidade, destacando-se o RISM (Répertoire International des Sources Musicales) e RILM (Répertoire International de Litterature Musicale). Foi membro correspondente do Boletin Interamericano de Música publicado pela OEA, Washington, D.C., de 1950/73. Distinções recebidas: Prêmio Paula Brito, em 1974; Prêmio Estácio de Sá, em 1977; Medalha Biblioteca Nacional, em 1990; Medalha Museu da Imagem e do Som-RJ, em 1990; Medalha da Societé d'encouragement au progrès-Paris, em 1993. Membro da Academia Brasileira de Música desde 1994, faleceu em 3 de agosto de 2015.
Trabalhos publicados:
"Bibliografia Musical Brasileira -1820-1950", em colaboração com Luiz Heitor C. de Azevedo e Cleofe Person de Mattos-INL.1951; "A Música Militar no Brasil no século XIX", Imp.Militar,1951; "Formação profissional do bibliotecário especializado em música"- Anais do 4º Congresso da AIBM-Bruxelas,1955; "Impressão musical no Brasil"-verbete Enciclopédia da Música Brasileira, SP,1977; "Bibliotecas e Arquivos de música no Brasil"-verbete Grove's Dictionary of Music and Musicians-Londres,1980; "Brazilian music publishers" - Inter-American music review-1988; "Música no Nordeste até os Oitocentos" - ensaio publicado na obra de Clarival do Prado Valadares- Nordeste Histórico e Monumental. R.J., Odebrecht,1982.
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, Dom Pedro I, teve um nome muito longo, mas uma vida muito curta: morreu com 36 anos de idade (Lisboa, 1798-1834). Apesar disso, teve tempo para proclamar a independência do Brasil, com 24 anos de idade, ser o seu primeiro imperador, até 1931, quando abdicou em favor de seu filho Pedro II, e ser o vigésimo sétimo rei de Portugal, sob o nome de D. Pedro IV. Tendo abdicado da coroa portuguesa em favor de sua filha Dona Maria da Glória, precisou recuperar o trono português, para restaurar os direitos da filha, usurpados por D. Miguel, seu irmão.
Durante seu governo no Brasil, de 1821 a 1831, primeiro como príncipe regente e, depois da Independência, como imperador e “Defensor Perpétuo do Brasil”, enfrentou grandes dificuldades político-econômico-militares. Sua vida pessoal e afetiva foi também muito tumultuada. Mesmo assim, ainda encontrou tempo para ser poeta, modinheiro, clarinetista e compositor, em tão curto espaço de tempo. Estudou música com Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. É autor de um dos hinos oficiais do Brasil, no caso o Hino da Independência, que tem letra de Evaristo da Veiga.
Há referências sobre duas peças para piano de autoria de D. Pedro I, uma Marcha Fúnebre e o Souvenir filial, publicadas pelo editor Pierre Laforge.
O Responsório de São Pedro de Alcântara Mortuus est e a Antífona de Nossa Senhora Sub tuum praesidium, são os primeiros ensaios do príncipe herdeiro no terreno da composição musical. Já o Te Deum e o Credo da Missa de Nossa Senhora do Carmo são obras de maior fôlego e podem eventualmente aparecer em algum concerto.
O Te Deum foi escrito por D. Pedro em dezembro de 1820 para celebrar o nascimento de seu filho, o príncipe João Carlos e dedicado a seu pai, o Rei D. João VI. Uma cópia da obra, na qual constava também uma abertura sinfônica, foi enviada por D. Leopoldina a seu pai, o Imperador Francisco I, em Viena.
Sua obra mais importante é o Credo. Foi muito executado durante o século XIX, pois contava com o incentivo do Imperador D. Pedro II, que gostava de ouvir a música composta por seu pai. Com a proclamação da república a obra foi sendo esquecida. Por ocasião do sesquicentenário da independência do Brasil, comemorado em 1972, foi novamente executado e ganhou sua primeira gravação com o Coro da Rádio MEC, a Orquestra Sinfônica Nacional e a regência de Henrique Morelenbaum.
Compositor gaúcho, além de violinista e musicólogo, Luiz Cosme deixou uma obra relativamente pequena, em parte por ter falecido com apenas 57 anos (Porto Alegre 1908 – Rio de Janeiro, 1965). Estudou música no Conservatório de Porto Alegre, onde foi aluno de Assuero Garritano, e Oscar Simm. Ganhou uma bolsa para estudar violino e composição no Conservatório de Cincinatti, em Ohio, nos EUA, onde foi por dois anos spalla da orquestra da instituição. Após breve estada em Paris, voltou para Porto Alegre em 1930 e se tornou professor do Instituto Musical de Porto Alegre e do Colégio Metodista Americano. Fez a sua estreia como compositor, em concerto público, em 1931, na Sala Beethoven. No mesmo ano apresentou sua obra no Rio de Janeiro, onde passou a morar a partir de 1932.
Na capital do país Luiz Cosme tornou-se violinista da Orquestra da Rádio Nacional e da Orquestra do Theatro Municipal. A atividade profissional de Luiz Cosme se concentrou no Instituto Nacional do Livro e na Rádio MEC, onde foi produtor de programas. Escreveu vários livros sobre música, entre eles Música e Tempo (1952), Introdução à Música (1954), o Dicionário musical (1957), Música, sempre música (1959) e Música de Câmara (1961).
Recebeu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul o título de Doutor Honoris Causa e Prêmio Rádio Jornal do Brasil de 1963, como melhor compositor do ano.
A sua mais importante obra, o bailado Salamanca do Jarau, foi estreada pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Villa-Lobos, em 1936. No ano seguinte, a mesma obra foi regida em São Paulo, por Francisco Mignone, com a Orquestra Sinfônica Municipal. É de se notar que ambos os regentes foram presidentes da Academia Brasileira de Música. Um terceiro acadêmico foi responsável pela única gravação existente da obra. Mário Tavares a registrou com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC para o selo Odeon.
De sua obra destacam-se, além da já citada, o bailado Lambe-lambe, o Quarteto de cordas (1933), a Pequena Suíte (1932) para quarteto com piano, Mãe D’Água Canta (1931) e Oração a Teiniaguá (1932), ambas para violino e piano e a segunda também em versão orquestral, e as trilhas sonoras para os filmes Maria Bonita (1942) e Vento Norte (1949). Compôs ainda uma série de canções sobre texto de Cecília Meireles: Cantiga, Chorinho e Modinha, todas em 1947, e Madrugada no Campo, de 1949.
A cadeira nº08 da ABM foi alocada para José Siqueira como co-fundador, depois que o efetivo da Academia se reduziu de 50 para 40 cadeiras. A vastíssima obra deste compositor nascido em Conceição, na Paraíba, em 1907 e falecido no Rio de Janeiro, em 1985, sua importância como educador e o papel de liderança que exerceu no meio musical de sua época colocam-no como uma das grandes figuras da música brasileira no século XX. Durante toda sua juventude Siqueira atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba; o seu pai fora o mestre da Banda Cordão Encarnado, em sua cidade natal. Veio para o Rio em 1927, ingressando na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista.
Entre 1928 e 1930, estudou no antigo Instituto Nacional de Música, já tendo antes recebido aulas de Paulo Silva. Estudou composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, formando-se em composição e regência em 1933, quando se apresentou em concerto público, pela primeira vez, como compositor. Ao lado de sua carreira de compositor e regente, foi professor catedrático da então Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Em 1940 fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira e formou-se em direito em 1943. Viajou pelos Estados Unidos e Canadá e, em 1949, fundou a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro.
Em 1953, viajou para Paris onde regeu a Orchestre Radio-Symphonique e frequentou o curso de musicologia da Sorbonne. Regeu várias orquestras na Itália, Portugal e na ex-URSS. Em 1961 é um dos fundadores da Orquestra Sinfônica Nacional e, em 1967, cria a Orquestra de Câmara do Brasil. Em 1969 foi aposentado, à revelia, pela ditadura militar, devido à sua pregação democrática. Siqueira participou da criação de várias entidades de classe e culturais, entre elas a Ordem dos Músicos do Brasil. Publicou vários livros didáticos tais como “Canto dado em XIV lições”, “Música para a juventude”, em quatro volumes, “Sistema trimodal brasileiro”, “Curso de Instrumentação”, entre outros. Seu catálogo de composições vai desde a ópera, o oratório e a sinfonia até a música de câmara, para instrumentos solos e para voz. Toda a obra de Siqueira está vinculada a uma estética nacionalista, com forte coloração do nordeste brasileiro.
José de Lima Siqueira, ao falecer, aos 78 anos, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 1985, além de óperas, cantatas e concertos, deixou um currículo de agitador cultural incomparável. Dentre as inúmeras matérias publicadas pelos jornais na ocasião e que se referiram à sua vida e à sua obra, eis aqui transcrito o final da matéria assinada por Luiz Paulo Horta, no “Jornal do Brasil”: “... Além de méritos como compositor, regente e animador cultural, Siqueira deixa também a imagem de um ser humano da mais alta qualidade – professor dedicado, amigo de seus amigos e da própria música. Com pouquíssimas pessoas, neste Rio de Janeiro, a música terá uma dívida tão grande”.
Nascido em 1950 no Rio de Janeiro, estudou violino com Yolanda Peixoto e análise musical com Esther Scliar, e posteriormente na Europa com Max Rostal. Formou-se com grau máximo e distinção.
Na qualidade de concertista apresentou-se como solista de orquestra, recitalista e camerista, por diversos países Europeus. No Brasil, solou com todas as orquestras importantes do cenário musical.
É professor do bacharelado de Violino na UNI-RIO e convidado para os mais importantes cursos e festivais no Brasil. Alguns de seus alunos foram premiados em importantes concursos nacionais e internacionais.
Foi fundador e por dezessete vezes (17) Diretor Artístico do Curso Oficina de Música de Curitiba, festival que por vezes congregou cerca de mil e duzentos (1200) participantes, onde foi criado o "Simpósio Latino Americano de Música".
Para estes Festivais (Curitiba) várias peças de compositores brasileiros foram especialmente encomendadas.
Como primeiro violino do Quarteto da UFF, excursionou na Inglaterra e na Escócia, com programa exclusivamente brasileiro, fazendo gravação dele para a BBC. Também com este Quarteto realizou a primeira gravação mundial do Quarteto nº 4, de Villa-Lobos em disco. Como solista e camerista realizou inúmeras primeiras audições de música brasileira.
Participou das mais diversas Bienais de Música Contemporânea, executando em primeira audição mundial peças de José Penalva, Sonata para violino solo, de David Korenchendler, além de inúmeras outra obras. Foi Diretor Artístico e Spalla da Orquestra de Câmara Brasil Consorte, que estreou várias obras em primeira audição.
Gravou para a Orquestra de Câmara de Curitiba, atuando como maestro, com programa inteiramente brasileiro (Santoro, Emani Aguiar, H. Morozowicz e Guerra-Peixe). Executou em primeira audição no Brasil a Sonata nº 5, de Cláudio Santoro.
Em concertos no ano de 2004, com a parceria da pianista Lílian Barretto, executou programa integralmente brasileiro nos festivais "Festival Musical du Chateâu de Ia Follie” (Bélgica) e "Festival di Grottammare", segunda edição (Itália).
Na turnê patrocinada pela FUNART em concertos no sudeste e nordeste executou programa com predominância da música brasileira, gravou, na Suíça, CD que inclui e traz à cena a grande Sonata em La Maior, de Leopoldo Miguez (2005).
Em 2006 grava a integral da obra romântica de Francisco Mignone. Compositores como Bruno Kiefer, Ernani Aguiar, Odemar Brígido e Andersen Vianna dedicaram-Ihe obras.
Escreveu artigos para diversos periódicos musicais assim como importantes jornais. Foi jurado de diversos concursos, dentre eles o Primeiro Concurso Internacional de Violino Villa-Lobos (1983) e outros.
O Concurso Nacional de Cordas, o único no gênero em Juiz de Fora, traz o seu nome.
Mais recentemente, em dezembro de 2006 , realizou recital na Casa-Museu Claude Debussy em San-Germain en Laye (grande Paris), a convite da direção artística daquele estabelecimento, executando programa integralmente brasileiro (Mignone, Villa-Lobos, Nazareth e Ronaldo Mirando).
Soprano, nasceu no Rio de Janeiro em 1920 e faleceu em 1988.
Foi aluna de Murilo de Carvalho. Venceu concurso nacional de canto em 1936, realizando, desde então, inúmeras turnês nacionais e internacionais, particularmente nos Estados Unidos da América e nos países do leste europeu, notadamente na Rússia, onde se apresentou em concertos e gravou discos sob a regência de seu marido, o compositor José Siqueira.
Nasceu em Jaú, São Paulo, em 1945 e faleceu na cidade de São Paulo, em 2007. Arnaldo José Senise dedicou sua vida a divulgar e reinterpretar aspectos técnicos e estéticos da música, e ao mesmo tempo atuou como jornalista, pedagogo e pesquisador. Sua atividade musicológica se manifestou nos textos de grande discernimento crítico, em programas de concerto e encartes de CDs como os da série “Grandes Pianistas Brasileiros”. Porém, sua maior contribuição para a música brasileira foi a edição da Sinfonia em mi menor, de Alexandre Levy.
Arnaldo Senise diplomou-se pelo Conservatório de Música de Jaú e continuou seus estudos de piano, estética e análise musical de 1897 a 1980com Sophia Mello Oliveira, discípula de Luigi Chiaffarelli. Graduou-se, também, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Como professor, lecionou análise musical, história da música, estética musical e música brasileira. Participou de júris de concursos musicais e foi sócio benemérito da Sociedade Brasileira de Musicologia, da qual foi diretor de 1982 a 1985. Integrou a diretoria eleita sub judice para a reestruturação da Academia Brasileira de Música, foi conselheiro da Comissão Municipal de Cultura de São Paulo e autor de cerca de 100 publicações, entre ensaios, estudos e trabalhos científicos.
O violoncelista, compositor e professor Joaquim Thomaz da Cunha Lima Cantuária nasceu em Pernambuco, em 29 de dezembro de 1800 e faleceu em 04 de setembro de 1878. Foi aluno do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Requereu o lugar de timbaleiro da Capela Imperial, até então ocupado por Francisco Manuel da Silva, mas não o obteve. Foi professor de música vocal e instrumental no Colégio de Órfãos de Olinda e mestre de capela, violoncelista e organista da Catedral. Escreveu uma Pequena Arte da Música, publicada em Recife, em 1857 (Sacramento Blake cita uma edição desta obra datada de 1836). Conhecem-se dele duas Missas, um Te Deum e três Vésperas Solenes.
Pianista, compositor, regente e professor, Paulino Lins de Vasconcellos Chaves nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, a 26 de junho de 1883. Fez os primeiros estudos em Belém, Pará. Foi iniciado na música por sua mãe e pela professora Idalina França. Aos 8 anos, compôs a mazurca Saudades de uma rosa. Em 1896, por ocasião da morte de Carlos Gomes, escreveu uma Marcha Fúnebre em homenagem ao mestre. Iniciou brilhante carreira de pianista ainda na adolescência.
Estudou no Real Conservatório de Leipzig, na Alemanha, em dois períodos, entre 1899 e 1902 e entre 1913 e 1914, onde estudou com Robert Teichmüller (piano), Salomon Jadassohn e Paul Quasdorf (harmonia, contraponto, fuga e composição). Enquanto estudante do conservatório recebeu, em 1902, o prêmio Mozart Stipendium pelo primeiro lugar no concurso de piano. Retornando ao Brasil, em 1903, foi nomeado professor do Instituto Carlos Gomes de Belém (PA), que veio a dirigir mais tarde.
Veio pela primeira vez ao Rio de Janeiro em 1908 onde, em 03 de agosto, abriu o programa do terceiro concerto da Exposição Nacional, como solista do Concerto para piano no1 em mi bemol, de Franz Lizst, regido por Alberto Nepomuceno. No mesmo ano excursionou por Natal, Recife e Belo Horizonte se apresentando como solista e regente.
Em 1910, partiu para Manaus, tornando-se catedrático da Escola Normal do Amazonas.
Ali ficou até 1913, quando voltou a Leipzig para um ano de estudos de aperfeiçoamento. No retorno ao Brasil, voltou a fixar residência em Belém, onde criou diversas instituições musicais como o Centro Musical Paraense (1915) e o Coro de Santa Cecília (1916). Em 1918 criou o Quarteto Beethoven, para a difusão da música de câmera.
É desta época a estreia da Missa solene em honra de São Luís e da Missa de Santa Joana d'Arc, cantada na Basílica de Nazareth na festa da canonização de Santa Joana d'Arc. Ainda em Belém concluiu sua Sinfonia em mi menor. Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou sua intensa atividade artística. Foi nomeado professor do Instituto Nacional de Música. Apresentou-se como solista, mais uma vez com o Concerto para piano e orquestra, de Liszt, com a Orquestra do Instituto Nacional de Música em 1929. Faleceu no Rio de Janeiro, a 31 de julho de 1948.
Em 2010 a pesquisadora Lúcia Maria Chaves Tourinho lançou a biografia intitulada Maestro Paulino Chaves: dando vida ao artista e o catálogo de obras do compositor, com a inclusão de diversas partituras editadas.
Nasceu em São Paulo, em 1932. É compositora, pesquisadora e etnomusicóloga. Iniciou os estudos de música ao piano com a professora Leonilda Morganti. Aos oito anos passou a receber orientação do pianista e compositor Fructuoso Vianna e prosseguiu os estudos com Nair de Lima Tabet e Antonio Munhoz. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Ganhou bolsa de estudos da Comissão de Comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo para o curso de composição com Camargo Guarnieri, com quem estudou até 1961. Em 1966 foi bolsista do Instituto Torcuato Di Tella no Centro Latino-americano de Altos Estudos Musicais, para estudos de composição. Em 1970 obteve uma bolsa de estudos para estágio da Fundação Calouste Gulbenkian com a qual, em Lisboa, Portugal, trabalhou sob orientação do etnólogo Michel Giacometti e do compositor Fernando Lopes Graça.
Também conhecido como Brasílio Itiberê II (Curitiba, 17 de maio de 1896 - Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1967) foi um folclorista, músico e escritor brasileiro. Era sobrinho de Brasílio Itiberê da Cunha, João Itiberê da Cunha e do Monsenhor Celso Itiberê da Cunha.
Morando no Rio de Janeiro, onde transferiu residência para cursar Engenharia Civil, participou de movimentos literários na então capital brasileira e ajudou a fundar a Revista Festa (revista modernista) e com os conselhos de Villa-Lobos e Pixinguinha, abandonou a engenharia para dedicar-se a música.
Foi professor de folclore no Instituto de Artes da antiga Universidade do Distrito Federal e do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Na Revista Festa, escreveu alguns dos mais significativos contos do modernismo brasileiro.
Entre suas mais conhecidas composições, podemos citar: Suíte Litúrgica Negra, Trio nº1, Oração da Noite, O Canto Absoluto, Estâncias, Epigrama.
Como prosador e poeta, escreveu: Ora Vejam Só, Seu Jujuba...(1963); Mangueira, Montmartre e Outras Favelas - Viagens e Várias Histórias (1970).
Nasceu em São Paulo/SP, Brasil, em 23 de março de 1927 e faleceu na mesma cidade, em 18 de julho de 2011. Osvaldo Costa de Lacerda iniciou seus estudos de piano com Ana Veloso de Rezende, aos nove anos de idade,continuando-os, mais tarde, com Maria dos Anjos Oliveira Rocha e José Kliass. Aprendeu os primeiros rudimentos de harmonia e contraponto com Ernesto Kierski, de 1945 a 1947. No final da década de 1940, teve aulas de técnica vocal com a cantora russa exilada Olga Urbany de Ivanov. De 1952 a 1962, estudou composição com Mozart Camargo Guarnieri, a quem deve o início de sua carreira, e sob cuja orientação formou sua personalidade de compositor. Seu estilo caracteriza-se por um refinado nacionalismo, fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira, aliado a sólido domínio das técnicas modernas de composição.
Em 1963, passou um ano nos Estados Unidos, sob os auspícios da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, tendo sido o primeiro compositor brasileiro a usufruir uma bolsa de estudos dessa importante fundação. Teve, então, aulas de composição com Vittorio Giannini, em Nova York, e Aaron Copland, em Tanglewood. No final da década de 1970, aconselhou-se em orquestração com o maestro Roberto Schnorrenberg.
Em maio de 1965, foi um dos compositores que o Ministério das Relações Exteriores enviou aos Estados Unidos, para representar o Brasil no Seminário Interamericano de Compositores, na Universidade de Indiana, e no IIIº Festival Interamericano de Música, em Washington. Em abril de 1996, foi um dos compositores brasileiros que a American ComposersOrchestra convidou para participar, em Nova York, do Festival “Sonido de las Américas: Brazil”.
Entre suas obras, que vêm sendo cada vez mais executadas no Brasil e no exterior, destacam-se trabalhos para piano, canto e piano, coro, conjuntos de câmara, orquestra e banda, muitos dos quais se acham editados e gravados em discos, no Brasil e exterior.
No Brasil, tem os seguintes editores: Academia Brasileira de Música, Artur Napoleão, Cultura Musical, Irmãos Vitale, Mangione e Filhos, Musicalia, Novas Metas, Ricordi Brasileira, e Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, MusiMed, Universidade de Brasília, Funarte, Coomusa e Vozes. No exterior, são os seguintes os seus editores: GotthardDöring, Hans Gerig, Moeck, Schott’sSöhnne, Tonos, e Zimmermann, da Alemanha; Frangipani Press, Paul Price, Tempo Primo, e União Pan-americana, dos Estados Unidos; Saga, da Inglaterra.
É detentor dos seguintes prêmios em concursos de composição: 1º prêmio no concurso nacional de composição “Cidade de São Paulo”, promovido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1962, com a Suíte Piratininga para orquestra; 1ºprêmio no concurso de composição de obras sinfônicas, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a mesma Suíte Piratininga; 2ºprêmio no concurso de composição “A Canção Brasileira”, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a canção Mandaste a sombra de um beijo; 1º prêmio no concurso de composição e arranjos para coro misto a quatro vozes, promovido pela Universidade Federal da Paraíba, em 1967, com o coro Poema da necessidade; 1º Prêmio no “Iº Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Sopro-trompa e fagote”, promovido pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em 1984, com Três Melodias, para fagote e piano.
Além desses prêmios em concursos de composição, obteve também os seguintes: “Melhor Revelação como Compositor em 1962”, outorgado pela Associação de Críticos do Rio de Janeiro; “Melhor Obra de Câmara em 1970”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, com o Trio para piano, violino e violoncelo; “Melhor Obra de Câmara em 1975”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte, com as Quatro Peças Modais para orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1978”, outorgado pela APCA, com Appassionato, Cantilena e Tocata, para viola e piano; “Melhor Obra de Câmara em 1981”, outorgado pela APCA, com o Concerto pra flautim e orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1986”, outorgado pela APCA, com a Sonata para oboé e piano; e “Melhor Obra Sinfônica em 1994”, com Cromos, para piano e orquestra.
Em 1968, recebeu o troféu “Ordem dos Músicos do Brasil-1968, Compositor de Musica Erudita”. Recebeu as seguintes medalhas: Alexandre Lévy, na qualidade de Presidente da Sociedade Pró Musica Brasileira, pela divulgação dada à obra daquele compositor; Marechal Candido Mariano da Silva Rondon e Brigadeiro José Vieira Couto de Magalhães, ambas outorgadas pela Sociedade Geográfica Brasileira.
Foi fundador da Mobilização Musical da Juventude Brasileira, em 1945, e diretor do Departamento de Divulgação da Música Brasileira, de 1951 a 1952, daquela entidade em São Paulo.
Foi fundador e diretor artístico da Sociedade Paulista de Arte, entidade que, de 1949 a 1955, apresentou diversos novos valores musicais ao público paulistano. Foi fundador e presidente da Sociedade Pró Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, de 1961 a 1966, promoveu ampla divulgação da música brasileira. Foi novamente presidente da mesma sociedade, quando esta ressurgiu brevemente em 1984.
Foi fundador e presidente do Centro de Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, promove intensa divulgação da música erudita brasileira.
Foi membro da Comissão Municipal de Música, em Santos, de 1965 a 1967; presidente da Comissão Estadual de Música, em São Paulo, em 1967; e membro da Comissão Nacional de Música Sacra, de 1966 a 1970.
Dedicou-se sempre intensamente ao ensino da música, na qualidade de professor de teoria elementar, solfejo, harmonia, contraponto, análise musical, composição e orquestração. Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical”são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.
Destaca-se a sua participação, como professor, no curso de formação de professores da Comissão Estadual de Música, de São Paulo, de 1960 a 1962, e de 1969 a 1970; no I º Seminário de Música de Sergipe em 1967; no II º Festival de Inverno de Ouro Preto em 1968; no Curso Internacional de Música do Paraná, de 1966 a 1970, em 1975 e 1977, e em muitos outros cursos de música, realizados em diversas cidades do Brasil como Campinas, Ribeirão Preto, Franca, Pindamonhangaba, Presidente Prudente, Poços de Caldas, Londrina, Natal, dentre outras.
Foi o primeiro compositor convidado para o “Festival de Bar-Harbor”, do Maine, EUA, em julho de 1997, tendo tido várias de suas obras executadas em inúmeros concertos. Em 24 de novembro de 1997, recebeu o troféu “Guarani”, outorgado pela Secretaria de Estado da Cultura, de São Paulo, como personalidade musical do ano. Ainda em 1997, recebeu o Grande Prêmio da Crítica, da APCA.
Em janeiro de 1999, foi convidado a participar, na qualidade de compositor, do“Festival de Música Latino-Americana”, promovido pelo BardCollege em Annadale-on-Hudson, no Estado de New York. Obras suas foram então tocadas em diversos concertos promovidos pelo College. Nessa ocasião, um concerto com cinco de suas obras foi apresentado na prestigiosa série de concertos da Trinity Church, na cidade de New York, a cargo da Manhattan ChamberOrchestra, regida pelo entusiástico e eficiente maestro Richard Auldon Clark.
Em 29 de março de 2004, recebeu o Prêmio da APCA, por Lembrança de Amor, como melhor CD de 2003.
Em 24 de Julho de 2006, recebeu a Medalha Anhanguera, a mais importante condecoração concedida pelo estado de Goiás, pelos seus serviços prestados à música brasileira e à música em geral.
O compositor e cantor Cândido Ignácio da Silva nasceu por volta de 1800. Sua naturalidade é incerta. Manuel de Araújo Porto Alegre, seu contemporâneo, afirmou ser mineiro. Já o pioneiro editor de música Pierre Laforge, também seu contemporâneo, a ele se refere em anúncio nos jornais do Rio de Janeiro como um jovem e estimável compositor fluminense. Sua formação musical se deu no curso do Padre José Maurício Nunes Garcia. Seu instrumento era a viola para cujo naipe na orquestra da Capela Imperial solicitou ingresso em 1827, ou então alternativamente, no coro na voz de tenor. Foi um destacado cantor e assumiu as partes solistas de diversas obras de seu mestre, como a Missa de Santa Cecília. Como tenor solista participou de diversos concertos a partir de 1824, onde se apresentava cantando árias e trechos de óperas.
A partir da década de 1830 seu nome aparece também como compositor. Suas Variações para corneta de chaves e orquestra foi tocada por Desidério Dorison, em 1837. No mesmo ano os músicos Francisco da Mota, João Bartolomeu Klier e Antônio Xavier da Cruz apresentaram outro conjunto de variações escritas para flauta, corne-inglês, clarineta e orquestra. Suas últimas obras foram um Hino das Artes, apresentado no Teatro Constitucional Fluminense e 12 valsas para piano, editadas por Laforge.
Como compositor de modinhas e lundus Cândido Inácio da Silva foi considerado por Ayres de Andrade um dos mais inspirados e originais de quantos músicos brasileiros se consagraram ao gênero no século XIX. São dele algumas das mais célebres e executadas entre as modinhas de seu tempo, como Quando as glórias eu gozei e Busco a campina serena. Mas é com o lundu-canção com texto de Manuel de Araújo Porto Alegre intitulado Lá no Largo da Sé que a importância de Cândido Inácio da Silva pode ser reconhecida. Mário de Andrade, em extenso artigo publicado na Revista Brasileira de Música, considerava essa pequena peça um dos marcos históricos mais notáveis do gênero e de importância acentuada na evolução da música brasileira.
Teve vida relativamente breve, tendo falecido em 1838.
Compositor, regente e flautista, Octavio Batista Maul nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1901. Junto com seu pai, fundou uma banda musical na cidade natal. Estudou piano com Jaime Figueiras e harmonia com Agnelo França, ocupando o lugar de flautista no sexteto formado com seus irmãos. Em 1919, prestou exames no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde passou a frequentar a classe de contraponto e fuga de Francisco Braga, de quem foi aluno particular de composição, entre 1922 e 1926. Em 1929, fez estágios na Alemanha e Bélgica. Ao retornar ao Brasil, tornou-se aluno de Guilherme Fontainha. Em 1930, foi cofundador, junto com Alcina Navarro, do Instituto Musical de Petrópolis.
Em 1934 reingressou no Instituto Nacional de Música, onde foi aluno de regência de Francisco Mignone. Em 1936, passou a integrar o corpo docente do Conservatório Brasileiro de Música. Três anos depois, dirigiu concertos da Orquestra Sinfônica da Sociedade Pró-Música. Em 1940, lecionou, interinamente, na Escola Nacional de Música, tornando-se livre-docente na mesma instituição em 1945. Quatro anos mais tarde, foi efetivado no cargo. Participou da Sociedade Propagadora da Música Sinfônica e de Câmara fazendo parte de sua diretoria.
Dirigiu a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, apresentando obras suas, em 1951. Esteve à frente também da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra da Escola Nacional de Música. Em 1952, realizou excursão artística ao Rio Grande do Sul. Organizou e preparou a orquestra do Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro, com estreia oficial em 09 de dezembro de 1960, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa. No mesmo ano, realizou o Festival Octávio Maul, transmitido pela Rádio MEC.
Suas obras principais são: Marcha festiva (1922), Prelúdio sinfônico em dó sustenido maior (1927), Paisagem tropical (1934), Dança brasileira (1939), Iara Branca para cordas, Instantâneos para cordas, o Divertimento, para piano, violino e violoncelo (1936); Concerto Fantasia para piano e orquestra, Quarteto de cordas (1944) e diversas obras para piano destacando-se o Tríptico, o Recitativo e Balada, o Estudo em fá (1932), o Estudo em fá sustenido (1934), a Suíte mirim (1940) e a Sonata (1925). Compôs ainda música incidental para o Fausto de Goethe, em espetáculo realizado em 1948 no Teatro Quitandinha, em Petrópolis.
Faleceu em abril de 1974.
Júlio Medaglia é natural de São Paulo, diplomou-se em regência sinfônica na Alemanha, na Meister-klasse da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg. Fez curso de alta interpretação sinfônica com Sir John Barbirolli, de quem foi assistente.
Viveu na Alemanha por mais de 10 anos, atuando também na rádio e na TV, regendo algumas das mais importantes orquestras, inclusive na Filarmônica de Berlim.
Além de sua atividade como maestro no Brasil e no exterior, compôs mais de uma centena de trilhas sonoras para teatro, cinema e televisão. Uma seleção de músicas de suas trilhas foi gravada pelo conjunto de sopros da Filarmônica de Berlim (BIS 952), além de arranjos gravados pelos 12 violoncelos dessa Filarmônica (EMI). Em sua passagem pela música popular, foi um dos fundadores do Tropicalismo. É o autor do arranjo original da música “Tropicália”, de Caetano Veloso, que deu origem àquele movimento. É autor do hino oficial da Universidade de São Paulo com o poeta Paulo Bomfim.
Ocupou os cargos de Diretor do Instituto Estadual de Comunicação do Rio de Janeiro, Diretor da Rádio Roquette Pinto (RJ), Supervisor Musical Artístico da Rede Globo de Televisão, Diretor Artístico do Teatro Municipal de São Paulo e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, diretor artístico de Teatro Municipal do Rio de Janeiro, diretor do Festival de Inverno de Campos do Jordão, diretor da Universidade Livre de Música, diretor artístico do Centro Cultural São Paulo, regente da Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília. Para o Teatro Amazonas criou a Amazonas Filarmônica com músicos de vários países do mundo. Nesse teatro acontece o maior festival de ópera do país.
Por ocasião das homenagens a Carlos Gomes pela passagem dos 100 anos de seu falecimento, regeu e gravou em vídeo e CD com os 200 artistas da Ópera Nacional da Bulgária a ópera “O Guarany”, evento transmitido para vários países europeus pela Eurovisão.
Apresenta há 35 anos programa diário na Rádio Cultura FM de São Paulo. Produz e rege a orquestra da TV Cultura de São Paulo no programa Prelúdio, transmitido em cadeia nacional há 15 anos. Esse programa recebeu o prêmio de “melhor projeto cultural da TV brasileira” pela A.P.C.A.
É membro da Academia Nacional de Música e há 25 anos assina crônica mensal na revista Concerto. Recebeu do Ministério da Cultura a “Grã Cruz” da Ordem do Mérito Cultural. Recebeu semelhante honraria da presidência da Hungria por suas interpretações de obras de autores daquele país. Por seus 6 livros e mais de 500 artigos publicados, foi eleito por unanimidade para a Academia Paulista de Letras, cadeira de nº 3, que pertenceu a Mário de Andrade.
Compositor, pianista, professor e musicólogo, Armando Albuquerque nasceu em Porto Alegre/RS, em 29 de junho de 1901 e faleceu na mesma cidade, em 1986. Estudou no Conservatório de Música da cidade, tendo concluído o curso de violino em 1923. Foi aluno de Oscar Simm, em aulas de violino e J. Schwartz Filho, de harmonia. Tocou piano em grupos de música popular, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e foi arranjador da Rádio Difusora de Porto Alegre. Foi orientador musical da Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, entre 1959 e 1967. Por volta de 1946, começou a dedicar-se à composição. Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e professor de composição no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Régis Duprat (Rio de Janeiro, 11.07.1930 – São Paulo, 19.12.2021) estudou violino e viola com Joahanes Oesner, integrante do Quarteto Fritsche, de Dresden, e depois do Quarteto Municipal de São Paulo. O estudo do contraponto e composição foi feito com Olivier Toni e Claudio Santoro. De 1950 a 1966, foi violista de vários conjuntos de câmara e sinfônicos, diretor do Sindicato dos Músicos e da Associação dos Professores da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Foi cofundador de diversas entidades musicais, como a Orquestra de Câmara de São Paulo e a Orquestra Angelicum do Brasil. Em 1963, Duprat foi um dos signatários do “Manifesto Música Nova”, propunha uma renovação da linguagem musical através de princípios de experimentação, defendendo o “compromisso total com o mundo contemporâneo”.
Formado em História pela USP, cursou o Instituto de Musicologia e o Conservatório de Paris. Foi professor de viola e de história da música da Universidade de Brasília, onde se doutorou em musicologia, orientado por Sérgio Buarque de Holanda. Foi professor da UNESP e da USP, onde orientou dissertações e teses de mestrado e doutorado. É sócio honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia (1993) e membro eleito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1994). Foi cofundador da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – Anppom, além de ter atuado como professor da Unesp e da USP. À frente da Anppom, defendeu a importância da transdisciplinaridade.
Recebeu, em 1970, prêmio especial da Associação Paulista de Críticos Teatrais pela pesquisa musicológica sobre o período colonial paulista. Fez parte do corpo editorial da Revista Brasileira de Música, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, e da Modus, publicação da Universidade do Estado de Minas Gerais.
Como musicólogo dedicou-se, sobretudo, ao estudo da música colonial de São Paulo, da Bahia e de Minas Gerais. Publicou grande quantidade de estudos musicológicos em periódicos no Brasil e no exterior, assim como de revisões críticas de obras musicais. Colaborou com inúmeros verbetes para a Enciclopédia da Música Brasileira Erudita, Folclórica e Popular, em suas duas edições, de 1977 e 1998. Coordenou o trabalho de organização do Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, tendo como resultado a elaboração e publicação de três catálogos dos manuscritos musicais lá existentes.
Tem cerca de 120 trabalhos publicados em revistas especializadas, dentre os quais 20 livros, comunicações musicológicas apresentadas em congressos nacionais e internacionais e cerca de 300 transcrições musicológicas e transcrições orientadas de partituras do Brasil colonial e imperial. Produziu 18 LP´s e CD´s sobre a música brasileira, erudita e popular. Recebeu o Prêmio Clio de 1996, da Sociedade Paulistana de História. Em sua produção se destaca o livro “A Música na Sé de São Paulo Colonial” (1995), onde aborda o compositor André da Silva Gomes e apresenta seu catálogo de obras. Publicou sobre o mesmo compositor uma edição comentada de sua Arte explicada do contraponto (1998). Outros livros importantes são “Garimpo Musical” (1985) e a série “Música do Brasil Colonial” (1997).
Nas palavras do confrade Ricardo Tacuchian:
“Duprat é o elo entre a musicologia tradicional, naquilo que ela tem de mais rica, e a Nova Musicologia. Ele é um homem dos arquivos, dos documentos que precisam ser autenticados, da análise das formas de expressão musical de cada época e de cada local, da extração de exemplos de épocas remotas, mas que podem servir de luz para a compreensão dos dias atuais, enfim, um detetive sherlockiano. Duprat traz para a Musicologia Brasileira o método de um Jacques Chailley, Fernand Braudel, Pierre Francastel ou Marcel Beaufils, autores que alimentaram a avidez intelectual de nossa juventude e que ele conheceu de perto, mas que soube ultrapassá-los com sabedoria.”
Régis Duprat faleceu aos 91 anos, no dia 19 de dezembro de 2021.
Compositor e professor, Domingos da Rocha Viana nasceu em Salvador, Bahia, em 20 de janeiro de 1807 e lá faleceu em 29 de fevereiro de 1856. Iniciou-se como músico de banda da Guarda Nacional. Foi condecorado por sua participação na Guerra da Independência, em 1822. Ferido em combate próximo do engenho Moçurunga, adotou-lhe o nome como lembrança. Aos 20 anos já lecionava música e em 1830 era professor de latim e português no Colégio São Pedro de Alcântara. Em 1833 fez concurso para as cadeiras públicas de música e de latim, sendo nomeado catedrático da primeira e substituto da segunda. Lecionou, ainda, na Academia de Música, sociedade que funcionou em Salvador de 1830 a 1836, e da qual participaram Damião Barbosa de Araújo e José Pereira Rebouças. Com a criação do Liceu Provincial, em 1837, ocupou a cadeira de música. No mesmo ano envolveu-se na Sabinada, rebelião de caráter republicano em Salvador, e foi preso, depois julgado e absolvido.
Nessa época compôs os versos e a música do Hino da revolução. Já era então um dos mais conceituados músicos de sua terra e em 1838 teve obra sua executada no Rio de Janeiro, no Teatro São Pedro de Alcântara, em concerto que reuniu aberturas sinfônicas de mestres da escola baiana. Em 1839 foi reintegrado nas funções de catedrático de música. Em 1846 apresentou à assembleia provincial um projeto sugerindo a criação de um conservatório de música em Salvador. Foi poeta e publicou anonimamente versos satíricos. Um dos primeiros autores brasileiros a escrever obra pedagógica musical, publicou um Compêndio musical, em Salvador, em 1834 (2ª ed., como “Novo compêndio de música”, Salvador, 1846; nova ed., como “Artinha Moçurunga”, Salvador, 1905).
Como compositor deixou diversas peças sacras, entre as quais um Te Deum, escrito em 1841, para a coroação de Pedro II, as Novenas de Nossa Senhora e do Senhor da Cruz, nove Missas, Credos, Ladainhas. Na música instrumental são conhecidas três Aberturas. Autor da letra e música do dueto bufo A Negra do munguzá, encenado várias vezes em Salvador com êxito, compôs diversas quadrilhas, valsas e o lundu Onde vai o sr. Pereira de Morais. Foi fecundo autor de modinhas.
Foi compositor, musicólogo e professor. Nasceu na cidade italiana de Bari, em 20 de janeiro de 1883. Iniciou seus estudos musicais com o pai e com o maestro Gaetano Foschini (contraponto, fuga e composição). Veio para o Brasil com cerca de vinte anos de idade. Foi flautista da Banda da Força Pública e fez parte do primeiro grupo de docentes do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, ocupando, entre 1910 e 1928, o posto de professor de harmonia, contraponto e fuga. Entre seus alunos estavam os futuros compositores Dinorah de Carvalho e Francisco Mignone.
Em 1928 fundou a Academia Musical de São Paulo e foi seu diretor até 1938. Passou a lecionar harmonia no Instituto Santa Marcelina, de São Paulo, de 1934 a 1943. Lecionou também no Conservatório Musical de Santos, no Conservatório Carlos Gomes e no Instituto Caetano de Campos, de São Paulo.
Em 1913 fundou e organizou o Centro Musical de São Paulo. Publicou o Compêndio de harmonia (1921), O Canto coral nos colégios e sua teoria e pequenos solfejos para uso dos orfeões (1936), Terminologia musical (Ricordi, 1941), Tratado de harmonia – clássico e moderno (Ricordi, 1948), Elementos de Cultura Musical (Ricordi, 1952) e Curso teórico prático de instrumentação para orquestra e banda (Ricordi, 1954). Foi responsável também pela publicação no Brasil do Método Completo de Divisão, de P. Bona.
Como compositor foi premiado pelo governo de São Paulo pelo poema coral sinfônico Centenário, escrito sobre texto de Francisco Roca Dordal para a inauguração do Monumento do Ipiranga, em 1922. A obra foi novamente executada em São Paulo em 1940 pelo maestro Armando Belardi na inauguração do Estádio do Pacaembu. Sua abertura Curumiaçu mereceu o primeiro prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938. Escreveu ainda Lenda Brasileira (1923), Rapsódia Brasileira (1940), Quarteto de cordas em dó maior (1909), Cinco aquarelas para violino e piano (1925), Suíte para violino e piano (1933), a Coleção Infantil para piano, música vocal para coro e canções.
Faleceu em São Paulo em 15 de agosto de 1971.
Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 08 de novembro de 1930. Teve os primeiros contatos com a música tocando cavaquinho, violão e piano desde os nove anos de idade. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, terminando o curso em 1954. Paralelamente atuava em casas noturnas e participava da Orquestra da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro e arranjador Orlando Costa (Cipó). De 1954 a 1959, residiu em Juiz de Fora, onde se bacharelou em Direito e foi diretor, durante dois anos, do Conservatório Estadual de Música. Na cidade natal estreou seu Concerto para piano e orquestra, em 1956.
De 1960 a 1963, aperfeiçoou-se em piano com José Kliass. Transferindo-se para São Paulo, estudou composição com Camargo Guarnieri. Atuou nesse período como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes. Trabalhou também como arranjador em trilhas e jingles. A partir de 1970, passou a integrar, como pianista e arranjador, a orquestra da extinta TV Tupi.
Em 1975 passou a lecionar arranjos e improvisação na Academia Paulista de Música. Neste período iniciou uma série de apresentações como regente de conjuntos de câmara e como pianista, apresentando composições de sua autoria. Prosseguiu os estudos de composição com H. J. Koellreutter. No período, foi vencedor do concurso patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil com a peça Noneto. Em 1981, foi vencedor da Feira Livre de MPB, patrocinada pela TV Cultura, e escolhido como regente, arranjador, autor e compositor para representar o Brasil no décimo festival da OTI, realizado na cidade do México.
Em 1982, foi convidado a lecionar contraponto e composição no Instituto de Artes da UNESP. Em 1985, iniciou seus trabalhos do mestrado de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluído em 1988. Em 1986, foi vencedor do concurso de composição patrocinado pela Editora Cultura Musical, tendo obtido o primeiro lugar com a peça para violão Choro Pretensioso, e segundo lugar com a peça para piano solo Ritmata nº1.
Entre 1988 e 1991 foi pianista do programa “Jô Soares onze e meia”, no SBT. Atuou junto a Orquestra de Jazz Sinfônica, tendo, em agosto de 1990, apresentado no Memorial da América Latina a peça Caetê Jururê, como regente da orquestra. Em 1990, recebeu o prêmio A.P.C.A. (Associação Paulista de Críticos de Arte), por sua apresentação do Ciclo Cecília Meireles. Entre 1992 e 1995, foi professor de arranjo, improvisação e orquestração do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Em 1992, foi escolhido pela Escola de Música Arte Livre como compositor do ano, homenageado por meio de inúmeros recitais com obras de sua autoria. No ano de 1993, por ocasião da comemoração do centenário de nascimento do poeta Mário de Andrade, foi vencedor do concurso promovido pela prefeitura de São Paulo, com a composição Rua Aurora, baseda em texto do poeta. Em 31 de maio de 1994, foi-lhe conferida pela Prefeitura do município de Juiz de Fora a “Comenda Henrique Halfeld”.
Em 1995, sua obra Postais Paulistanos foi premiada pela A.P.C.A. como a melhor peça coral sinfônica. Em 1996, sua peça Chorando (para contrabaixo e piano) obteve 3º lugar no II Concurso Nacional de Composição para Contrabaixo, promovido pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Concluiu o Doutorado na UNESP em 1998. No mesmo ano, foi premiado pela A.P.C.A. pelo Concerto para vibrafone e orquestra. Compôs também o Concerto para flauta e orquestra, estreado em 8 de abril de 2000, em Londres, e o Te Deum, em comemoração aos 150 anos da cidade de Juiz de Fora.
Nasceu em 04 de julho de 1935, em São Paulo e faleceu no mesmo estado em 02 de maio de 2014. Estudou piano com Maria de Freitas Moraes e Alice Philips e composição com Olivier Toni. Seu catálogo de obras é extenso, incluindo obras para quase todas as formações instrumentais: câmara, vocal, coral, cênica e sinfônica. Obteve vários prêmios em concursos de composição no país e no exterior. Possui diversas obras editadas no Brasil, Europa e Estados Unidos. Em 1975, na Tribuna Internacional de Compositores, em Paris, regeu sua obra Ensaio-72 no Theatre de laVille. Transfigurationis, encomendada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, estreou em 1981, valendo-lhe na ocasião o premio da APCA/Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1988 esta obra foi estreada pela Orquestra Sinfônica Tonhalle, de Zurique, e em 1992 teve três execuções pela Orquestra Sinfônica Bruckner de Linz, na Áustria.
Em 1992 estreou com sucesso sua Sinfonia nº 2 - Mhatuhabh, em Zurique, sob a regência de Roberto Duarte frente à Orquestra Sinfônica Tonhalle, que encomendou a obra. Em 1995, quando da estreia desta sinfonia em São Paulo, com a OSESP, obteve novamente o prêmio da APCA. No mesmo ano conquistou a Bolsa Vitae de Artes para a composição da 3ª Sinfonia, tendo a obra sido escrita na Suíça, onde residiu por um ano. Esta peça teve estreia mundial em abril de 1998, sob a regência de Roberto Duarte e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Em 1994 foi eleito membro da Academia Brasileira de Música. Em julho de 1996, sua Missa Solene para coro e solistas infantis, órgão e percussão foi estreada na Hungria, obra encomendada para a comemoraçãodos 1000 anos da Abadia de Pannohalma.
Novamente, mediante concurso obteve em 1997 a Bolsa Vitae de Artes para a composição de três quintetos: Quinteto para oboé e quarteto de cordas; Quinteto para trompa e quarteto de cordas, de 1998, e Quinteto para 2 violinos, 2 violas e violoncelo, de 1998. Em 1997 compôs, atendendo a encomendas, Toccata para violino, violoncelo e piano; Tempestade Óssea, sexteto para 2 xilofones, 2 marimbas, 5 claves e 5 templeblocks, gravação do Grupo de Percussão da UNESP; A Coisa, cantata para coro e percussão sobre texto de Millôr Fernandes. Seu nome é verbete em destacadas publicações estrangeiras, tais como GrovesDictionaryof Music e Who's Who in theWorl. Dedicado também ao magistério, lecionou composição e outras disciplinas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde foi professor livre docente em composição, e chefe do Departamento de Música da ECA-USP em 1997.
Nasceu em São João del Rei a 23 de agosto de 1819 e faleceu nesta mesma cidade a 22 de janeiro de 1887. Era filho de João Xavier da Silva Ferrão e de Maria José Benedita de Miranda. Era sobrinho, por parte de mãe, do compositor e professor Francisco de Paula Miranda, que foi diretor da Orquestra Lira Sanjoanense e era pai do também compositor Francisco Martiniano de Paula Miranda. Com o tio realizou estudos de música, tendo estudado canto, clarineta e violino. Complementou sua formação com os estudos de Latim, Francês, História, Geografia e Filosofia. Ordenou-se padre em 1846.
Em 1872, recebeu a Medalha de Prata da V Semana Industrial Mineira, realizada em Juiz de Fora, como prêmio por suas obras. São muitas as referências a ele em obras literárias e históricas, assim como em relatos de viagens e em diários. O próprio imperador Pedro II a ele se refere em seu diário, quando menciona sua admiração pelo Te Deum ouvido em 25 de abril de 1881 na Matriz do Pilar, em homenagem à visita do Imperador a São João del Rei.
São conhecidas mais de cem obras de José Maria Xavier, muitas das quais de grandes dimensões, conservadas em arquivos de manuscritos musicais de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
Sua obra é executada principalmente em São João del Rei, pelas bicentenárias orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, assim como em outras cidades mineiras, notadamente Prados e Ouro Preto. Especialmente no período da Semana Santa sua obra pode ser ouvida nas igrejas mineiras. Suas Matinas do Natal chegaram a ser editadas na Alemanha, representando um raro exemplo de música sacra oitocentista mineira com partitura impressa. De sua autoria são também as músicas para o Ofício de Ramos, para os Ofícios de Trevas, para o Ofício de Sexta-feira Maior, as Novenas de São Sebastião, Nossa Senhora das Mercês as Matinas da Assunção de Nossa Senhora, do Espírito Santo e de Nossa Senhora da Conceição.
Em 2004 seu Ofício de Trevas, as Matinas de Sábado Santo e as Matinas da Ressurreição foram gravados pelo Coral Lírico do Palácio das Artes e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência de Marcelo Ramos.
Professor e crítico de música, Octavio Bevilacqua nasceu no Rio de Janeiro a 17 de maio de 1887 e faleceu nesta mesma cidade a 23 de agosto de 1959. Ele era neto do pianista Isidro Bevilacqua e filho do compositor Alfredo Bevilacqua. Sua avó, senhorinha Ribeiro de Melo, foi cantora da Capela Imperial. Otavio Bevilacqua estudou medicina até o terceiro ano, passando logo a dedicar-se exclusivamente à música. Foi aluno de piano de Frederico Nascimento e de contraponto e fuga de Alberto Nepomuceno. A 08 de agosto de 1915, conquistou o título de livre-docente de teoria e solfejo do antigo Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde passou depois a professor-assistente de harmonia. Foi também livre-docente, professor-assistente e professor-catedrático da Escola Normal, depois Instituto de Educação do Rio de Janeiro.
Em 1932, foi o primeiro professor a lecionar História da Música no Instituto Nacional de Música. Viajou pela Europa, comissionado para observar os métodos de ensino de música. Foi membro do Conselho técnico-consultivo da Prefeitura do Distrito Federal e sócio honorário do Instituto de Música da Bahia. Participou do I Congresso da Língua Nacional Cantada, organizado por Mario de Andrade, em São Paulo, em 1937, e recebeu a Medalha Carlos Gomes, do Estado da Guanabara, pelo conjunto de suas atividades. Foi crítico de música do jornal O Globo e escreveu também, como correspondente ou como colaborador, na revista Le Ménestrel (Paris) e The Journal of Musicology (Greenfield, Ohio), assim como na Revista Brasileira de Música, em O Cruzeiro, na Revista da Semana, entre outras.
Foi redator da Ilustração Musical, de 1930 a 1931, e da Revista da Associação Brasileira de Música, de 1932 a 1934. Realizou muitas conferências e publicou os seguintes livros: Pontos de teoria elementar de música (1921), e Notas sobre a história do canto coral (1933). Em colaboração com Laura Jacobina Lacombe, publicou os quatro volumes da obra Vamos cantar, de 1944 a 1948.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1947. Sobrinho-neto do compositor Arnold Schoenberg e do maestro Arthur Bodanzky, muito cedo começou a estudar piano e seguiu a vocação para regência com Hans Swarowsky, em Viena, e com Leonard Bernstein, em Tanglewood. Dentre os concursos internacionais de regência que venceu destacam-se os de Florença, 1969, da Sinfônica de Londres, 1972, e do La Scala, 1976. De volta ao Brasil em 1973, assumiu a direção dos teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na Europa, foi diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, do Teatro de Sankt Gallen, na Suíça, do Teatro Massimo, de Palermo e da Ópera de Bordeaux, além de ter sido regente residente na Ópera de Viena. Em 1996 dirigiu Il Guarany, de Carlos Gomes, na Ópera de Washington, nos Estados Unidos, tendo Plácido Domingo no papel de Peri.
Dedica-se também à composição para cinema e teatro, sendo o autor das trilhas sonoras dos filmes Pixote, O Beijo da mulher-aranha, Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, Gaijin – os caminhos da liberdade e Os Condenados, além da trilha sonora da minissérie Os Maias. Mais recentemente, compôs a música do filme Desmundo, de Alain Fresnot, e a música incidental da telenovela Esperança.
Nos doze anos em que esteve à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (1997-2008), Neschling elevou o grupo a níveis internacionais, tornando-a reconhecida pela crítica internacional como uma das orquestras a serem notadas entre as melhores do mundo (Revista Gramophone, dezembro de 2008). Neschling gravou com a OSESP uma série de CDs de música brasileira e internacional para o selo sueco BIS. Cinco deles receberam o selo Diapason D'Or, além de um Grammy Latino pela sua gravação da 6ª Sinfonia, de Beethoven, pelo selo Biscoito Fino.
Durante a gestão de Neschling a antiga Estação Júlio Prestes foi transformada em Sala São Paulo e o número de assinantes da orquestra chegou a quase 12.000, foram criadas a Academia de Música da OSESP, o Centro de Documentação Musical Eleazar de Carvalho, a Editora Criadores do Brasil, dentre outros projetos que impulsionaram a atividade sinfônica paulista e brasileira.
Sob sua direção, a OSESP fez duas turnês norte-americanas e duas turnês europeias, apresentando-se, entre outras salas, no Avery Fischer Hall, de Nova Iorque, e no Musikverein, de Viena. Viajou diversas vezes pela América do Sul e realizou duas grandes excursões pelo Brasil.
Atualmente John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo.
Nasceu em São João del-Rei, em Minas Gerais, a 20 de agosto de 1943, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 2002. Filho de Telêmaco Vítor Neves, violinista, compositor e maestro da Orquestra Ribeiro Bastos entre 1940 e 1950, José Maria Neves iniciou seus estudos musicais no Conservatório Estadual de Música de sua cidade natal, continuando-os nos Seminários de Música Pró-Arte, onde foi aluno de Guerra-Peixe e Esther Scliar. Transferindo-se para a França, em 1969, realizou cursos de aperfeiçoamento em composição com Louis Saguer, regência com Pierre Dervaux, regência coral com StéphaneCaillat e música eletroacústica com Pierre Schaeffer, além de ter concluído, sob a orientação de Jacques Chailley e Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, o mestrado e o doutorado em Musicologia na Universidade de Paris IV (Sorbonne).
Realizou pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin, de 1994 a 1995, e na Universidade Nova de Lisboa, de 1999 a 2000. Suas antigas relações com a Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei fizeram com que assumisse, em 1977, a função de regente daquela que é uma das mais antigas corporações musicais do país. Dirigiu suas atividades locais e em muitas turnês através do país, tendo com ela gravado, como registros musicológicos, seis discos de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX. Desde 1968, fez parte do corpo docente do Instituto Villa-Lobos da Universidade do Rio de Janeiro/UNI-RIO, recebendo o título de professor titular emérito quando se aposentou, em 1997.
Foi professor titular também do Conservatório Brasileiro de Música, onde lecionou desde 1972. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Educação Musical, 1972-1974, da equipe permanente dos Cursos Latino-Americanos de Música Contemporânea, 1978-1986, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, 1975-1999, e da Academia Brasileira de Música, 2003-2004. Foi membro do conselho editorial de periódicos do Brasil e dos Estados Unidos e consultor ad hoc para a área da música da Fundação CAPES e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq. Sua obra musicológica inclui cerca de 50 títulos, editados no Brasil e no exterior (livros, capítulos de livros, artigos e edições críticas de partituras). Foi autor de pequena obra musical, nela incluindo-se ensaios eletroacústicos e música incidental para teatro. Realizou mais de cinquenta revisões musicológicas de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX, tendo sido o responsável pela primeira audição contemporânea da maioria delas, à frente da Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei.
O espanhol José Zapata y Amat é figura cuja biografia é praticamente desconhecida. Desempenhou papel importante no Rio de Janeiro em meados do século XIX, mas desapareceu sem deixar vestígios. Conhecido em nosso país como Don José Amat, nasceu na Espanha, em local e data desconhecidos. Teria vindo para o Rio de Janeiro, em 1848, fugindo de perseguições políticas decorrentes de seu envolvimento com o movimento carlista na luta pelo trono espanhol. Tinha boa formação musical e aqui ensinou canto e composição. Escreveu canções sobre versos de vários poetas brasileiros, inclusive Gonçalves Dias (Minha terra tem palmeiras e A Canção do exílio), além dos álbuns Melodies brésiliennes (1851) e Les nuits brésiliennes (1862).
Em 1856 casou-se com uma de suas alunas de canto, Maria Luisa Amat, soprano com expressiva atuação na vida musical do Rio de Janeiro à época.
Em março de 1857 foi criada no Rio de Janeiro a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional e José Amat assumiu a função de gerente e administrador. Um dos objetivos da instituição era encenar óperas cantadas em português, mas a companhia só durou três anos. Mas foi tempo suficiente para revelar as primeiras óperas daquele que viria a ser o mais importante compositor brasileiro do século XIX, Carlos Gomes. Logo após, foi criada a Ópera Lírica Nacional, que também se dissolveu dois anos depois, em 1862. D. José era seu diretor e também encenou óperas estrangeiras. Em 1865 participou da Arcádia Fluminense e com o escritor Machado de Assis escreveu a Cantata da Arcádia. Após 1865 não são encontradas mais referências dele no Rio de Janeiro.
Especula-se que tenha ido à Europa buscar meios de reforçar seus empreendimentos artísticos, mas não se ouviu falar mais nele. D. José Amat foi autor de peças para piano solo e canções e era personalidade muito estimada na capital do Império, embora tenha vivido menos de sete anos no Brasil.
Foi um dos mais famosos professores de sua época, além de regente e compositor. Alguns dos melhores compositores brasileiros do seu tempo foram seus alunos no Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro. Nascido em 1o de Janeiro de 1892, iniciou os estudos musicais na Escola XV de Novembro, praticando bombardino na banda da instituição. Prosseguiu sua formação no INM, onde foi aluno de Francisco Braga, Frederico Nascimento e Agnelo França. Em 1921 já seria livre-docente de harmonia. Paralelamente estudou Direito, concluindo o curso em 1932. Em 1935, obteve por unanimidade a cátedra de contraponto e fuga no INM. Ensinou também prosódia musical no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Em 1937, esteve em Paris e lá visitou o famoso conservatório.
Foi colaborador da Revista Brasileira de Música e publicou diversos livros didáticos de música, ainda hoje apreciados e utilizados no Brasil como Cartilha de Música (1926); Manual de Harmonia (1932); Curso de Contraponto (1933); Manual de Fuga (1935); Linguagem da música (1954).
Foi autor de obras para orquestra e música de câmara. Seu Prelúdio e Fuga para quarteto de saxofones foi publicado no Boletim Latino Americano de Música.
Faleceu nesta capital em 1967, cercado pelo carinho e admiração de seus alunos e colegas.
Nascido em Curitiba, Paraná, em 04 de Fevereiro de 1895, José Cândido de Andrade Muricy se tornaria um dos mais eminentes críticos musicais e literários do Brasil. Estudou piano com Marieta Brandão e Hugo Antônio de Barros. Na cidade natal estudou ainda com Leo Kessler. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1916, tornando-se aluno de Luciano Gallet e Tomás Terán. Formou-se em Direito em 1919 e viveu na Suíça de 1923 a 1925. Em 1927, fundou a revista Festa e a partir de 1937 assumiu a crítica musical do Jornal do Commércio, onde escrevia regularmente na coluna Pelo Mundo da Música, sucedendo a Oscar Guanabarino.
Foi professor do Conservatório de Canto Orfeônico, do Conservatório Brasileiro de Música e da Escola de Música Sacra. Em 1952, foi nomeado diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e para o Conselho Federal de Cultura. Em 1972, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.
Foi o maior crítico musical de sua época. Escreveu livros sobre música e literatura. Entre seus trabalhos podemos destacar: Emiliano Perneta, subsídios para a história da poesia brasileira contemporânea (1919); os dois volumes de Caminho de Música (1946); Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952); Villa-Lobos: uma interpretação (1961); Para conhecer melhor Cruz e Souza (1973); Panorama do Conto Paranaense (1979). Organizou para a Funarte a coletânea Carlos Gomes: uma obra em foco (1987). Para a editora Aguilar preparou e prefaciou, em 1961, a obra completa de Cruz e Souza. Foi presidente da Academia Brasileira de Música, em sucessão a Villa-Lobos, em 1959. Faleceu em 1984, no Rio de Janeiro.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Estudou composição com Henrique Morelenbaum e piano com Dulce de Saules, na Escola de Música da UFRJ. Começou sua carreira como crítico de música do Jornal do Brasil e intensificou o seu trabalho como compositor a partir de 1977, quando obteve o 1º prêmio no Concurso de Composição para a II Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria de música de câmera. Em 1978, foi selecionado para representar o Brasil na Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO, em Paris. Nos anos seguintes, recebeu inúmeros prêmios em concursos nacionais de composição e também o Troféu Golfinho de Ouro, em 1981, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo/APCA (1982 e 2006). Em setembro de 2001, recebeu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo o Troféu Carlos Gomes, como melhor compositor do ano.
Participou de importantes festivais internacionais: o World Music Days, em Aarhus, Dinamarca (1983); a X Bienal de Música de Berlim (1985); o World Music Days, em Budapeste, Hungria (1986); o Aspekte Festival, em Salzburgo, Áustria (1992); a série Musiques del nostre Temps, em Palma de Mallorca, Espanha (992), Sonidos de las Americas/Brasil, no Carnegie Hall, em Nova Iorque (1996), Semana de Música Brasileira, realizada na Hochschule für Musik, em Karlsruhe, Alemanha (2000) e The First World Guitar Congress, em Baltimore nos EUA (2004).
Em 1984, foi feito Chevalier dans l’Ordre des Arts et des Lettres, pelo Ministério da Cultura da França.
Suas obras têm sido apresentadas nas principais salas de concerto do Brasil e do exterior, como o Queen Elizabeth Hall, em Londres, a Tonhalle, em Zurique, o Mozarteum, em Salzburgo, o Teatro Colón, em Buenos Aires e o Carnegie Hall, em Nova Iorque. Inúmeras peças de sua autoria estão gravadas e muitas delas foram comissionadas por importantes instituições, como a Fundação Apollon, de Bremen (Alemanha), a Towson University (EUA), a Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundação Vitae, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil, Sala Cecília Meireles, o Ministério da Cultura do Brasil e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Recebeu encomendas também de grupos e intérpretes como o coral sueco Vokalensemble, o Quinteto Villa-Lobos e o violoncelista Antônio Meneses.
Em novembro de 2003, a convite da Brahmsgesellschaft, foi artista residente no Brahmshaus Studio, em Baden-Baden, onde criou a obra Festspielmusik, para dois pianos e percussão.
Ronaldo Miranda foi professor de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diretor-adjunto do Instituto Nacional de Música da FUNARTE e diretor da Sala Cecília Meireles. Atualmente, é professor de composição do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
E-mail: rcmusica@terra.com.br
Portal: www.ronaldomiranda.com
As principais informações biográficas sobre o compositor foram reveladas por seu filho, Antônio Álvares Lobo, em documentos encaminhados a Luciano Gallet e que hoje se encontram na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. Foram usados também os trabalhos de Ayres de Andrade (Francisco Manoel da Silva e seu tempo) e Olga Cacciatore (Dicionário biográfico de música erudita brasileira). Elias Alves Lobo nasceu em Itu, São Paulo, em 09 de agosto de 1834. Estudou contrabaixo, piano e outros instrumentos. Em 1855, sua primeira Missa foi interpretada em Tietê. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar no Conservatório de Música, onde foi aluno de harmonia e contraponto de Raphael Coelho Machado. Escreveu a Missa de São Pedro de Alcântara e a ofereceu ao Imperador do Brasil, D. Pedro II, tendo sido cantada na Capela Imperial.
Em 1859 escreveu, para a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, A Noite de São João, que é considerada a primeira ópera brasileira. Com libreto em português, foi encenada na capital sob a direção do jovem Carlos Gomes. Escreveu uma segunda ópera para a mesma companhia, A Louca, também chamada de Os Salteadores da Mantiqueira, que não chegou a ser encenada, tendo sido apresentada apenas em redução para piano no Clube Fluminense, em 1862. Fixou-se em Campinas onde fundou uma sociedade musical e integrou uma orquestra dirigida por Santana Gomes. Foi professor da Escola Modelo Maria José em São Paulo, onde organizou, em 1875, um congresso para promover a música clássica e estimular o ensino musical no estado. No ano seguinte, publicou um Método de Música, com 2ª edição em 1883.
Em 1882 começou a compor uma terceira ópera, Sacrifício de amor, com libreto de Carlos Ferreira, que ficou inacabada. Na música sacra escreveu várias Missas. Além da já mencionada, há referência sobre a Missa do Senhor Bom Jesus, de 1874. Constam ainda três Credos e toda a música para o período da Semana Santa (1872), incluindo Domingo de Ramos, Ofícios de Quarta, Quinta e Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Ressurreição. Escreveu também as Matinas do Espírito Santo, Tantum Ergo, Salutaris Hostia e Ave Maria. Há ainda referência a um Oratório do Carmo, executado em Itu, em 1865, e um Oratório da Conceição, executado em Campinas, em 1885. Na música instrumental constam peças para piano solo, música de salão, o lundu Chá preto, sinhá?, obra publicada pela Casa Artur Napoleão, e a modinha Nerina, maga estrela.
Faleceu em 15 de dezembro de 1901.
Nasceu em Uberaba, Minas Gerais, em 01 de junho de 1895. A família transferiu-se para São Paulo e ainda menina começou a estudar piano, no Conservatório Dramático e Musical, onde foi colega de Mário de Andrade e Francisco Mignone. Em 1916 terminou seu curso de piano com distinção e iniciou turnês como recitalista. Ganhou bolsa de estudos do governo de Minas Gerais e partiu para a França, onde se aperfeiçoou com Isidor Philipp. Ao voltar ao Brasil foi apresentada por Mário de Andrade ao professor e maestro Lamberto Baldi, com quem continuou os estudos de composição e regência. Com Martin Braunwieser estudou orquestração. Nomeada inspetora de ensino superior, foi uma das fundadoras da Orquestra Feminina de São Paulo, cujos concertos obtiveram considerável repercussão. Em 1954 recebeu a medalha de ouro do IV Centenário da fundação da cidade por seu trabalho de formação musical das crianças paulistas. Em 1960, apresentou-se novamente em concertos na Europa.
Sua obra como compositora, no entanto, não foi extensa. Souza Lima organizou no Teatro Municipal de São Paulo um Festival Dinorah de Carvalho, em 1960. Dentre suas obras podemos destacar a suíte sinfônica Arraial em festa, as três Danças brasileiras, para piano, cordas e percussão; Serenata da Saudade, para orquestra de câmara (1931) e Contrastes, para piano e orquestra (1969). Para piano deixou a Sonata no1, A Sertaneja (1930), Onze Peças Infantis sobre Motivos Populares (1939) e Jogos no parque infantil (1943). Da produção coral se destacam Boi Tungão (1942), Ê bango-bango ê (1942) e a Missa De Profundis (1977), que mereceu prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Entre as canções podemos destacar a coletânea Noite de São Paulo (1936), sobre textos de Guilherme de Almeida.
Faleceu em São Paulo, em 1980.
Nasceu em São Paulo, em 18 de setembro de 1937. Estudou piano com Mathilde Frediani e Karl Heim. Em 1953 foi uma das vencedoras do concurso para solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, com a qual se apresentou pela primeira vez sob a regência de Eleazar de Carvalho interpretando o Concerto no1, de Villa-Lobos. Prosseguiu os estudos com Magdalena Tagliaferro, entre 1954 e 1957. Seguiu para Paris, onde deu continuidade aos estudos com Pierre Sancan, Christianne Sénart, o russo Pyotr Kostanoff e Lazare Levy. Ao retornar, em 1959, tornou-se aluna de Guilherme Fontainha, Camargo Guarnieri e Osvaldo Lacerda. Aperfeiçoou-se nos EUA com Olegna Fuschi e Howard Aibel, entre 1965 e 1967, ocasião na qual deu aulas na Escola de Artes da Carolina do Norte. Na Alemanha, entre 1969 e 1970, estudou com Walter Blankenheim.
Excursionou por várias cidades americanas em turnês de concertos. Deu recitais em Nova York, Washington, Houston, Miami, Chicago e Asheville, em importantes salas como a National Gallery of Arts, no Town Hall e no Carnegie Hall. Foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Cleveland, sob a regência de José Serebrier. Sua carreira internacional a levou para concertos na França (Salle Gaveau), Suíça, Inglaterra, Portugal, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Panamá e México.
No Brasil foi solista à frente de várias orquestras como a Sinfônica do Estado de São Paulo, a Sinfônica Municipal de São Paulo, a Sinfônica de Santo André, a Sinfonia Cultura, Sinfônica da USP, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica de Porto Alegre, a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Sinfônica, entre outras.
Recebeu prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes, da Ordem dos Músicos do Brasil e o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura/Funarte em 1995, na categoria intérprete. Em 1977 publicou o livro Técnica Pianística, pela editora Ricordi.
Casou-se em 1982 com o compositor Osvaldo Lacerda que a ela dedicou inúmeras obras, entre elas Cromos para piano e orquestra. Com ele fundou e atualmente preside o Centro de Música Brasileira em São Paulo.
Possui extensa produção fonográfica, com destaque para a gravação do Concerto no2 para piano e orquestra de Camargo Guarnieri, sob a regência do compositor, à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Outros registros importantes são os da obra de Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Eduardo Souto, Osvaldo Lacerda e muitos outros compositores brasileiros.
Desde 1993 faz parte da Academia Pernambucana de Música.
Portal: www.eudoxiadebarros.com.br
Primeiro compositor brasileiro a conquistar notoriedade internacional, Antonio Carlos Gomes nasceu em Campinas, São Paulo, a 11 de junho de 1836. Com seu pai, Manuel José Gomes, mestre de banda e pai de 26 filhos de 4 casamentos, aprendeu a tocar vários instrumentos, inclusive o piano, e aos 20 anos ajudava no orçamento familiar dando aulas de música. O talento para a composição manifestou-se bem cedo: aos 18 estreava sua primeira Missa, dirigindo um conjunto musical da família. Nessa primeira fase, mostrava-se afinado com os primeiros sinais de um estilo musical brasileiro, presente em suas modinhas, entre elas a famosa Quem sabe? e em algumas peças para piano no estilo de música de salão, cujos títulos – A Cayumba, Quilombo, Quadrilha – evidenciam uma tentativa de introduzir no ritmo europeu da polca um certo condimento afro-brasileiro – e nisso ele seria um autêntico pioneiro.
Temperamento difícil, seus frequentes desentendimentos com a família acabariam por levá-lo a transferir-se primeiro para Santos, aos 25 anos, e daí para o Rio de Janeiro, onde seria contratado como pianista ensaiador da Ópera Nacional e onde comporia sua primeira ópera, A Noite no castelo, com libreto em português, estreada com grande êxito no Teatro Lírico, em 1861. Dois anos depois estreava uma segunda ópera, Joana de Flandres, obtendo então do imperador D. Pedro II uma pensão para estudar na Europa. D. Pedro, admirador de Wagner, teria indicado a Alemanha, mas Carlos Gomes, já então mais identificado com a ópera italiana, conseguiu mudar seu rumo para a Itália, graças aos bons ofícios da imperatriz Teresa Cristina, filha do Rei de Nápoles.
Em Milão, discípulo de Lauro Rossi, diretor do Conservatório, começaria sua fulgurante carreira, iniciada com duas operetas, Se sa minga e Nellaluna, cujas melodias foram popularizadas até em realejos. Mas o grande marco de sua carreira foi a ópera O Guarani, com libreto italiano baseado no romance de José de Alencar, estreada com grande êxito no Teatro alla Scala em 1870, aos 34 anos do compositor, com repercussão imediata em toda a Europa. Num gesto precipitado, no intervalo da estreia, Carlos Gomes venderia por uma soma irrisória os direitos da obra ao editor De Lucca, que ficaria com os lucros a partir de então, restando ao autor apenas as glórias, inclusive o título de Cavaleiro da Coroa de Itália, conferido pelo Rei Vittorio Emanuele. Sua produção operística incluiria outros quatro títulos: Fosca, 1873; Salvator Rosa, 1874; Maria Tudor, 1879 e LoSchiavo,1889.
Em seu último período de vida compôs ainda o poema vocal sinfônico Colombo para as comemorações do quarto centenário do Descobrimento da América e uma Sonata para cordas, de caráter brilhante e cujo movimento final, O Burrico de pau, remete de certa maneira aos albores nacionalistas de sua juventude. A importância de sua produção operística ofuscou o restante de seu catálogo, que inclui duas cantatas, diversas páginas instrumentais da primeira fase e numerosas composições para canto e piano.
No Brasil, viveu um momento de glória quando aqui veio, consagrado na Europa, para apresentar suas três óperas já famosas no Velho Continente – O Guarani, Salvator Rosa e Fosca – no Rio de Janeiro, em Salvador e em Recife. Foi recebido "como um príncipe e como um rei", como escreveu ao Visconde de Taunay. Mas o apoio que recebeu do Imperador D. Pedro II, que lhe conferiu o título de Grande Dignitário da Ordem da Rosa pelo êxito obtido na estreia de LoSchiavo no Rio de Janeiro, valeu-lhe o pouco reconhecimento do novo governo republicano, culminando com o seu retorno melancólico ao Brasil em 1895, já padecendo de um câncer de garganta, para dirigir o Conservatório de Música de Belém do Pará, onde morreu a 16 de setembro de 1896.
Considerado o mais importante compositor operístico das Américas e reconhecido como um dos mestres da ópera romântica, Carlos Gomes não teve, até hoje, o tratamento que lhe é devido em seu próprio país, onde os teatros de ópera, mantidos pelo poder público, raramente promovem montagens de suas obras – um débito que já se torna secular para com uma das figuras máximas da produção musical brasileira.
De ascendência espanhola, nasceu no Rio de Janeiro, a 04 de novembro de 1897. Depois de iniciar estudos de Medicina, que não concluiu, decidiu-se pela música, ingressando em 1917 no então Instituto Nacional de Música (INM), onde estudou piano com J. Octaviano e Henrique Oswald, matérias teóricas e composição com Frederico Nascimento, Francisco Braga e Luciano Gallet, recebendo também a orientação de Alberto Nepomuceno.
Em 1922 recebeu os três primeiros lugares no Concurso de Composição da Sociedade de Cultura Musical, com Noturno e Arabesque para piano e a canção Cisne. Em 1923 foi nomeado professor substituto de seu professor Frederico Nascimento, no INM. De 1924 é o Trio Brasileiro, para violino, violoncelo e piano, no qual já se evidencia a orientação nacionalista de sua obra. Em 1925 foi efetivado como professor do INM. No mesmo ano sua Suíte Sinfônica op.33 foi estreada pela Orquestra do INM sob a regência de Humberto Milano. Uma importante obra de câmara foi escrita no ano seguinte, o Quinteto op.37 para sopros, primeira composição brasileira para tal formação. Novas obras sinfônicas surgiram em 1928, o bailado Imbapára, e 1929, a Suíte Reizado do Pastoreio, que inclui o famoso Batuque gravado anos depois por Toscanini e Leonard Bernstein. No ano seguinte escreveu uma de suas peças para piano mais tocadas, os Três Estudos em Forma de Sonatina.
Fundou, em julho de 1930, o periódico Ilustração Musical, onde publicou artigos sobre educação musical e canto coral. A partir de 1932 passou a colaborar com Villa-Lobos na Superintendência de Educação Musical e Artística do Distrito Federal. Em 1934 foi convidado para integrar o corpo docente do Conservatório de Música do Distrito Federal e em 1936 fundou o Conservatório Brasileiro de Música. No mesmo período compôs a Valsa Suburbana para piano (1932), as Três Suítes Brasileiras para piano (1936/1938) e seu único Concerto para piano e orquestra (1935).
No final da década de 1930 seu Batuque ganhou expressão internacional ao ser editado pela Ricordi italiana e executado em Washington, Nova York, Berlim e México. Em 1938 o compositor, comissionado pelo governo brasileiro, regeu concertos na Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Peru, Cuba e Panamá. Em 1940, em sua excursão pela América Latina, a Orquestra da NBC, regida por Toscanini, incluiu o Batuque em vários concertos, inclusive no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça foi executada ainda em Boston e Roma.
O ano de 1941 é marcado pela estreia de sua ópera Malazartes, em 30 de setembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do próprio compositor. No ano seguinte passou a integrar o corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Sua produção na década de 1940 inclui o Concerto para violino e orquestra (1942), estreado em 1945 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Erich Kleiber e Oscar Borgerth como solista, a Sinfonia no1 (1945), as Invenções Seresteiras para sopros (1944), a Sonata Breve, para piano (1947), a Sinfonia no2 “Caçador de Esmeraldas” (1947) e a derradeira obra, as Variações Sinfônicas, para piano e orquestra (1948).
No dia 26 de agosto de 1948 Lorenzo Fernandez regeu, no Salão Leopoldo Miguéz, o concerto comemorativo do centenário de fundação da Escola Nacional de Música, com a orquestra da instituição. Na manhã de 27 de agosto foi encontrado morto em sua residência, tendo falecido durante o sono.
Nascido em 1953, Manoel Aranha Corrêa do Lago tem uma dupla formação, em Economia e Música. Bacharelou-se em Economia pela UFRJ (1977), seguido de um Mestrado em Administração Pública (Master in Public Affairs) na Universidade de Princeton (1980).
Seus estudos musicais realizaram-se em Genebra, Paris, Rio de Janeiro e Princeton com Madeleine Lipatti e Arnaldo Estrella (piano), Esther Scliar e Annette Dieudonné (teoria musical), Henrique Morelenbaum (orquestração), Michel Phillipot e Milton Babbitt (análise), e Nadia Boulanger (composição). Em 2005, doutorou-se em Musicologia na Unirio, seguido em 2008- sob a orientação de José Maria Neves e Elizabeth Travassos- de um pós-doutorado no IEB/USP, sob a de Flavia Camargo Toni.
Tem publicado textos diversos: para a re-edição americana da partitura de Le Boeuf sur le Toit de Darius Milhaud pela Dover Publications, e para revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, e em 2016 do livro Uma nova Missão Francesa .
Foi membro do Conselho da Fundação OSESP ( 2009-2917) , e em 2010 foi eleito para a Cadeira n.15 ( “Carlos Gomes”) da Academia Brasileira de Musica.
Tem publicado textos em revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, e nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, publicado pelo Instituto Moreira Salles.
Faz parte do Conselho de Programação da Sala Cecília Meireles e do Conselho da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Mais conhecido no Brasil por sua longa atividade como crítico musical do "Jornal do Brasil", Renzo Massarani nasceu em Mantua, Itália, a 26 de março de 1898. Realizou sua formação musical em Parma, Viena e Roma, tendo tido, entre outros, a orientação de OttorinoRespighi na Academia Santa Cecilia de Roma, da qual se tornaria professor. Como compositor, é autor de diversas obras sinfônicas, de câmara e para vozes, tendo obtido grande êxito com a ópera Noi due, premiada em concurso internacional. Durante longos anos atuou como regente do famoso Teatro dei Piccoli, em Milão, com o qual realizou diversas viagens pela Europa e as Américas. Em 1939 transferiu-se para o Rio de Janeiro, vítima das perseguições políticas e raciais do fascismo italiano. Aqui, confessando-se decepcionado e traumatizado com a proibição de suas obras em seu próprio país, abandonou a composição, dedicando-seao ensino da música, à elaboração de arranjos e principalmente à crítica musical, que exerceu com seriedade e independência, procurando sempre apoiar os novos talentos. Naturalizado brasileiro em 1945 foi membro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais e da Academia Brasileira de Música. Morreu a 28 de março de 1957.
Considerado um dos expoentes da criação musical brasileira da atualidade, José Antonio Resende de Almeida Prado nasceu em Santos, São Paulo, a 08 de fevereiro de 1943 e faleceu na mesma cidade em21 de novembro de 2010. Discípulo de Dinorah de Carvalho, piano, Osvaldo Lacerda, harmonia e Camargo Guarnieri, composição, seu nome conquistou prestígio nacional em 1969, ao conquistar o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara, com a cantata Pequenos Funerais Cantantes, sobre texto de Hilda Hilst. Executada então no Theatro Municipal do Rio de Janeiro pelo coro e a orquestra do teatro sob a regência de Henrique Morelenbaum, teve como solistas Maria Lúcia Godoy e Eladio Pérez-Gonzales. Do júri internacional que premiou sua obra faziam parte Guerra-Peixe, Roberto Schnorrenberg e Ayres de Andrade, do Brasil, Fernando Lopes Graça, de Portugal, Franco Autori, dos Estados Unidos, Hector Tosar, do Uruguai, Roque Cordero, do Panamá, JohannesHoemberg, da Alemanha, e KrzysztofPenderecki, da Polônia.
O prêmio, oferecido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Guanabara e entregue pelo Secretário Gonzaga da Gama Filho, permitiu ao jovem compositor realizar um estágio de dois anos na Europa, incluindo uma breve permanência em Darmstadt para trabalhar com Gyorgy Ligeti e LukasFoss e um longo período em Fontainebleau e Paris, recebendo a orientação de mestres como NadiaBoulanger e Olivier Messiaen. Sem renunciar aos valiosos ensinamentos de Camargo Guarnieri, os contatos com a música e as ideias de grandes expoentes da música europeia contemporânea abriram para perspectivas novas, ampliando os seus horizontes e estimulando a sua fértil imaginação criadora, levando-o a construir uma forte personalidade musical própria sobre os pilotis de uma severa disciplina formal e técnica e uma inesgotável fantasia musical. Extremamente prolífero, seu catálogo de obras é um dos mais consistentes e volumosos da criação musical brasileira de hoje, tendo a ecologia e a religiosidade como referências permanentes.
Sua diversificada produção inclui, entre muitas outras, obras de grande porte como a Missa da Paz, os Pequenos Funerais Cantantes, a Trajetória da Independência (Prêmio do Governo do Estado de São Paulo), o oratório Therèse ou l’Amour de Dieu. a Paixão segundo Marcos, o Ritual para sexta-feira santa, a cantata Bendito da Paixão de Jesús de Nazaré, o oratório Villegaignon ou LesIslesfortunées (estreado na França), além de um conjunto significativo de obras sinfônicas: a Sinfonia nº 1 (Prêmio Lili Boulanger), os Arcos sonoros da catedral Anton Bruckner, a Sinfonia dos Orixás, obras para piano e orquestra como Aurora, Exoflora, Concerto nº 1 e Variações Concertantes, para violino e orquestra como a Fantasia (encomenda da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro para comemorar a visita do Papa João Paulo II) e a Sinfonia OréJacy-Tatá, inspirada na constelação da bandeira brasileira e encomendada pelo Ministério da Cultura para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento, ambas estreadas por sua filha, a violinista Constanza de Almeida Prado. Para piano solo, compôs uma série de Cartas Celestes, visões sonoras dos céus do Brasil, e também Rios, de inspiração ecológica, além de sonatas, sonatinas, variações e peças avulsas. É autor, ainda, de diversas canções e obras corais e para outros instrumentos, além de música de câmara. Suas obras têm sido executadas com frequência e com grande êxito no Brasil e no exterior e têm merecido numerosos prêmios.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1830. Iniciou os estudos musicais com Desidério Dorison. Em 1848 ingressou no Liceu Musical, na classe de Gioacchino Giannini. Prosseguiu os estudos com o mesmo professor no Conservatório de Música, onde se diplomou em 1856. Foi o primeiro aluno a receber o prêmio de Viagem à Europa.
Seguiu para a França em 1857, matriculando-se na classe de harmonia de François-Emmanuel-Joseph Bazin no Conservatório de Paris. Naquela capital apresentou sua primeira ópera, Une nuit au chateau, e fez sucesso com uma quadrilha chamada Soirée brésilienne. Em Paris compôs e remeteu para o Brasil uma Missa, executada em 26 de agosto de 1860, na Igreja da Santa Cruz dos Militares, regida por Francisco Manoel da Silva, e a abertura sinfônica L’Étoile du Brésil, executada no Conservatório de Música em 1861.
Sua ópera O Vagabundo foi representada a 24 de outubro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense. Em Paris, um mal esclarecido incidente o levou à prisão e fez com que perdesse a pensão, sendo obrigado a retornar ao Brasil em julho de 1866. No Rio de Janeiro, integrou como trompetista a orquestra do Alcazar Lírico. A partir de 1869 passou a atuar como regente da orquestra do Teatro Fênix Dramática.
É considerado o compositor que estabeleceu o tango brasileiro, ao assim designar sua composição intitulada Olhos matadores, em 1871. Em 1872, assumiu o cargo de organista da Igreja de São Pedro. No mesmo ano tornou-se professor do Conservatório de Música, inicialmente nas disciplinas de teoria e solfejo e, a partir de 1890, de instrumentos de metal. Permaneceu como professor após o Conservatório se transformar em Instituto Nacional de Música, pelo qual se aposentou em 1904. Entre seus alunos ilustres estão Joaquim Antônio da Silva Callado e Anacleto de Medeiros.
Como compositor fez muito sucesso com operetas e mágicas como Trunfo às avessas (1871), Ali Babá (1872) e A Coroa de Carlos Magno (1873). Escreveu ainda modinhas, canções, lundus e uma série de outras obras, especialmente para piano.
Foi uma figura importante e admirada por vários outros músicos. Chiquinha Gonzaga dedicou seu tango característico Só no Choro (1889) “ao maestro Henrique Alves de Mesquita” e Ernesto Nazareth escreveu em sua homenagem o tango Mesquitinha.
Faleceu, no Rio de Janeiro, a 12 de julho de 1906.
Paulista de Bebedouro/SP, nasceu a 26 de agosto de 1905 e faleceu em Rio Bonito/RJ, em 24 de setembro de 1973. Já aos 12 anos de idade participava ativamente da vida musical de sua cidade tocando em bandas de música e pequenos conjuntos. Em 1922 viajou para o Rio de Janeiro e se matriculou no Grêmio Arcangelo Corelli. Transferiu-se em 1932 para o então Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para estudar flauta com Pedro Vieira Gonçalves e harmonia, contraponto e fuga com Paulo Silva. Ao concluir seu curso, em 1934, obteve também o Prêmio de Medalha de Ouro, em flauta.
Na fundação da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, Ary Ferreira ocupou o posto de primeiro-flautista, onde permaneceu por 25 anos. Foi o flautista na primeira audição mundial do Assobio a Jato, de Villa-Lobos, em 1950, ao lado do violoncelista Iberê Gomes Grosso. Ambicionando ser regente viajou para a Áustria, em 1953, com o apoio da Academia Brasileira de Música, onde estudou com Hans Svarowsky por dois anos na Academia de Música de Viena. Estreou como regente em 1957 à frente da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Como compositor deixou algumas obras, entre elas um Trio para violino, violoncelo e piano, um Noturno para flauta e piano e o Episódio Sinfônico, para orquestra.
Carlos E. Kater, musicólogo, compositor e educador musical é Doutor em História da Música e Musicologia pela Universidade de Paris IV-Sorbonne (1981), com Pós-Doutorado pela mesma instituição (1987) e Professor Titular concursado pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1991).
Criou e editou, ao longo de 10 anos, duas importantes revistas: Cadernos de Estudo: Análise Musical e Cadernos de Estudo: Educação Musical (ONG Atravez, 1987-1998), bem como o periódico Música Hoje (UFMG, 1993-1998).
Na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais fundou o NAPq (Núcleo de Apoio à Pesquisa), que dirigiu de 1989 a 2000, coordenou os Cursos de Especialização (Pós-Graduação Latu sensu) em Musicologia Histórica Brasileira e em Educação Musical e foi diretor do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea.
Um dos fundadores da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, foi o Diretor da Região Sudeste, seu Vice-Presidente por 2 mandatos consecutivos (1996-98 e 1998-2000), tendo também participado de sua Equipe Editorial e Conselho Científico em várias gestões.
Membro das mais reconhecidas associações (ANPPoM-Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/Brasil; ABEM-Associação Brasileira de Educação Musical/Brasil; etc.), atua como consultor científico junto a entidades representativas da área (Ad Hoc do CNPq, CAPES e FAPESP).
É autor de muitos textos publicados, entre os quais os livros Música Viva e H.J.Koellreutter: movimentos em direção à modernidade (SP: Musa, 2001), Eunice Katunda, musicista brasileira (SP: M&K, 2020) e Musicantes e o Boi brasileiro (SP: Musa, 2013). Os acervos de documentos de H.J. Koellreutter e de Eunice Katunda foram digitalizados por ele e se encontram, em parte, acessíveis publicamente em seu site.
O livro Arte por toda parte (coleção em vários volumes editada pela Ed. FTD), do qual é o autor da parte musical, foi aprovado pelo MEC e se tornou um dos 10 finalistas indicado ao Prêmio Jabuti de Livro Didático, em 2017.
Criou e coordenou, em equipe, o projeto Música na Escola (Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, 1997-1999), que viabilizou a formação musical em escolas da rede pública para mais de 4.000 professores e seus alunos, tendo ainda criado e dirigido o Grupo de Ação Musical Coreto (com o qual montou Cidade, de Gilberto Mendes no Museu da Imagem e do Som de São Paulo), o coral VOX (da Universidade São Marcos) e o grupo de Musicantes (com apresentações interativas em diversos espaços sociais durante 10 anos).
O projeto A Música da Gente, criado e coordenado por ele desde 2013, propõe uma educação musical criativa, centrada na realidade brasileira e na criação e interpretação de músicas inéditas, aliada ao desenvolvimento pessoal. Teve inúmeras edições e desdobramentos ao longo dos anos, em diversas regiões do Brasil (escolas da SME de São Bernardo do Campo e escolas do SESC em diferentes regiões do país), tendo alcançado mais de 30.000 participantes até o momento.
Possui composições apresentadas em significativos festivais e encontros de música no Brasil, bem como arranjos musicais e restauração de obras. Desde 2018 vem lançando videoclipes de suas composições, além de ter gravado 1 CD e 1 EP com algumas delas.
Desde agosto de 2022 publica mensalmente o projeto “Encontros com Villa-Lobos”, integrado por entrevistas realizadas por ele, na década de 1980, com personalidades significativas que conviveram com esse grande compositor brasileiro.
Nasceu a 05 de setembro de 1931, em Lagow, na Polônia. Aos três anos e meio chegou ao Brasil e naturalizou-se aos 16 anos. Sua formação foi feita na Escola Nacional de Música, onde estudou violino, viola, regência e composição. Sua atividade profissional é múltipla. Como camerista, participou de importantes grupos, entre eles o Quarteto Iacovino, o Quarteto de Cordas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da Rádio Ministério de Educação e Cultura e da Escola de Música da UFRJ, com o qual excursionou pelo Brasil, América do Sul e Europa.
O início de sua carreira como regente, em 1959, foi casual. Em um espetáculo de balé onde Margot Fontaine era a artista principal, assumiu a batuta em virtude de um impedimento repentino do regente programado. Em 1962, assumiu o cargo de regente adjunto da Orquestra do Theatro Municipal. Em sua intensa atividade como regente tem abordado todos os gêneros, regendo com frequência concertos sinfônicos, óperas e balés. A música nova e de compositores brasileiros tem merecido sua atenção especial. Sob sua batuta foram apresentadas em primeira audição mundial obras de Francisco Mignone, Almeida Prado, Aylton Escobar, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Edino Krieger, entre muitos outros. Do repertório contemporâneo internacional apresentou pela primeira vez no Brasil obras de Schoenberg (Kol Nidrei), Stravinsky (The Rake’s Progress), Britten (Peter Grimes), Lutoslawsky (Concerto para orquestra), Penderecki (Dies Irae) e Berio (Sinfonia).
Foi regente do Coral Israelita Brasileiro, professor de contraponto, fuga e composição na Escola de Música da UFRJ e chefe do departamento de composição entre 1973 e 1975. Ocupou cargos de direção como o de diretor, por duas vezes, da Sala Cecília Meireles, diretor-geral do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, também por duas vezes, diretor de Departamento da Coordenadoria de Música da Fundação de Artes do Rio de Janeiro e diretor-artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira dirigiu as principais orquestras brasileiras. No exterior regeu na Argentina, Bélgica, Chile, Equador, Escócia, Espanha, Inglaterra, Itália, México, Mônaco, Paraguai, Polônia, Uruguai e Venezuela. Em seu repertório constam mais de 40 títulos de óperas e balés e inúmeras obras sinfônicas.
Gravou mais de 20 discos, entre LPs e CDs, com destaque para o Credo, de D. Pedro I, a Missa e Credo a 8 vozes, de Castro Lobo, as Matinas de Natal, de José Maurício Nunes Garcia, o poema sinfônico Ave, Libertas!, de Leopoldo Miguéz, Floresta Amazônica, de Villa-Lobos e várias obras de Francisco Braga.
Faleceu no Rio de Janeiro aos 90 anos, em 22 de julho de 2022.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1843. Sua família descende de Nicolas-Antoine Taunay, um dos artistas integrantes da Missão Artística Francesa, patrocinada por D. João VI para implementar o ensino das artes no Brasil. Seu pai, Félix Émile Taunay, foi diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Sua formação se deu no Colégio Pedro II, onde estudou literatura. Estudou física e matemática na Escola Militar de Aplicação. Colou grau como bacharel em matemática e ciências naturais em 1863.
Como engenheiro militar participou da Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. A experiência vivida nos campos de batalha resultou no livro A Retirada da Laguna, de 1869. Ao retornar do Paraguai iniciou carreira política, sendo eleito deputado pela província de Goiás, em 1872. Foi presidente da província de Santa Catarina entre 1876 e 1877, pela qual foi eleito deputado em 1881. Transferiu-se para Curitiba, onde foi responsável pela criação do primeiro parque público da cidade. Foi nomeado presidente da província do Paraná em 1885 e eleito senador por Santa Catarina em 1886. Recebeu do Imperador D. Pedro II o título de Visconde em 1889. Em sua carreira literária publicou os romances Inocência (1872), Lágrimas do coração (1873) e Ouro sobre azul (1875). Suas Memórias foram publicadas postumamente, em 1908.
O interesse da família Taunay por música vinha de longa data. Seu pai, o Barão de Taunay, conheceu e ouviu obras de José Maurício. Em suas Memórias o Visconde relata seu encontro com Bento das Mercês, arquivista da Capela Imperial, quando pela primeira vez ouviu uma Missa de José Maurício na abertura dos trabalhos legislativos. Em 1880, o Visconde de Taunay iniciou uma série de artigos sobre a vida e a obra do compositor na Revista Musical e de Belas Artes, publicada no Rio de Janeiro pela casa editora de Arthur Napoleão & Miguéz. Iniciou em seguida campanha pleiteando o levantamento e a publicação das obras de José Maurício, que resultou no primeiro catálogo de obras do compositor.
Em 1897, foi realizada a primeira edição de obra de José Maurício, o Requiem, de 1816. No ano seguinte foi a vez da Missa em si bemol, precedida de um “esboceto biográfico” escrito por Taunay. Por ocasião da inauguração e sagração da nova Igreja de Nossa Senhora da Candelária, foi executada, por iniciativa de Taunay, a Missa de Santa Cecília, de 1826, última obra de José Maurício, sob a regência de Alberto Nepomuceno. Foi também graças à ação do Visconde de Taunay que a maior coleção de manuscritos de José Maurício foi comprada pelo governo da república para a biblioteca do Instituto Nacional de Música.
Taunay teve atuação decisiva também em prol da carreira de Carlos Gomes e foi o autor do enredo para a ópera Lo Schiavo. Convidado pela Sociedade Congresso Militar pronunciou, em 1880, um discurso – “Homenagem a Carlos Gomes” – publicado por G. Leuzinger & Filhos. Sua correspondência com o autor da ópera Il Guarany foi publicada em 1910, pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Os inúmeros artigos e discursos parlamentares do Visconde de Taunay sobre José Maurício e Carlos Gomes foram reunidos por seu filho, Affonso d’Escragnole Taunay em dois livros: Dois artistas máximos – José Maurício e Carlos Gomes e Uma grande glória brasileira – José Maurício Nunes Garcia, publicados em São Paulo pela Editora Melhoramentos, em 1930.
Visconde de Taunay faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1899.
Nasceu na cidade de São Paulo, em 16 de outubro de 1894. Iniciou os estudos de música no Brasil com Savino de Benedictis. Transferindo-se para a Itália estudou no Conservatório San Pietro a Majella, em Nápoles, onde se diplomou em 1917. Destaca-se, entre seus professores, Alessandro Longo, famoso revisor da obra de Domenico Scarlatti, com quem estudou piano e Giovanni Barbieri, seu professor de composição. Ainda na Itália teve duas óperas de sua autoria encenadas, Godiamo la vita!, em 1917, no Teatro Morgana de Roma, e Principessa dell’atelier, em 1918, no Teatro Bellini, em Nápoles.
Voltando ao Brasil, foi professor do Conservatório Dramático de São Paulo, onde trabalhou por quase 25 anos e do qual foi diretor. Foi um dos fundadores da Sociedade Sinfônica de São Paulo, diretor da Rádio Educadora Paulista, membro do Conselho de Orientação Artística do Estado de São Paulo e destacado participante do movimento do canto orfeônico.
Como compositor escreveu duas óperas, música sinfônica, de câmera, instrumental e vocal. Escreveu três poemas sinfônicos: Crepúsculo sertanejo, de 1916, Nero, de 1915 e Noite de São João, de 1924. Na música de câmara produziu um Quarteto de cordas (1937), uma Sonata para violino e piano (1943), além de obras para piano solo e música vocal.
Faleceu em São Paulo, aos 84 anos, a 24 de maio de 1979.
A cadeira vaga após o falecimento do acadêmico Guilherme Bauer, em 3 de março de 2024
Nascida em Boston, nos Estados Unidos, em 14 de março de 1920, veio para o Brasil com apenas seis meses. Estreou, com onze anos, durante um concerto infantil no Teatro Municipal de São Paulo, onde sete anos mais tarde estrearia profissionalmente como solista, com a Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Souza Lima. Sua estreia internacional ocorreu em 1942, no Town Hall de Nova Iorque.
A partir de então realizou sua movimentada e premiada carreira como concertista, estendida à Europa, onde a criação musical brasileira esteve sempre presente. Entre seus momentos mais importantes como solista com orquestras estão a apresentação em Paris, de Bachianas Brasileiras nº 3, sob a regência do autor e no Festival Brahms, durante a Semana de Gala da Filarmônica de Berlim, sob a regência de Karl Böhm. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Em 1972, passou a viver na Alemanha onde lecionou na Escola de Música e Arte Dramática de Hamburgo.
Nesse país gravou para a Deutsche Grammophon. Foi jurada em importantes concursos internacionais de piano. Com Airton Pint, violino, e Antonio Lauro Del Claro, violoncelo, formou o "Artistrio". Faleceu em São Paulo, 30 de março de 2002.
Nascida na cidade de Goiás/GO, Belkiss Carneiro de Mendonça iniciou seus estudos musicais com sua avó Maria Angélica da Costa Brandão (Nhanhá do Couto), grande incentivadora da música no estado de Goiás.
A partir de 1945, quando concluiu o curso de piano na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, na classe do professor Paulino Chaves, Belkiss Carneiro de Mendonça passou a aperfeiçoar-se com renomados professores e músicos como Joseph Kliass, Camargo Guarnieri e Arnaldo Estrella, entre outros, iniciando uma brilhante carreira como concertista. Dedicou-se, desde 1946, ao estudo e pesquisa da música brasileira, divulgando-a através de gravações, recitais, concertos, publicações, cursos, palestras e conferências em vários países da Europa e em todas as Américas. Seu trabalho no plano regional, nacional ou internacionalrepresentou, sobretudo, um esforço multidisciplinar e laborioso para a consolidação de uma consciência musical no plano erudito. Em 2002, foi eleita para a cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Música. Faleceu em Goiânia, em novembro de 2005.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1o de julho de 1940. Iniciou os estudos musicais no Colégio Santo Inácio. Foi aluno de violino de Iolanda Peixoto. Ingressou na Escola Nacional de Música em 1960, onde foi orientado por Oscar Borgerth. Participou da Orquestra Sinfônica Universitária e posteriormente ingressou na Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Como compositor, teve aulas de contraponto e composição com Cláudio Santoro, de análise musical com Esther Scliar e de harmonia, contraponto, fuga, composição e orquestração com Guerra-Peixe. Em 1977 organizou o grupo Ars Contemporânea que durante sete anos realizou inúmeros concertos visando divulgar, principalmente, o repertório brasileiro.
Lecionou composição e orquestração na Universidade Estácio de Sá/RJ, de 1986 a 1999 e lecionou harmonia, contraponto, fuga, orquestração e composição na Escola de Música Villa-Lobos do Rio de Janeiro.
Foi idealizador do selo RioArte Digital, que registrou em CD de mais de 50 obras de compositores brasileiros e do Projeto Estreias Brasileiras, patrocinado pelo Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB que, em 1997, encomendou e estreou 33 obras de autores nacionais.
Deu palestras sobre música brasileira, em 1996, nas universidades da Flórida, Miami e Houston, nos EUA. Em 1999, no Conservatório Bruckner, em Linz, na Áustria, participou de um ensaio público de sua obra Reflexos, encomendada e estreada pelo George Crumb Trio.
Contabiliza um total de oito prêmios em concursos de composição, com destaque para o Prêmio ESSO de Música Erudita, Concurso Latino-Americano da UFBa e Prêmio da Sociedade Cultura Artística de São Paulo/SP. Recebeu, em 1998, o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA pelo Quarteto de cordas nº 2.
Sua obra compreende composições para diferentes formações. Na música orquestral podem ser citadas: Introdução, Seções e Coda (1979), o Canto Flutuante (1981), Blocos Sinfônicos (2012), Homenagem a Villa-Lobos (1987) e Três Toques Emotivos, para orquestra de cordas (2007). As obras concertantes são representadas pelas Cadências, para saxofone (1995), violino (1982) e piano (2005) e orquestra. Na música de câmara produziu, entre outras obras, o Quarteto de cordas no1 “Petrópolis” (1983), o Quarteto de cordas no2 (1997), Trio para violino, violoncelo e piano, (1980), Reflexos, para flauta, violoncelo e piano (1999), Duas peças para violoncelo e piano, (1989) e as Partitas Brasileiras, (1994-2001) para violino solo.
Faleceu aos 83 anos, em 3 de março de 2024.
Nasceu no Porto, Portugal, em 06 de março de 1843. Seu pai, Alexandre Napoleão, foi pianista e professor particular do instrumento. Menino prodígio, seu primeiro recital de piano aconteceu em 1849, quando tocou a quatro mãos com seu pai em apresentação privada. No ano seguinte começaram as apresentações públicas. Em Portugal se apresentou, dentre outros lugares, na Sociedade de Concertos do Porto e no Teatro São Carlos de Lisboa. A partir de 1852 passou a excursionar pela Europa e também pela América, merecendo elogios de grandes personalidades musicais, como do compositor Hector Berlioz em crônica publicada no Journal Des Débats, após concerto de Arthur Napoleão em Paris. Sua carreira não se limitou à de solista, sendo importante sua atuação como camerista em duo com dois dos maiores violinistas de sua época: Henri Vieuxtemps e Henryk Wieniawski.
Sua primeira apresentação no Brasil se deu em 1857, quando tinha apenas 14 anos, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Seguiu em turnê por províncias do Rio da Prata e retornou no ano seguinte, quando tocou no Theatro São Pedro de Alcântara. Depois de muitas viagens, fixou-se definitivamente no Rio de Janeiro, em 1866. Na então capital do país tornou-se comerciante de instrumentos e partituras criando a famosa Casa Arthur Napoleão que, no papel de editora, muito incentivou e propagou a música brasileira durante décadas. Publicou também a Revista Musical e de Belas Artes, com circulação semanal, entre 1879 e 1880.
Continuou a atuar como pianista concertista e camerista, destacando-se o duo formado com o violinista cubano Joseph White. Como professor, teve entre seus alunos Chiquinha Gonzaga. Fundou em 1883 a Sociedade de Concertos Clássicos no Rio de Janeiro.
Sua obra é praticamente dedicada ao piano, embora possamos encontrar também uma opereta (O Remorso vivo) e peças para orquestra e banda (Marcha Heroica a Camões). Uma de suas obras mais importantes é L’Africaine, grande fantasia para piano e orquestra op.28. Seus Études pour virtuoses foram compostos em 1910 e formam a parte mais importante de sua obra.
O compositor deixou escrita uma autobiografia, intitulada Memórias de Arthur Napoleão, cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, que foi publicada em partes no jornal Correio da Manhã no ano de sua morte. Outra obra que se tornou referência é Arthur Napoleão – Resenha comemorativa de sua vida pessoal e artística, pelo Visconde Sanches de Frias (1845-1922), obra editada em Lisboa em 1913.
Arthur Napoleão faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1925.
Nasceu em São Paulo, a 23 de julho de 1902, onde estudou piano com Luigi Chiaffarelli. Transferiu-se em 1913 para o Rio de Janeiro onde foi estudar particularmente com Henrique Oswald, que o iniciou na carreira de concertista. No mesmo ano o periódico Fon Fon publicou pequena matéria chamando atenção para o jovem pianista, elogiado por Henrique Oswald e Arthur Napoleão. Em 1921 se transferiu para a Europa e tornou-se aluno de piano de Heinrich Barth e de contraponto, fuga e composição de Friedrich Koch, em Berlim. Durante o ano de 1924 residiu em Londres, onde foi aluno de Tobias Matthay, na Royal Academy of Music. Ao retornar para Berlim passou a estudar piano sob a orientação de James Kwast e orquestração com Emil von Reznicek. Entre 1928 e 1929 estudou regência em Basel, Suíça, com Felix Weingartner.
Em 1930 Walter Burle Marx retornou ao Brasil e estreou como regente no Teatro Lírico, à frente da Orquestra do Centro Musical do Rio de Janeiro, tendo Alexander Brailowsky como solista do Concerto para piano, de Tchaikovsky. Em 1931, fundou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, conjunto que realizou vários concertos, promovendo estreias no Brasil de importantes obras sinfônicas, dentre elas da 9a Sinfonia, de Beethoven. Em 13 de outubro de 1931, Burle Marx regeu a Filarmônica no Theatro Municipal no concerto que marcou a inauguração da estátua do Cristo Redentor. Com a Filarmônica acompanhou solistas do porte de Marguerite Long, Arthur Rubinstein e Guiomar Novaes. Promoveu a vinda do maestro Felix Weingartner para concertos em 1933. A orquestra, infelizmente, teve existência curta, sendo extinta em 1933. Ainda em 1931 Burle Marx iniciou sua carreira internacional, com concertos no Chile e na Argentina.
Em 1932, foi nomeado professor do recém-criado curso de regência do Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal o Rio de Janeiro. Foi, portanto, o primeiro professor de regência de curso superior de música no Brasil.
Com a extinção da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, Burle Marx prosseguiu com sua carreira internacional e em 1934 regeu concerto com a Filarmônica de Berlim e com a Filarmônica de Hamburgo. No ano seguinte regeu concerto com a Sinfônica Nacional de Washington e decidiu se estabelecer definitivamente nos Estados Unidos, onde regeu algumas das principais orquestras, como a Filarmônica de Nova York, as sinfônicas de Boston e Detroit e a Orquestra de Cleveland.
Retornou ao Brasil em algumas ocasiões. Em maio de 1947 foi nomeado diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, permanecendo na função até 1949, quando retornou aos Estados Unidos. Voltou ainda em 1967 e 1975 para concertos com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC.
De sua produção como compositor, podemos destacar as Sinfonia no1 (1945), no2 Brasiliana (1950), no3 Macumba (1956) e no4 (1973). Deixou ainda dois Concertinos para piano (1980 e 1984), o Concerto para violoncelo (1982), dois Quartetos de cordas (1978 e 1986) e o Sambatango, para violoncelo e piano (1976).
Faleceu na cidade de Akron, nos Estados Unidos, em 28 de dezembro e 1990.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1944. Sonia Maria Vieira Rabinowitz iniciou na música como aluna de piano de Allan Félix de Souza e de teoria musical de Maria Luiza Priolli. No Conservatório Brasileiro de Música graduou-se em 1962, tendo sido aluna de Maria José Maia. Graduou-se em piano também pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi aluna de Elzira Amábile. Estudou ainda com Jacques Klein. Em 1965 conquistou o primeiro prêmio no VI Concurso Nacional de Piano do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma bolsa de estudos na Escola Superior de Música de Leipzig, Alemanha, onde se aperfeiçoou durante dois anos com Heinz Volger. Concluiu o mestrado em música em 1976, sob a orientação de Heitor Alimonda.
Vários compositores, como Guerra-Peixe, Dawid Korenchendler, Oriano de Almeida, Maria Helena Rosas Fernandes, Murillo Santos e Ricardo Tacuchian a ela dedicaram obras. Guerra-Peixe musicou sete poemas seus, dos quais Sinto e provo foi editado pela Irmãos Vitale.
Gravou mais de 20 discos com música brasileira. Cinco deles foram considerados melhores do ano, pela Associação dos Produtores de Discos. Destaca-se a redescoberta da obra do compositor Misael Domingues e gravações de peças de Ernesto Nazareth, Alexandre Levy, Guerra-Peixe e Ricardo Tacuchian.
Como solista, tem se apresentado nos EUA, América Central e do Sul (México, Costa Rica e Venezuela), na Europa (França, Inglaterra, Espanha e Itália) e em Israel.
Foi professora de História da Música da Escola de Música da UFRJ, onde foi também diretora do setor artístico e cultural e diretora da unidade.
Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Compositor e diplomata, Brasílio Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, no Paraná, em 01 de agosto de 1846. Era irmão do crítico musical João Itiberê da Cunha e tio do compositor Brasílio Itiberê da Cunha Luz. Sua iniciação ao piano foi feita em casa, com sua irmã Maria Lourença. Tornou-se logo pianista de renome, tendo realizado muitos concertos em seu estado natal e em São Paulo, onde frequentou a Faculdade de Direito. Realizou concertos beneficentes, como o realizado para a Sociedade Redemptora em agosto de 1870, para arrecadar fundos para a compra da liberdade de crianças escravas.
Sua obra A Sertaneja é considerada uma das primeiras composições brasileiras baseadas em material de tradição popular. Foi publicada pela Casa Levy em 1869 e tornou-se seu trabalho mais importante e conhecido.
Ingressou na carreira diplomática muito jovem, em 1870, por indicação de Pedro II, e teve postos diversos na Itália, no Peru, na Bélgica, no Paraguai e na Alemanha. Teria mantido relações de amizade com alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton Rubinstein, para quem teria escrito um Estudo de Concerto, Sgambatti e Liszt, que dizem ter tocado sua rapsódia A Sertaneja.
Faleceu em Berlim, Alemanha, enquanto ocupava o cargo de Ministro Plenipotenciário do Brasil na Prússia, em 11 de agosto de 1913.
Deixou cerca de 60 obras, a maioria para piano solo. Boa parte delas se encontra na Biblioteca Casa da Memória da Fundação Cultural de Curitiba e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Nasceu em Curitiba, Paraná, em 10 de setembro de 1878 e faleceu nessa mesma cidade, em 09 de julho de 1956. Sua formação musical teve início na Escola de Belas Artes do Paraná. Teve atuação como violoncelista na orquestra do maestro Francisco Rodriguez Maiquez, Companhia de Zarzuelas Maria Alonso. Organizou, nessa época, uma orquestra de salão. Veio para o Rio de Janeiro para servir na Alfândega, entre 1906 e 1907, quando estudou com Cavalier Darbilly. Promovido a primeiro escriturário de alfândega de Paranaguá, em 1907, lá organizou e dirigiu uma pequena orquestra. Mais tarde, fixou residência definitiva em Curitiba, dedicando-se a pesquisas sobre música.
Exerceu atividades como professor no Colégio Paroquial de Paranaguá, na Academia Paranaense de Comércio e na Faculdade de Ciências Econômicas. Foi um dos fundadores e organizadores do Círculo de Estudos Bandeirantes, membro da Academia Paranaense de Letras, do Centro de Letras do Paraná, do Instituto de Musicologia de Montevidéu e do Conselho de Defesa do Patrimônio do Paraná. Fundou os periódicos O Vigilante, mensal e O Cruzeiro, semanal, o primeiro em Paranaguá e o segundo em Curitiba, tendo colaborado nas revistas simbolistas O Sapo e Azul.
Nasceu em 26 de dezembro de 1941, em Niterói/RJ. Roberto Ricardo Duarte estudou piano no Conservatório de Música de Niterói e aperfeiçoou-se com Arnaldo Estrella. Graduou-se em composição e regência na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, onde foi aluno de Francisco Mignone, José Siqueira, Eleazar de Carvalho e Raphael Baptista. Concluiu o curso de Direito pela Universidade Federal Fluminense. Fez pós-graduação em música na UFRJ e estudou no Corso Internazionale di Interpretazione Musicale di Ravello, na Itália. Foi bolsista do DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico e da Fundação Vitae.
Fundou e foi o regente titular do Coro e Orquestra de Câmara de Niterói. Dirigiu também o Coral da Universidade Federal Fluminense e o Coral da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ, de 1981 a 1995, da Orquestra Sinfônica do Paraná, de 1998 a 1999, da Orquestra Unisinos (RS), de 2003 a 2005 e da Orquestra do Teatro São Pedro (SP).
Sua carreira internacional começou logo após conquistar o segundo lugar (Prêmio Koussevitsky), no Concurso Internacional de Regência do Festival Villa-Lobos, em 1975. Entre as orquestras com as quais trabalhou se pode destacar a Tonhalle de Zurique, Ungarische Philharmonie, da Radio Suisse Romande, Orchestra G. Enescu, Sinfônica da Eslováquia, de Câmara de Moscou, Sinfônica de Moscou, Orquestra Bruckner-Linz, Sinfônica de Akron e a Sinfônica de Bari, além de quase todas as maiores orquestras brasileiras. Na Itália fundou, em 1988, a Orquestra de Câmara Tommaso Traetta.
Desde 1991, gravou diversos CDs com obras de Villa-Lobos e de outros compositores brasileiros. Ao longo da carreira realizou mais de uma centena de primeiras audições.
Por mais de vinte e sete anos ministrou aulas de regência na Escola de Música da UFRJ e cursos em vários estados brasileiros. No exterior, realizou master classes no Chile, Grécia, Suíça e Itália. Foi professor de regência por quatorze anos no Corso Internazionale di Polifonia Latino Mediterranea, na Itália.
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, do Conselho Municipal de Cultura de Niterói, do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil e dos Serviços Culturais do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal Fluminense. De 1978 a 1980, foi diretor artístico dos Cursos Internacionais de Férias Pró-Arte, de Teresópolis. Recebeu o prêmio de Melhor Regente do Ano da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, em 1994 e 1997. Em 1996, foi agraciado com o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura.
Como revisor vem realizando novas edições de obras de Villa-Lobos, para a Max Eschig e a Academia Brasileira de Música. Para a FUNARTE, revisou e editou as óperas completas Il Guarany e Lo Schiavo, de Carlos Gomes. Publicou pela editora da Universidade Federal Fluminense dois volumes de Revisão das obras orquestrais de Villa-Lobos (1989 e 1994). Pela editora Algol, de São Paulo, publicou Villa-Lobos errou? – subsídios para uma revisão musicológica em Villa-Lobos (2009).
Helza de Cordoville Camêu (1903-1995) foi compositora, pianista, musicóloga, pesquisadora e divulgadora da música brasileira. Começou a estudar piano com Paula Ballariny, aos 7 anos e, aos 16, passou a estudar com Alberto Nepomuceno. Quatro anos depois, aos 20, deu seu primeiro recital.
Continuando os estudos, Helza passou a dar mais ênfase à composição do que ao piano. Suas composições começaram a ficar conhecidas a partir de 1934. Em 1936, seu Quarteto de Cordas op. 12ganhaou o 2º prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura de São Paulo. Em 1944, com o poema sinfônico Suplício de Felipe dos Santos, levou o 1º prêmio do concurso promovido pela OSB. Ingressou na Rádio MEC em 1955, onde trabalhou como produtora, com destaque para o programa Música e músicos do Brasil. Em 1977, lançou seu único livro editado a Introdução ao estudo da música indígena no Brasil, considerado o mais completo estudo da música dos nossos índios. Ao falecer, aos 92 anos, HelzaCamêu deixou inacabado o livro Tempo e música – um estudo sobre música brasileira dos séculos XVI ao XX.
Nasceu em Pindamonhangaba/SP, em 05 de agosto de 1846. Iniciou os estudos musicais no violino aos 10. Com a idade de 15 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro e tornou-se aluno do Conservatório de Música, onde estudou por dois anos com Francisco Manoel da Sila e Demétrio Rivera. Retornou à cidade natal aos 17 anos onde, além de trabalhar na casa comercial do pai, dirigiu a banda local. Em 1865 passou a trabalhar na Câmara Municipal e em 1877 foi eleito vereador.
Por sua Missa de São Benedito (1884) mereceu por parte do Imperador D. Pedro II uma bolsa para estudar na Itália. Na cidade de Milão escreveu sua primeira ópera, Edméa. A segunda, Carmosina, foi encenada na mesma cidade, no Teatro Dal Verme em 1888, com a presença do Imperador.
Retornou ao Brasil em 1891. Em 1896 fez executar sua Ode Fúnebre em homenagem a Carlos Gomes, falecido naquele ano. Retornou à Itália em 1903, onde escreveu a ópera Maria Petrovna, não conseguindo, contudo, encená-la. De volta ao Brasil em 1906 foi um dos fundadores do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde lecionou por décadas.
É autor de seis Sinfonias, sendo a primeira de 1899 e a última, Sinfonia Militar, de 1923. Escreveu ainda a Missa do Espírito Santo (1867), Missa de Nossa Senhora da Conceição (1872), Missa de Nossa Senhora Aparecida (1880), Missa de Nossa Senhora do Bom Sucesso (1882), Missa do Coração de Jesus (1907), Missa de Nossa Senhora de Lurdes (1922), Missa de Nossa Senhora Auxiliadora (1930), Missa de Nossa Senhora do Carmo (1931) e Missa de São Paulo (1932), a ópera Helena (1916), os poemas sinfônicos Trilogia da Noite, Pátria e A Vitória de São Paulo (1932), assim como hinos marchas, música sacra e inúmeras canções para canto e piano.
Sua filha Estefânia escreveu a biografia do músico paulista, editada em São Paulo, em 1946. Em 2014 o jornalista Douglas Salgado Jacometti, tetraneto do compositor, escreveu o livro As memórias de João Gomes de Araújo.
O compositor faleceu quase centenário, em 08 de setembro de 1943, em São Paulo.
Nasceu em Piracicaba, São Paulo, em 10 de dezembro de 1900. De família oriunda da cidade de Tatuí/SP, João da Cunha Caldeira Filho estudou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde foi aluno de Samuel Arcanjo e Savino de Benedictis. Foi monitor de Mário de Andrade em suas turmas de História da Música. Aperfeiçoou-se na França com grandes mestres como Isidor Phillip, Marguérite Long e Wanda Landowska. Em 1931 retornou ao Brasil e começou a lecionar história da música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Foi professor ainda do Conservatório Estadual de Canto Orfeônico de São Paulo, do Instituto Musical de São Paulo e do Instituto Musical de Santos. Em 1937 ingressou por concurso no Instituto de Educação Caetano de Campos, onde se aposentou em 1964.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Em 1967 ganhou da União Panamericana, com sede em Washington D. C., nos EUA, o Diploma Interamericano de Música. Em 1975 recebeu do governo francês o título de Chevalier des Arts et des Lettres.
Sua carreira como crítico musical teve início em 1932, no Correio de São Paulo. Logo depois exerceu a mesma função na Folha da Noite. Em 1935 assumiu a coluna no jornal O Estado de São Paulo, onde escreveu por mais de 40 anos.
Entre suas obras publicadas destacam-se: Música contemporânea e música no Brasil, Noções de história da música (1942), A Música em São Paulo (1954), Os Compositores (1961), São Paulo espírito, povo e instituições (1968) e Apreciação musical (1971).
Faleceu em São Paulo, em 21 de maio de 1982.
Sérgio Oliveira de Vasconcellos-Corrêa nasceu em São Paulo, em 16 de julho de 1934. Iniciou os estudos musicais em 1946 com a pianista Ilíria Serato, prosseguindo, a partir de 1951, com Ubelina Reggiani de Aguiar no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Na mesma instituição estudou harmonia, composição e regência coral com Martin Braunwieser. Tornou-se discípulo de Camargo Guarnieri, com quem estudou entre 1956 e 1968. No Rio de Janeiro fez curso de especialização em didática da música no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.
Foi professor do Conservatório Paulista de Canto Orfeônico. Foi um dos fundadores da Sociedade Pró-música Brasileira, que presidiu de 1985 a 1995. Foi professor ainda da Faculdade Santa Marcelina, do Departamento de Música da Universidade Estadual Paulista/UNESP e do Instituto de Artes da Universidade de Campinas/UNICAMP. Foi crítico musical da Folha da Tarde e do jornal O Estado de São Paulo, com o pseudônimo de José Guilherme. Em 1994 fundou a Academia Paulista de Música, da qual foi o primeiro presidente.
Recebeu prêmios e distinções como o 2o lugar no Concurso Nacional de Composição da Cidade de São Paulo de 1962, com a Suíte Piratininga; Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte em diferentes edições (1973, 1974, 1979 e 1982) e o prêmio Governador do Estado de São Paulo de “melhor composição” pelo Concertino para trompete e orquestra, de 1975.
Entre suas obras, além das já citadas, podem ser destacadas as óperas Retábulo de Santa Joana Carolina e Tibicuera; o Concertino para piano (1967), o Concerto do Agreste, para violão e orquestra (1992), o Concerto para Harmônica, a Sinfonia no1, para sopros (1999), o Trio para violino, violoncelo e piano (1964), além de várias peças para piano e canções.
Sua obra didática compõe-se de três livros: Planejamento em Educação Musical (1971); Introdução à Harmonia (1975) e O Estudo do piano, um início sem fim.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1988.
Site: http://svasconcelloscorrea.blogspot.com.br/
Nasceu na cidade de Cantagalo/RJ, em 25 de novembro de 1845. São escassas as informações biográficas e não há referências sobre sua formação musical inicial. Sabe-se, no entanto, que entre 1860 e 1862 partiu para a Bélgica, onde teria sido aluno do Conservatório de Bruxelas e estudado com Henry Vieuxtemps. Retornou ao Brasil entre 1869 e 1871 e se estabeleceu no Rio de Janeiro. Em 1879 pleiteou o cargo de mestre da Capela Imperial, mas não tomou posse e não atuou efetivamente. Em janeiro de 1880 estreou a opereta Antonica da Silva, com libreto de seu tio Joaquim Manoel de Macedo, no Teatro Fenix Dramática. No ano seguinte foi exonerado do posto na Capela Imperial.
Em 1883 transferiu-se para a cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, onde conheceu sua esposa, Cecília de Macedo. É encontrado posteriormente residindo em Barbacena (1896) e Juiz de Fora, sobrevivendo com aulas de violino e eventuais concertos. Em 1909 conseguiu uma bolsa do governo de Minas Gerais e partiu para Bruxelas, onde trabalhou na conclusão de sua ópera Tiradentes. Em 1910 trechos da ópera foram apresentados em concerto com a presença do Rei da Bélgica. Em 1922 retornou ao Brasil, passando a residir na cidade de Cataguases, deixando, no entanto, boa parte de suas composições com a filha na Europa.
De sua produção restam conhecidas hoje poucas obras. Das mencionadas, a ópera Tiradentes pertence ao acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFMG e foi encenada no Palácio das Artes de Belo Horizonte, em abril de 1992, com Inácio De Nonno no papel título e a regência de Roberto Duarte. Da opereta Antonica da Silva não se sabe o paradeiro. Há referências sobre seis concertos para violino e orquestra, dos quais apenas o último sobreviveu em redução para piano. O manuscrito se encontra na Seção de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Também na Biblioteca Nacional são encontradas obras impressas, como o Álbum pour piano – Onze morceaux, impresso pela editora Bevilacqua, com miniaturas para piano solo e violino e piano, a Sonata para piano op.158 e o Poema Sinfônico op.160, dedicado a Floriano Peixoto, em redução para piano. No Almanack Garnier foi publicada em 1909 a canção Una Lacrima e no acervo de Flausino Vale encontra-se o manuscrito da Fantasia sobre temas de Moniuszko op.154, para violino e piano.
Faleceu no dia 1o de dezembro de 1925, aos 80 anos.
Nasceu em Manaus, Estado do Amazonas, em 23 de novembro de 1919. Estudou violino em sua cidade natal e aos 13 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para prosseguir os estudos com Edgard Guerra. Em 1940 foi um dos músicos fundadores da Orquestra Sinfônica Brasileira, atuando no naipe de violinos. No mesmo ano iniciou os estudos de composição com Hans-Joachim Koellreutter e integrou o Grupo Música Viva. Em 1943 ganhou o Chamber Music Guild de Washington por seu Quarteto de cordas no1 e em 1945 foi distinguido com bolsa da Guggenheim Foundation Fellowship. Por sua militância no Partido Comunista teve sua entrada impedida nos Estados Unidos e rumou para Paris, com bolsa do governo francês para estudos com Nádia Boulanger. Na Europa participou do II Congresso de Compositores Progressistas, em Praga, na Tchecoslováquia, como delegado brasileiro. Ao contato com as teorias de Jdanov e do Realismo Soviético para as artes alterou sua orientação estética e aderiu ao nacionalismo musical.
De volta ao Brasil em 1949 passou um período em fazenda na Serra da Mantiqueira. Voltou ao Rio de Janeiro em 1950 para trabalhar na Rádio Tupi e Rádio Clube do Brasil. Em seguida ingressou na Rádio Ministério da Educação como diretor artístico e fundou a Orquestra de Câmara da Rádio MEC. Na década de 1950 realizou turnês de concertos pela União Soviética e países da Europa Oriental onde executou e gravou obras como a Sinfonia no4 “Da Paz”, Canto de Amor e Paz e o Ponteio, para cordas. Durante estada em Paris, em 1957, criou as Canções de Amor em parceria com Vinícius de Moraes.
Em 1962, a convite de Darcy Ribeiro, criou o departamento de música da Universidade de Brasília. Após o golpe militar de 1964, Santoro rumou para Heidelberg, na Alemanha, onde lecionou composição e regência na Escola Superior de Música. Na Alemanha foi ainda “Compositor Residente” da Casa de Brahms (Baden Baden). Em 1978 retornou ao posto na UNB e assumiu a direção da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional.
Durante sua carreira Santoro foi distinguido com inúmeros prêmios como o da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro (1950), Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (1951 e 1958), Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1960), Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1977) e Prêmio Shell (1985), entre outros.
Recebeu condecorações do Governo do Amazonas (1969), da República Federal da Alemanha (1979), Medalha do Mérito do Estado do Amazonas (1982), Ordem do Rio Branco (1985), Ordem do Mérito de Brasília (1986), Governo da Bulgária (1986), Governo da Polônia (1987), Ordem do Mérito do Alvorada (1987), Governo da França (póstumo, 1989). Recebeu postumamente também o titulo de Cidadão Honorário de Brasília (2003) e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (2005).
Como regente convidado dirigiu algumas das mais importantes orquestras do mundo como as filarmônicas de Leningrado, Bucarest, Sofia e Varsóvia, as sinfônicas do Porto, de Magdeburg, da Rádio de Praga, da Rádio de Leipzig, Estatal de Moscou, RIAS
Berlin, ORTF de Paris, OSSODRE de Montevidéu, Beethovenhalle de Bonn e as principais orquestras brasileiras.
Claudio Santoro faleceu em Brasília, a 27 de março de 1989 e sua obra está sob a responsabilidade da Edition Savart (http://editionsavart.com/)
Teve sua formação musical iniciada nos Seminários de Música da UFBA a partir de 1969, convivendo com a intensa produção musical de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Walter Smetak, Milton Gomes e Fernando Cerqueira. Teve sua primeira obra apresentada em 1976. Seguiu para os EUA, onde realizou o bacharelado em composição na University of Illinois, Champaign-Urbana, tendo sido orientado por Herbert Brün e Ben Johnston. Pela mesma universidade obteve o grau de Mestre em Educação, tendo estudado e convivido com figuras como Alexandre Ringer, Stephen Blum, Bruno Nettl, Salvadore Martirano, entre outros. É Doutor em Artes pela Universidade de São Paulo, em 2000, e em Educação pela Universidade Federal da Bahia, com teses dedicadas ao ensino de composição e à análise da música do compositor suíço-baiano Ernst Widmer.
Foi diretor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia de 1988 a 1992, tendo criado em sua gestão o Programa de Pós-Graduação em Música da UFBA. Pró-Reitor de Extensão desta Universidade em duas gestões, 1996 e 2002, foi presidente da Fundação Gregório de Mattos, de 2005 a 2008, função equivalente à de Secretário de Cultura de Salvador. Desde 2014 atua como Assessor Especial do Reitor da Universidade Federal da Bahia, tendo coordenado o Congresso da UFBA, evento que marcou os 70 anos da Instituição (2016)
É docente da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, desde 1979, onde leciona composição e análise musical para os cursos de graduação, mestrado e doutorado. É Editor da Revista ART, criada em 1981, atualmente ART Music Review (www.revista-art.com).
Seu catálogo tem 120 obras, 98 estreadas, e registro de 480 performances em mais de 20 países, sendo mais de cem delas internacionais. Já teve obras comissionadas/estreadas por: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Festival de Campos de Jordão, Festival Música Nova de Santos, American Composers Orchestra/Carnegie Hall, Orquestra Sinfônica de Seattle, OSESP, Juilliard Contemporary Ensemble, Mivos Quartet, GRUPU-Unicamp, Conselho Musical da cidade de Düsseldorf.
Em 2015 foi indicado em primeiro lugar nacional para a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, por um colegiado composto por 79 compositores, regentes e professores de composição. Em 2017 também foi indicado para o primeiro prêmio (obra Sinfônica) da XXII Bienal. Autor de diversos livros e artigos sobre composição e seu ensino, além de temas de crítica cultural, e mentor de uma nova geração de compositores baianos, é cofundador da OCA-Oficina de Composição Agora.
Site: http://www.paulolima.ufba.br/
Carioca de nascimento, de 1943, Luiz Paulo Horta se fez conhecer como pianista, crítico musical e depois como jornalista. Estudou matérias teóricas com Ester Scliar e Cleofe Person de Mattos e piano com SalomeaGandelmann, Homero Magalhães e Moura Castro. A partir de 1970, trabalhou como crítico musical do “Jornal do Brasil”, em sucessão a Ronaldo Miranda, exercendo o cargo com notável competência e imparcialidade. De 1985 a 1990, dirigiu a seção de música do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, quando teve oportunidade de trazer ao Brasil KarlheinzStockhausen. A partir de 1990, foi crítico musical do jornal “O Globo”, onde exerceu também outras funções, como a de diretor da prestigiosa página “Opinião”.
Eleito para a ABM em 1993 foi também membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Letras.
Carioca, nascido em 11 de julho de 1848, Joaquim Antônio da Silva Callado começou os estudos musicais pela mão do pai, que era mestre da Banda Sociedade União de Artistas. Estudou posteriormente com Henrique Alves de Mesquita, pouco antes do mesmo partir para a Europa como bolsista. Aos 15 anos apresentou-se pela primeira vez em concerto. Sua composição Querosene (1863) é uma das primeiras de suas obras conhecidas. Em 1866 realizou concerto no Teatro Ginásio Dramático, com a presença da Família Imperial. Sua composição que primeiro fez sucesso foi uma quadrilha chamada Carnaval (1867), ano em que perdeu seu pai, aos 52 anos. Sua primeira polca, chamada Querida por todos (1869) foi dedicada à Chiquinha Gonzaga. Seu Lundu Característico (1871) fez muito sucesso e lhe valeu a indicação para o cargo de professor de flauta no Conservatório Imperial de Música, assim como do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Criou, por volta de 1875, um conjunto que se tornou padrão na música instrumental carioca e considerado o primeiro grupo de choro, composto por dois violões, uma flauta e um cavaquinho. Foi um dos maiores flautistas brasileiro de seu tempo e rivalizava com o belga Matheus André Reichert, que havia se estabelecido no Rio de Janeiro em 1859. Em 1879 Callado foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, a mais alta condecoração do Império. Sua peça intitulada Flor Amorosa é até hoje tocada e recebeu posteriormente letra de Catulo da Paixão Cearense. Callado morreu no Rio de Janeiro, vítima de meningite, em 20 de março de 1880.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de dezembro de 1905. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1923 e foi aluno de Alfredo Bevilacqua, Charles Lachmund e Paulo Silva. Era pianista e compositor, mas optou pela musicologia e pela crítica musical. Em 1932, sucedeu a Guilherme Pereira de Mello como bibliotecário do Instituto Nacional de Música. Em 1934 participou da criação da Revista Brasileira de Música, primeiro periódico científico em música do Brasil, e foi seu editor até 1942. A partir de 1939 foi catedrático de folclore no Instituto Nacional de Música e fundou o Centro de Pesquisas Folclóricas.
Com Luciano Gallet e Lorenzo Fernandez fundou, em 1930, a Associação Brasileira de Música. Em 1937 foi um dos fundadores da Sociedade Pró-Música, que promovia concertos e concursos. Em 1941 foi consultor da Divisão de Música da União Pan-Americana, de Washington. Em 1947 aceitou o posto de chefe da seção de música da UNESCO, em Paris, onde trabalhou até 1965.
Estabelecido em Paris, realizou uma série de palestras e conferências no Instituto de Altos Estudos da América Latina, da Universidade de Paris. Após aposentar-se na UNESCO foi professor visitante da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, entre 1967 e 1968, e da Universidade de Indiana, em Bloomington, em 1969. Entre 1966 e 1973 foi membro do comitê executivo do Conselho Internacional da Música da UNESCO e colaborou nas mais importantes publicações mundiais de música. De 1966 a 1977, foi membro do Conselho Internacional de Música Folclórica, de Londres.
Alguns de seus trabalhos publicados no Brasil se tornaram referenciais. Em 1950 lançou Música e Músicos do Brasil, uma coletânea de artigos que publicou em diferentes jornais e revistas, com importantes estudos sobre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manoel da Silva, Carlos Gomes e outros compositores brasileiros, assim como crônicas sobre a vida musical do Rio de Janeiro. Em 1952 publicou importante obra de referência: a Bibliografia Musical Brasileira, em colaboração com Cleofe Person de Mattos e Mercedes Reis Pequeno. Em 1956 foi a vez de seu livro mais importante, 150 anos de música no Brasil. Publicou ainda diversos textos em espanhol, francês e inglês, em diferentes periódicos internacionais.
Luiz Heitor faleceu em Paris, em 10 de novembro de 1992.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1942. Iniciou os estudos musicais em 1958. Em 1960 ingressou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, mais tarde Escola de Música da UFRJ, onde estudou violino com Carlos de Almeida, composição com José Siqueira e Henrique Morelenbaum e regência com Eleazar de Carvalho. Na UFRJ estudou também Física e passou a se interessar pela música eletrônica. É de sua autoria a primeira obra brasileira para sons eletrônicos, a Valsa Sideral, de 1962.
Em 1969 seguiu para Buenos Aires, onde estudou como bolsista do Centro Latino Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato Di Tella. Teve como orientadores, entre outros, Alberto Ginastera e Eric Salzman. Em 1970 prosseguiu os estudos no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht, com bolsa do governo holandês. Entre 1971 e 1973 fez um curso de aperfeiçoamento junto ao Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, onde atuou sob a orientação de Pierre Schaeffer, Guy Reibel e François Bayle. No mesmo período iniciou seu curso de Doutorado em Estética Musical na Sorbonne, Universidade de Paris VIII, sendo orientado por Daniel Charles. Ainda em 1973 retornou ao Brasil e assumiu a cadeira de composição no Departamento de Música da Universidade de Brasília, onde se aposentou como professor titular. Na capital do país organizou o GeMUnB (Grupo de Experimentação Musical da UNB), especializado em música contemporânea com o qual realizou turnê de concertos na Europa em 1975. Em 1977 concluiu sua tese de doutorado intitulada Son Nouveau, Nouvelle Notation.
Em Brasília coordenou vários projetos, como o Núcleo de Pesquisas Sonológicas, a Orquestra de Câmara da UnB e os Festivais de Música Contemporânea. Entre 1992 e 1993 foi contemplado com a Bolsa Vitae de Artes para escrever sua ópera Olga. No mesmo período recebeu uma bolsa de Pós-Doutorado do CNPq para realizar pesquisas musicais durante um ano na Europa e no Oriente Médio, em cidades como Paris, Berlin, Baden-Baden, Freiburg, Amsterdam, Tel Aviv e Jerusalém, resultando em diversas obras novas.
Entre janeiro e julho de 1993 foi compositor residente do Ateliers UPIC. No mesmo ano sua obra Idiosynchronie foi distinguida com o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO.
Entre os festivais internacionais de que participou podemos citar: o Festival de Música Eletroacústica de Bourges, na França; o Festival Présences 95, onde foi estreada sua nova obra Rimbaudiannisia MCMXCV, encomendada pela Radio France e diferentes edições do Festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea. No Brasil participou de diversas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte, do Panorama da Música Brasileira Atual, da Escola de Música da UFRJ, e da Bienal de Música Eletroacústica do Estado de São Paulo. Organizou e coordenou os Encontros de Música Eletroacústica de Brasília e foi eleito o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, em 1997.
Ministrou cursos e workshops em instituições como a Universidade de Aveiro, o Instituto Goethe, o Laboratorio de Informática y Electrónica Musical (LIEM) de Madrid, a Sorbonne, Université de Paris VIII,
Recebeu homenagens, prêmios e encomendas de organismos como o Ministério da Cultura da Espanha; do Ministério da Cultura do Brasil; da Radio France; da Fundación Carolina de Madri, Espanha; da Fundação Stichting Dijkverzwaring, da Holanda e da Fundação Gaudeamus de Amsterdam. Do Ministério da Cultura da França recebeu, em 2002, o título de Chevalier des Arts et des Lettres. No mesmo ano a Assembleia Legislativa do Distrito Federal, Brasil, outorgou a Antunes o título de Cidadão Honorário de Brasília.
Jorge Antunes ingressou na Academia Brasileira de Música em 1994.
Leopoldo Américo Miguéz nasceu em Niterói/RJ, em 09 de setembro de 1850. Aos dois anos de idade se transferiu com a família para a cidade de Vigo, na Espanha, onde viveu até 1857. Em seguida se estabeleceu no Porto, em Portugal, onde foi matriculado no Liceu da cidade e recebeu aulas de música. Estudou violino com Nicolau Medina Ribas e harmonia e composição com Giovanni Franchini. Sua primeira obra, um Noturno para piano, foi escrita em 1867, época em que inicia seu trabalho no comércio.
Em 1870 a família retornou ao Brasil e Miguéz se empregou como guarda-livros na Casa Dantas. Ao mesmo tempo participou de concertos como violinista, atuando na Filarmônica Fluminense. Em 1877 estabeleceu sociedade com o pianista Arthur Napoleão e abriu, na Rua do Ouvidor, uma casa especializada na venda de partituras e instrumentos musicais. Continuou a atuar como violinista e participou de concerto em duo com o famoso violinista cubano José White.
Em 1882 estreou no Teatro São Pedro de Alcântara sua Sinfonia em si bemol, para coro e orquestra. No mesmo ano viajou novamente para a Europa, levando consigo carta de apresentação de D. Pedro II para o diretor do Conservatório de Paris, Ambroise Thomas. Na França estabeleceu contato com compositores como Vincent D’Indy e César Franck e travou contato mais próximo com a música de Wagner. No ano seguinte retornou ao Brasil e passou a atuar no Clube Beethoven e como regente de companhias líricas. Em 1886, estava à frente da orquestra da Companhia Lírica Italiana quando protagonizou o incidente que proporcionou a estreia como regente de Arturo Toscanini.
Aderiu ao movimento republicano e em 1889 participou e venceu o concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, que se tornou o Hino à Proclamação da República. Em 1890 foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música, instituição de ensino que substituiu o antigo Conservatório de Música. Para o INM escreveu, no ano seguinte, os livros Teoria elementar da música e Elementos de teoria musical.
Através da direção do INM, exerceu efetiva liderança e ditou os rumos da vida musical do Rio de Janeiro. Em 1895 viajou para a Europa para visitar os conservatórios de música de vários países e conhecer novas práticas pedagógicas com o intuito de implementá-las no INM. Em 1896 criou, com Alberto Nepomuceno, a Associação de Concertos Populares e no ano seguinte sua ópera Pelo Amor estreou no Cassino Fluminense. Em 1901 foi a vez I Salduni, sua segunda ópera, estrear no Teatro Lírico.
Sua obra se concentra especialmente nas peças orquestrais. Como exemplo podemos citar os poemas sinfônicos Parisina, Prometeu e Ave, Libertas! e a Suíte Antiga. Na música de câmara sobressai a Sonata para violino e piano, além de várias peças para piano, como Allegro appassionato, e o Noturno op.10 e Noturno op.20.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 06 de julho de 1902, com apenas 52 anos.
Nasceu em Tietê, São Paulo, em 01 de fevereiro de 1907. O pai, Miguel Guarnieri, era barbeiro e flautista. Sua mãe, Géssia Arruda Camargo Penteado, era pianista. Deles recebeu as primeiras lições, prosseguindo com Benedito Flora e Virgínio Dias. Em 1923 mudou-se para São Paulo e trabalhou como pianista em cinemas e cafés. Passou a estudar com Ernani Braga e, pouco depois, com Antônio de Sá Pereira e Lamberto Baldi. Em 1928 conheceu Mário de Andrade, que o encaminhou para a música nacionalista. No mesmo ano ingressou como professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde ficou até 1933.
Em 1935 assumiu a regência do Coral Paulistano, onde ficou por três anos. Em 1938 seguiu para Paris, onde realizou estudos com Charles Koechlin e François Rühlmann. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial retornou ao Brasil.
Em seguida voltou seu interesse para os Estados Unidos, onde permaneceu por seis meses no ano de 1942, como bolsista do Departamento de Estado e da Pan-American Union. No mesmo ano ganhou o primeiro lugar no Concurso Internacional Fleischer Music Collection, com seu Concerto para violino e orquestra. No mesmo período dirigiu a Sinfônica de Boston. Em 1945 assumiu a direção da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Na década de 1950 atuou como assessor do Ministro da Educação, Clóvis Salgado. Foi a época da Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, documento no qual condenou o dodecafonismo, e exortou os compositores a permanecerem na trilha do nacionalismo musical.
Criou em 1975 a Orquestra Sinfônica da USP, da qual foi regente titular por quase duas décadas.
Como professor de composição criou uma verdadeira escola e orientou importantes compositores de diferentes gerações como Osvaldo Lacerda, Sérgio de Vasconcellos-Corrêa, Aylton Escobar, Almeida Prado e Marlos Nobre.
Sua obra é rica e diversificada, abrangendo os mais diferentes gêneros. Escreveu sete Sinfonias; seis Concertos para piano; concertos e peças concertantes para violino, viola, violoncelo, flauta e clarineta; diversificada música de câmara, incluindo três quartetos de cordas, sete sonatas para violino e piano e três para violoncelo e piano. Na música para piano solo se destacam as sonatas e sonatinas e os 50 Ponteios. Abordou também a música para cinema (Rebelião em Vila Rica) e a ópera (Pedro Malazartes e Um homem só). Deixou também grande número de canções, obras para coro e música sacra.
Em 1992 recebeu da Organização dos Estados Americanos (OEA) o Prêmio Gabriela Mistral como “Maior Músico das Américas”.
Faleceu em São Paulo, em 13 de janeiro de 1993.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1935. Estudou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Escola de Música da UFRJ, onde recebeu orientação de Guilherme Fontainha. Aos sete anos de idade atuou como solista da Orquestra Juvenil daquela instituição. Formou-se com Medalha de Ouro e recebeu prêmio para estudar em Viena com Bruno Seidelhofer, e em Milão, com Andolfi.
Ao retornar ao Brasil construiu sólida carreira, apresentando-se em recitais e como solista à frente das principais orquestras brasileiras e algumas do exterior. Notabilizou-se como intérprete de compositores brasileiros e contemporâneos. Apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira tocando os Quatro Temperamentos, de Paul Hindemith, sob a regência do autor. Estreou no Brasil obras de Hans Werner Henze e Samuel Barber. Especializou-se na interpretação de obras de Camargo Guarnieri, de quem fez a primeira audição do 5º Concerto para piano e orquestra, a ela dedicado. Para Laís de Souza Brasil Guarnieri dedicou ainda a Sonata para piano (1972). Fez várias turnês nos Estados Unidos, Europa e América Latina. Sob a regência de Camargo Guarnieri foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Chicago.
Possui extensa e importante discografia, com destaque para a obra de Guarnieri. Realizou a gravação integral dos 50 Ponteios, das três Sonatas para violoncelo e piano, com Antônio Del Claro, e de três Sonatas para violino, com a violinista e filha do compositor, Tânia Camargo Guarnieri. Gravou também, sob a regência do autor, os Concertos para piano nº3, 4 e 5, além do Concertino para piano, sob a regência de Simon Blech. Outra gravação integral importante foi realizada em 1999 com a violinista Mariana Salles, com todas as sonatas para violino e piano do compositor Cláudio Santoro, em CD do selo ABM Digital.
Nasceu em 02 de novembro de 1853, em Belém do Pará. A mãe, Ana Cândida Malcher, era pianista e o iniciou no instrumento. Prosseguiu os estudos com o professor Joaquim Pinto de França. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar com Felício Tati.
Em 1870 seguiu para os Estados Unidos, onde se formou engenheiro pela Universidade de Le Haye, na Pennsylvania. Partiu para a Itália em 1876, onde ingressou no Conservatório de Milão, onde estudou com Michele Saladino. Tornou-se amigo de Carlos Gomes e esteve presente na estreia da ópera Maria Tudor do compositor de Campinas. Em 1881 recebeu de seu pai, o médico e presidente do legislativo provincial José da Gama Malcher, a incumbência de contratar uma companhia lírica para a terceira temporada lírica do Teatro da Paz.
Retornou ao Brasil em 1882, acompanhando a Companhia Lírica Tomás Passini, contratada pela Associação Lírica Paraense, e trouxe consigo o amigo Carlos Gomes, para a apresentação de Salvator Rosa, em Belém. No intervalo das récitas da ópera de Carlos Gomes se apresentou como regente em sua Marcha Heróica op.18.
Assumiu o cargo de diretor artístico da empresa Gomes Leal & Cia e encenou sua primeira ópera Bug-Jargal no Teatro da Paz (1890), depois levada para apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1892 tornou-se professor do Liceu Paraense (1892), onde formou um grupo coral e orquestra sinfônica. Posteriormente foi professor do Instituto Carlos Gomes, do qual foi diretor (1898-1900) e assumiu a presidência do Centro Musical Paraense (1914).
Escreveu uma segunda ópera, Iara, estreada no Teatro da Paz, em 1895. Há registros ainda de duas outras óperas, Idílio e O Seminarista, hoje perdidas. Escreveu também peças para piano solo, obras orquestrais, canções, música de câmara. Faleceu em Belém, em 1921.
Em 2005 o musicólogo Vicente Salles publicou o livro Maestro Gama Malcher, a figura humana e artística do compositor paraense, pela Universidade Federal do Pará.
Nasceu em Rodelas, na Bahia, em 26 de fevereiro de 1909. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1926 e ingressou na banda do 2º Batalhão de Caçadores de São Gonçalo. Em 1928 tornou-se aluno do Conservatório de Música de Niterói. Aperfeiçoou-se com Paulo Silva e Hostílio Soares. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1932, estudando com Francisco Braga, Paulo Silva, J. Octaviano e Francisco Mignone. Em 1940, fez um curso de regência com o maestro húngaro Eugen Szenkar, titular da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1945 ingressou no corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. No ano seguinte tornou-se catedrático da Escola Nacional de Música da então Universidade do Brasil, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Publicou obras didáticas como Elementos fundamentais da música (1948) e Canto Orfeônico no curso secundário (1951).
Regeu como convidado as orquestras Sinfônica Brasileira, do Theatro Municipal e da Escola Nacional de Música. Entre suas obras destacam-se duas sinfonias (1950 e 1952), os poemas sinfônicos Contemplação dos Cimos (1940) e O Rapto do Fogo (1941), o Concertino para trombone (1942), a Sonata para violoncelo e piano (1937), o Trio para violino, violoncelo e piano (1939) e o Quarteto de cordas (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1996.
Nasceu em 20 de janeiro de 1948, na cidade de Curitiba/PR. Estudou no Rio de Janeiro e depois na Alemanha, com Auréle Nicolet. Aos 20 anos, após retornar ao Brasil, ingressou como flautista na Orquestra Sinfônica Brasileira, função que ocupou por 17 anos. Participou de grupos de câmara com o clarinetista José Botelho e o fagotista Noel Devos, assim como em duo com seu irmão, o pianista e compositor Henrique de Curitiba Morozowicz. Atuou em concertos em duo com Jean Pierre Rampal.
Como regente, tem dirigido as principais orquestras do país, como Sinfônica Brasileira, Sinfônica Nacional, Sinfônica da USP, de Campinas, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Salvador, Jazz Sinfônica e Banda Sinfônica de São Paulo, entre outras. Foi o titular da Orquestra de Câmara de Blumenau, com a qual gravou diversas obras de compositores brasileiros, e da Orquestra da Universidade Estadual de Londrina.
Foi o criador e diretor artístico do Festival de Música de Londrina e idealizador dos Festivais de Música de Câmara de Blumenau. Foi também diretor artístico do Encontro Nacional Pequenos & Grandes Artistas, em Goiânia.
Foi professor da Universidade Federal de Goiás, onde dirigiu o coro e realizou gravações. É atualmente o regente da Orquestra Sinfonia Brasil, com a qual lançou um CD inteiramente dedicado ao compositor Radamés Gnattali.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1852. Em 1853 se transferiu para São Paulo onde a família estabeleceu um comércio de pianos. Entre seis e sete anos começou a estudar com Gabriel Giraudon, francês que se estabelecera na cidade. Com 16 anos partiu para a Europa, passando a residir na cidade de Florença onde ingressou no Instituto Moriani, estudando contraponto, harmonia e composição com os professores Maglioni e Grazzini e piano com Henry Ketten e Giuseppe Buonamici.
A partir de 1879 passou a receber uma bolsa de estudos, concedida pelo Imperador Pedro II. Em 1896 viajou para o Brasil, acompanhado do violoncelista Cinganelli, para uma série de concertos, inclusive com música de sua autoria. Daí em diante, passou a retornar ao Brasil regularmente para turnês.
Em 1900 foi nomeado pelo presidente Campos Sales, chanceler do Brasil no Consulado do Havre, seguindo, posteriormente para o Consulado de Gênova. Em 1902 venceu, com a obra Il Neige, o concurso de composição do jornal Le Figaro, com júri formado por Saint-Saens, Gabriel Fauré e Louis Diémer.
Em maio de 1903, Henrique Oswald foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música pelo Barão do Rio Branco. Permaneceu no cargo até 1906. Em 1909 tocou o seu Concerto para piano e orquestra, no Instituto Nacional de Música, sob a regência de Alberto Nepomuceno, então diretor. Após retornar a Florença, lá recebeu o convite formal para assumir como catedrático uma cadeira no Instituto Nacional de Música. Instalou-se então definitivamente no Brasil, não retornando nunca mais à Itália, tornando-se disputado professor. Teve entre seus alunos Lorenzo Fernandez, Luciano Gallet e Fructuoso Viana.
Em julho de 1920 recebeu a Médaille du Roi Albert, conferida pelo governo da Bélgica. Em 1931 embaixador da França no Brasil comunica a concessão do título de Chevalier de la Légion d’Honneur. Henrique Oswald, no entanto, faleceu no Rio de Janeiro, em 09 de junho de 1931 e foi condecorado durante seu velório.
Sendo pianista, compôs especialmente para seu instrumento, embora tenha deixado produção importante em outros gêneros, como sinfonias, concertos para violino e piano, música de câmara como duos, trios, quartetos e quintetos, três óperas, música sacra e canções para voz e piano.
Suas obras foram publicadas na Itália e no Brasil por diversas editoras como: Genezio Venturini (Florença); Carish e Janichen (Leipzig / Milão); Ricordi (Milão e São Paulo); Durand (Paris); Boston Music Co. (Boston); Bevilacqua; Arthur Napoleão e Vieira Machado, no Rio de Janeiro e Mangioni; Mello Abreu e Novas Metas, em São Paulo.
No Rio de Janeiro seus manuscritos encontram-se na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, Biblioteca Nacional e Arquivo Nacional; em São Paulo, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Site: http://www.oswald.com.br/
Ayres de Andrade Júnior, musicólogo e professor, nasceu no Rio de Janeiro em 27 de junho de 1903 e faleceu nessa cidade em 26 de outubro de 1974. Estudou com Barrozo Netto, Agnelo França, Henrique Oswald no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde conquistou o prêmio Medalha de Ouro. Fez aperfeiçoamento em Paris com Marguérite Long e Isidor Phillipp. Teve interrompida sua carreira de concertista devido a acidente que lhe afetou a mão direita.
Foi professor do Conservatório Brasileiro de Música, da Academia Lorenzo Fernandez e integrou o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi diretor da Sala Cecilia Meireles e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi agraciado em 1968 com o Troféu Estácio de Sá, setor música, concedido pelo Museu da Imagem do Som do Rio de Janeiro.
Exerceu a crítica musical em O Jornal e redigiu programas na Rádio MEC. Foi também colaborador da Revista Brasileira de Música. Seu mais importante trabalho musicológico é o livro Francisco Manuel da Silva e seu tempo, publicado em 1967 em dois volumes, considerado uma das principais fontes para o estudo da música brasileira, especialmente do Rio de Janeiro, do século XIX.
Nasceu em São Paulo, em 14 de outubro de 1943. Estudou na Academia Paulista de Música com Osvaldo Lacerda, Guilherme Fontainha e Ciro Brizola. Prosseguiu os estudos de piano com Lúcia Branco, composição com Camargo Guarnieri e regência com Alceo Bocchino e Francisco Mignone. Estudou também na Columbia University, nos Estados Unidos, com Vladimir Ussachevsky e Mario Davidovsky. No início da década de 1960 transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro e passou a se relacionar com os colegas cariocas, frequentando a Escola de Música da UFRJ e os Seminários de Música Pro-Arte. Ingressou como cantor do Conjunto Roberto de Regina, cantando no registro de contratenor.
Despontou como compositor nas duas edições do Festival de Música da Guanabara, em 1969 e 1970, com Poemas do Cárcere e a Missa Orbis Factor, premiada com o terceiro lugar e prêmio do público. Como compositor foi laureado por suas criações dedicadas ao Teatro, com o Prêmio Molière, e ao Cinema, com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e da Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA.
No Rio de Janeiro foi diretor da Escola de Música Villa-Lobos, coordenou projetos no Instituto Nacional de Música da Funarte, ocupou cargos executivos na Funarj e Theatro Municipal e manteve programas de música na TV Educativa. Em São Paulo foi diretor da Universidade Livre de Música e dos Festivais Internacionais de Campos do Jordão, São Paulo.
Como regente foi titular e diretor artístico de importantes orquestras nacionais, como a Sinfônica de Minas Gerais, a Filarmônica Norte/Nordeste do Brasil e a Sinfônica de Campinas, além de dirigir, como convidado, concertos com as principais orquestras brasileiras e latino-americanas.
Foi professor de orquestração, composição e regência do Departamento de Música da ECA-USP e também regente adjunto da Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo.
Tem recebido frequentes encomendas de obras. Em 2008 sua obra intitulada Salmos Elegíacos para Miguel de Unamuno, estreou pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob regência de John Neschling. Em 2009, teve obras estreadas em Bruxelas, na Bélgica, e uma obra comissionada por ensembles dedicados à música contemporânea, em Zurique. Em 2013 foi lançado pelo Selo Digital OSESP um CD exclusivo com obras corais de sua autoria pelo Coro da OSESP e a regência de Naomi Munakata.
Para a temporada de 2015 recebeu uma encomenda conjunta da OSESP e Fundação Gulbenkian, para as quais escreveu a obra Rua dos Douradores – Litania da Desesperança, baseada no Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
Compositor, pianista e professor, Euclides de Aquino Fonseca nasceu em Recife, Pernambuco, em 06 de janeiro de 1854 e faleceu em Olinda, Pernambuco, em 31 de dezembro de 1929. Estudou com Inocêncio Smolz e ocupou o cargo de crítico musical, em jornais e revistas do Recife e de Lisboa. Lecionou na Escola Normal Oficial do Recife, dedicando-se também à composição.
Foi o fundador do Centro Musical Pernambucano e do Orfeão da Escola Normal Oficial. Foi regente da orquestra do Clube Carlos Gomes. Escreveu e publicou em 1925, pela editora do Diário de Pernambuco, o livro Um século de vida musical em Pernambuco.
Compôs em 1888 um Te Deum para comemorar a abolição dos escravos. Sua ópera Leonor foi composta para o Clube Carlos Gomes e estreada no Teatro Santa Isabel de Recife, em 07 de setembro de 1883.
Deixou ainda as óperas Il Maledetto; As Damas d’honor e A Princesa do Catete. Na música orquestral pode ser mencionada a Fantasia para piano e orquestra, a Sinfonia Republicana e a Abertura em dó menor. Os manuscritos das obras de Euclides Fonseca se encontram na Seção de Obras Raras do Instituto Ricardo Brennand, da cidade de Recife, Pernambuco.
Compositor, pianista, regente e musicólogo, Valdemar de Oliveira nasceu em Recife, Pernambuco, a 02 de maio de 1900 e faleceu na mesma cidade a 18 de abril de 1977. Estudou piano com Olímpia Braga e composição com Euclides Fonseca, aperfeiçoando-se com a professora francesa Angéline Radévèse, que se estabeleceu em Recife, em 1911. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1922, escreveu em 1924 a tese Musicoterapia. Formou-se também em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1929. Foi professor da cátedra de Higiene na Faculdade de Medicina do Recife a partir de 1928 e de História Natural da Escola Normal Oficial, a partir de 1942. Foi colunista do Jornal do Commércio de Recife entre 1934 e 1970. A partir de 1946 foi editor da revista Contraponto.
Foi homem intimamente ligado às atividades artísticas em sua cidade natal, e foi diretor do Teatro Santa Isabel entre 1939 e 1950. Presidiu a Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco de 1945 a 1977 e organizou o grupo Teatro Amador de Pernambuco, em 1941. Foi titular da Academia Pernambucana de Letras, da qual foi presidente entre 1949 e 1961. Publicou ensaios sobre a história do teatro em Recife no século XIX, premiados no Concurso de Monografia do Serviço Nacional de Teatro em 1976 e 1977. Escreveu operetas e revistas, como Berenice (1925), Aves de arribação (1926), A Rosa vermelha (1927), Sai Carlota (1927) e A Madrinha dos cadetes (1933). Deixou ainda o Choro triste e a Valsa para mão esquerda, para piano, e algumas canções.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1964. Iniciou suas atividades musicais como cantor do Coral do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro e nos cursos de verão do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, onde estudou teoria musical com Gilberto Bittencourt e viola com Nayran Pessanha. Ingressou na Escola de Música Villa-Lobos, onde estudou teoria e percepção musical com Marcilda Clis. Na cidade de Petrópolis fez parte do Coral Municipal e das orquestras Camerata Abrarte e Academia Música Nova.
Em 1985, ingressou no curso de composição da Escola de Música da UFRJ, onde estudou percepção musical com Judith Cocareli, história da música com Ricardo Tacuchian, instrumentação e orquestração com Murillo Santos, piano com Maria Helena Andrade, contraponto e fuga com Henrique Morelenbaum e regência com Roberto Duarte. Concluiu o curso de regência em 1991.
Como instrumentista prosseguiu seus estudos com Marco Antônio Lavigne e ingressou na Orquestra Sinfônica Jovem do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e na Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Frequentou cursos de verão de Prados/MG e as Oficinas de Música de Curitiba/PR, onde estudou com os maestros Alceo Bocchino e Lutero Rodrigues. De 1998 a 2000 fez curso de aperfeiçoamento e especialização em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, na Universidade de Cuyo, em Mendoza, Universidade Católica Argentina e no Teatro Colón de Buenos Aires, com bolsa da Fundação VITAE.
Em 1994 ganhou o 1º prêmio no Concurso Nacional de Regência promovido pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense. A partir da premiação passou a ser convidado para as temporadas de orquestras como a Sinfônica Brasileira, a Petrobras Sinfônica, a Sinfônica da Paraíba, a Sinfônica de Minas Gerais, a Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica do Estado do Espírito Santo e Sinfônica de Campinas. De 2000 a 2007, foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde dirigiu concertos, óperas e balés.
Cursou mestrado e doutorado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Publicou mais de vinte artigos em revistas especializadas, periódicos e anais. Em 2005 lançou seu primeiro livro, A Música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro, premiado com o primeiro lugar no II Concurso José Maria Neves de Monografias da Academia Brasileira de Música. Em 2008 lançou A Música na corte de D. João VI, pela Editora Martins, de São Paulo.
Produziu dezenas de discos, todos dedicados à música brasileira de concerto, como a primeira gravação integral da ópera Colombo, de Carlos Gomes que ganhou em 1998 dois prêmios: o APCA/Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prêmio Sharp, na categoria “Melhor Disco Erudito”.
Realizou mais de cinquenta primeiras audições e, como regente, já executou obras de 53 compositores brasileiros desde o período colonial até os contemporâneos mais jovens, inclusive em diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Foi diretor da Escola de Música da UFRJ, onde é professor de regência e prática de orquestra, além de diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ.
Pianista, nasceu em Campinas, São Paulo. Foi aluna de MarguériteLong, depois de ter estudado no Brasil com José Kliass, da escola Liszt. Esta formação caracteriza sua técnica e sua interpretação pianística. Uma de suas principais características é sua militância musical, preocupando-se em revelar obras raramente tocadas dos grandes mestres, assim como aquelas de compositores contemporâneos. Em razão disto, ela foi responsável pela primeira audição no Brasil de obras de Pierre Boulez, do Concerto para piano, de Schoenberg, em Portugal, e da obra de Michel Philippot (com quem se casou), de Villa-Lobos e de diversos compositores brasileiros do século XX na Europa e nos Estados Unidos.
Professora respeitada, deu aulas na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A partir de 1980, foi professora do Conservatório Europeu de Paris. Por suas atividades de intérprete, recebeu inúmeras medalhas e condecorações, inclusive a Ordem do Ipiranga, a Ordem do Mérito de Brasília e a Ordem Nacional das Artes e Letras, assim como diversos prêmios como o de melhor realização discográfica de 1983, pela gravação integral da obra pianística de Villa-Lobos. Ela gravou também a obra pianística de G. Gershwin, os Prelúdios e Fugas, de Mendelssohn, obras de Michel Philippot. É autora do livro "Villa-Lobos, o índio branco" e está preparando estudo sobre a pedagogia de Liszt. É sucessora de Valdemar de Oliveira na cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Música.
Musicólogo, violinista, compositor e professor, Vincenzo Cernicchiaro nasceu em Torraca, na Itália, em 23 de julho de 1858 e faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de outubro de 1928. Veio para o Brasil aos doze anos de idade, mas retornou à Itália para estudar no Real Conservatório de Milão, onde recebeu o Primeiro Prêmio de violino. Vindo para fazer alguns concertos no Brasil, fixou residência no Rio de Janeiro. Apresentou-se em duo com o pianista Arthur Napoleão. Ingressou no Clube Mozart e no Clube Beethoven, a partir de 1880, apresentando-se como concertista. Em 1883 esteve em São Paulo para concertos na Casa Levy em parceria com a soprano Marietta Siebs. Na ocasião, Cernichiaro atuou como violinista do Trio no1 op.10, de Alexandre Levy e ajudou a fundar o Clube Haydn, a primeira associação de concertos de São Paulo.
Com o pianista Jeronymo Queiroz fundou, em 1886, a Sociedade de Quartetos do Rio de Janeiro. No ano seguinte voltou a São Paulo e apresentou-se no Clube 06 de julho da cidade de Itu, acompanhado pelo pianista Eugênio Hollander. Em 1890, passou a integrar o corpo docente do Instituto Benjamim Constant, como professor de violino e viola. Ocupou também a cátedra de violino no Instituto Nacional de Música, a partir desse mesmo ano. Em 1899 apresentou-se em duo com o compositor Camile Saint-Saenz em concerto no Teatro São Pedro de Alcântara, fazendo a estreia no Brasil da Sonata no1 para violino e piano do compositor francês. Regeu o Requiem, de Verdi, na Igreja da Candelária, em 1906.
Como compositor deixou principalmente obras para seu instrumento, como o Estudo de Concerto, o Andante e Polonaise op.12, Mazurca, Tarantela, Premier Regret (morceux de salon) e Chant de Coer.
Sua contribuição mais importante, no entanto, foi a Storia della Musica nel Brasile: dai tempi coloniali sino ai nostri giorni (História da Música no Brasil: dos tempos coloniais até nossos dias), um livro de mais de 600 páginas publicado em Milão, pela Fratelli Riccioni, em 1926.
Compositor, pianista, organista, professor e crítico, Silvio Deolindo Froes nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de outubro de 1864 e faleceu nessa cidade, em 03 de dezembro de 1948. Sua mãe, pianista e cantora lírica, foi quem o iniciou na música. Em 1882, mudou-se para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Politécnica, mas optou por continuar na área musical, tendo como orientador Miguel Cardoso, em harmonia. Em 1888, seguiu para a Europa, onde estudou composição e órgão com Charles-Marie Widor, em Paris e, na Alemanha, com E. Welt e Felix Mottl, em Leipzig e Karlruhe, respectivamente. Ao retornar ao país, fixou-se em Salvador, passando a dar aulas de piano, órgão, teoria, composição e harmonia.
Foi também professor do quadro do magistério público. Ocupou a direção do Conservatório de Música, ligado à Escola de Belas Artes, em 1898. Fundou e dirigiu, mais tarde, o Instituto de Música. Publicou artigos em jornais e revistas do país e exterior.
Sua obra hoje é pouco conhecida. Deixou duas óperas inacabadas, a Sinfonia em si bemol (1909), uma Sonata para violino e piano (1896), um Septeto para cordas e sopros (1897), música para piano e canções.
Nasceu em Salvador, Bahia, em 15 de dezembro de 1948. Sua formação de compositora foi orientada por Ernst Widmer, na Universidade Federal da Bahia, de 1969 a 71, por Mauricio Kagel, na Musikhochschule Köln, de 1972 a 77, por Lejaren Hiller e Morton Feldman, na SUNY at Buffalo, de 1982 a 85. Ao lado da composição, realizou estudos em teoria da música orientados por John Clough, SUNY-Buffalo, e Janet Schmalfeldt, Yale University, de 1989 a 1990. É doutora em composição pela Universidade de New York, em Buffalo (PhD, 1985) e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba.
Esteticamente diversificada, sua produção musical passou por diferentes interesses: pesquisa timbrística, nos anos 70, serialismo não dodecafônico nos anos 80, e procedimentos intertextuais desde os anos 90. No entanto, comum a todas essas fases é uma estreita relação com a literatura. Na maioria de suas obras, a voz se faz presente, falada ou cantada, em solo ou coro, veiculando sons inarticulados ou textos poéticos. Dentre os poetas brasileiros que inspiraram suas composições, incluem-se Augusto dos Anjos, Mario de Andrade, Thiago de Melo e W. J. Solha.
Ao lado da atividade composicional, atua na área de teoria analítica da música, dedicando-se especialmente ao estudo do repertório brasileiro contemporâneo e, principalmente, às obras do Grupo de Compositores da Bahia. É autora do livro Ernst Widmer, Perfil Estilístico (UFBA, 1997). Coordena a pesquisa Marcos Históricos da Composição Contemporânea na UFBA e publicou os catálogos de obras de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Fernando Cerqueira e Agnaldo Ribeiro.
Integrou o comitê assessor para a área de artes do CNPq. É membro fundador da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi a primeira presidente entre 1988 e 1990. Em 2014 fundou a Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical (TeMA), da qual é a presidente.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em abril de 2003.
Violinista e compositor, nasceu em Campinas, São Paulo, em 15 de março de 1881 e faleceu no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1954. Iniciou seus estudos musicais e de violino com Simões Junior, e teve sua estreia como concertista aos nove anos de idade, no Teatro Novelli, de Juiz de Fora, Minas Gerais. Dois anos depois, seguiu para a Europa para prosseguir seus estudos, ingressando no Conservatório Real de Bruxelas, na classe de EugèneIsaye. Lá ganhou, em 1897, o primeiro prêmio de violino. Em 1899, concluiu o curso de harmonia, e em 1901 o de contraponto, recebendo um ano depois o primeiro prêmio de fuga na classe de Edgar Tinel. Iniciou sua vida artística profissional apresentando-se como solista e camerista, e organizando um trio que se apresentou na Sociedade Real, de Bruxelas. Excursionou pela Europa e América do Sul. Em 1911, foi nomeado professor catedrático do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, introduzindo ali a escola franco-belga de violino. Teve uma atuação importante nos meios musicais cariocas, criando junto com a cantora Camila da Conceição, a primeira Academia Brasileira de Música. Fundou também o Grêmio de Amigos da Música e o Centro de Cultura Musical, e foi membro do conselho técnico e administrativo da Escola de Música e diretor da "Rádio Jornal do Brasil". Foi, ainda, presidente de honra da Escola de Música Santa Cecília, de Petrópolis, Rio de Janeiro. Foi sucessor de Sílvio Deolindo Froes na cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Música.
Obras principais
Música instrumental: Cismas de matuto, para piano; Fantasia brasileira, para violino e piano.
Música vocal: Seis melodias para canto e piano e A Balada do pingo d’água, para coro.
O compositor, regente, musicólogo e professor Padre Jayme Cavalvanti Diniz nasceu em Água Preta, Pernambuco, em 01 de maio de 1924. Estudou filosofia no Seminário de Olinda e teologia no Seminário Central de São Paulo. Em 1936, iniciou seus estudos de piano, teoria e solfejo em Pesqueira, Pernambuco, dando continuidade no Seminário de Olinda, onde foi, de 1941 a 1943, organista e regente de coro. Em 1945 apresentou sua Missa Mirabilis Deus. No ano seguinte, transferiu-se para o Seminário do Ipiranga em São Paulo, onde frequentou as classes de composição sacra com Furio Franceschini e frei Pedro Sinzig, e de interpretação com Paula Loebenstein. É desse período a sua colaboração para a revista "Música Sacra", de Petrópolis. Em 1951, fez estudos de técnica dodecafônica com César Guerra-Peixe. Como participante do III Curso Internacional de Férias da Pró-Arte, em Teresópolis, em 1952, estudou regência com H. J. Koellreutter, estética musical com Ernst Krenek e história da música com HildeSinnek. Em 1957, criou a ScholaCantorum Padre Jayme Diniz. No ano seguinte, foi aperfeiçoar-se no Instituto Pontifício de Música Sacra, de Roma, onde fez cursos de musicologia com Higino Anglès, instrumentação com EdgardoCarducci-Agustini, polifonia com Domenico Bartoluci e paleografia musical Eugenio Cardine. No Liceu Isabella Rosato, em Roma, estudou contraponto e prática de coros com Arnaldo Boreggi. Em Paris, frequentou o Instituto Gregoriano e o Conservatório de Música, em 1959.
Retornando ao Brasil em 1960, realizou o II Concurso Nacional de Música Sacra, sendo também nomeado membro do Departamento de Cultura da Prefeitura de Recife e convidado para fundar o curso de m úsica, na Universidade Federal de Recife, onde foi nomeado professor de história da música e de harmonia complementar. Regeu, no mesmo ano, o coral da Escola de Belas Artes. Em 1961, presidiu a comissão arquidiocesana de música sacra de Olinda e Recife, foi professor de canto gregoriano e regente coral do Seminário de Olinda. Foi fundador e regente do Coro Guararapes. Também ministrou curso de história da música no Pontifício Colégio Brasileiro, em Roma. Publicou ensaios musicológicos em jornais, revistas e livros. Dentre eles, destaque-se: "Músicos pernambucanos do passado", Recife, 1969-1971, "Ciranda – roda de adultos no folclore pernambucano", Recife, 1960, "Nazaré – estudos analíticos", Recife, 1963, "A Sinfonia de Alberto Nepomuceno", Recife, 1964, "Organistas da Bahia, Velhos organistas da Bahia" e "Os Mestres de Capela da Santa Casa da Misericórdia de Salvador", tornando-se o mais destacado estudioso da música do nordeste brasileiro.
Nasceu em Campinas, no Estado de São Paulo, em 1924, onde estudou composição com Damiano Cozzella e Savino De Benedictis, e na Academia Santa Cecília de Roma, com Boris Porena. Foi professor titular de contraponto e fuga e música contemporânea na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Fundador e pPresidente da Sociedade Pró-Música de Curitiba, desenvolveu in tensa atividade de concertos como diretor de coros. Foi regente do Teatro Carlos Gomes e professor na Escola Superior de Música de Blumenau. Teve obras publicadas na Alemanha e no Brasil e gravadas pelo governo do Estado do Paraná e pela Fundação Cultural de Curitiba. Escreveu peças para coro, piano, música de câmara e música sacra. Faleceu em 2002.
Compositor e pianista, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1863. Sua iniciação no piano foi com sua mãe, a pianista Carolina Augusta Pereira da Cunha. Posteriormente, estudou com Eduardo Madeira e com Lucien Lambert. Quatro anos mais tarde, compôs sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe. Tornou-se profissional do piano, compondo e editando diversas obras. Com Brejeiro, se torna o grande fixador do tango brasileiro. Em 1898, dá seu primeiro concerto no salão nobre da Intendência de Guerra. Atuou, em 1917, como pianista na sala de espera do Cine Odeon, para o qual compôs o tango Odeon. Em 1919, empregou-se na Casa Carlos Gomes, onde executava ao piano as partituras solicitadas pelos fregueses interessados em comprá-las.
No ano seguinte compôs, episodicamente, fox-trotes, sambas e marchas carnavalescas, então em voga. Fez uma audição de peças suas no Instituto Nacional de Música, em 1922, a convite de Luciano Gallet. Quatro anos depois, assistiu à conferência de Mário de Andrade sobre sua obra, na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo. Estes dois eventos marcam a definitiva aceitação de Nazareth como compositor. Nessa época, se apresentou no salão do Conservatório Dramático e Musical de Campinas, São Paulo. Tocou na inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC. Em 1930, gravou para a Odeon disco onde aparecia o tango Escovado e a polca Apanhei-te, cavaquinho, com a denominação de choro.
Em 1932 empreendeu uma turnê de concertos pelo Rio Grande do Sul e Uruguai, se apresentando nas cidades de Porto Alegre, Rosário e Sant’Anna do Livramento. Quando se encontrava em Montevidéu, capital do Uruguai, foi acometido de grave crise nervosa. De volta ao Rio de Janeiro teve confirmado o diagnóstico de sífilis e foi internado no Hospício D. Pedro II, na Praia Vermelha. Em 1933 foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, de onde fugiu no ano seguinte, morrendo por afogamento em represa próxima, em 04 de fevereiro de 1934.
Nazareth teve no piano o veículo para suas ideias musicais. Sua obra é composta por mais de 200 títulos, englobando os principais gêneros da música de salão baseados em danças populares instrumentais. Estão contabilizados 88 tangos, 41 valsas e 28 polcas e ainda marchas, quadrilhas, schottisches e fox-trotes, assim como peças de concerto.
Site: http://www.ernestonazareth.com.br/
Regente, organista, compositor e professor, nasceu em Roma, Itália, em 04 de abril de 1880 e faleceu em São Paulo, em 15 de abril de 1976. Começou seus estudos musicais com o pai, Filippo Franceschini. Estudou na Academia Santa Cecília de Roma e especializou-se em contraponto e órgão com Filippo Capocci. A seguir, em Paris, estudou fuga e instrumentação com Jules Mouquet e canto gregoriano com Dom André Mocquereau, na ilha de Wight, na Inglaterra. Apresentou-se como regente de orquestra em Corfu e Atenas, Grécia, em 1903.
Em 1904, veio para o Rio de Janeiro, como regente auxiliar e de coros de uma companhia lírica. Em 1907, mudou-se para São Paulo, onde se tornou professor de música sacra e canto gregoriano do Seminário Provincial da Arquidiocese de São Paulo, vindo a ser mestre de capela da Sé no ano seguinte. Fez vários cursos de aperfeiçoamento na Europa com Giacomo Setaccioli, Charles-Marie Widor, Philippe Bellenot e Vincent d’Indy. Foi considerado o melhor organista brasileiro de seu tempo, tendo feito inúmeros concertos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Recusou convites para substituir seu antigo professor, Filippo Capocci, na Basílica de São João de Latrão, como mestre de capela.
Lecionou, particularmente, órgão, contraponto, fuga e composição. Entre 1933 e 1939, deu aulas de análise musical no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, e foi nomeado professor do curso de cultura e análise musical do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Entre 1944 e 1945, foi professor do curso de estudos dos instrumentos de orquestra organizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Publicou o Breve curso de análise musical, São Paulo, 1931, e Compêndio de canto gregoriano, São Paulo, 1938.
Compôs mais de 400 peças, entre missas, cânticos sacros, música para canto, orquestra, órgão e piano. Seu acervo particular, incluindo manuscritos, diários, cartas, fotos, programas de concertos e documentos diversos está dividido entre as bibliotecas da Escola de Comunicação e Artes/ECA da Universidade de São Paulo/USP e a da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita/UNESP.
Natural da cidade de Russas, Liduino é atualmente professor de Composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos nomes mais relevantes da música contemporânea. Em seu currículo, apresenta marcas importantes, como sua atuação como doutor em Composição e Teoria e como mestre em Composição pela Louisiana State University, nos Estados Unidos.
Seu interesse pela música começou quando tinha 11 anos de idade, em 1974, a partir do seu contato com o violão. Liduino integrou o grupo de música da igreja matriz sob a coordenação do pianista e organista Cônego Pedro de Alcântara Araújo. Por volta de 1982, iniciou seus estudos de harmonia com Vanda Ribeiro Costa, que o levaram a um maior aprofundamento na área da composição. Em 1986, atuou na fundação do grupo de música de câmara do Ceará Syntagma. O músico também chegou a desempenhar a função de consultor de música da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).
As obras desenvolvidas por Pitombeira já foram executadas tanto no Brasil quanto no exterior. Como exemplos, as iniciativas do Quinteto de Sopros da Filarmônica de Berlim, na Alemanha, da Louisiana Sinfonietta e do New York University New Music Trio, nos Estados Unidos, e a Orquestra Filarmônica de Poznan, na Polônia.
Além disso, o cearense conquistou importantes premiações de composição no Brasil, como o primeiro prêmio no Concurso de Composição "Sinfonia dos 500 Anos" e o primeiro no I Concurso Nacional Camargo Guarnieri, com a obra “Suite Guarnieri”. Nos Estados Unidos, recebeu, em 2004, o prêmio de compositor do ano no “2003 MTNA-Shepherd Distinguished Composer of the Year” por seu trabalho "Brazilian Landscapes No.1".
Em 2019, Liduino foi agraciado com a Medalha Villa-Lobos, concedido pela Academia Brasileira de Música e em 2021 foi eleito membro, ocupando a cadeira 28. O compositor também desenvolve artigos científicos sobre composição e teoria e pesquisas como membro do grupo MusMat da UFRJ. A presença na ABM será oficializada ainda neste ano.
Pianista, folclorista e compositor, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 03 de fevereiro de 1912 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 06 de outubro de 2007, aos 96 anos de idade. Em 1932 bacharelou-se em direito pela Universidade do Ceará. Em 1936 concluiu o curso de piano no Instituto Nacional de Música com medalha de ouro.
Foi aluno de Barrozo Netto e Nicolai Orloff, tendo estudado no ConservatoireAméricain no Palácio de Fontainebleau onde foi aluno de Robert Casadesus, MarguariteLong e NadiaBoulanger, recebendo no fim do curso o grande prémio Mentiond’HonneurduConcours de Virtuosité, láurea outorgada a Aaron Copland alguns anos antes.
Como pedagogo e professor de seu instrumento, teve oportunidade de orientar os estudos de eminentes pianistas brasileiros, tais como Jacques Klein, Gerardo Parente, Maria da Penha e Irany Leme.
Como compositor notabilizou-se pelo Ciclo de Canções Afro-Brasileiras, Cantos Indígenas, Acalantos Brasileiros, Suíte Sul Americana (Plano), Suíte Brasileira, para 2 pianos, Sarau de Sinhá - ballet, para piano a quatro mãos e orquestra sinfônica, o ciclo O Natal Brasileiro, para coro misto, Ponteios para violão, Glória in Excelsis, para soprano e orquestra, além de numerosas peças avulsas para piano solo e música de câmara. Estas obras foram gravadas em, pelo menos, 18 discos LP e cd, no país e no exterior. Na qualidade de intérprete, mencionem-se os dois últimos discos gravados: "12 valsas de Ernesto Nazareth", da SOARMEC e "Os Pianeiros".
Foi membro dos dois conselhos do Museu da Imagem e do Som, música erudita e música popular, organizando e dirigindo a coleção de depoimentos ao vivo de um sem número de músicos brasileiros, como Francisco Mignone, Guiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro.
No ano de 1965, sob os auspícios do Ministério das Relações Exteriores, levou a Paris o conjunto de Balé Folclórico do Brasil que se apresentou no Theâtre Sarah Bernhardt com grande sucesso. Durante muitos anos foi diretor de programação e programador cultural da Rádio MEC, com programas como "Estampas Brasileiras" e "Mosaico Pan-Americano", ambos ligados à difusão da música.
Quando de sua passagem pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, dirigiu a série de documentários, de mais de 40 discos, intitulada "Documentos Sonoros do Folclore Brasileiro". Bem como participou de pesquisas de campo, principalmente no seu estado natal, como a “Romarias de Canindé”, da série "Romarias Brasileiras", realizada com apoio do Instituto Nacional do Folclore e da Embaixada da Itália no Brasil e o LP “A Arte da cantoria”, que reúne belíssima antologia sobre cantadores do nordeste brasileiro.
Sua viagem à Almofala, nos anos 70, ensejou por parte do IPHAN uma ação vigorosa pela recuperação daquela igreja de arquitetura colonial tomada pelas dunas. Escreveu artigos musicológicos, sobre Ernesto Nazareth, José Maurício Nunes Garcia, Villa-Lobos e DariusMilhaud.
Foi consultor brasileiro na finalização do filme "It’salltrue" sobre fotogramas da obra inacabada de Orson Welles no Ceará, nos anos 40.
Recebeu da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro o título de Doctor Honoris Causa pelo conjunto de sua obra.
A Fundação Casa de Rui Barbosa conferiu-lhe a Medalha Rui Barbosa pela sua contribuição à cultura brasileira.
Aloysio de Alencar Pinto foi membro titular da Academia Nacional de Música e da Academia Brasileira de Música, onde foi o 1º sucessor de Furio Franceschini na cadeira nº 28.
Flavio Vieira da Cunha Silva, nasceu a 07 de fevereiro de 1939, em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. Os estudos de piano, iniciados com uma tia, foram continuados em Porto Alegre, com Milton Lemos e Natho Henn. Frequentou os cursos internacionais de férias de Teresópolis e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, passando a estudar com Hans Graff, Alda Caminha e Homero Magalhães, além de fazer estudos gerais com Esther Scliar e Guerra-Peixe. Em 1960, ingressou na embaixada da França como discotecário e foi aprovado para o curso de filosofia da Faculdade Nacional de Filosofia. Durante dois anos, foi redator de programas da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1968, obteve bolsa para estudos de musicologia em Paris, tendo se dedicado, sobretudo, à etnomusicologia, com Jacques Chailley, Tran Van Khê, Simha Arom, Claude Laloum, Émile Leipp e Claudie Marcel-Dubois, sob cuja orientação e, com apoio de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, preparou a memória Origines de la samba urbaine a Rio de Janeiro, só concluída em 1974, após voltar ao Brasil e fazer intensa pesquisa em cerca de 2.500 periódicos cariocas publicados, sobretudo, entre 1916 e 1918.
Em 1977, ingressou na Funarte, como funcionário do então Instituto Nacional de Música, onde exerceu as mais diversas funções envolvendo divulgação e organização musical no Brasil e ocupou vários cargos, inclusive o de diretor do atual Centro da Música, do qual é coordenador de música erudita. Coube-lhe organizar diversas edições das Bienais de Música Brasileira Contemporânea. Organizou livro sobre Camargo Guarnieri, com estudos de vários especialistas, aos quais acrescentou textos seus. Participou da edição de outros livros sobre música pela Funarte, e de gravações de música brasileira.
Foi bolsista da Fundação Vitae e recebeu da Academia Brasileira de Música o segundo lugar em concurso de monografias, com estudo sobre relações entre músicas clássicas e populares no Brasil entre 1920 e 1950, mediadas, em especial, pela influência do disco e do rádio. As pesquisas envolvidas por esses trabalhos levaram-no a encontrar gravações esquecidas de coros escolares cariocas, gravadas em discos em 1940, e que motivaram um dos artigos que publicou na Revista Brasiliana. Ainda para a ABM, organizou o catálogo de obras de Francisco Mignone. Tem diversos estudos em andamento e participa com frequência, como palestrante, conferencista e debatedor, de eventos científicos na área da musicologia e da cultura brasileira.
Eleito para a Academia Brasileira de Música a 11 de fevereiro de 2008, foi empossado a 15 de março do mesmo ano. Teve dois filhos, e foi casado com a pianista, também acadêmica, Lais de Souza Brasil. Faleceu em 8 de outubro de 2019.
Compositor, pianista, regente e crítico musical, Alexandre Levy nasceu em São Paulo, capital, em 10 de novembro de 1864 e faleceu prematuramente na mesma cidade, em 17 de janeiro de 1892. Era filho do clarinetista francês Louis Levy, radicado em São Paulo desde 1860 e fundador da Casa Levy, um dos principais comércios de música da época. Luís Henrique Levy, seu irmão três anos mais velho, e seu pai foram seus iniciadores na música. Seu professor de piano parece ter sido o pianista francês radicado em São Paulo Gabriel Giraudon, antes de estudar com o pianista russo Luis Maurice. Sua estreia como pianista foi aos oito anos de idade. Seu talento foi amplamente reconhecido, tendo sido mesmo comparado a Mozart por críticos musicais de seu tempo. A importância da Casa Levy e a popularidade de seu pai propiciaram-lhe contato direto com todos os músicos paulistas importantes, e com todos aqueles que iriam apresentar-se naquela cidade. Em 1882, Alexandre e Luís Levy tocaram em Buenos Aires.
Desde 1880, diversas obras suas para piano começaram a ser editadas na Europa. Em 1883, foi feito diretor de concertos do Clube Haydn, importante sociedade paulista de concertos. Em 1885, atuou como regente pela primeira vez, em concerto deste mesmo Clube Haydn. Em 1887, viajou para a Europa, tendo estudado em Paris com Émile Durand e Vincenzo Ferroni. Ao final deste mesmo ano retornou a São Paulo, onde iniciou trabalho de crítico musical na imprensa. Algumas de suas composições desta época já seguem clara tendência nacionalista. É o caso de duas obras para piano, o Tango Brasileiro e as Variações sobre um tema popular brasileiro, onde usa a melodia da famosa canção “Vem cá, Bitu”, e da Suíte Brasileira, onde, no último movimento, intitulado Samba, utiliza elementos da música rural paulista. Outras obras de Levy, por sua vez, seguem claramente as características da música romântica austro-germânica, como os poemas sinfônicos Werther e Comala, a Sinfonia em mi menor, o Trio em si bemol e diversas obras para piano, como o Romance sem palavras op.4, o Allegro Appassionato op.14 e as Schumannianas, para piano.
Foi professor e compositor. Nasceu em São Paulo, em 18 de março de 1882 e faleceu nessa mesma cidade, em 13 de novembro de 1957. Sua iniciação musical foi no Liceu Salesiano do Coração de Jesus, onde participou da execução de músicas religiosas. Fez aperfeiçoamento com G. Foschini, estudou composição com Agostinho Cantu e piano com José Wincole, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Nessa entidade veio a ser professor catedrático e diretor. Durante o período em que dirigiu o conservatório, realizou programa de organização e reformas da secretaria, biblioteca, museu, discoteca, sociedade orquestral, curso infantil e classes de pedagogia e análise musical. Veio a lecionar em outras escolas paulistas de música, como o Instituto Dom Bosco. Foi integrante de várias comissões examinadoras de concursos da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Foi membro do Conselho de Orientação Artística de São Paulo. Publicou Lições elementares de teoria musical (1918), Método de Solfejo e Curso de leitura rítmica musical (1921).
Nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de novembro de 1939, descendente de uma família da Armênia que imigrou para o Brasil. Iniciou os estudos musicais com Nelly Adelino dos Santos. Aos 12 anos ingressou na Escola Nacional de Música, tendo estudado com Florêncio de Almeida Lima, José Siqueira e Francisco Mignone. Foi orientado em composição também por Cláudio Santoro e em regência por Hilmar Schatz e Hans Swarowsky. Diplomou-se em piano em 1963 e em composição e regência em 1965. Fundou o grupo Ars Contemporânea em 1971 para o qual compôs e estreou obras de compositores brasileiros. Ao mesmo tempo dirigiu o grupo Síntese, voltado para o repertório medieval e renascentista.
Concluiu o Doutorado em Composição na University of Southern California, em 1990, quando recebeu o Academic Achievement Award, prêmio conferido a pós-graduandos que se destacam em suas respectivas especialidades. Realizou o pós-doutorado em Lisboa, no Museu da Música Portuguesa, com bolsa da CAPES.
Foi professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Villa-Lobos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, além de professor visitante da State University of New York at Albany, com bolsa da Fulbright para o programa Scholar in Residence, e da Universidade Nova de Lisboa. Em 2011 ministrou um curso sobre Música do Brasil no Século XX no Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca. Como professor da Escola de Música da UFRJ criou o Panorama da Música Brasileira Atual.
Tacuchian é membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, da Federação Fluminense de Bandas de Música Civis, da Sociedade Brasileira de Musicologia e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música.
Como compositor participou, entre outros festivais, da Tribune Internationale des Compositeurs du Conseil lnternational de la Musique, da UNESCO (1977); do International Society of Contemporary Music/World Music Days (1978); do Music of the Americas Festival 2001, da Florida International University, e do Other Minds Music Festival 8, em São Francisco, Califórnia (2002). Teve obras executadas em todas as edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Em 2000, com bolsa da Rockefeller Foundation, foi compositor residente na Villa Serbelloni, em Bellagio, Itália.
É membro do corpo editorial da revista da ANPPOM e da revista da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, consultor ad hoc do CAPES, CNPQ, FAPERJ, UERJ, Ciência Hoje da SBPC, Fundação Universidade Estadual de Maringá, Universidade Estadual de Londrina, UNICAMP, The Rockefeller Foundation e John Simon Guggenheim Memorial Foundation, entre outras instituições.
Segundo seu catálogo de obras, publicado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 2014, é autor de cerca de mais de 250 títulos, apresentados no Brasil e em mais de 30 países da Europa, Ásia, América do Norte e América Latina, com mais de uma centena de gravações em cerca de 40 itens discográficos.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1981, instituição da qual foi presidente em dois períodos, de 1993 a 1997 e de 2006 a 2009.
Portal: https://sites.google.com/site/tacuchianmusica/
Ênio de Freitas e Castro (Montenegro, 27 de junho de 1911 - Porto Alegre (?) 21 de junho de 1975) foi um professor, compositor, pianista, maestro, folclorista e musicólogo brasileiro.
Começou seus estudos em Vacaria. Com apenas 13 anos de idade já era pianista do cinema local. Em 1925 mudou-se para Porto Alegre, ingressando no Conservatório do Instituto de Belas Artes, onde estudou com Antonina Maineri (piano) e AssueroGarritano (teoria musical e harmonia). Deu seu primeiro recital em 1930 e depois se transferiu para o Rio de Janeiro, a fim de se aperfeiçoar no Instituto Nacional de Música.
Ali foi aluno de piano de Guilherme Fontainha, concluindo seu curso em 1932 com Medalha de Ouro, por unanimidade. Em 1937, terminou o curso de composição e regência, sob a orientação de Paulo Silva (contraponto e fuga), Francisco Braga (composição e instrumentação), Francisco Mignone (regência) e Octávio Bevilacqua (história da música). Mas antes de concluir os estudos foi convidado a assumir a cátedra de Harmonia no Instituto de Belas Artes. Além de professor, foi concertista e maestro da Orquestra Filarmônica de Porto Alegre. Entre 1954 e 1955 esteve em Paris para outros estudos avançados. Foi fundador e dirigente da Associação Rio-Grandense de Música e membro fundador da Cadeira n. 29 da Academia Brasileira de Música.
Foi o primeiro Superintendente de Educação Artística e o primeiro Diretor da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, sendo o responsável pela criação da Discoteca Pública, da Biblioteca Pública Infantil, do Instituto de Tradições e Folclore e do Serviço de Radiodifusão Educativa. Escreveu artigos para o Diário de Notícias e deixou o livro Princípios de Arquitetura Musical (Porto Alegre, 1940). Outros artigos apareceram nos livros Rio Grande do Sul - Imagem da Terra Gaúcha (Porto Alegre, 1942) e Fundamentos da Cultura Rio-Grandense (Porto Alegre, 1960).
Principais composições
Música orquestral: Sinfonia e Suite, para orquestra de cordas
Música de câmara: Trio, para piano, violino e violoncelo e Quarteto de cordas
Canto e piano: Historietas, Mar, Ouve o canto da noite, Porque, A velha carta e A vida.
Compositor, organista, pianista e professor, Alberto Nepomuceno nasceu em Fortaleza, Ceará, em 06 de julho de 1864. Em 1872 se transferiu para Recife, onde iniciou os estudos de piano e violino. Em 1880 se tornou aluno de harmonia de Euclides Fonseca. No ano seguinte conheceu Tobias Barreto, que o iniciou nos estudos de filosofia e língua alemã. Torna-se republicano e abolicionista. Retornou ao Ceará em 1884. No ano seguinte partiu para o Rio de Janeiro. Residindo com a família Bernardelli, passa a estudar com Miguel Cardoso e revela suas primeiras composições. Apresentou-se como pianista no Clube Beethoven e realizou turnê de concertos com o violoncelista Frederico Nascimento.
Em 1888 partiu para a Europa matriculando-se no Liceo Musicale Santa Cecília de Roma, onde estudou harmonia com Eugenio Terziani e Cesare De Sanctis e piano com Giovanni Sgambatti. Participou, em 1890, do concurso que, após a Proclamação da República, iria escolher o novo hino nacional brasileiro. Obteve o terceiro lugar e uma pensão do governo que permitiu ampliar sua estada na Europa. Segui para a Alemanha, onde estudou na Academia Meister Schulle e no Conservatório Stern de Berlim com Heinrich Herzogenberg, Theodor Lechetitzky, Arnó Kleffel e Max Bruch.
Na Noruega contraiu matrimônio com Walborg Bang, sua colega de conservatório, e hospedou-se na casa de Edvard Grieg. Ao retornar para a Alemanha regeu a Orquestra Filarmônica de Berlim em suas provas finais, apresentando o Scherzo, para orquestra e a Suíte Antiga, para cordas.
Retornou ao Brasil em 1895, após estada em Paris para estudos na Schola Cantorum, com Guilmant. Ao chegar assumiu a cadeira de professor de órgão do Instituto Nacional de Música, que viria a dirigir em dois períodos, o primeiro entre 1902 e 1903, após a morte de Leopoldo Miguéz, e o segundo entre 1906 e 1916. Foi regente da Sociedade de Concertos Populares e diretor musical dos concertos da Exposição Nacional da Praia Vermelha de 1908. Em 1910 empreendeu viagem à Europa, regendo concertos em Bruxelas, Genebra e Paris, onde conheceu Debussy. Em 1913 estreou sua ópera Abul no Teatro Coliseo de Buenos Aires, apresentada também em Rosário e Montevidéu no mesmo ano e em 1915 no Teatro Constanzi, de Roma.
De sua obra se destacam as composições para piano e as canções, especialmente as escritas em português, motivo de intenso debate com o crítico Oscar Guanabarino nos jornais cariocas. De sua obra orquestral podemos destacar a Série Brasileira, de 1891, onde pela primeira vez aparece um instrumento típico brasileiro, o reco-reco, no famoso Batuque. Outras obras importantes são: o Trio para violino, violoncelo e piano, (1916), os três quartetos de cordas, escritos entre 1890 e 1891, a Sinfonia em sol menor, escrita em Berlim em 1894; a abertura O Garatuja (1904), as Seis Valsas Humorísticas, para piano e orquestra (1902), a Serenata para orquestra de cordas (1906) e o episódio lírico Artemis (1898).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1920.
Professor e compositor, João Baptista nasceu em Silveiras, São Paulo, em 19 de setembro de 1886 e faleceu na mesma cidade, em 20 de maio de 1961. Sua iniciação musical se fez como participante de banda dirigida por Desidério Alves Leite. Em 1904, foi para Mogi das Cruzes, onde participou da Corporação Musical Guarani. Passou a reger a Corporação Musical União Mogiana, fruto da união das bandas Guarani e Euterpe, ambas de Mogi das Cruzes, até 1914. Nessa época, começou a compor e escrever revistas para teatro. Seus estudos superiores começam em 1912, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, orientado por Savino de Benedictis e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva Júnior.
Fundou no ano seguinte o Instituto Musical de Mogi das Cruzes e, ao concluir seu curso, assumiu a função de mestre de capela da igreja matriz da cidade. Anos depois, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se especializou no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e obteve o primeiro registro junto ao Ministério de Educação e Saúde como professor de canto orfeônico. Assim titulado, assumiu a cadeira de música e canto orfeônico da penitenciária-modelo do Estado de São Paulo. Tornou-se colaborador do maestro João Gomes Júnior, na preparação dos alunos de grupos escolares, por ocasião da comemoração do Centenário da Independência, em 1922. Por esse tempo, foi efetivado como professor da Escola Normal Padre Anchieta, São Paulo. Em 1927, fundou com outros músicos o Instituto Musical de São Paulo.
Em 1944, teve a missão de elaborar um plano para o ensino de canto orfeônico. Em 1949 passou a dirigir o curso de canto orfeônico do Instituto de Educação Caetano de Campos, transformado posteriormente em Conservatório Estadual de Canto Orfeônico. Foi iniciativa sua a fundação do Conservatório de Canto Orfeônico, que tem hoje seu nome ligado à Universidade Católica de Campinas, São Paulo. Dentre suas composições encontram-se peças para piano e violino e música sacra. Publicou Chave para os cadernos de exercícios caligráficos e análise musical, São Paulo, 1922.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de agosto de 1959. Iniciou o estudo de música através do violão. Em 1979 ingressou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estudou com Henrique Morelenbaum, Ronaldo Miranda e Roberto Duarte. Na mesma instituição realizou o mestrado. Cursou o Doutorado na The Catholic University of América, em Washington D.C., sob orientação do violinista e compositor Helmut Braunlich (composição) e da musicóloga Emma Garmendia (música latino-americana). Realizou estudos adicionais em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, em Mendoza e Buenos Aires, na Argentina.
Foi professor e coordenador do Curso de Música da Universidade Estácio de Sá. Nos EUA, foi professor assistente da classe de orquestração na The Catholic University of America e professor do Programa de Música do Sistema Público de Educação de Montgomery County, Maryland. Desde 1988, é professor de composição, harmonia e análise musical nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Música da UFRJ. De volta ao Brasil, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em 1998 e diretor da instituição de 1999 a 2003.
Em 2004, foi nomeado Diretor da Sala Cecilia Meireles, cargo que ocupa atualmente.
Como regente, dirigiu diversas orquestras como a Sinfônica Nacional, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, Orquestra da Rádio Cultura de SP, Orquestra Sinfônica da Província de Cuyo (Arg.) e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Ripper fundou e foi o diretor artístico e regente da Orquestra de Câmara do Pantanal, em Mato Grosso do Sul.
Suas obras têm sido tocadas nas principais salas de concerto do Brasil e exterior. Destacam-se a Brasiliana, para orquestra de sopros (1996); a Abertura Concertante (1999), a partir de uma encomenda da Orquestra Sinfônica de Akron, Ohio – EUA; a cantata Peabiru, para solistas, coro, dois pianos e percussão (2000); o Ciclo Portinari, série de oito canções para soprano e meio-soprano sobre poemas do pintor; Psalmus (2002) para orquestra sinfônica; Magnificat (2004), para solistas, coro e orquestra de câmara, escrita para os 30 anos da Camerata Antiqua de Curitiba; Ciclo Pierrot – Seis Canções de Carnaval (2005), sobre poemas de Manuel Bandeira, para barítono e piano; Cervantinas (2005), para meio-soprano e banda sinfônica, encomendada pela Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo escreveu Desenredo (2008) e Cinco Poemas de Vinícius de Moraes (2013). Para o Quinteto Villa-Lobos compôs o Concerto a 5 (2012) e para a Sinfônica Brasileira a Concertante para piano e orquestra (2013). É um dos compositores brasileiros que mais têm se dedicado à ópera, tendo escrito Domitila (2000), baseada na correspondência amorosa entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos; Anjo Negro (2003), escrita sobre o texto homônimo de Nelson Rodrigues; Piedade (2012), baseada na trágica morte de Euclides da Cunha; Onheama (2014), sob encomenda do Festival de Ópera de Manaus, e O Diletante (2014), baseada em texto de Martins Pena, sob encomenda do projeto Ópera da UFRJ.
Site: http://www.joaoripper.com.br/site/
Musicólogo, professor e historiador nasceu em Campo Grande, Ceará, em 25 de janeiro de 1904. Partiu para o Rio de Janeiro em 1928, para fazer o curso de medicina. Fez pesquisas e análises de documentos sobre a música no Brasil, chegando a reunir grande coleção de manuscritos e edições raras de música brasileira desde o período colonial. Veio a ocupar cargos públicos na área musical, foi vice-presidente da Orquestra Sinfônica Brasileira e membro do Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Dirigiu a "Revista Brasileira de Cultura", onde assinou artigos sobre música brasileira. Publicou "A Modinha e o lundu no século XVIII", editado em São Paulo, pela editora Ricordi Brasileira, em 1964, além de grande quantidade de artigos em jornais e revistas especializadas.
Considerado, por muitos, o mais autorizado intérprete e autêntico divulgador da obra orquestral de Villa Lobos, o compositor e regente Mário Tavares foi, desde 1960, o maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. De seu mestre, Don Victor Tevah, Tavares herdou a maneira eficiente e descontraída com que obtinha, em tempo recorde, o mais alto rendimento artístico das orquestras com as quais se apresentava. Regeu mais de 120 mil solistas, nacionais e estrangeiros. O renomado maestro atuou em Bonn, na Alemanha, com a BeethovenhalleOrchester; nos Estados Unidos, Portugal, Porto Rico, Chile, Colômbia, Peru, Romênia e Bulgária.
Durante dezesseis anos foi regente oficial dos Festivais Internacionais Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Paralelamente, atuou como principal maestro dos Festivais da Canção Popular, entre 1967 e 1975, na Rede Globo de Televisão. São até mesmo lendárias as suas atuações "salvando situações emergenciais" como no jubileu de Bela Bártok, com GiorgySandor, em 1970, ou com Arnaldo Estrella ao piano, no Centenário de Busoni, em 1966, ou ainda acompanhando em improviso a MstslavRostropovich, nos trinta anos da Manchete, em 1982. Fez a estréia mundial do Gênesis, de Villa-Lobos, e a primeiro audição da Floresta do Amazonas em 1969, do bailado Rudá e da Fantasia Concertante para orquestra e violoncelos.
No gênero lírico, regeu óperas como Salomé, de Richard Strauss, Yerma, de Villa-Lobos, além de outras de Puccini, Carlos Gomes e Francisco Mignone. O compositor recebeu vários prêmios nacionais, como o do quinquagésimo aniversário do Theatro Municipal, o do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e o de Música para Bailado/93. Mário Tavares foi fundador da Associação Brasileira de Violoncelistas e membro honorário e vitalício de orquestras sinfônicas corno as de Porto Rico, a da Universidade do Chile e a Filarmônica Oltênio da cidade de Craiova, na Romênia. Foi agraciado pelo governo brasileiro com a ordem do Rio Branco, no grau de comendador. Foi membro honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia. Primeiro regente brasileiro a receber o Prêmio Nacional da Música - MINC/95, com expressiva votação de âmbito nacional. Faleceu no Rio de Janeiro, em 05 de fevereiro de 2003.
Nasceu em Salvador/BA, em 26 de junho de 1867, filho de Pedro Theodoro Pereira de Mello e Helena Francisca de Mello. Ingressou em 1876 na Casa Pia e Colégio de Órfãos de São Joaquim, onde teve aulas com Elisário de Andrade, mestre da banda musical. No educandário estudou Letras, Latim, Humanidades e concluiu o curso em 1883. Retornou em 1892 como mestre da banda e fundou uma Schola Cantorum. Em 1908 publicou, em Salvador, A música no Brasil: dos tempos coloniais até o primeiro decênio da República, pioneira obra de história da música nacional.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro e assumiu em 1928 o posto de bibliotecário interino do Instituto Nacional de Música, sendo efetivado no ano seguinte. Ao longo de sua vida em Salvador reuniu preciosa coleção de manuscritos e edições impressas de modinhas, lundus e música de salão. A Coleção Guilherme de Mello foi doada ao Instituto Nacional de Música por seu proprietário. Estão presentes na coleção peças de autores consagrados como Gabriel Fernandes da Trindade, Xisto Bahia e Carlos Gomes, assim como uma série de outras de autores anônimos que retratam a diversidade da música popular brasileira da época.
O pioneirismo de seu livro justificou uma segunda edição em 1947, corrigida e prefaciada por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, tendo sido reeditada pela Escola Nacional de Música.
Guilherme de Melo faleceu no Rio de Janeiro, em 04 de maio de 1932.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 17 de novembro de 1909. Os primeiros estudos musicais foram realizados ainda na Cidade Imperial, prosseguindo, a partir de 1932, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro como aluno de Francisco Braga, Francisco Mignone e Paulo Silva. Diplomou-se em 1937. Paralelamente, estudou piano com Rossini Freitas.
Foi colaborador na organização da Orquestra Sinfônica Pró-Arte, da qual veio a ser regente. Em 1939, esteve em Buenos Aires, visitando organizações musicais. Foi nomeado professor catedrático de prática de orquestra da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, em 1945.
Foi membro do conselho técnico administrativo da Fundação Rádio Mauá. Em 1946 criou a Orquestra Universitária da Casa do Estudante do Brasil. Em 1948, recebeu o título de sócio conselheiro da Sociedade Carlos Gomes e ingressou na Escola Cultural de Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, na qual foi professor de regência e composição. Ocupou a regência da Orquestra Sinfônica Paraense, em 1952, com a qual excursionou no norte do país. Participou de estágio nos Estados Unidos e Europa, a convite da UNESCO, em 1954. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Como convidado regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica Nacional.
São de sua autoria as teses A Educação auditiva do pianista e o piano nas suas várias finalidades, de 1940 e Prática de orquestra, de 1944. Publicou ainda o Tratado de Regência aplicado à orquestra, banda e coro, pela editora Irmãos Vitale (1976).
Como compositor deixou diversas obras, entre as quais se destacam os poemas sinfônicos Lincoln (1944) e A Conquista do Sertão (1959), o balé Teresinha, o Scherzo (1942) e a Toada (1951) para orquestra, a Dança da Índia Enamorada, para cordas (1966), os Instantâneos Folclóricos (1963) para quinteto de sopros e o Divertimento Folclórico (1978) para quinteto de metais. Sua obra A Conquista do Sertão foi gravada em CD pela Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob a regência de Roberto Duarte.
Faleceu em 02 de junho de 1984, no Rio de Janeiro.
Pianista e musicólogo, Manuel Vicente Ribeiro Veiga Junior nasceu em Salvador, Bahia, a 20 de fevereiro de 1931. Iniciou seus estudos musicais em 1939, com Sylvia Souza. Formou-se em Engenharia em 1953, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1954 e 1957, estudou nos Seminários de Música, atualmente Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, tendo concluído o curso de piano sob a orientação de Sebastian Benda. Venceu o concurso de piano da Orquestra Sinfônica Brasileira e foi solista com esta orquestra em 1956, sob a regência de Eleazar de Carvalho.
No mesmo ano realizou turnê de 23 concertos em 13 Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, com o violinista belga Clemens Quatacker, patrocinado pela Juventude Musical Brasileira. Entre 1957-1958, com Bolsa do Comitê de Líderes e Especialistas do American Council on Education, realizou extenso programa de visitas a universidades e centros musicais nos Estados Unidos. Entre 1959-1961, com bolsa concedida pela Organização de Estados Americanos, estudou na Juilliard School of Music, classe de piano de Beveridge Webster. Entre 1963-1964, estudou em Nova York com Guiomar Novaes e Wolfgang Rosé. Tocou em importantes salas dos Estados Unidos e do Brasil.
Em 1966, iniciou carreira de professor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, onde permaneceu até sua aposentadoria. Nesta instituição, desempenhou por diversas vezes atividades de coordenação de curso, chefia de departamento e de direção. Desde a década de 70, tem sido membro do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Doutorou-se em musicologia pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em 1981.
É consultor da área de artes da CAPES e do CNPq, tendo sido representante da área de música nesta última agência de fomento. É pesquisador 1A do CNPq. Foi um dos fundadores da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, tendo sido membro de sua primeira diretoria em duas ocasiões. É membro fundador da Associação Brasileira de Etnomusicologia/ABET e Professor Emérito da UFBA.
Antônio Francisco Braga nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1868. Começou seus estudos musicais no Asilo dos Meninos Desvalidos, em 1876. Ingressou no Conservatório de Música e em 1886 concluiu seu curso de clarineta com Antônio Luís de Moura, tendo também sido aluno de harmonia e contraponto de Carlos de Mesquita. No ano seguinte, estreou Fantasia-Abertura, no primeiro dos concertos da Sociedade de Concertos Populares. Em 1888, foi nomeado professor de música do Asilo. Em 1890, ao classificar-se entre os quatro primeiros colocados no concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, obteve bolsa do governo para estudar na Europa.
Conquistou o primeiro lugar no concurso para admissão no Conservatório de Paris, onde se tornou discípulo de Jules Massenet (1842-1912). Após o término do curso de composição viajou para Dresden (Alemanha), onde fixou residência, e visitou Bayreuth para assistir à encenação da tetralogia wagneriana. Voltou para o Brasil em 1900. Foi nomeado professor de contraponto, fuga e composição do Instituto Nacional de Música em 1902. Em 1908 tornou-se professor de música do Instituto Profissional Masculino e instrutor das bandas de música do Corpo de Marinheiros e Regimento Naval.
Foi um dos mais ativos regentes de seu tempo. Inaugurou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1909 regendo seu poema sinfônico Insônia. Foi, a partir de 1912, o principal regente da Sociedade de Concertos Sinfônicos, da Orquestra do Instituto Nacional de Música (1924) e, a partir de 1931, primeiro titular da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1920 teve seu poema sinfônico Marabá executado pela Filarmônica de Viena sob a regência de Richard Strauss em concerto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No mesmo teatro teve seu Episódio Sinfônico executado por Erich Kleiber com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ganhou do governo francês a comenda da Legião de Honra, no grau de cavaleiro, em 1931. Em 1937 foi criada a Sociedade Propagadora da Música Sinfônica (Sociedade Pró-Música), da qual foi presidente perpétuo. Foi fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Músicos. É autor de grande quantidade de hinos patrióticos, dos quais o mais popular é o Hino à Bandeira (1906), com letra de Olavo Bilac.
Suas obras principais, além das já citadas, são: a ópera Jupira, encenada pela primeira vez no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, os poemas sinfônicos Paysage (1892) e Cauchemar (1895), a música incidental para O Contratador dos diamantes (1905) de Afonso Arinos, onde se incluem as Variações sobre um tema popular brasileiro, e o Trio para piano, violino e violoncelo (1930). É grande também sua produção na música sacra, tendo composto as Missas de São Francisco Xavier (1910) e de São Sebastião (1911), o Te Deum Alternado (1904), o Stabat Mater (1911), a antífona Sub Tuum Praesidium (1903), O Salutaris Hostia (1911). Deixou inacabada a ópera Anita Garibaldi.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1945.
Nasceu em Iguatu, Ceará, em 28 de julho de 1912. Transferiu-se, jovem ainda, para o Rio de Janeiro, passando a integrar a Banda de Música do Batalhão Naval, onde tocava tuba. No Instituto Nacional de Música estudou contraponto e fuga com Paulo Silva e regência com Francisco Mignone. Diplomou-se em 1934. Teve a sua ópera em dois atos Descobrimento do Brasil encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1939. Ao deixar a Marinha, tocou em cabarés, cassinos e circos, até ser empossado na Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Com a fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira em 1940 tornou-se assistente do maestro titular Eugen Szenkar, com quem teve aulas de regência. Na mesma época fundou e dirigiu o Coral Eleazar de Carvalho.
Em 1946, seguiu para os Estados Unidos, onde estudou regência com Sergey Koussevitzky, no Berkshire Music Center, em Massachusettts. No ano seguinte, dividiu com Leonard Bernstein a função de assistente de Koussevitzky. Na Europa, estreou em 1950, no Palais Beaux-Arts de Bruxelas, regendo a seguir outras orquestras. Sucedeu a Koussevitzky na cátedra de regência no Berkshire Music Center, onde permaneceu até 1965. Recebeu o título de doutor em Música, em 1963, pela Washington State University, Saint Louis, Estados Unidos, e, em 1970, o doutorado em letras e humanidades, pelo Hofstra College, Hempstead, Nova Iorque.
Foi professor de regência da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Julliard School of Music de New York, da Yale University e do Hofstra College. Entre seus alunos encontram-se nomes importantes como Claudio Abbado, Zubin Metha, Seiji Osawa, Gustav Meier, David Wooldbridge, Harold Faberman e Charles Dutoit. No Brasil seus dois mais destacados discípulos foram Roberto Duarte e Roberto Tibiriçá. Sua ação pedagógica se estendeu aos festivais de música de Campos do Jordão e Itu.
Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da Sinfônica da Paraíba e da Sinfônica de Porto Alegre. Participou de várias temporadas de óperas nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. Regeu inúmeras orquestras por todo o mundo incluindo as Filarmônicas de Berlim, Viena, Londres, Israel, Nova York e Los Angeles e as Sinfônicas de Londres, Boston Cleveland, Washington, Detroit e Dallas, entre outras. Foi conductor emeritus da Orquestra Sinfônica de Saint Louis, da qual foi diretor musical e regente, e também da Orquestra Sinfônica Pró-Arte de Hempstead.
Dedicou-se ao repertório contemporâneo e brasileiro. Estreou obras de vários compositores brasileiros, inclusive Villa-Lobos, e participou como regente das primeiras edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Eleazar de Carvalho deixou poucas obras. São conhecidas, além de Descobrimento do Brasil (1939), uma segunda ópera, Tiradentes (1941), e as Variações sobre duas séries dodecafônicas, para percussão e orquestra de cordas (1968).
Faleceu em São Paulo, em 12 de setembro de 1996.
Nasceu em Curitiba/PR, em 11 de abril de 1936. Iniciou os estudos de piano com a professora Alice Serva Pinto. Prosseguiu com o professor russo José Kliass em São Paulo. Estreou como solista com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo em 1952. Foi para Paris em 1954 para estudar com Marguerite Long. No mesmo ano casou-se com o maestro Eleazar de Carvalho.
Foi solista à frente de grandes orquestras como a Sinfônica de Boston, a Orchestre National de Belgique e Sinfônica de Saint Louis, entre outras, sob a regência de importantes maestros, incluindo Igor Stravinsky. Apresentou várias primeiras audições de compositores que a ela dedicaram obras, como Olivier Messiaen, Iannis Xenakis, Luciano Berio, Lukas Foss, Cláudio Santoro e Johon Cage. De Messiaen gravou em 1969 para o selo Vox de Nova York, o Catalogue d’Oiseaux e Vingt Regards sur l’Enfant Jesus.
Como compositora direcionou seu trabalho para o desenvolvimento de uma linguagem multimídia, envolvendo música, teatro, instalações, textos e vídeo. Recebeu vários prêmios como: Guggenheim Foundation, Rockfeller Foundation (1983 e 2007), Bogliasco Foundation, CAPS, do New York Council on the Arts, Fundação Vitae, RioArte. Suas obras têm sido apresentadas em teatros e festivais como: Berliner Festspiele, Haus der Kulturen der Welt, Hebbel Theater em Berlim, StaadtsTheater Darmstadt, Festivals Dresdner Tage der Zeitgenössischen Musik, Desden, Expo 2000 Hannover, Ludwigshafen Opera Festival, Salzburg Festival – Aspekte, Hayden Planetarium, Carnegie Hall, Brooklyn Academy – em New York, New Music America Festivals, Miami Planetarium, Bellas Artes – México, Teatro Avenida, Buenos Aires, Chengdu – China, Radio France – Paris, Bayrischer Rundfunk, Munique Gaudeamus e Gulbenkian Foundations, Biennials of Contemporary Music, Rio de Janeiro, Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre outros inúmeros festivais e rádios em diferentes países.
Em 2007, o Festival Internacional de Campos do Jordão/SP homenageou sua obra programando várias de suas peças (ópera, concerto de câmera, peça para soprano e orquestra de cordas). Em 2008, lançou um Box com 4 DVDs compilando suas 6 óperas, com distribuição internacional pela NAXOS Video Library. No mesmo ano, o Instituto Oi Futuro do Rio de Janeiro promoveu uma retroprospectiva de seu trabalho em forma de instalação, exposições, concertos e ópera, durante dois meses, que foi visitada por cerca de 20 mil pessoas.
Seus espetáculos mais recentes foram Revisitando Stravinsky (2010) e Berio sem censura (2012), apresentados no SESC São Paulo e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda em 2012, a Radio France, Paris, apresentou um perfil de sua trajetória e obra em dois programas exclusivos de uma hora cada.
É autora de seis livros publicados no Brasil e nos EUA. Seu mais recente trabalho – Diálogo com cartas – foi lançado pelo SESI/SP em 2014 e também na França, pela editora Honoré Champion, 2015.
Suas últimas obras são Mobius Sonorum, para a XI Bienal de Música Brasileira Contemporânea e Esferas rítmicas para a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 2015.
Portal: http://www.jocydeoliveira.com/
Nasceu em 20 de março de 1869, em Porto das Flores, Juiz de Fora/MG. Estudou primeiramente com seu pai, o flautista Manuel Marcelino do Valle (1839-1903), sendo posteriormente aluno de piano de Elisa Schmidt e Wilhelm Bickerle. De acordo com o biógrafo Américo Pereira, Francisco Valle começou a compor aos quatorze anos de idade e, a partir de 1885, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou piano com Alfredo Bevilacqua e harmonia com Miguel Cardoso. Suas primeiras obras foram a Sonata em dó menor e a Mazurca Sentimental.
Foi no ano de 1886 que começou a se projetar como pianista. Em agosto exibiu-se no Club Beethoven do Rio de Janeiro e em setembro na Exposição Industrial de Juiz de Fora. Seu concerto para a Princesa Isabel no Paço de São Cristóvão, em setembro desse ano, rendeu-lhe uma carta de apresentação para o imperador Pedro II, que se encontrava então em Paris. Partiu para a França em setembro de 1887, com recursos financeiros de seu avô materno. Vivendo modestamente, foi aluno ouvinte do Conservatório de Paris, estudou piano com Charles-Wilfrid Bériot, órgão com Charles-Marie Widor e composição particularmente com César Franck.
Durante sua estada em Paris, Francisco Valle reencontrou seu colega brasileiro Sílvio Deolindo Fróis, além dos compositores Alexandre Levy e Francisco Braga, que lá também estudavam. Fróis, em uma carta de 1938, deixou um importante testemunho das atividades de Francisco Valle naquela capital e sobre sua amizade com os franceses André Dulaurens e Charles Tournemire.
Seu regresso ao Brasil foi forçado pela morte de seu avô em 1890, que havia deixado sua família em difícil situação. No Brasil, Francisco Valle passou um curto período dando aulas de piano em fazendas da região de Juiz de Fora, casando-se em 1894 com Maria da Conceição Coimbra, que faleceu em 1903, e com a qual teve três filhos. No ano seguinte transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu como professor de piano, e apresentou suas composições em concertos no Teatro São Pedro de Alcântara e no Clube Sinfônico em 1895. Foi também nomeado membro honorário do conselho do Instituto Nacional de Música em 1896, integrando bancas de exames na instituição. Uma doença neurológica que já se manifestava por essa época obrigou-o a retornar para Minas Gerais em outubro de 1899, fixando-se em Juiz de Fora. Recuperado de sua doença, Valle casou-se com Petrina Leal, tendo com ela seu quarto filho.
Nos primeiros anos da República a produção de Francisco Valle reflete os acontecimentos políticos dessa fase: em 1897 foi apresentado no Rio de Janeiro, sob a regência de Alberto Nepomuceno, um poema sinfônico de sua autoria intitulado Depois da Guerra, inspirado na Revolta da Armada (1893-1894); em 1900 o compositor escreveu o Hino do Centenário, para celebrar o Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil.
Foi também em 1900 que o compositor apresentou, no Teatro Novelli de Juiz de Fora, várias de suas novas composições, entre as quais a versão para dois pianos do Bailado na Roça. Em 1905 o compositor apresentou em Juiz de Fora uma palestra usando como exemplo uma série de variações ao piano sobre o já conhecido tema Vem cá Bitu.
Em 1906 Valle escreveu sua última obra completa – Batel da Dor, para dois pianos. Nesse mesmo ano, em 10 de outubro, Francisco Valle não resistiu à sua angustiosa neurastenia e atirou-se ao rio Paraibuna.
Compositor, regente, professor e fagotista Antônio de Assis Republicano nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 15 de novembro de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1960. Estudou fagote no então Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro na classe de Agostinho Gouveia, obtendo Medalha de Ouro em 1920. Aperfeiçoou-se em composição, contraponto e fuga com Francisco Braga e em harmonia com Agnelo França. Em 1921 a Sociedade de Concertos Sinfônicos apresentou seu poema sinfônico Ubirajara. Concluiu o curso de composição em 1924 com o grau máximo.
Sua ópera O Bandeirante foi estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1925, sob a regência de Gino Marinuzzi. Em 1927 realizou turnê de concertos pelos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. No mesmo ano escreveu o oratório A Natividade de Jesus, sobre texto de Afonso Celso. Em 1930 foi nomeado professor de contraponto e fuga no Conservatório Mineiro de Música de Belo Horizonte. De volta ao Rio de Janeiro, lecionou análise harmônica e construção musical no Instituto Nacional de Música.
Em 1937 transformou A Natividade de Jesus em ópera e a encenou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Publicou diversas obras teóricas, inclusive um Tratado de composição. É de sua autoria a orquestração do Hino do Maranhão e do Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manoel da Silva, oficializada por Decreto Federal de 1942. Em 1947 ingressou na Escola Nacional de Música como catedrático de instrumentação e orquestração. Em 1958 tornou-se também professor de composição. É autor dos poemas sinfônicos, Ubirajara (1921) e Navio Negreiro (1925), do bailado Narciso (1945), das óperas O Bandeirante (1925), A Natividade de Jesus (1937), O Ermitão da Glória (1943) e Amazonas (1938), de Improviso sobre tema brasileiro para piano e orquestra (1925), de Concerto para piano e orquestra (1950), Concerto para violino e orquestra (1948), das sinfonias “Das Multidões” (1938), “Das Américas” (1945) e “De São Paulo” (1955), da Sinfonia em dó (1953) e das Seis Danças Brasileiras (1924-1956), dentre outras.
Natural de Leme, São Paulo, 1936, estudou com Camargo Guarnieri e diplomou-se em sua classe de composição e regência no Conservatório Musical de Santos, em 1973. Foi contratado como professor da UNICAMP em março de 1974. Viajou no mesmo ano para a Europa, onde estudou com Nadia Boulanger, em Paris e com Alberto Ginastera, em Genebra. A partir de 1976 passou a residir em Paris onde estudou com Oliver Messiaen, Pierre Boulez e Iannis Xenakis. Participou de ateliers de criação com John Cage, Andre Boucourechliev, Andrey Eschpay, Ton de Leeuw e outros.
Especializou-se em música eletroacústica no Groupe de Recherches Musicales – GRM, com Guy Reibel e Pierre Schaeffer, entre 1976/78. Sua produção inclui várias obras sinfônicas, de câmara e eletroacústicas, além de músicas para filmes, curtas e longas metragens, vídeos, teatro, dança e espetáculos multimídia. Sua obra Estrias IV, para violoncelo, representou o Brasil na 26º Tribuna Internacional dos Compositores, UNESCO, 1979, e foi destaque na Tribuna Internacional de Composição para América Latina e Caribe/TRIMALCA, UNESCO, São Paulo, 1980. Encadeamento, para cinco contrabaixos, representou o Brasil na 28ª Tribuna Internacional dos Compositores – UNESCO, Paris, 1981. Entre seus prêmios destacam-se Prix du Public e Prix de la Critique, do Centro Internacional de Percussão, em Genebra, 1975, com a obra Cambiantes; Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, de 1980, com Contextura, melhor obra sinfônica; Prêmio APCA de 1984, com …Os Ventos Quentes, melhor obra experimental; prêmio candango no XVII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, filme de curta metragem O Incrível Senhor Blois, de 1981, melhor trilha sonora.
Premiações recentes: honorable mention & merit award human and nature relationship, 18º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 95 e Finalist award – The New York Film Festival – NY/USA – 95 com a trilha sonora Beija-Flor (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/ Rede Globo de Televisão; no mesmo ano, o documentário foi ainda premiado como o terceiro melhor vídeo no Columbus International Film & Vídeo Festival – Ohio, EUA, foi finalista do Festival International du Film Ornitologique – França; e Japan Wildlife Festival – Japão. Merit Award for Conservation Message – 20º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 97, com a trilha sonora Encanto das Águas (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/Rede Globo de Televisão.
É doutor em música pela UNICAMP e professor titular aposentado do Departamento de Música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP. Criou em 1983 o núcleo interdisciplinar de comunicação sonora/NICS e foi seu coordenador de 1983 a 2000. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC; membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica/SBME; membro fundador da Academia Paulista de Música e Academia Campineira de Música. Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Compositor, pianista, regente e professor, Francisco Mignone nasceu em São Paulo, capital, a 03 de setembro de 1897. Iniciou os estudos de flauta com seu pai, Alfério Mignone, e de piano com Sílvio Motto. Estreou como flautista aos 13 anos de idade. No Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, estudou com de Savino de Benedictis e Agostinho Cantú, diplomando-se em 1917 em piano, flauta e composição. Nesta época, produziu muita música popular e de salão, que assinava com o pseudônimo de Chico Bororó. Em 16 de setembro de 1918 apresentou no Theatro Municipal de São Paulo algumas obras de sua autoria, como o poema sinfônico Caramuru (1917) e a Suíte campestre (1918).
Com bolsa concedida pelo Governo de São Paulo viajou para Milão em 1920, onde estudou com Vincenzo Ferroni. Na Itália escreveu a ópera O Contratador de Diamantes, estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1924. Ainda na Itália escreveu uma segunda ópera, L’Innocente, também estreada no Rio de Janeiro, em 05 de setembro de 1928.
Antes de voltar para o Brasil passou um período na Espanha (1927/1928), onde compôs a Suíte Asturiana (1928). Durante sua estada na Europa, Mignone participou de dois concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. No primeiro, em 1923, ficou com o primeiro prêmio com a peça Cenas da Roça. No segundo, em 1926, foi duplamente premiado, com as peças Festa Dionisíaca (1923) e No sertão (1925).
Retornou ao Brasil em 1929 e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical. Também atuou como pianista acompanhador, tendo trabalhado com os tenores BeniaminoGigli e Tito Schippa. No Conservatório reencontrou Mario de Andrade, cuja pregação nacionalista foi importante para a reorientação estética da obra de Mignone. É o momento no qual compõe a 1ª Fantasia Brasileira, para piano e orquestra.
Em 1933 radicou-se no Rio de Janeiro, assumindo o posto de professor de regência do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. Em 1939 foi efetivado no cargo. Em 1936 participou da fundação do Conservatório Brasileiro de Música, sendo seu primeiro vice-diretor. Nos dois anos seguintes realizou concertos na Europa, regendo diferentes orquestras, entre elas a Filarmônica de Berlim e a RAI de Roma.
Foi diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Música e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Regeu o concerto inaugural da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Ministério da Educação e foi seu primeiro regente titular. Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios e honrarias como a Ordem do Rio Branco (1972), Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1979) e o Prêmio Shell de Música Brasileira (1982).
Sua obra é extensa e abrange os mais diversos gêneros, desde peças para piano, com destaque para as Lendas Sertanejas, as Valsas de Esquina, as Valsas Choro, quatro Sonatas e quatro Sonatinas; os Concertinos para fagote (1957) e clarineta, o Concerto para piano (1958), os bailados Maracatu do Chico Rei, Leilão (1939) e Quincas Berro D’Água, peças orquestrais como Festa das Igrejas (1940) e a Sinfonia Tropical e as óperas O Chalaça (1972) e Sargento de Milícias (1980).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1986.
Nasceu em Livramento, na Bahia, em 1939. Começou sua carreira em bandas de música e dedicando-se à música popular. Em 1961 ingressou nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, quando trabalhou sob orientação de Ernst Widmer. Diplomou-se em composição e regência em 1974 na Escola de Música da mesma Universidade, na qual atuou como madrigalista, percussionista e fagotista de sua orquestra sinfônica. Tornou-se, posteriormente, professor de composição e de outras disciplinas, na mesma instituição. Foi membro da Academia Brasileira de Música, ocupando a cadeira nº 33, recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, tem inúmeras de suas obras gravadas e várias outras editadas, inclusive fora do país. Produziu cerca de 110 obras. Faleceu em 1989.
Obras principais
Música de câmara: Nove variações, 1985; Sedimentos, 1973; Sincronia, 1974; Trio nº 2, 1970.Música orquestral: Captações, 1969; Caricaturas, 1968; Espectros, 1970; A Festa na Canabrava, 1966; O Fim do mundo, 1966; Minisuíte, 1967; Pleorama, 1971; Procissão das carpideiras, 1969, Relatividade I, 1980; Viassacra, 1971; Sanctus, 1972.
Música instrumental: Tocata, para piano, 1972.
Música sacra: Agnus Dei, 1974; Kirie Christe, 1971; Sanctus, para coro e órgão, 1972.
Música vocal: Forrobodó na saparia, 1982.
Compositor e regente, José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 10 de fevereiro de 1871. De família de músicos, aos sete anos começou a aprender piano com o irmão Pedro. Aos dez anos iniciou estudos com o professor Grunewald e aos doze tornou-se aluno de piano de Tomás Legori e canto de Pedro Pedotti. Em 1889 apresentou-se em audições promovidas pela Sociedade Filarmônica Porto Alegrense. Em 1893 viajou para Milão, Itália, onde frequentou o Real Conservatório como aluno assistente e estudou com Arturo Buzzi-Peccia. Mais tarde tomou aulas particulares com Amintore Galli e Vincenzo Ferroni, mestres do Real Conservatório. Ficou dois anos na Europa e, logo depois de seu retorno ao Brasil, promoveu a execução, na Igreja do Outeiro de Nossa Senhora da Glória, no Rio de Janeiro, da Ave Maria, sua primeira composição apresentada em público.
Voltando a Porto Alegre, frequentava o Bazar Musical e o Café América, e promovia reuniões de músicos em sua casa, entre eles os violinistas Raimundo Viana e Fábio Barros, com os quais muitas vezes improvisava um trio. Participou também dos serões musicais em casa de Otilia Barreto. Entre 1896 a 1911 realizou várias viagens à Europa. Fundou, em 1897, junto com Olímpio Olinto de Oliveira, o Clube Haydn, em Porto Alegre. A 02 de abril de 1897 realizou um concerto no salão do Cassino e a 29 de abril de 1897 participou do segundo concerto do Clube Haydn. Em 1898 apresentou em Porto Alegre fragmentos de Requiem, do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Em 1901 compôs a Marcha da exposição, para a inauguração da Exposição Estadual, e, em outubro do mesmo ano, concluiu sua ópera em dois atos Carmela, que estreou no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, a 17 de outubro de 1902, sob a direção de Ciro Colleoni. Em 1903 fez uma apresentação dessa mesma ópera, mas adaptada para piano, no Rio de Janeiro. Pouco depois, viajou para Milão, onde casou com a harpista Medea Ferrea, que, em Porto Alegre, adotaria o pseudônimo de Isulina Santoro.
Em 1906, já no Brasil, levou a ópera Carmela, no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, com tanto sucesso, que foi reencenada mais quatro vezes. A 10 de junho de 1906 o Instituto Nacional de Música recebeu-o para uma audição de câmara, dedicada somente a obras de sua autoria: interpretou Rêverie, Dança espanhola, Marcha humorística e Festa napolitana. Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Música de Porto Alegre. Em 1909 viajou para Paris, França, em tratamento de saúde, retornando a Porto Alegre já quase paralítico. A 28 de agosto de 1913 participou do concerto que apresentou sua nova ópera, em três atos, O Rei Galaor, no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi, que seria estreada no Theatro Municipal, no entanto, somente a 29 de setembro de 1922.
Faleceu no Rio de Janeiro, capital, em 02 de novembro 1916.
Professor e violoncelista, nasceu no Rio de Janeiro, em 03 de novembro de 1894. Iniciou seus estudos musicais em 1905, no Instituto Nacional de Música. Teve aulas de harmonia e violoncelo com Frederico Nascimento, Breno Niederberger, Eurico Costa e Francesco Comaglia. Entre 1912 e 1914, esteve em Roma, como aluno da Academia de Música Santa Cecília, em classes de violoncelo com Luigi Fiorino, e harmonia com Giacomo Setaccioli. Ao regressar ao Brasil, terminou seus estudos de violoncelo no Instituto Nacional de Música, na classe de Alfredo Gomes, obtendo ao final o Primeiro Prêmio e Medalha de Ouro. Em 1927, estudou contraponto, fuga e harmonia com Paulo Silva e, mais tarde, composição e orquestração com Francisco Braga, história da música com Octávio Bevilacqua, regência com Walter Burle Marx, música sacra com frei Pedro Sinzig e harmonia com Agnello França.
Atuou em diversos grupos de câmara, como o Trio Beethoven, com o qual realizou concertos nos salões do Jornal do Commercio, do Clube dos Diários, promovidos pela Sociedade de Cultura Musical. Foi violoncelista do Quarteto de Laureados, criado em 1920 com alunos premiados do INM. Formou ainda o Trio Brasileiro com Humberto Milano no violino e Barrozo Neto ao piano. Foi violoncelista da orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos e um dos fundadores da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, onde atuou como violoncelo solista. Foi também integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Rádio Clube.
Foi nomeado, em 1934, professor interino de harmonia, análise harmônica e construção musical na Escola Nacional de Música e, em 1942, professor interino de harmonia superior, cadeira na qual foi efetivado dois anos depois. Assumiu, posteriormente, a cátedra de composição na Escola Nacional de Música e no Conservatório Brasileiro de Música. Entre seus alunos se destacam Waldemar Henrique, Breno Blauth e Guerra-Peixe. Iniciou a carreira de regente em 1931 e atuou à frente de várias orquestras no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Como compositor deixou diversas obras sinfônicas e de câmara como a ópera A Lenda do Irupê, o episódio lírico Branca Dias, a Sinfonia em sol menor, a Suíte Sinfônica, os Prelúdios Sinfônicos, os poemas sinfônicos São Paulo e Anchieta, a Canção e Dança, para violoncelo e orquestra, a Suíte Auriverde, para orquestra de cordas, o Trio em dó menor, dois Quartetos de cordas e uma Sonata para piano.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de junho de 1966.
Estudou na Escola de Música da UFRJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Com Han-Joachim Koellreutter estudou composicão, contraponto e arranjo. Licenciou-se em música pela UNI-RIO em 1983. Compositor e diretor musical de várias peças de teatro. É um dos mais premiados compositores brasileiros, tendo recebido diversos prêmios Mambembe, Shell, Coca-Cola, APTR, CBTIJ e outros. Faz música para cinema, TV e exposições e trabalhou para a TV Globo por 29 anos. Atuou como compositor e regente em muitos festivais de música contemporânea no Brasil e no exterior. Autor de óperas, musicais, música de câmera e eletroacústica. Sua peça Pianíssimo foi o primeiro texto infantil apresentado na Comédie-Française. Recebeu as bolsas Vitae e Rio-Arte. Foi diretor da Sala Baden Powell, RJ, em 2005 e 2006. Escreve e apresenta o programa Blim-blem-blom na rádio MEC-FM desde 2011, premiado na Bienal do México. Seu Quarteto Circular foi indicado ao Grammy Latino de 2011. Sua ópera O perigo da arte, estreou em 2013 em Buenos Aires e sua montagem brasileira em 2014 foi escolhida como um dos 10 melhores espetáculos do ano pelo jornal O Globo. Seus trabalhos mais recentes em TV tiveram muita repercussão : as novelas Meu pedacinho de chão e Velho Chico e a minissérie Dois irmãos, todas com direção de Luiz Fernando Carvalho. Fez a música do filme Pluft, com direção de Rosane Svartman e em 2019 lançou a Classical tracks, uma livraria digital de música clássica voltada para o mercado audiovisual. Foi novamente premiado pela músicas de vários espetáculos infantis e trabalhou em duas novas grandes produções para o Parque Beto Carrero World, sendo uma delas o aclamado show Hotwheels. Em 2018 começou uma importante colaboração com o maestro Rodrigo Toffolo, da Orquestra Ouro Preto, escrevendo as músicas para O pequeno Príncipe e Fernão Capelo Gaivota. Em 2021 e 2022 lançou três novas óperas: O engenheiro, O boi e o burro no caminho de Belém e Auto da Compadecida (também para a Orquestra Ouro Preto), além do musical Pinóquio, apresentado em todas as unidades do CCBB do país. Em 2022 comemorou seus 60 anos de idade e 45 de carreira, regendo a OSN da UFF em concerto na Sala Cecília Meireles, RJ. É membro da Academia líbano-brasileira de letras, artes e ciências.
Compositor, violinista e professor, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 18 de março de 1914. Iniciou seus estudos de violino na Escola de Música Santa Cecília de Petrópolis. Mais tarde, na Escola Nacional de Música, estudou com Paulina d’Ambrósio. Fez cursos de aperfeiçoamento em composição no Conservatório Brasileiro de Música com Newton Pádua e H. J. Koellreutter, que o introduziu na técnica dodecafônica. Foi um dos fundadores do Grupo Música Viva, que abandonou no fim da década de 40, quando voltou a professar o nacionalismo musical.
Teve sua Sinfonia nº1, de 1946, executada pela Orquestra da BBC de Londres. Mais tarde, seu Noneto foi regido por Hermann Scherchen, que o convidou para residir na Europa. Preferiu assinar contrato com uma emissora de rádio do Recife, onde aprofundou pesquisas folclóricas, que resultaram na publicação do livro Maracatus do Recife, em 1955. Realizou também pesquisas em São Paulo, onde trabalhou com Rossini Tavares de Lima. No período resultaram obras como o Ponteado, a Suíte Sinfônica no1 “Paulista” e a Suíte Sinfônica no2 “Pernambucana”, compostas em 1955, e o Pequeno Concerto para piano e orquestra, de 1956. Para o Concurso Sinfonia Brasília escreveu a Sinfonia no2, de 1960.
Fixou residência no Rio de Janeiro a partir de 1962, tornando-se violinista da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC e professor de composição dos Seminários de Música Pró-Arte. Lecionou também na Escola de Música Villa-Lobos, na Universidade Federal de Minas Gerais e na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Teve importante atuação como arranjador, tendo trabalhado na Rádio Nacional, na Rádio e TV Tupi, na TV Paulista, TV Globo e nos Festivais Internacionais da Canção (FIC). É autor do famoso arranjo para “Pra frente, Brasil”, música de Miguel Gustavo para a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. Criou também diversas trilhas sonoras para filmes, com destaque para Terra é sempre Terra (1950), O Canto do mar (1953), Riacho de Sangue (1966) e Batalha dos Guararapes (1978).
Foi premiado em concursos de composição como o do programa Música e Músicos do Brasil da Rádio MEC, com o Trio no2 para violino, violoncelo e piano (1960) e no Concurso do Sesquicentenário da Independência do Brasil, do Departamento de Cultura do Estado da Guanabara, com a obra Museu da Inconfidência (1972).
Foi eleito para a ABM em 1971. Recebeu inúmeros prêmios e honrarias de diferentes entidades como Medalha Sylvio Romero pela Prefeitura do Distrito Federal (1951), prêmio “Melhores do Ano”, pela Sociedade Brasileira de Críticos Teatrais e da Rádio Jornal do Brasil (1963), Medalha do Mérito Carlos Gomes, concedida pelo Governo do Estado da Guanabara (1965), Prêmio Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978), Medalha de Mérito da Fundação Joaquim Nabuco de Recife, Pernambuco, Medalha Koeler da Câmara Municipal de Petrópolis, Prêmio Shell (1986) e o Prêmio Nacional da Música, do Ministério da Cultura (1993).
Da Fundação Vitae de São Paulo recebeu a Bolsa Vitae de apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, para compor a obra sinfônica Tributo a Portinari, sua última composição, estreada em 1993 na abertura da X Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1993.
Nasceu em Brusque, Santa Catarina, a 17 de março de 1928. Iniciou aos sete anos estudos de violino com seu pai, Aldo Krieger. Aos 15 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para prosseguir sua formação no Conservatório Brasileiro de Música, onde estudou com H. J. Koellreutter. Em 1945 passou a integrar o Grupo Música Viva. Em 1948 foi escolhido em concurso para estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, EUA, onde assistiu também a aulas de Darius Milhaud. Estudou ainda na Juilliard School of Music, de Nova Iorque com Peter Mennin (composição) e na Henry Street Settlement School of Music com William Nowinsky (violino). Representou a Juilliard no Simpósio de Compositores dos Estados Unidos e Canadá realizado em Boston, e atuou como violinista da Mozart Orchestra de Nova Iorque.
Retornando ao Brasil em 1950 iniciou a atividade de produtor na Rádio Ministério da Educação, onde exerceu a função de diretor musical e organizou a Orquestra Sinfônica Nacional, e de crítico musical do jornal Tribuna da Imprensa. Em 1952 estudou com Ernst Krenek no III Curso Internacional de Verão de Teresópolis, RJ.
Com bolsa do Conselho Britânico, estudou em Londres durante um ano com Lennox Berkeley, da Royal Academy of Music. Em 1959 obteve o primeiro prêmio no I Concurso Nacional de Composição do Ministério da Educação, com Divertimento para Cordas. Em 1961 seu Quarteto de Cordas nº1 obteve o Prêmio Nacional do Disco. Em 1965 suas Variações Elementares foram estreadas no III Festival Interamericano de Música de Washington, e no ano seguinte seu Ludus Symphonicus foi estreado pela Orquestra de Filadélfia no III Festival de Música de Caracas, Venezuela. Em 1969 e 1970 organizou e dirigiu os Festivais de Música da Guanabara, dos quais se originaram, a partir de 1975, as Bienais de Música Brasileira Contemporânea.
Entre os prêmios e honrarias que recebeu estão: Prêmio Internacional da Paz do Festival de Varsóvia (1955), Prêmio da Fundação Rottelini de Roma (1955), Medalha de Honra do Cinquentenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1959), Troféu Golfinho de Ouro (1969 e 1988), a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza, do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina (1997), Troféu Barriga-Verde (1977), Comenda da Ordem Cultural do Ministério da Cultura e Belas Artes da Polônia (1985), Medalha do Mérito Cultural Anita Garibaldi, do Estado de Santa Catarina (1986), Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura (1994) e Medalha Pedro Ernesto, maior honraria concedida pela cidade do Rio de Janeiro. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
Dirigiu a divisão de música clássica da Rádio Jornal do Brasil e exerceu a crítica musical no Jornal do Brasil. Em 1976 assumiu a direção artística da FUNTERJ – Fundação de Teatros do Rio de Janeiro. Em 1979 criou o Projeto Memória Musical Brasileira/PRO-MEMUS, junto ao Instituto Nacional de Artes da FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura. De 1981 a 1989 foi diretor do Instituto Nacional de Música. Foi presidente da FUNARTE, da Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Música.
Seu catálogo inclui obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratórios, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Suas composições têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior, inclusive por orquestras do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Bahia, Belo Horizonte, Liège, Bruxelas, Paris, Londres, Munique, Buenos Aires, Córdoba, Nova Iorque, Filadélfia, Washington, Colônia, Tóquio e outras.
Compositor, regente e professor, Octávio Meneleu Campos nasceu em Belém, Pará, em 22 de julho de 1872. Iniciou seus estudos com a mãe, a pianista Adelaide da Costa Campos. Interessou-se pelo violino, após contato com o violinista baiano Adelino Francisco do Nascimento. Suas primeiras composições publicadas são de 1888. Em 1891, abandonou a faculdade de Direito que cursava em Recife, e viajou para Milão, aonde veio a frequentar o Real Conservatório de Música, quando estudou com Vincenzo Ferroni. Estudou piano, violino, contraponto, canto gregoriano, harmonia, composição e regência.
Retornou para Belém, em 1900, para assumir a direção do Instituto Carlos Gomes, também estreando como regente no Teatro da Paz. Sua atuação foi intensa: reforma curricular, promoção de concertos e organização de uma orquestra, um quarteto e um coral. É um período de grande produção como compositor, tendo escrito o Intermezzo elegíaco, para o quarto aniversário da morte de Carlos Gomes, o Presto scherzando para orquestra, o Concerto para piano e o Concerto para dois violinos.
Viajou novamente à Europa em 1903 e, em Milão, realizou concertos no Liceo Beccaria e no Real Conservatório quando foram executadas a Sinfonia em lá maior, escrita em 1898, a Fantasia para violino e orquestra e a Suíte Brasileira, ambas de 1901. Ao retornar a Belém reassumiu a direção do Instituto até 1906. No período compôs a suíte Miniaturas, para orquestra, com motivos retirados do folclore paraense. Seguiu para Milão onde compôs a ópera Gli Eroi. Tempos depois, em Paris, realizou audição privada da ópera e apresentou obras de câmara na Sala Berlioz. Inaugurou em 1908, em Belém, uma escola particular de música, onde lecionou. Um ano depois, fez apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em 1913, retornou a Paris para audições. Mudou-se para Portugal, por dois anos, chegando a lecionar nesse país. Ao retornar em 1916 a Belém, retomou o magistério e fundou o Orfeão Meneleu Campos. Como presidente do Centro Musical Paraense e diretor do Serviço de Canto Coral do Estado promoveu concertos vocais sinfônicos e organizou um orfeão com alunos de escolas primárias em Belém.
Além das já citadas, suas obras principais são: a ópera Il Salvocondutto (1899), o Prelúdio em ré maior (1893), Tango (1897) e Marcha nupcial (1902), todas para orquestra, além dos Quartetos em sol maior (1899), em lá maior (1899), em ré maior (1901) e em mi maior (1901-1902) e as canções O Baile na flor (1899), Canto noturno (1899), Perchè (1901), Nella mia barca (1901), Romanzetta (1903), Hinos das normalistas (1903), Alla Mamma! (1908), Infiniment (1913) e Marcha infantil (1925).
Deixou Belém em fins de 1927 para uma viagem ao Rio de Janeiro.
Faleceu repentinamente quando se encontrava na cidade de Niterói/RJ, em 20 de março de 1927.
Crítico e musicólogo carioca, nasceu a 28 de maio de 1913. Formou-se em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina em 1934, e em piano, no ano seguinte, pela Escola Nacional de Música da antiga Universidade do Brasil. Nessa instituição, ganhou a medalha de ouro de piano, em 1937. Deu continuidade a seus estudos de piano com Tomás Terán e ingressou no curso de formação de professores de canto orfeônico da Universidade do Distrito Federal, formando-se em 1940. Nesse período já colaborava na Revista Brasileira de Música, da qual chegou a ser redator-responsável. Foi redator da Rádio MEC e de 1944 a 1974 foi redator e crítico de música dos jornais Correio da Manhã e Última Hora e da revista Manchete. Foi secretário-geral da Comissão de Música do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi membro da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Teatro e Música.
Como musicólogo seus livros mais importantes são: Lorenzo Fernandez, compositor brasileiro (1950), Música do Brasil (1951), Do lado da música (1955), Memórias de Vera Janacópulos (1959), as coletâneas Matéria de Música I e II (1967 e 1972), Villa-Lobos: síntese crítica e biográfica (1974) e A evolução de Villa-Lobos na música de câmara (1979).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1992.
Alda Oliveira (14 de março de 1945, Salvador, Bahia) dedicou a sua carreira à interpretação pianística, à consolidação da educação música no Brasil, ao ensino de música em vários níveis e contextos e à pesquisa. Graduou-se em piano e Licenciatura em Música (UCSAL e UFBA), fez Mestrado em Composição (Tufts University) e PhD em Educação Musical (University of Texas). Foi pesquisadora nível 1 A do CNPq por treze anos. Em 2015/2014 foi pesquisadora visitante no Eliot-Pearson Child Study Department da Tufts University onde concluiu o livro sobre a Abordagem PONTES (Paco Editorial, Jundiaí,SP, para formação do professor de música articulado às variáveis presentes nas situações e tramas presentes nos diversos contextos socioculturais. Publicou dois livros de canções para crianças e jovens: Passeio no Zoológico e Canções para Infância (Ed. Solisluna, Salvador). Alda recebeu prêmios em Composição, em Piano. Foi Diretora da Escola de Mùsica da UFBA e da Escola Pracatum de Carlinhos Brown. Presidiu a ABEM, a CEE/ARTES, a CEE/Música na SESU/ MEC e o I Encontro Latino Americano de Educação Musical ISME/ABEM em Salvador, Bahia. Recebeu os títulos de Sócia Benemérita da ABEM, de Housewright Eminent Scholar pela Florida University (USA) e de Honorário Life Member pela ISME (International Society for Music Education).
Compositor e professor, nasceu em Saúde, na Bahia, em 21 de março de 1944. Iniciou os estudos de música com a flauta, a viola e a tuba. Estudou na Universidade Federal da Bahia graduando-se em Estruturação Musical (1966) e Composição (1969), ambas na classe de Ernst Widmer. Participou de cursos de extensão com Edgar Willems, Edino Krieger, Ingmar Gruemauer e Peter Maxwell Davies. Professor aposentado da Universidade Federal da Bahia é mestre em composição e teoria da música pela Universidade Brandeis, doutor em composição pela Universidade do Texas, em Austin, membro da Associação Brasileira de Educação Musical/ABEM, da International Society for Music Education/ISME, membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia, da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/ANPPOM e do Centro de Produção, Documentação e Estudos de Música/SONARE.
Na Universidade Federal da Bahia, além de professor de composição e teoria da música, atuou na administração acadêmica, tendo exercido cargos de chefia na Escola de Música e na administração central da universidade.
Como compositor tem suas obras editadas, executadas e gravadas no Brasil e no exterior. O seu nome está incluído no The New Grove Dictionary of Music and Musicians, no Dizionario Enciclopedico Universale Della Musica e dei Musicisti, no Rieman Musik Lexikon, no Diccionario de la Musica y los Músicos, no Die Musik in Geschichte und Gegenwart e em fontes de referência a respeito da música do Brasil e da América Latina.
Atuou como pesquisador senior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, e como assessor junto a diversas universidades e órgãos de fomento à pesquisa tais como o CNPq a Fundação CAPES, a Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo/FAPESP, e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Sul/FAPERGS. Atualmente exerce a presidência do SONARE além de atuar no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal da Bahia, onde leciona disciplinas relacionadas à composição, teoria da música e informática aplicada à música. Em suas pesquisas tem se dedicado principalmente ao uso da informática aplicada à teoria da música e à composição.
Em 1994 foi lançado, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o livro A música de Jamary Oliveira: estudos analíticos, uma coletânea de textos onde diferentes autores abordam a obra do compositor. Em 2011 teve várias de suas peças para piano gravadas em CD pela pianista Cristina Capparelli Gerling.
Faleceu em Salvador, 29 de março de 2020.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1881. Iniciou os estudos de piano como aluno do professor Frederico Malho. Ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou matérias teóricas com Arnaud Gouvêa, piano com Alfredo Bevilacqua, harmonia com Frederico Nascimento e composição com Alberto Nepomuceno. Formou com Humberto Milano e Alfredo Gomes um Trio que marcou época no Rio de Janeiro. Realizou concertos em Bruxelas, Paris, Roma e Turim. Foi diretor artístico da Sociedade de Cultura Musical do Rio de Janeiro.
Ingressou como catedrático do Instituto Nacional de Música em 1906. Foi grande incentivador do canto coral, estimulado pelo movimento do Canto Orfeônico, sob a liderança de Villa-Lobos, nas escolas da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1932. Naquela ocasião tiveram lugar os memoráveis concertos do Coral Barrozo Netto e do Coral Jovem Carlos Gomes, no Salão Leopoldo Miguéz e a apresentação, em um desses concertos, da Suíte Vozes da Floresta, de sua autoria, para coro, solistas e orquestra.
Revisou e editou obras pianísticas para editoras brasileiras, até hoje utilizadas, como os estudos de M. Clementi, J. B. Cramer e C. Czerny.
Como compositor deixou extensa produção de peças para piano. Destacam-se as Variações sobre um tema original, Minha Terra, Movimento Perpétuo, Corrupio, Valsa Lenta, Serenata Diabólica, Galhofeira, Rapsódia guerreira, Feux Follets, Danse des fantoches e Romance sem palavras. No terreno das canções produziu Cantiga, A um coração, Olhos Tristes, Canção da Felicidade, Dorme, Regresso ao Lar, Adeus e Balada, entre outras. As obras de maior envergadura são o Concerto para piano e a ópera A Rainha da noite e a mencionada Suíte Vozes da Floresta.
Faleceu no Rio de Janeiro, 01 de setembro de 1941.
Pianista, compositor, regente e professor, José Vieira Brandão nasceu em Cambuquira, Minas Gerais, em 26 de setembro de 1911. Aos sete anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro e, em 1924, ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou teoria e solfejo com Roberta Gonçalves de Sousa Pinto, Raimundo da Silva e Alfredo Richard, contraponto e fuga com Paulo Silva e piano com Custódio Fernandes Góis. Diplomou-se em 1929, obtendo Medalha de Ouro de piano. Três anos depois, recebeu o diploma do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, do Rio de Janeiro. Fez aperfeiçoamento em piano no Rio de Janeiro com Marguerite Long, em 1932.
Em 1934, fundou o Madrigal Vox, do Conservatório Brasileiro de Música, do qual foi o regente até 1945. Fez recitais no Brasil e no exterior. Tornou-se professor de regência no Conservatório de Canto Orfeônico, a partir de 1943.
Colaborou artisticamente com Villa-Lobos, de quem foi um dos mais notáveis intérpretes. Foi responsável pelas estreias de obras como a Bachianas Brasileiras no3, em Nova York, Choros no11, como solista da Orquestra do Theatro Municipal em 1942, e ainda As Três Marias, Valsa da Dor e vários números do Guia Prático. Fez também a transcrição para piano de peças para violão de Villa-Lobos.
Entre 1945 e 1946, foi bolsista da University of Southern California, em Los Angeles, período em que estudou os diversos sistemas de educação musical utilizados pelas escolas norte-americanas e regeu o conjunto coral daquela universidade, o Madrigal Singers, além de realizar várias palestras e recitais em diversas cidades norte-americanas. Foi quem representou o Brasil na Bienal de Educadores Musicais em Cleveland, EUA, em 1946. Em 1947 retornou aos EUA, desta vez acompanhando Villa-Lobos para auxiliá-lo na preparação do musical Madalena, estreado na Broadway.
Ao retornar ao Brasil, dedicou-se à composição e ao trabalho de regente coral no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e no Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro. Fez parte do Serviço de Educação Musical e Artística da Prefeitura do antigo Distrito Federal. Foi docente livre de piano na Escola Nacional de Música, a partir de 1950. Em 1956, assumiu o cargo de técnico em educação musical e artística junto à Secretaria Geral de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Foi diretor do Conservatório Brasileiro de Música em 1990 e recebeu o Prêmio Nacional da Música da Funarte em 1997.
Começou a compor ainda no tempo de estudos no INM. São dessa época peças como o Minueto para piano (1926) e a canção Sabiá e Mangueira (1929), com texto de Álvaro Moreira. Como compositor é reconhecido por sua consistente obra para coro, com destaque para clássicos do repertório brasileiro, como Trem de Ferro, Canção de muitas Marias e Cussaruim em Dois Tempos, todas com texto de Manuel Bandeira, além de Chorinho, A Missa e o Papagaio e os dois Vocalizes. Deixou ainda várias obras de câmara como o Trio para violino, viola e violoncelo (1960), o Trio para violino, violoncelo e piano (1963), os Quarteto de cordas no1 (1944) e Quarteto de cordas no2 (1960), o Divertimento no1, para quinteto de sopros, a Dança e Seresta para violino e piano, a Seresta e Desafio, para oboé e violoncelo, a Sonata para violoncelo e piano (1954) e várias canções com acompanhamento de piano. Deixou ainda obras de maior fôlego como a ópera Máscaras, com libreto de Menotti Del Picchia, e a Fantasia Concertante para piano e orquestra (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, a 27 de julho de 2002.
Estudou violino e mais tarde, piano, concluindo o curso de regência na Universidade de São Paulo/USP, em 1980. Até então havia atuado como regente coral, à frente de vários grupos, destacando-se o Madrigal Klaus-Dieter Wolff que recebeu o prêmio de melhor coral do ano de 1980, outorgado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA. Nos três anos seguintes, continuou seus estudos na Alemanha, na Escola Superior de Música de Detmold, sob a orientação de Martin Stephani. Durante este período, estudou também com Sergiu Celibidache.
De volta ao Brasil, em 1984, desenvolveu intenso trabalho voltado à formação de músicos, atuando como regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí, de 1985 a 1987, e da Orquestra Sinfônica Juvenil do Litoral, de 1984 a 1991. Durante 12 anos, de 1986 a 1998, foi regente da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, com a qual realizou várias turnês nacionais e concertos no México e Dinamarca. Na temporada de 1992, foi também regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Coordenou e dirigiu eventos, cursos e festivais de música, destacando-se o Festival de Inverno de Campos do Jordão, do qual foi diretor artístico durante quatro anos, de 1987 a 1990, e as Oficinas de Música de Curitiba.
De 1996 a 2003, foi regente titular e diretor artístico da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, de Porto Alegre. De 1998 a 2005 foi regente da Sinfonia Cultura, Orquestra Sinfônica da Rádio e TV Cultura, da qual tornou-se também, a partir de 1999, seu coordenador musical. Com esta orquestra que, durante a sua existência, foi aquela que maior número de composições brasileiras executou em todo o país, realizou centenas de gravações radiofônicas e dezenas de gravações para a televisão, além de várias gravações de trilhas de cinema, vinhetas e acompanhamentos de grupos de balé. Como regente convidado, já dirigiu as principais orquestras brasileiras e atuou também no exterior, na Alemanha, Costa Rica, México, Espanha e Dinamarca.
Tendo regido um amplo repertório internacional dedicou-se cada vez mais, nos últimos 20 anos, à pesquisa, divulgação e interpretação do repertório brasileiro. Realizou inúmeras revisões e editorações de obras ainda em manuscritos, preparando-os para serem executados. Dedica-se também à execução de obras brasileiras de autores contemporâneos, tendo participado de diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte e realizado ao longo da carreira mais de uma centena de estreias mundiais.
Na área de musicologia, produziu numerosos textos sobre diversos compositores brasileiros e suas obras, vários deles publicados, com ênfase nas linhas de Análise e Interpretação, bem como História, Estilo e Recepção. Em 2012 lançou pela Editora UNESP o livro Carlos Gomes – Um tema em questão: a ótica modernista e a visão de Mário de Andrade.
É doutor em musicologia pela Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2009, e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes-Música, do Instituto de Artes da UNESP, em 2001.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Música em 2002.
Nasceu em Nápoles, Itália, em 22 de março de 1884. Era filho de Adelina Alambary e de seu professor de canto, o tenor português Eduardo Medina Ribas. Na primeira infância, Velasquez foi confiado a uma família italiana, sendo trazido para o Brasil com onze anos, passando por filho adotivo de sua mãe verdadeira, com quem viveu até o fim de sua curta vida. Fez seus estudos musicais no Instituto Nacional de Música com Frederico Nascimento e Francisco Braga.
Suas primeiras composições datam de 1902. Sua música está escrita em linguagem bastante moderna para sua época, razão pela qual alguns críticos viram nela sinais do expressionismo e mesmo tendências ao atonalismo. Seus amigos músicos ficaram tão impressionados com a produção musical deste jovem compositor que, quando de seu falecimento, aos 30 anos de idade, constituíram uma sociedade com o objetivo de difundir sua obra. Pouco antes de seu falecimento, foi feito movimento no sentido de ser obtida bolsa de estudos do governo brasileiro, cujo verdadeiro objetivo seria permitir ao compositor tratar-se em algum centro suíço especializado em tuberculose, doença que provocou sua morte prematura em 21 de junho de 1914, no Rio de Janeiro.
A Sociedade Glauco Velasquez foi fundada em 17 de janeiro de 1915. Entre os admiradores do compositor brasileiro estava o francês Darius Milhaud, que residia no Rio de Janeiro e conheceu a obra de Velasquez através de Luciano Gallet. Milhaud participou, em 1917, como violinista e pianista, de concertos interpretando a música de câmara de Velasquez. Foi também o responsável por completar e apresentar, em 1918, o Trio no4, para violino, violoncelo e piano. Outra obra de Velasquez que ficou incompleta foi a ópera Soeur Beatrice. Escreveu ainda sonatas para violino e para violoncelo, música para piano e canções.
Crítico e compositor, João Itiberê da Cunha nasceu em Açungui, hoje Cerro Azul, no Estado do Paraná, em 08 de agosto de 1870. Seu pai, João Manoel da Cunha, era músico amador, latinista e diretor de Instrução Pública do Paraná. Com ele, João Itiberê conheceu as primeiras noções de música. Em 1880, quando tinha dez anos de idade, seu irmão Brasílio Itiberê da Cunha, diplomata e compositor, o levou para a Bélgica, onde se tornou aluno do Collége Saint-Michael, o mesmo onde estudava o escritor Maeterlinck. Em seguida foi matriculado no Institut Saint Louis. Diplomou-se em Direito pela Universidade de Bruxelas. Na capital belga escreveu e publicou Prélude, livro de poemas, em 1889.
Teve participação no movimento simbolista belga, graças à sua atuação na revista La Jeune Belgique. Transferiu-se para Paris, onde trabalhou para o Le Figaro. Voltou ao Brasil em 1892, fixando-se em Curitiba, onde lançou a revista O Cenáculo. No ano seguinte, ingressou na carreira diplomática, servindo como secretário na Legação do Paraguai. Não aceitando a transferência para a Legação da Bolívia, em 1898, abandonou definitivamente a diplomacia e entrou para o jornalismo. No Rio de Janeiro, trabalhou inicialmente em A Imprensa, jornal de Rui Barbosa. Foi um dos fundadores do jornal Correio da Manhã, onde assinava seus textos e críticas musicais com as iniciais JIC. Como compositor, deixou algumas poucas obras, especialmente para piano solo e canções.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1953.
Nasceu em Piracicaba/SP. Celso Porta Woltzenlogel estudou na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, na classe do professor Moacyr Liserra. Aperfeiçoou sua formação musical em Paris, onde teve aulas com Alain Marion, Jean-Pierre Rampal e Nadia Boulanger. Em Boston/EUA,foi aluno do New England Conservatory of Music.
Foi flautista das orquestras Sinfônica Nacional da Rádio MEC e Sinfônica Brasileira. Como camerista fundou e atuou nos grupos Ars Barroca, Quinteto Villa-Lobos, Sexteto do Rio, Duo Instrumentalis e Flautistas do Rio. Além de suas atividades no campo da música clássica, participou intensamente de gravações de trilhas sonoras para o cinema e televisão e nos discos de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim, Egberto Gismonti, Francis Hime, Chico Buarque, entre tantos outros.
Como professor, ministrou master class nos mais importantes cursos de férias e festivais do país e do exterior. Foi professor titular de flauta da Escola de Música da UFRJ, sendo o responsável pela formação de diferentes gerações de flautistas brasileiros. Coordenou o Projeto Bandas da Funarte desde sua criação, em 1976, até 1990.
Já se apresentou em Atlanta, Assunção, Baton Rouge (Louisiana), Bariloche, Beijing, Budapest, Buenos Aires, Caracas, Chicago, Copenhague, Estocolmo, Halifax, Hamburgo, Havana, Izmir, La Plata, Le Mans, Los Angeles, Lima, Lund, Madri, Malmo, Marselha, Mendoza, México, Montevidéu, Nice, Orlando, Porto, Quito, Rosário, Santiago do Chile, Slovenia, San José da Costa Rica, São Petersburgo, Tuscaloosa, Valencia e Vilnius.
Publicou vários trabalhos didáticos, destacando-se o Método Ilustrado de Flauta e, mais recentemente, o Flauta Fácil, método prático para principiantes. Foi fundador e presidente da Associação Brasileira de Flautistas (1994/2007). Desde 1999 reside em Paty do Alferes/RJ onde continua produzindo trabalhos didáticos junto à Editora Irmãos Vitale, além de ministrar aulas de flauta para jovens da região sul fluminense e participar como professor do Festival Vale do Café desde sua primeira edição.
Site: http://www.celsowoltzenlogel.net/
Nascido em Curitiba, Para¬ná, em 1918, aos 5 anos já tocava piano em festivais de arte, diplomando-se em piano pelo Conservatório de Salzburgo, Áustria. Após sua passagem como professor de piano, na Escola de Música e Belas Artes do Para¬ná, e de fisiologia da voz, no Con¬servatório de Santos, transfe¬riu-se para o Rio de Janei¬ro, onde atuou como diretor musical das rádios Mayrink Veiga e Mun¬dial. Foi regente de importan¬tes orques¬tras brasi¬leiras, tais como a Orquestra Sinfônica Brasileira, a do Thea¬tro Municipal do Rio de Janeiro e a Or¬questra de Câmara da Rádio Ministério de Educação e Cultura, além de reger e orquestrar repertório diversificado para or¬questras de rádio e tele¬visão. Foi ocupante da cadeira nº 37 da Acade¬mia Brasileira de Músi¬ca. De sua obra orquestral destacam-se ‘Seres¬ta suburbana’, ‘Fantasia, para orquestra’, de 1938, ‘Bailado do trigo’, de 1940 e a sinfonia ‘Um poema para a Lapa’. Alceo Bocchino faleceu em 07 de abril de 2013.
Compositor, professor e pianista, Homero de Sá Barreto nasceu em Cravinhos, São Paulo, em 25 de março de 1884. Teve formação na área de humanidades, em São Paulo. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, matriculou-se no Liceu de Artes e Ofícios e, posteriormente, no Conservatório Livre de Música. Frequentou também o Instituto Nacional de Música, onde teve aulas de piano com Alfredo Bevilacqua e de harmonia com Frederico Nascimento. Abandonou o Instituto devido à debilidade de sua saúde. Foi livre docente da Escola Normal e, em 1917, foi nomeado professor de canto do Instituto Nacional de Música.
Sua obra é pequena. Algumas delas foram adaptadas por Villa-Lobos e adotadas no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Entre elas se destacam a ópera Jati, o poema sinfônico Fiat Lux, a Suíte Antiga, para orquestra, o Trio para violino, violoncelo e piano, Moto Perpétuo, para violino e piano, a Missa Pro Defunctis, as canções Amor!, Desengano e Arabescos, Canção Russa e Lamento Noturno, para piano.
Faleceu aos 40 anos, no Rio de Janeiro, em 02 de dezembro de 1924.
Nasceu em São Paulo, em 21 de março de 1898. Seu irmão, o pianista José Augusto de Souza Lima, foi quem o iniciou, aos quatro anos de idade, nos estudos musicais. Prosseguiu com Luigi Chiaffarelli (piano), Agostino Cantú (harmonia e composição) e Saverio Simoncelli (violoncelo). Com dezesseis anos de idade, já havia feito recitais no Rio de Janeiro e São Paulo, e obtido prêmios de composição. Em 1919, foi o primeiro colocado em concurso para bolsa de estudo no Conservatório de Paris, onde permaneceu entre 1919 e 1930. Estudou piano com Isidor Philipp, Marguerite Long, Egon Petri e Alexander Brailowsky, música de câmara com Camille Chevillard e Paul Paray, história da música com Maurice Emmanuel, harmonia, órgão e composição com Eugène Cools e Eugène Gigout e regência com Camille Chevillar.
Ganhou o primeiro prêmio de piano do Conservatório de Paris em 1922. Em 1926, veio a substituir Marguerite Long no mesmo conservatório. Em 1923, conseguiu a vaga de solista, por concurso, dos concertos Colonne, de Paris. Estudou a obra pianística de Claude Debussy com Madame Debussy e grande parte da obra pianística de Maurice Ravel, com o próprio compositor. Fez turnês pelo Brasil, França, Itália, Alemanha, Turquia, África, Argentina e Uruguai.
Colaborou com o Quarteto de Cordas Léner. Ganhou o primeiro prêmio, em 1937, com seu poema sinfônico O Rei Mameluco, em concurso promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Recebeu menção honrosa com o Poema das Américas em concurso sinfônico organizado por Henry Reichold, nos Estados Unidos, em 1942, no qual participaram 400 compositores das Américas. Foi pianista por dez anos do Trio de São Paulo, do Departamento Municipal de Cultura. Fez conferências sobre música brasileira nos Estados Unidos, entre 1971 e 1972, a convite da Universidade de Michigan, e dirigiu a orquestra desse centro. Fundou e dirigiu a Orquestra de Câmara da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi fundador e diretor artístico da Rádio Tupi de São Paulo e teve participações na Rádio Gazeta, de São Paulo, como solista de piano e regente. Foi diretor e fundador da Instrução Artística do Brasil. Dirigiu cursos de virtuosidade nos conservatórios Carlos Gomes, de São Paulo e Santa Cecília, de Santos. Foi professor da Academia Paulista de Música. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e diretor artístico da editora musical Irmãos Vitale.
Como compositor, além das acima citadas, se destacam as seguintes obras: ópera Andrea Del Sarto (1957), os bailados Lendas Brasileiras (1941) e Brasil Moderno (1960), o Poema de São Paulo, para orquestra, o Concerto em lá menor para piano e orquestra, Intermezzo, para violino, violoncelo e piano (1918), Quarteto de cordas, Berceuse e Sonata em mi menor para violino e piano, Canção Infantil (1918), Tocatina (1940), Valsa Brasileira (1942), Noturno (1968) para piano, o Hino da Revolução de 1932 e as duas séries de Cantos Infantis Brasileiros, para coro (1973). Escreveu ainda a obra didática O Futuro pianista e revisou inúmeras obras para piano publicadas pelas editoras Vitale e Ricordi.
Em 1982 publicou, pela IBRASA de São Paulo, sua autobiografia, intitulada Moto Perpétuo, a visão poética da vida através da música.
Faleceu pouco tempo depois, em São Paulo, em 28 de novembro de 1982.
Nasceu em 07 de março de 1943, em São Luís do Maranhão. Em 1946 radicou-se no Rio de Janeiro. Iniciou o estudo do violão por influência do pai, também violonista. Estudou com Antônio Rebello e Jodacil Damasceno. A partir de 1959 passou a estudar com o professor uruguaio Oscar Cáceres. Em 1961 conheceu Arminda Villa-Lobos, esposa do compositor, que o convidou a gravar a primeira integral dos Estudos para violão e participar da primeira audição mundial do Sexteto Místico. Em 1963 apresentou a primeira audição da série completa dos Estudos para violão, durante o Festival Villa-Lobos.
Em 1965, venceu o VII Concours International de Guitare da ORTF e se radicou na França, iniciando sua carreira internacional. Na Europa estudou com Julian Bream e Andrés Segóvia e gravou seus primeiros discos para os selos RCA, Musidisc Europe e Erato. Entre os concertos de maior destaque de sua carreira internacional figuram parcerias com artistas como M. Rostropovitch, Yehudi Menuhin e Victoria de Los Angeles, assim como atuações como solista diante das orquestras Royal Philharmonic Orchestra, English Chamber Orchestra, Orchestre National de France, Orchestre J. F. Paillard, Orchestre National de L'Opéra de Monte-Carlo, Concerts Pasdeloup e Concerts Colonne.
Para a Editora Max Eschig criou uma coleção de obras para violão onde figuram compositores como Cláudio Santoro, Edino Krieger, Ricardo Tacuchian, Francisco Mignone, Almeida Prado, Radamés Gnattali e Nicanor Teixeira. Para a Ricordi de São Paulo organizou uma coletânea com obras de João Pernambuco, Garoto (Anibal Sardinha) e Dilermando Reis.
Em 1974 fixou residência novamente no Rio de Janeiro mantendo a carreira internacional até 1980, quando decidiu suspender as grandes turnês. Foi diretor da Sala Cecília Meireles em 1980. No mesmo ano recebeu o título de Notório Saber da Universidade Federal do Rio de Janeiro e criou o curso de violão da Escola de Música da UFRJ. No ano seguinte tornou-se também professor da UNIRIO. Como fruto das atividades didáticas nas duas universidades criou em 1982 a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro. Vários compositores escrevem para a orquestra (ou transcrevem originais) como Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Edino Krieger e Roberto Gnattali.
Em 1986 assumiu a direção do Museu Villa-Lobos, permanecendo no cargo até 2010. À frente da instituição liderou as comemorações pelo centenário do compositor em 1987, conseguiu a sede definitiva e digitalizou todo o acervo. Em 1987 fundou a Associação de Amigos do Museu Villa-Lobos/AAMVL.
Em sua carreira artística continuou gravando para selos como Vison, Ritornello, Sony, Kuarup e Rob Digital. Suas antigas gravações para a Erato foram relançadas pela Warner (WEA). Em 2002 lançou seu livro Mentiras…ou não?, pela Editora Zahar.
Turibio Santos foi condecorado como Chevalier de la Legion D'Honneur pelo Governo Francês, em 1985, e pelo Governo Brasileiro como Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul, em 1989. Foi presidente da Academia Brasileira de Música entre 2010 e 2013.
Portal: www.turibio.com.br
Compositor, professor, pianista, regente e folclorista, nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1893. Durante sua formação escolar, no Colégio Pedro II, participou de várias atividades como cantor, pianista e ator. Formou-se em arquitetura. Atuou como pianista em cafés e cinemas. Em 1913 começou a atuar como acompanhador e, por incentivo de Glauco Velasquez, apresentou-se a Henrique Oswald. No ano seguinte fez sua matrícula no Instituto Nacional de Música, onde teve aulas com Henrique Oswald e Agnelo França. Neste mesmo ano veio a fundar a Sociedade Glauco Velasquez, para a difusão da obra do compositor prematuramente falecido. Terminou seu curso de piano em 1916, iniciando logo sua carreira no magistério. No ano seguinte, estudou com Darius Milhaud, então residente no Rio de Janeiro, que o colocou em contato com a música moderna francesa.
A partir de 1918 iniciou sua carreira de compositor. Em 1924 lançou os dois primeiros cadernos das Canções Populares Brasileiras, e fundou a sociedade coral Pró-Arte. Mais três cadernos completariam, em 1926, as Canções Populares Brasileiras. Nesse mesmo ano tornou-se o diretor da revista musical Weco. Em 1930, descontente com os rumos da música brasileira, acionou campanha que culminou com a fundação da Associação Brasileira de Música.
Tornou-se diretor do Instituto Nacional de Música em 1930, nomeado por Getúlio Vargas. Empreendeu uma grande reforma curricular com a colaboração de Mário de Andrade e Antônio de Sá Pereira. A reforma imposta, sem a participação do corpo docente do INM, gerou conflitos que culminaram com sua renúncia em 1931.
Escreveu duas monografias, O Índio na música brasileira e O Negro na música brasileira (1928), e outros trabalhos de pesquisa sobre cantigas e danças brasileiras. Os escritos foram reunidos postumamente por Mário de Andrade e publicados sob o título de Estudos de Folclore (1934).
De sua obra se destacam: Elegia e Romances nos1 e 2, para violino e piano (1918), a Suíte Turuna, para violino, viola, clarineta e percussão (1926), a Suíte Nhô-Chico, para piano (1927), a Suíte sobre temas afro-brasileiros, para sopros e piano (1928) e a Suíte Popular, para orquestra (1929).
Faleceu precocemente no Rio de Janeiro, em 29 de outubro de 1931.
Médico sanitarista e músico amador, Rodolpho Josetti nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 17 de setembro de 1888 e faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de março de 1946. Violinista e musicólogo teve sua iniciação musical em colégio religioso de Novo Hamburgo. Mais tarde, fez aperfeiçoamento com diversos mestres na Alemanha. Ao retornar ao Brasil, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1912. Fez curso de aperfeiçoamento no Instituto Oswaldo Cruz. Era membro do American College of Surgeons de Chicago/EUA, eleito em 1920, e publicou inúmeros trabalhos sobre medicina.
Fundou em 1934 a Sociedade de Cultura Artística do Rio de Janeiro, da qual ocupou a presidência. Através da Cultura Artística promoveu inúmeros concertos com artistas nacionais e internacionais como Pablo Casals, Fritz Kreisler, Andrés Segovia, Antonieta Rudge, Quarteto Guarnieri, entre muitos outros. Da Sociedade Pro-Arte foi responsável pela seção brasileira da Revista Intercâmbio. Foi violinista do quarteto do Clube da Música de Câmara. Pronunciou várias conferências radiofônicas, na Casa d’Itália e na Escola Nacional de Música. Participou, com Andrade Muricy, da comissão nomeada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1939, para organizar o Conselho Administrativo do Theatro Municipal. Pelas rádios Difusora e Jornal do Brasil apresentou a série Música e Saúde, vinculada ao Serviço de Propaganda Sanitária e também uma série de 22 conferências sobre as sinfonias de Beethoven. Recebeu do governo italiano a comenda Coroa d’Itália em 1941. Sua obra musicológica aborda compositores universais e é voltada para o público leigo. Publicou: Schubert, ensaio crítico e biográfico; Goethe, prefácio à guisa de ensaio; Luigi Boccherini (1941) e Beethoven e suas nove sinfonias (1945).
Nasceu em São Paulo, em 02 de março de 1952. Iniciou o estudo do piano aos nove anos com o maestro Souza Lima. Aos 12 anos estreou como solista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Estudou harmonia, contraponto e composição com Artur Hartmann. Em 1967 seguiu para a França com bolsa do governo Frances para estudar no Conservatório de Paris, onde foi aluno de composição de Olivier Messiaen e de piano de Lucette Descaves. Do governo da Alemanha, através do DAAD, ganhou bolsa em 1969 para estudar na Escola Superior de Música de Freiburg com Carl Seemann e Konrad Lechner. Seguiu para Londres com apoio do Conselho Britânico em 1974, onde foi orientado por Louis Kentner. Retornou ao Brasil em 1977. Suas realizações fonográficas, como compositor e/ou como intérprete contam com mais de 70 títulos, apresentando um vasto repertório, com ênfase especial para Liszt, e suas próprias composições. Estão distribuídos no Brasil, Europa, Japão e Estados Unidos.
Recebeu inúmeros prêmios como pianista e compositor, assim como distinções e honrarias em reconhecimento ao seu trabalho artístico no Brasil, França, Alemanha, Inglaterra, Hungria e Japão. Da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA já recebeu diversas vezes o prêmio de melhor obra do ano.
Ocupou a presidência da Sociedade Brasileira de Musicologia no triênio 1993/1995, e em 1998 tomou posse na presidência da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, International Society for Contemporary Music, Brazilian Section, para um mandato de quatro anos.
É responsável pelo programa de música sacra Laudate Dominum, da Cultura FM de São Paulo.
Suas turnês de concertos incluíram, afora o Brasil, quase todos os países da Europa, China, Japão, Taiwan e Oriente Médio. A convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil realizou uma extensa viagem de concertos por oito países da América Latina, apresentando-se na Colômbia, Equador, Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia. No Japão já realizou mais de 250 concertos em cerca de 200 cidades em turnês regulares desde 1994.
Assumiu a presidência da Fundação Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 2001, cargo que ocupou por oito anos.
Seu extenso catálogo de obras abrange mais de 500 composições em diferentes gêneros, desde piano solo e música de câmara até peças corais sinfônicas, com especial ênfase na música sacra. Algumas de suas obra são publicadas pela Ponteio Publishing de Nova York e pela LittleStar do Japão.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em 2000.
Site: http://www.amaralvieira.com/
Historiador e folclorista, nasceu em Itapetininga, São Paulo, a 25 de abril de 1915. Iniciou seus estudos de piano e de teoria musical com seu pai, Mozart Tavares de Lima. Diplomou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Fundou e dirigiu a revista Folclore, participando também da criação do Centro de Pesquisas Folclóricas Mario de Andrade. Ocupou o cargo de professor de história da música e de folclore nacional no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Foi colaborador dos seguintes jornais: "Jornal da Manhã", "Correio Paulistano", "Folha da Manhã", "Roteiro", "Planalto", "A Noite", "Hoje e das revistas Ilustração", "Hoje e Leitura". Foi fundador da Academia Paulista de Música, redator de arte do jornal "A Gazeta", comentarista musical da "Rádio Gazeta". Foi fiscal de ensino musical do Serviço de Fiscalização Artística da Secretaria de Governo, membro da comissão de ensino da Fundação Armando Alvares Penteado e membro do Conselho Nacional de Folclore. Escreveu "Manifestações folclóricas em São Paulo", para o livro de Ernâni Silva Bruno: São Paulo, e "Terra e povo", editado em Porto Alegre em 1967,"Notas sobre pesquisas do folclore musical", São Paulo, 1945, "Folclore nacional", São Paulo, 1946, "Ai, eu entrei na roda, 50 rodas infantis, São Paulo, 1947, "Poesias e adivinhas", São Paulo, 1947, "ABC de folclore", São Paulo, 1952, "Da conceituação do lundu", São Paulo, 1953, "Melodia e ritmo no folclore de São Paulo", São Paulo, 1954, "Folguedos populares de São Paulo", São Paulo, 1954, "O Folclore na obra de escritores paulistas", São Paulo, 1962, "O Folclore do litoral norte de São Paulo", Rio de Janeiro, 1968 e "Folclore das festas cíclicas", São Paulo, 1971.
Soprano e folclorista, foi musicista de raros méritos. Estudou no Instituto Nacional de Música da Universidade do Brasil, onde formou-se com Medalha de Ouro em Piano. Durante toda sua vida, usou o piano sobretudo como colaboradora de cameristas, particularmente de cantores, granjeando fama de parceira musical de qualidades excepcionais. Estudou canto com Murillo de Carvalho, com ele aprendendo a usar com perfeição a pequena voz de que dispunha. Se não foi cantora famosa por ter timbre ímpar ou volume poderoso, fez nome por saber dizer as canções que cantava. O grande crítico Andrade Muricy dela dizia: "um recital de Maria Sylvia é uma festa de inteligência. É uma intérprete". Suas qualidades fizeram com que grande quantidade de compositores tenham dedicado a ela muitas canções de câmara, que ela cantou em estreia mundial, muitas vezes acompanhada dos autores.
Maria Sylvia Pinto foi professora requisitada. Lecionou canto por muitos anos no Instituto Villa-Lobos da UNI-RIO, além de ter dado aulas particulares para cantores já atuantes que buscavam orientação quanto à interpretação da canção de câmara e, muito particularmente, da música brasileira. Ela foi também professora de folclore brasileiro da mesma universidade. Os arquivos da Rádio MEC guardam muitas gravações de programas nos quais Maria Sylvia cantou. Ela deixou também o livro "A canção brasileira", editado por ela em 1985. Foi sucessora de Rossini Tavares de Lima na cadeira nº 39 da Academia Brasileira de Música, para a qual tinha sido eleita inicialmente no quadro especial de membros intérpretes.
Nasceu em São Paulo, em 09 de outubro de 1893. Fez estudos secundários no Ginásio do Carmo. Em 1911, matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, nos cursos de piano e canto, formando-se em piano em 1917, ano em que publicou os primeiros ensaios de crítica de arte, em jornais e revistas e seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema. Em 1922, tornou-se professor de história da música e de estética musical do Conservatório. Dois anos depois, assumiu a cátedra de história da música e de piano. Em 1922 publicou Paulicéia desvairada e organizou, no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, evento cultural que marcou o início do modernismo no Brasil e que apresentou novas ideias e conceitos para a arte brasileira.
O ano de 1928 viu nascer suas duas obras mais importantes, o romance Macunaíma e o Ensaio sobre a música brasileira, que fixou as bases do nacionalismo musical brasileiro e tornou-se a principal referência teórica para várias gerações de compositores. Publicou um ano depois o Compêndio de história da música (1929), reescrito posteriormente com o nome de Pequena história da música (1942), e a seguir Modinhas imperiais (1930). Em Música, doce música (1933), reuniu escritos, conferências e textos de crítica musical. A partir de 1934 tornou-se colaborador da Revista Brasileira de Música, publicada pelo Instituto Nacional de Música/INM, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No INM já havia colaborado com a reforma curricular de 1931, em parceria com Luciano Gallet e Antônio de Sá Pereira.
Assumiu a direção do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1935, tendo sido o criador no mesmo ano da Discoteca Pública Municipal e do Quarteto Haydn, atual Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. No ano seguinte criou o Coral Paulistano. Do mesmo período são outras iniciativas importantíssimas, como a fundação da Sociedade de Etnografia e Folclore (1936), a organização do I Congresso da Língua Nacional Cantada (1937) e da Missão de Pesquisas Folclóricas (1938), que realizou um levantamento etnográfico de manifestações folclóricas do Norte e Nordeste do Brasil.
Em 1936 redigiu para o Ministério da Educação, por solicitação de Gustavo Capanema, o documento que estabeleceu as bases para a organização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/SPHAN, fundado em 1937.
Desligou-se do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938 e se estabeleceu no Rio de Janeiro, assumindo a direção do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, onde também lecionava filosofia e história da arte.
Em 1941 publicou Música do Brasil e em 1944 foi homenageado pela Revista Brasileira de Música, com a publicação de uma separata do volume IX, por ocasião de seu cinquentenário de nascimento. Mário de Andrade faleceu em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1945.
Inúmeros trabalhos e escritos seus foram incorporados às suas Obras completas, iniciada em 1944, compreendendo 20 volumes. Entre eles se destacam Aspectos da Música Brasileira (vol. XI), Música de Feitiçaria no Brasil (vol. XIII) e Danças Dramáticas do Brasil (vol. XVIII). Textos inéditos foram publicados ao longo dos anos como o Dicionário Musical Brasileiro (1989) e Introdução à Estética Musical (1995).
O musicólogo Renato Almeida nasceu em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, em 06 de dezembro de 1895. Após a conclusão do curso de humanidades, partiu para o Rio de Janeiro, onde mais tarde ingressou na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelando-se em direito em 1915. O direito e o jornalismo foram suas atividades profissionais, atuando nos periódicos Monitor Mercantil e na América Brasileira, como redator-chefe. Assumiu a direção do Licée Français do Rio de Janeiro, em 1926, época de seu ingresso no Ministério das Relações Exteriores, onde chefiou o Serviço de Informações e, posteriormente, o Serviço de Documentação do Itamaraty.
Em 1947, no âmbito do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura/IBECC do Ministério das Relações Exteriores, fundou a Comissão Nacional de Folclore, sediada no Palácio do Itamaraty e vinculada à UNESCO. Entre 1947 e 1952, promoveu em vários estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Alagoas, a Semana do Folclore. Foi também o promotor do I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, tendo presidido também, três anos depois, o II Congresso Brasileiro de Folclore, em Curitiba. Também organizou e presidiu, em 1954, o Congresso Internacional do Folclore, por ocasião do IV Centenário da Cidade de São Paulo. De sua obra musicológica destaque-se: História da música brasileira (1926 e 1942); Compêndio de história da música brasileira (1948); Inteligência do folclore (1957); O Folclore na poesia e na simbólica do direito (1960), Tablado folclórico (1961), O IBECC e os estudos de folclore no Brasil (1964), Manual de coleta folclórica (1965); Música e dança folclóricas (1968); Danses africaines en Amérique Latine (1969) e Vivência e projeção do folclore (1971).
Publicou artigos na Revista Brasileira de Folclore, como O Folclore negro no Brasil (1968).
Foi membro-fundador efetivo do Conselho Superior de Música Popular Brasileira do Museu da Imagem e do Som/MIS, a partir de 1966.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1981.
Mestre (1985) e Doutora (1989) em Artes, é Livre-Docente (2004) e Professora Titular (2009) da Universidade de São Paulo. Pesquisadora no Instituto de Estudos Brasileiros, onde foi Presidente e Coordenadora do Programa Culturas e Identidades Brasileiras entre 2010 e 2014. Orienta também na pós-graduação em Musicologia do Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicações e Artes (USP). Antes de seu ingresso na Universidade, como pesquisadora do Centro Cultural São Paulo, processou e descreveu todo o acervo constituído pela Missão de Pesquisas Folclóricas trabalhando, a partir da década de 1990, pelo restauro e preservação da Coleção.
Na Musicologia tem trabalhado com ênfase nos assuntos da primeira metade do século XX atuando principalmente nos seguintes temas: a literatura musical de Mário de Andrade, Modernismo e Música, Camargo Guarnieri: vida e obra, Etnomusicologia, Metodologia da Pesquisa em Música.
Vasco Mariz (Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1921 - Rio de Janeiro, 16 de junho de 2017) foi um historiador, musicólogo, escritor e diplomata brasileiro. Estudou música no Conservatório Brasileiro de Música e formou-se em direito pela Universidade do Brasil, em 1943. Diplomata de carreira desde 1945, serviu o Itamaraty por 42 anos, aposentando-se como embaixador do Brasil em Berlim. Como diplomata, trabalhou em Portugal, Iugoslávia, Argentina, Itália e Estados Unidos. Foi representante do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos e embaixador do Brasil no Equador, Israel e Chipre, cumulativamente, Peru e Alemanha Oriental. Representou o Brasil em numerosas conferências internacionais da ONU, OEA, UNESCO e FAO. No Itamaraty, chefiou as Divisões de Política Comercial, de Organismos Internacionais, de Difusão Cultural e da Europa Ocidental. Foi depois chefe do Departamento Cultural e de Informações, assessor especial para relações com o Congresso Nacional e secretário de assuntos legislativos.
Como musicólogo, foi secretário da Comissão Nacional de Música da UNESCO, presidente do Conselho Inter-americano de Música da OEA e vice-presidente do IBECC, órgão da UNESCO no Brasil. Depois de aposentado, foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura do MinC, onde presidiu a Câmara de Artes, de 1987-1989. Foi colaborador regular do suplemento Cultura de "O Estado de São Paulo" e do "Jornal do Brasil". Foi membro do júri e presidiu diversos concursos nacionais e internacionais de música. Tem proferido numerosas palestras em diversas instituições culturais em vários estados do Brasil. Foi condecorado por diversos governos estrangeiros e recebeu várias medalhas brasileiras. É membro do conselho técnico da Confederação Nacional do Comércio, da Academia Brasileira de Música, que presidiu de 1991 a 1993, do PEN Clube do Brasil, dos Institutos Histórico e Geográfico Brasileiro e de São Paulo e da Academia Brasileira de Arte, da Real Academia de História da Espanha, das Academias de História de Portugal e Argentina. Vinte e seis dicionários e enciclopédias brasileiros e internacionais trazem verbetes a ele dedicados.
Em 1983, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe o prêmio José Veríssimo pelo melhor estudo histórico do ano. Em 1993, a prestigiosa revista norte-americana “Inter-American Music Review”, de Los Angeles, publicou um Tribute to Vasco Mariz, comentando a sua obra como musicólogo. Em 1996, sócio benemérito do PEN Clube do Brasil; em 2000, a Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA concedeu-lhe o grande prêmio da crítica musical pelo conjunto de sua obra musicológica e pela divulgação da música clássica brasileira no Brasil e no exterior. Em 2007, a Academia Paulista de História deu-lhe o prêmio Clio; em 2009 a APCA voltou a conceder-lhe o prêmio personalidade musical de 2008. É sucessor de Renato de Almeida na cadeira nº 40 da Academia Brasileira de Música.
De sua obra musicológica, destaque-se: "Figuras da música brasileira contemporânea", 2ª ed., Editora Universidade de Brasília, 1970; "A Canção Popular Brasileira e A Canção Brasileira de Câmara", 6ª ed., Editora Francisco Alves, RJ, 2002; "Dicionário biográfico musical", 3ª ed., Editora Vila Rica, 1991; "Heitor Villa-Lobos, compositor brasileiro" 12ª ed., Editora Francisco Alves, 2006, além de duas edições nos EUA, uma na União Soviética, uma na França, uma na Itália e uma na Colômbia; "Vida musical", 1ª série, Editora Lello e Irmãos, 1950; 2ª série, MEC, 1970; 3ª série, BCD Editores, 1997; "Alberto Ginastera", Centro de Estudios Brasileños, 1954; "História da música no Brasil", 7ª ed., Editora Nova Fronteira, 2009; "Três musicólogos brasileiros, ensaios sobre Mário de Andrade, Renato Almeida e Luiz Heitor", Civilização Brasileira, 1985; "Claudio Santoro", Civilização Brasileira, 1984; "Villegagnon e a França Antártica", Nova Fronteira, 2000 - 2ª ed., 2005; "La Ravardière e a França Equinocial", Topbooks, 2007; "Temas da polícia internacional", Topbooks, 2008; "Cartas de Villegagnon", Editora Batel, 2009 e “Ensaios Históricos” Francisco Alves, 2004.
Foi o organizador das seguintes obras: "Música brasileña contemporánea", Editora Apis, Rosário, Argentina, 1952; "Quem é quem nas artes e letras do Brasil", MRE, 1967; "Ribeiro Couto", Centro de Estudios Brasileños de Lima, 1985; "Ribeiro Couto, 30 anos de saudade", Univ. Santa Cecília dos Bandeirantes, 1994; "Antônio Houaiss, uma vida", Civilização Brasileira, 1995; "Francisco Mignone:o homem e a obra", FUNARTE, 1997; "O centenário de Rui Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras, 1998; "Maricota Baianinha e outras mulheres", ABL, 2002, "A Antologia de Contos de Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras; "Brasil / França: as relações históricas no período colonial", Editora da Biblioteca do Exército, 2006.
Como lexicógrafo, além de seu "Dicionário Biográfico Musical", Vasco Mariz contribuiu com numerosos verbetes nos seguintes dicionários e enciclopédias nacionais e estrangeiras: "Diccionario Enciclopédico de la Musica", Barcelona, 1946; "Brockhaus Riemann Musik Lexikon", Mainz, Alemanha, 1979; "New Grove Dictionary of Musicians", Nova York, 7ª edição, 1984; "Koogan / Houaiss Enciclopédia e Dicionário Ilustrado", Rio de Janeiro, 2000; "Enciclopedia ENCARTA", Madri, 2001 (CD-Rom); "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", Rio de Janeiro, 2001; "Mini-Dicionário da Língua Portuguesa Caldas Aulet", Rio de Janeiro, 2004 e "Diccionario Biográfico Español", da Real Academia de la História, Madrid, edição de 2007. Sua biografia de Villa-Lobos foi adaptada para um CD-Rom pela LN Comunicações e Informática, Rio de Janeiro, 1998.
Fundada em 14 de julho de 1945, por Heitor Villa-Lobos, como instituição cultural sem fins lucrativos, tem como objetivo principal a divulgação da música clássica brasileira
Nasceu no Rio de Janeiro em 05 de março de 1887. Iniciou sua formação musical com o pai, Raul Villa-Lobos, dedicando-se ao violoncelo e ao violão. O estudo do piano com uma tia o fez conhecer a obra de J. S. Bach, que se tornaria uma importante referência musical, especialmente os prelúdios e fugas de O cravo bem temperado. Ingressou no curso noturno do Instituto Nacional de Música, onde estudou violoncelo com Max Breno Niederberger e harmonia com Frederico Nascimento, estudando os compêndios de Durand, Dubois e D’Indy. Ganhava a vida como músico tocando violoncelo em orquestras, cafés e cinemas. Com o violão conheceu e travou contato com alguns dos mais importantes músicos populares do Rio de Janeiro, os “chorões”, como eram conhecidos. Sedimentou suas referências musicais nas primeiras décadas do século XX, portanto, com a música popular urbana do Rio de Janeiro, com o folclore musical brasileiro, com o impressionismo francês e a música de J. S. Bach. As obras produzidas no período transitam entre a linguagem universal de sonoridade francesa de sua música de câmara (trios e peças para violino e violoncelo e piano) e a temática nacional expressa em obras sinfônicas de grande envergadura como Uirapuru e Amazonas, onde já demonstra a força de sua criatividade. Um segundo momento se situa na década de 1920, logo após sua participação na Semana de Arte Moderna. É o período de suas obras mais arrojadas e vanguardistas como o Nonetto e a grande série dos Choros. É também o período em que se faz conhecer internacionalmente, quando realiza suas viagens a Paris. O terceiro momento se inicia na década de 1930, quando Villa-Lobos abraça a causa da educação musical e desenvolve o projeto do Canto Orfeônico, juntando multidões em estádios de futebol com o apoio do governo de Getúlio Vargas. No mesmo período escreve outra série importante, a das nove Bachianas Brasileiras, onde concilia a música de Bach com as características da música brasileira. Finalmente, seu último momento, a partir de 1945, adota um perfil neoclássico e aborda com mais desenvoltura as formas tradicionais. É o período no qual escreve a maioria de seus concertos, sinfonias e quartetos de cordas, recebe encomendas vindas de todo o mundo e amplia sua inserção internacional para os EUA, regendo as grandes orquestras norte-americanas e criando obras inclusive para filmes e musicais. Em seu catálogo, editado pelo Museu Villa-Lobos, constam mais de 700 títulos, incluindo música para instrumentos solo, com destaque para o violão e o piano, música de câmara para diferentes formações, canções, música coral (sacra e profana), concertos, obras sinfônicas, óperas e balés. Villa-Lobos fundou a Academia Brasileira de Música em 1945, tendo por modelo a Academia Brasileira de Letras e a Academia Francesa. Deixou, em testamento, seus direitos autorais para a ABM, da qual foi o presidente até a sua morte. O compositor faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 1959. Atualmente, por disposição estatutária, Villa-Lobos recebeu o título de Grande Benemérito da ABM.
José de Anchieta nasceu nas Ilhas Canárias, em 1534. O jovem missionário da Companhia de Jesus, com 19 anos de idade, ao chegar ao Brasil, dedicou-se à catequese, usando, como recurso pedagógico, o teatro e a música. Pode ser apontado como o precursor da educação musical e do teatro, no Brasil. Por esta razão, Villa-Lobos escolheu seu nome como o patrono da cadeira nº1 da Academia Brasileira de Música.
Nasceu em Recife, Pernambuco, em 18 de fevereiro de 1939. Estudou piano e teoria musical no Conservatório Pernambucano de Música, entre 1948 e 1959, harmonia e contraponto com o Pe. Jaime Diniz, de 1956 a 1959 e composição com H. J. Koellreutter e Camargo Guarnieri, entre 1960 e 1962. Nos dois anos seguintes, com uma bolsa da Fundação Rockefeller, realizou estudos avançados de composição no Centro Latino-americano de Altos Estúdios Musicales do Instituto Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, com Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Riccardo Malipiero, Aaron Copland e Luigi Dallapiccola. Estudou ainda com Alexandre Goehr e Günther Schüller, no Berkshire Music Center, em Tanglewood, EUA, em 1969, onde trabalhou com Leonard Bernstein. No mesmo ano estudou no Centro de Música Eletrônica de Columbia-Princeton, em New York, com Wladimir Ussachevsky.
Adhemar Nóbrega nasceu em Patos, Paraíba, em 1917. Ainda criança se transferiu para João Pessoa. No Lyceu Paraibano estudou música com Gazzi de Sá, substituindo o professor na cadeira de canto orfeônico quanto este se transferiu para o Rio de Janeiro. Trabalhou no jornal A União, como repórter, articulista e crítico de cinema. Veio para o Rio de Janeiro, onde se diplomou, em 1944, pelo então Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (CNCO), dirigido por Heitor Villa-Lobos.
Nasceu em 06 de setembro de 1896, em Itajubá, Minas Gerais. Seu pai, Miguel Archanjo de Souza Vianna, era pianista e cantor amador. Seus tios Luiz e José Ramos de Lima foram músicos e compositores. Fructuoso de Lima Vianna iniciou os estudos de piano na sua cidade natal com a professora Antonina Chambelin Bourret. Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou aluno da professora Alzira Manso. Interrompeu os estudos em 1915 para realizar uma longa turnê de concertos por Minas Gerais e São Paulo. Em 1917 foi readmitido no Instituto Nacional de Música quando se tornou aluno de Henrique Oswald. Concluiu o curso em 1919. No mesmo ano conheceu Villa-Lobos e tornou-se um de seus principais intérpretes. Formou com o violinista Mário Ronchini e o violoncelista Newton Pádua o Trio Brasileiro. Foi como integrante do trio que participou da famosa audição privada organizada por Villa-Lobos para o pianista Arthur Rubinstein, em 1921, no Palace Hotel, quando o grande virtuose pela primeira vez ouviu a obra do compositor carioca, da qual passaria a ser um dos defensores.
Nasceu no Recife, em 1719. Pouco se sabia a seu respeito e sua música era praticamente desconhecida. Já em 07 de março de 1854, mereceu uma notícia biográfica no Diário de Pernambuco, escrita por Joaquim Mello. O Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres, de Pereira da Costa, publicado no Recife em 1882, também se refere ao músico pernambucano. Mas foi o musicólogo Pe. Jaime Diniz, da Academia Brasileira de Música, quem divulgou o nome de Luiz Álvares Pinto, através de seus estudos e pesquisas, especialmente no primeiro volume do livro Músicos Pernambucanos do Passado, de 1969. Diniz também promoveu a edição, execução e gravação das poucas obras do compositor que chegaram até nossos dias, especialmente o Te Deum laudamus, localizada em 1967 pelo musicólogo, em um arquivo particular. A primeira execução moderna do Te Deum laudamus se deu em 1968, no IV Festival de Música de Curitiba, sob a direção do Pe. Jaime Diniz.
É natural de Araras, São Paulo (1966). Doutora (Ph.D.) em Musicologia e Etnomusicologia pela Universidade do Texas-Austin, EUA, sob a orientação de Gerard Béhague (1995-2001), com a tese Indianismo and Landscape in the Brazilian Age of Progress: Art Music from Carlos Gomes to Villa-Lobos, 1870s-1930s, publicada pela UMI-Research Press (2001). Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista-UNESP, sob a orientação de Régis Duprat (1991-1994), com a dissertação Música de Câmara do Período Romântico Brasileiro, 1850-1930. Bacharel em piano pela UNESP, sob a tutoria de Beatriz Balzi (1987). Foi editora assistente da Latin American Music Review (1999-2000), publicada pela University of Texas Press.
Boi-Bumbá, Cobra grande, Matintaperera, Rolinha, Senhora Dona Sancha, Tambatajá são algumas das mais executadas canções do repertório vocal brasileiro de todos os tempos.
Autor de mais de 120 canções, Waldemar Henrique nasceu em Belém, do Pará, em 1905. Passou boa parte de sua infância no Porto, Portugal, retornando, com 13 anos de idade, à sua cidade natal onde iniciou os estudos musicais. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1933, estudando com Barroso Neto, Newton Pádua, Arthur Bosmans e Lorenzo Fernândez, entre outros. Foi diretor musical da Rádio Roquette Pinto e realizou várias excursões artísticas, como pianista e acompanhador, dentro e fora do país. De volta a Belém, foi diretor do Teatro da Paz. Faleceu nesta cidade, em 1995. A música de Waldemar Henrique, em sua maior parte, com forte expressão dos ritmos e lendas amazônicas, continua sendo divulgada largamente tanto por cantores clássicos como populares.
“A Música e o Tempo no Grão-Pará”,de Vicente Salles (Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1980) foi a grande contribuição que o pesquisador, antropólogo e folclorista deu à musicologia brasileira. Nesta obra, afirma: "Belém foi sede de poder político, econômico, militar e religioso. Não nos surpreende a existência de uma arquitetura monumental; consequentemente, não nos deve surpreender a música que aqui se implantou e se praticou" (p. 19). Nascido em Igarapé-Açu, Pará, em 1931, Vicente Salles logo exerceu o jornalismo no “O Estado do Pará” e iniciou suas pesquisas de folclore.
No Rio de Janeiro, diplomou-se na Universidade do Brasil, hoje UFRJ, em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia. Na Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, organizou a Biblioteca Amadeu Amaral e o Serviço de Documentação, planejou a edição de livros e folhetos sobre folclore, foi redator-chefe da "Revista Brasileira de Folclore" e lançou vários discos da série “Documentário Sonoro do Folclore Brasileiro”. No Rio, lecionou folclore no Instituto Villa-Lobos. Transferindo-se para Brasília, foi secretário da câmara de artes do Conselho Federal de Cultura. Por fim, em 1985, transferiu-se para o SPHAN/Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Pró-Memória.
Foi curador do acervo de manuscritos e outros documentos musicais da biblioteca da Universidade Federal do Pará. Membro de várias sociedades culturais e artísticas foi considerado um dos grandes especialistas sobre a cultura musical da Amazônia. Salles realizou várias pesquisas sobre Antônio Carlos Gomes, especialmente no curto período em que o maestro brasileiro viveu em Belém. Além da obra referida anteriormente, publicou inúmeros livros, dentre os quais se destacam “A Música em Belém no século XIX”, 1961, “Música e músicos do Pará”,1970, “Meneleu Campos”, 1972, “Santarém: uma oferenda musical”, 1981 e “Paulino Chaves, centenário do pianista e compositor”, 1983. Vicente Salles foi autor de verbetes e de textos de inúmeras obras, fez parte do conselho consultivo da “Revista Brasiliana” e da comissão editorial do projeto Bibliografia Musical Brasileira, ambos da Academia Brasileira de Música. Faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de março de 2013.
Pianista e compositor nasceu em Porto Alegre (RS), em 27 de janeiro de 1906. Iniciou os estudos de piano com a mãe, Adélia Fossati Gnattali, prosseguindo com Guilherme Fontainha no Conservatório de Música de Porto Alegre. Ao mesmo tempo praticou o violão e o cavaquinho tocando em grupos de música popular, bailes, cafés e cinemas. Com a pretensão de se tornar concertista se transferiu para o Rio de Janeiro em 1931. Na capital deu um recital no Instituto Nacional de Música (INM) com repertório de grande dificuldade, onde incluiu a Sonata em si m, de Liszt. Após uma tentativa frustrada de ingressar no corpo docente do INM buscou nos cafés e cinemas mudos da cidade sua fonte de renda. Mas foi no rádio que se estabeleceu profissionalmente.
O pai de Domingos Caldas Barbosa, o português Antônio Caldas Barbosa, era funcionário da corte portuguesa na colônia de Angola, na África. Foi transferido para o Rio de Janeiro e trouxe consigo sua escrava, Antônia de Jesus. Grávida, ela deu à luz logo após desembarcar. O poeta e violeiro Domingos Caldas Barbosa nasceu no Rio de Janeiro, provavelmente em 04 de agosto de 1740, dia de São Domingos. Aos 12 anos foi matriculado no Colégio dos Jesuítas, revelando desde cedo seus dotes artísticos. Compunha, cantava modinhas e fazia versos satíricos. Ficou famoso como tocador de viola, sem, no entanto, saber ler ou escrever música, pois apenas as letras de suas canções sobreviveram.
Em 1762 assentou praça no regimento sediado na Colônia do Sacramento, no Sul do Brasil. Quando esta colônia foi ocupada pelos espanhóis, voltou ao Rio de Janeiro e obteve baixa. Por intermédio do Conde de Pombeiros, transferiu-se para Portugal onde continuou seus estudos na Universidade de Coimbra. Abandonou o curso e se transferiu para Lisboa, onde foi ordenado presbítero secular em 1788 e tornou-se capelão da Casa da Suplicação. Foi recebido como membro da Arcádia Lusitana, adotando o nome de Lereno Selenuntino. Ficou extremamente popular no reino, com suas modinhas e lundus, que apresentava em saraus de casas distintas. Muitas de suas obras apareceram também no livro Viola de Lereno, editado em Lisboa no ano de 1798.
Segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, seu principal biógrafo, o compositor e poeta brasileiro faleceu em Lisboa, em 09 de novembro de 1800.
Salomea Gandelman, professora do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, concluiu na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cursos de Bacharelado em piano, Licenciatura em educação musical e Especialização em piano; e, na Escola de Comunicação da mesma universidade, o Mestrado em Comunicação, na área de sistemas de significação, buscando ininterruptamente aprofundar seus conhecimentos nos campos da performance, análise, estética musical, educação e pedagogia.
Realizou recitais, concertos de câmara e com orquestra, mas optou pelo magistério- que exerceu desde o ensino inicial para crianças, até a pós-graduação-, e pela pesquisa em performance, educação musical e musicologia, paralelamente exercendo funções administrativas nas instituições nas quais trabalhou. Nos Seminários de Música Pró-Arte, do qual foi uma das fundadoras, das primeiras professoras e diretora, atuou de 1959 a 1981, nas áreas de ensino de piano e musicalização, procurando motivar a criança e o jovem estudante para a música, através de abordagens de ensino que enfatizassem, além da prática instrumental, a criatividade, os conhecimentos teóricos e a apreciação musical interessada e significativa, buscando uma formação que integrasse intelecto e emoção, cognição e afeto.
Na Universidade do Rio de Janeiro, Uni-Rio, onde ingressou em 1981, foi diretora do Instituto Villa-Lobos, decana eleita do Centro de Letras e Artes e fundadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Nos cursos de bacharelado e licenciatura, ministrou as disciplinas Piano e Pedagogia do Piano; e, no Programa de Pós-Graduação, onde continua como professora, orientadora e pesquisadora, atua nas linhas de pesquisa Teoria e Prática da Interpretação Musical, com foco na Música Brasileira do século XX, e Ensino/Aprendizagem.
Além de ter integrado diversos Colegiados, desde os internos do Instituto Villa-Lobos e do Centro de Letras e Artes, aos superiores da Universidade, participou de incontáveis bancas de concursos nacionais de piano, de concursos promovidos pela Funarte, de concursos para seleção de professores do Instituto Villa-Lobos, de bancas de exame de qualificação e defesa de dissertações de mestrado, ensaios e teses de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Música da Uni-Rio e de outros programas, atuando também como consultora “ad hoc” para avaliação de projetos apresentados a agências de fomento como CNPq, CAPES e FUNARTE. Foi membro da extinta Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, é membro da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós- Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi secretária por dois mandatos, e membro de Conselhos Editoriais de inúmeros periódicos acadêmicos.
Sobre sua dissertação de mestrado, Cidadezinha qualquer: poesia e música – análise das canções de Guerra-Peixe e Ernst Widmer sobre um poema de Carlos Drummond de Andrade, um estudo sobre as relações entre poesia e música, em carta dirigida à autora, o poeta escreveu: “Jamais eu poderia ambicionar que um de meus poemas, dos mais antigos e humildes, viesse a merecer a tríplice consagração de ser musicado pelos maestros Guerra-Peixe e Ernest Widmer e de suscitar a elaboração de um trabalho universitário tão apurado e revelador dos liames que unem poesia e música. Senti uma dessas raras alegrias que resultam da comunhão de diferentes espíritos, aproximados e identificados pela igual devoção à arte sob todas as suas formas”.
Organizou, redigiu e fez a introdução do livro Estética de H.J.Koellreutter e S. Tanaka, primeiramente publicado em 1983 pela Novas Metas, editora já extinta, sob o título A procura de um mundo sem vis-a-vis, e, em 2019, reeditado em versão digital, pela Universidade Federal de S. João D’el Rei, onde esta sediada a Fundação Koellreutter, livro em que os autores comparam modos de viver, pensar, sentir e conceber a arte no ocidente e no oriente. É autora do livro 36 Compositores Brasileiros: Obras para Piano (1950/1988), publicado pela Funarte e Relume Dumara, extenso estudo sobre aspectos composicionais e pianísticos marcantes de um conjunto de mais de 500 obras para piano, escritas na 2ª metade do século XX, trabalho aplaudido pela crítica especializada do Rio de Janeiro, S. Paulo e Salvador. Da pesquisa sobre Almeida Prado e das aulas nos Seminários “Teoria e Prática da Interpretação Musical” resultou um álbum com dois Cds, O som de Almeida Prado, gravado em 1999 pelos alunos daqueles Seminários.
Em parceria com Sara Cohen, professora titular da escola de música da UFRJ, escreveu a “Cartilha Rítmica” para piano, de Almeida Prado, obra dedicada a Salomea Gandelman, trabalho publicado em 2006 e, em versão digital, em 2019, pela Música Brasilis. No livro foram analisados seus 103 Exercícios com foco nos complexos ritmos que permeiam não só as composições do autor, mas também de boa parte de compositores do século XX.
Em 2008, publicou pela editora Contra Capa, a segunda edição revista e aumentada do livro Música contemporânea brasileira do musicólogo José Maria Neves, no qual foram acrescentados mais três artigos: Música hoje: partindo dos novíssimos, do próprio José Maria, Vinte anos de Bienais escrita por Edino Krieger, e uma Biografia de José Maria, pela autora da edição do livro.
Publicou inúmeros artigos nas revistas Art da UFBa, Debates, da UNIRIO, Per Musi , da UFMG, Brasileira de Música, da UFRJ, Opus da ANPPOM, Brasiliana, da ABM, Pensar a Música, do Congresso Nacional de Guimarães -Portugal-, Pesquisa e Música, do Conservatório Brasileiro de Música, além de diversos outros em anais da ANPPOM e ISME (Sociedade Internacional de Educação Musical).
Em função de seus interesses artísticos e pedagógicos, a convite da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, fez visitas de estudo a diversas escolas de música desses países.
Em 1989 recebeu da Organização das Mulheres Pioneiras o título de “Mulher Judia destaque na Música”, em 2000, o de “Orgulho Carioca”, oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e em 2012, o de “Professor Benemérito”, conferido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Unirio.
A folclorista e poetisa Oneyda Paoliello de Alvarenga nasceu em Varginha, Minas Gerais, em 06 de dezembro de 1911 e faleceu em São Paulo, em 24 de fevereiro de 1984.
Foi discípula de Mario de Andrade no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se diplomou em 1934. Por indicação de Mario de Andrade, em 1935 foi criadora e primeira diretora da Discoteca Pública Municipal de São Paulo. Seu primeiro estudo sobre o folclore foi “Cateretês do sul de Minas”.
Foi fundadora da Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo, membro da Campanha em Defesa do Folclore Brasileiro e da Comissão Nacional de Folclore, da União Brasileira de Escritores e membro correspondente do International Folk Music Council e da Association Internationale des Bibliothèques Musicales/CIM-UNESCO.
Estreou na literatura em 1938 com o livro de poemas “A Menina boba”.
Recebeu o Prêmio Fábio Prado, em 1938, pela obra “Música popular brasileira”.
Em 1958, recebeu a Medalha Sílvio Romero, por sua produção referente ao folclore brasileiro. Foi a responsável pela edição crítica de diversas obras de Mario de Andrade, publicadas postumamente. Publicou grande quantidade de artigos sobre diversos aspectos do folclore brasileiro.
Não há documentação de data, local de nascimento, nem origem de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. As informações hoje conhecidas sobre o principal compositor mineiro do século XVIII foram reveladas pelo musicólogo Francisco Curt Lange a partir da década de 1940. Sua atividade profissional registrada tem início na cidade do Serro, onde consta, em 1765, um registro de pagamento nos livros do Senado da Câmara. Por volta de 1776 transferiu-se para Diamantina, antigo Arraial do Tejuco, onde teria composto a Missa para Quarta-Feira de Cinzas, em 1778. Por mais de vinte anos atuou como organista e compositor em diversas irmandades.
m 1798 o encontramos na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), como organista da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo. Há registros de sua participação como regente no Tríduo da Semana Santa na Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Na última fase de sua vida, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde há registros de sua atuação como organista da Ordem Terceira do Carmo a partir de 1801.
É por muitos considerado o mais eminente dos compositores da chamada “Escola Mineira”. Cópias manuscritas de suas obras foram conservadas em quase todos os arquivos musicais de Minas Gerais e mesmo de outros estados, o que revela sua importância como compositor e a circulação de suas obras no Brasil. Todas as obras conhecidas de Lobo de Mesquita são essencialmente vocais (solos ou coro), religiosas e em grande parte com acompanhamento orquestral. Destacam-se Missa em mi bemol, Missa em fá, Credo, Te Deum, Ofício de Semana Santa, Ofício de defuntos (Ofício das violetas) e Tercio, além de antífonas, ladainhas, motetos e outras formas musicais religiosas. Sua obra mais conhecida e executada é a Antífona de Nossa Senhora Salve Regina, uma das primeiras partituras encontradas por Curt Lange por ocasião de suas pesquisas em arquivos mineiros na década de 1940.
Faleceu em 1805.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 1950. Estudou no Brasil com Paulina D’Ambrosio e Santino Parpinelli (violino e viola), César Guerra-Peixe (composição) e Carlos Alberto Pinto Fonseca (regência). Foi bolsista do Mozarteum Argentino, tendo estudado com Sérgio Lorenzi. Na Itália foi aluno do Conservatório Cherubini, em Firenze, onde estudou com Roberto Michelucci (violino) e Annibale Gianuario (regência). Ainda na Europa fez cursos de aperfeiçoamento em regência com Adone Zecchi, Franco Ferrara e Sergiu Celibidache.
Nasceu em Linz, na Áustria, em 29 de janeiro de 1876. Após estudar música em sua terra natal veio para o Brasil, fixando-se, inicialmente, em Salvador, Bahia, em 1893. Após naturalizar-se brasileiro em 1898 e ordenar-se sacerdote, foi transferido para o sul do Brasil. Na cidade de Lages (SC), fundou, em 1902, o periódico Cruzeiro do Sul. Em 1908 se estabeleceu na cidade de Petrópolis (RJ), onde fundou o Centro da Boa Imprensa, em 1910. Residiu posteriormente no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.
O grande destaque da vida musical de Frei Pedro Sinzig foi ser o principal agente em prol da música sacra no Brasil, tornando-se uma espécie de conselheiro com relação às questões musicais e litúrgicas.
Em 1941 criou a revista Música Sacra com o objetivo de ser um veículo divulgador e, antes de tudo, orientador sob o ponto de vista estético, musical e religioso das obras destinadas à Igreja. Foi publicada pela Editora Vozes, de Petrópolis, e mantida até o ano de 1959.
Outra importante contribuição de Frei Pedro Sinzig foi a Escola de Música Sacra, fundada em 1943, que tinha por fim preparar dirigentes para coros litúrgicos, segundo as regras eclesiásticas. Em Petrópolis, foi responsável pelo coro dos Teólogos Franciscanos. Atuou junto ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e foi um dos fundadores da Pró-Arte, organização que manteve uma escola de música, os cursos de verão de Teresópolis (RJ) e estabeleceu intercâmbio cultural entre o Brasil e a Alemanha.
Como compositor, deixou numerosa obra, na sua maioria religiosa, de estilo tradicional e caráter funcional. Destacam-se Missas, Te Deum, Ladainhas, Hinos Eucarísticos, uma Paixão Segundo São João, um Oratório de Natal e grande número de obras para os diversos serviços religiosos. Escreveu obras profanas, algumas de caráter didático, como os 100 Prelúdios para órgão, as Fantasias sobre modinhas populares para violino e piano e outras de pretensões mais ousadas como as Rapsódia Brasileira e Rapsódia Mariana para piano, posteriormente orquestrada. Deixou inacabada a ópera Frei Antônio.
No campo didático deixou uma importante contribuição com os livros: Os Segredos da Harmonia (1918), Sei compor (1919), O Brasil canta (1938) e o Dicionário musical (1945), que durante anos foi o único em seu gênero no país. Até recentemente seus manuais de harmonia e composição foram utilizados amplamente no interior do país pelos músicos que não tinham acesso à literatura musical, sendo importantes agentes na formação musical.
Foi também um consultor e conselheiro de muitos compositores nos assuntos referentes à composição de música religiosa, inclusive de Villa-Lobos, que dedicou a Frei Pedro sua Missa de São Sebastião.
Frei Pedro Sinzig faleceu na cidade de Dusseldorf, na Alemanha, em 8 de dezembro de 1952. Foi sepultado no Rio de Janeiro e seu acervo musical foi transferido para o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis.
É a personalidade mais importante da música brasileira no período compreendido entre o final do século XVIII e primeiras três décadas do XIX. Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1767, filho de um casal de pardos libertos, o alfaiate Apolinário Nunes Garcia e Vitória Maria da Cruz. Sua formação musical ficou a cargo de Salvador José de Almeida Faria, músico mineiro natural de Vila Rica. Em 1783, aos 16 anos, escreveu sua primeira obra, a Antífona Tota Pulchra, e assinou o compromisso de fundação da Irmandade de Santa Cecília, da qual seria membro até o fim da vida. Em 1792 ordenou-se padre e em 1798 conseguiu a nomeação para o cargo de mestre de capela da Catedral e Sé do Rio de Janeiro, produzindo grande quantidade de obras.
Paralelamente a suas atividades de compositor, organista e regente, José Maurício se dedicou intensamente à atividade didática, tendo mantido durante muitos anos, em sua própria residência, um curso de música, onde ministrava aulas para jovens gratuitamente. Dentre seus alunos destacaram-se Francisco Manuel da Silva, Francisco da Luz Pinto e Cândido Inácio da Silva. A atividade de professor não se limitou às aulas. Escreveu manuais teóricos, destacando-se o Compêndio de Música e Methodo de Pianoforte, escrito para a instrução musical de seus filhos.
A maior parte da obra musical de José Maurício é de peças sacras para as mais diversas cerimônias da liturgia católica. Do total composto chegaram até nós pouco mais de 200 obras. Além das obras para igreja, escreveu também obras sinfônicas (Abertura em Ré e Zemira), uma ópera hoje perdida (Le Due gemele), peças para teclado e algumas modinhas, das quais apenas uma se preservou (“Beijo a mão que me condena”).
Em 1808, José Maurício foi nomeado por D. João mestre da sua Capela Real e adaptou seu estilo ao gosto musical do Príncipe Regente. A partir de então sua música ganhou em dramaticidade e colorido, com a incorporação de um efetivo maior de instrumentos e virtuosismo vocal. Entre as obras que melhor representam sua mudança estilística se destaca a Missa de Nossa Senhora da Conceição, de 1810. Em 1815, solicitado pelo Senado da Câmara, compôs um Te Deum pela elevação do Brasil a Reino Unido e recebeu de D. João o Hábito da Ordem de Cristo. Por ordem de D. João escreveu o Requiem de 1816 para os funerais da rainha D. Maria I, obra que é considerada uma de suas melhores composições. Durante anos seguiu compondo por ordem do Príncipe Regente e Rei de Portugal e por encomenda das diversas Irmandades do Rio de Janeiro, entre elas a de São Pedro dos Clérigos e Ordem do Carmo. Ao mesmo tempo regeu, em primeira audição no Brasil o Requiem, de Mozart e o oratório A Criação, de Haydn, compositores que admirava profundamente.
A volta da Família Real para Portugal marca a fase final de sua carreira. Em 1822, já doente e sem recursos, fechou seu curso de música e apelou para D. Pedro I por melhorias salariais na Capela Imperial. Em 1826 compôs sua última obra, a Missa de Santa Cecília, para grande orquestra e coro. Em 1830 legitimou um dos seis filhos que teve com Severiana Rosa de Castro, o médico José Maurício Nunes Garcia Jr. (1808-1884), para o qual também renunciou ao título da Ordem de Cristo.
Faleceu no dia 18 de abril de 1830.
Nascido em 1954, na cidade de São Paulo, Roberto Tibiriçá começou sua carreira como pianista e camerista recebendo fortes influências de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de Carvalho, Nelson Freire, Gilberto Tinetti e Peter Feuchtwanger. Porém, seus conhecimentos musicais não bastavam apenas para tocar piano...queria seguir o difícil caminho da Regência Orquestral!
Resolveu então, procurar o Maestro Eleazar de Carvalho e começou a participar dos Festivais de Campos do Jordão, em São Paulo, como pianista e assistente do Maestro Dr. Hugh Ross, diretor da Schola Cantorum, de Nova York. Iniciou seus estudos de regência com o Maestro Eleazar de Carvalho e venceu por duas vezes o Concurso para Jovens Regentes da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, passando a ser o Principal Regente-Convidado, trabalhando com o Maestro Eleazar por quase 18 anos até sua vinda para a cidade do Rio de Janeiro em 1994 para a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi Diretor-Adjunto e, posteriormente seu Diretor Artístico.
Esteve em Lisboa, Portugal, entre 1984-1985, como Regente Assistente do Teatro Nacional de São Carlos onde, até hoje mantém relações muito afetivas com este País, sendo convidado permanente do júri do Concurso Internacional para Jovens Chefes de Orquestra, promovido pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pela Fundação Oriente. Convidado para participar da Semana Guiomar Novaes, em Miami, regeu um concerto com a Orquestra Filarmônica da Flórida e o pianista Arnaldo Cohen.
Como Diretor Artístico da RGE/FERMATA foi o responsável pelo início das gravações de música clássica em gravadoras brasileiras, tendo entre elas o único LP gravado no Brasil pela grande pianista Guiomar Novaes interpretando somente música brasileira.
Recebeu o prêmio de Melhor Regente Orquestral, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Lei Sarney como revelação na área de Regência Orquestral. Fundou em São Paulo a Orquestra Nova Filarmonia, que entre outros artistas acompanhou Luciano Pavarotti, a Orquestra Nova Sinfonieta e a Orquestra de Câmera Da Capo (conjuntos formados pelos melhores músicos da cidade) e onde realizou a primeira audição da Petite Messe Solennelle, de Rossini.
Em 1995 foi eleito pela crítica especializada do Rio de Janeiro como Músico do Ano. Trouxe várias primeiras audições nesta cidade em seus concertos com a OSB como a 2a. Sinfonia e as Danças Sinfônicas de Rachmaninoff e as óperas The Rape of Lucretia e A Midsummer Night's Dream, de Benjamin Britten além de várias obras de autores brasileiros inclusive a gravação do CD em Homenagem ao Papa João Paulo II com 5 obras inéditas dos compositores Ricardo Tacuchian, Ronaldo Miranda, Edino Krieger, Almeida Prado e David Korenchendler. Ainda com esta orquestra participou de diversas edições do Projeto Aquários entre as quais se destacam a Sinfonia no 2 de Gustav Mahler, na Enseada de Botafogo em 1996, para um público estimado em 150 mil pessoas e no Aterro do Flamengo, na Missa Campal celebrada por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, para cerca de 2 milhões de pessoas, em 1997!
Convidado pela Direção Artística do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizou, em 1998, o Ciclo Beethoven, onde foram executadas as 9 Sinfonias, os 5 Concertos para Piano, o Concerto Tríplice e o Concerto para Violino com o teatro completamente lotado!
Desde o ano 2000 passou a ser o Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica Petrobrás Pró Música do Rio de Janeiro “OPPM” sendo o responsável pelo alto nível artístico que este conjunto alcançou levando o mesmo a receber o Prêmio Carlos Gomes, em sua primeira edição Nacional, como o Melhor Conjunto Orquestral em 2001 e lotando suas Temporadas tanto no Theatro Municipal como na Sala Cecília Meireles. As viagens com a OPPM têm alcançado enorme sucesso de público obrigando a colocação de cadeiras extras no palco, junto à orquestra. Sua criatividade na programação e o resgate dos famosos Concertos Matinais aos domingos pela manhã, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, têm atraído um público novo composto a maioria por jovens, formando assim novas platéias.
Gravou com esta orquestra ao vivo neste Theatro Municipal 2 CDs dedicados à música brasileira: com Wagner Tiso interpretando ao piano suas "Cenas Brasileiras" e o outro com duas das obras mais cobiçadas e esquecidas em gravações: O Concerto para piano em Formas Brasileiras de Hekel Tavares, com o pianista Arnaldo Cohen e o Choros No.6 de Villa-Lobos já sendo considerado o Lançamento do Ano!
Criou a série "O Artista Brasileiro", realizada na Sala Cecília Meireles, onde só se apresentam os artistas nacionais e que tem sido recebida com muito carinho pelo público desde sua idealização quando assumiu a OPPM. Os três concursos também idealizados por Roberto Tibiriçá (o Concurso para Jovens Solistas "Armando Prazeres", o Concurso para Jovens Regentes "Eleazar de Carvalho" e o Concurso para Jovens Compositores "Claudio Santoro", este em parceria com a Academia Brasileira de Música) têm recebido grandes elogios por sua iniciativa e apoio à juventude.
Juntamente à música clássica, desenvolve intensa atividade com os clássicos populares brasileiros em concertos com Wagner Tiso (com quem tem uma parceria já há 10 anos), Rita Lee, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Zizi Possi, Sivuca, Frejat, Simone, Ivan Lins, Francis Hime, Paulo Moura entre outros. É convidado para realizar eventos dos mais diferentes motivos como a Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro desde sua primeira edição, em 1996.
Por sugestão do pianista Nelson Freire, foi convidado por Martha Argerich para reger o Concerto de Abertura do Festival Martha Argerich, em Buenos Aires, fazendo sua estréia no Teatro Colón, em Novembro de 2001, onde a maior pianista deste século tocou sob sua regência o Concerto para piano em Sol M, de Ravel juntando-se a outros artistas com quem teve a oportunidade de trabalhar como Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Barry Douglas, Lílian Zilbersntein, Valentina Lisitsa, Sergio Tiempo, Joshua Bell, Shlomo Mintz, Stefan Jackiw, Erik Schumann, Gautier Capuçon, Frederieke Saeijs, David Aaron Carpenter, Gabriela Montero, HJ Lim, Antonio Meneses, Mikhail Rudy, Alexander Toradze, Jean Louis Steuerman, Boris Belkin, Dmitry Sitkovetsky, Geza Hosszu-Legocky, Pavel Sporcl, Eugene Fodor, Wolfgang Meyer, Romain Guyot, Ole Edvard Antonsen, Cristina Ortiz, Bernard Greenhouse, Nelson Goerner, Pascal Roge, Jean-Philippe Collard, Bella Davidovitch, Yevgeny Sudbin, Jon Nakamatsu, Evgeni Mikhailov, Frank Braley, Daniel Casares, Ana Botafogo, Marcelo Misailidis entre outros...
Roberto Tibiriçá é considerado um dos melhores regentes da atualidade pela crítica especializada trazendo sempre em seu repertório obras de interesse artístico e público preservando assim seu objetivo de formação de novas platéias. Por este motivo recebeu em 28 de Novembro de 2002 o título de CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, concedido pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro por seus serviços prestados à Cultura do Estado desde sua vinda, em 1994. No dia 26 de Março de 2003 foi eleito para ocupar a Cadeira de No.05 (cujo Patrono foi o Pe. José Maurício Nunes Garcia) da Academia Brasileira de Música e no dia 11 de Maio de 2018 tomou posse como Membro Honorário da Academia Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Em 2020, em plena pandemia do Corona vírus, realizou com a OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - a Estreia Mundial da ópera em 1 ato "Cartas Portuguesas", do compositor brasileiro João Guilherme Ripper e gravou para o selo NAXUS os Choros para Clarinete, Piano, Viola, Violoncelo e a peça Flor de Tremembé, de Camargo Guarnieri.
Possivelmente, foi o acadêmico que menos teve pretensões artísticas: a sua missão musical, ou melhor, seu apostolado musical foi sempre em favor de uma música funcional litúrgica, digna de fazer parte dos atos religiosos.
Era alemão, nascido em Mertloch, na Renânia, em 1873. Estudou música desde criança, dedicando-se ainda mais aos estudos musicais depois de entrar para a Congregação do Verbo Divino. Foi ordenado sacerdote em 1899 e no ano seguinte veio para o Brasil, para atuar na Academia de Comércio de Juiz de Fora como professor e músico. A música na Igreja Católica vivia um período de decadência que se iniciara ainda na primeira metade do século XIX. Pio X, preocupado com a situação promulgou o Motu próprio, baseado nas ideias dos “cecilianistas”, visando a originalidade do canto religioso livre das melodias operísticas e a valorização do canto gregoriano. Lehmann, chegando ao Brasil, iniciou um grande trabalho, apesar de todas as dificuldades, por uma nova música funcional na Igreja. Faltavam partituras, livros de canto gregoriano, e a mentalidade dos músicos de Igreja estava dominada pelo operismo. As aberrações eram incríveis: cantavam-se trechos de óperas com textos religiosos em português. Até o Hino da Independência era cantado com a melodia do hino alemão e o texto de Evaristo da Veiga! Sem alardes, pouco a pouco, foi encontrando músicas e textos corretos, mudando a mentalidade, criando coros masculinos e femininos (na época, o coro misto era proibido) e, na falta de músicas para festividades, passou a compor música religiosa. Em 1922, deixou o Colégio e passou a atuar como diretor do Jornal “Lar Católico”. No entanto, não deixou de compor. Assim, surgiu o livro de cantos a uma ou mais vozes com acompanhamento de harmônio: “Harpa de Sião”, que até o Concílio Vaticano II era encontrado em todas as igrejas e capelas católicas do Brasil. Sua fama de compositor litúrgico afirmou-se em todo o país. É verdade que teve grandes aliados como seu próprio antecessor acadêmico Frei Sinzig. Publicou depois um funcional “Método de Harmônio” que, como a “Harpa de Sião”, teve várias edições. Em 1925 passou a viver no Rio de Janeiro. Em 1946, criada a comissão arquidiocesana de Música Sacra do Rio de Janeiro, foi convidado para integrá-la e nela permaneceu até o fim de sua vida. Além do grande número de composições, quase todas religiosas e funcionais, escreveu livros de caráter religioso, destacando-se “Na luz perpétua”, em dois volumes, com biografias de santos, que também teve várias edições.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música, tomando posse a 27 de setembro de 1954, sendo saudado por Octávio Bevilacqua. Faleceu no dia 13 de outubro de 1955, aos 82 anos de idade.
Foi professora, regente e musicóloga sendo responsável por duas grandes realizações: a Associação de Canto Coral e o maior estudo já realizado acerca de um compositor brasileiro, no caso, seu patrono José Maurício Nunes Garcia.
Fundou e dirigiu durante mais de cinquenta anos a Associação de Canto Coral, o grupo vocal mais importante, historicamente, do Brasil, cujo vastíssimo repertório inclui obras de todos os períodos da história da música, responsável por inúmeras primeiras audições mundiais, contemporâneas e brasileiras. Grandes compositores e regentes brasileiros e estrangeiros estiveram à frente da ACC, a convite de sua fundadora, destacando-se Villa-Lobos e Stravinsky, sendo que a quantidade de apresentações do conjunto é admirável.
Exerceu o magistério na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1964. Suas múltiplas atividades no movimento coral foram internacionalmente reconhecidas, sendo eleita, na Venezuela, primeira presidente da Associação Interamericana de Regentes Corais, em 1978. Presidiu, também, a Sociedade Brasileira de Musicologia no biênio 1983-1985. Integrou a Comissão Nacional de Folclore do I.B.E.C.C., de 1948-1960, a Sociedade Internacional de Musicologia, em Genebra, na Suíça, o Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e o Conselho da Casa do Estudante do Brasil do Rio de Janeiro. Foi redatora, na Rádio MEC, do programa “Obras primas do Canto Coral”.
Em 1957 recebeu a Medalha Silvio Romero; em 1958, a Medalha do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro; em 1989, a Medalha Biblioteca Nacional e em 1995, o Prêmio Nacional da Música, na categoria de Musicologia, conferido pela FUNARTE /MinC.
Com Luis Heitor e Mercedes Reis Pequeno, publicou em 1952 a “Bibliografia musical brasileira (1820-1950)”. Deve-se a Cleofe Person de Mattos o resgate da obra musical de José Maurício. A partir das primeiras revisões feitas por Miguez e Nepomuceno, iniciou um longo e detalhado trabalho de pesquisa histórica, identificação de obras e documentos, levantamento de partituras, apresentações, encontro de músicas perdidas, publicações de textos e músicas, culminando na publicação de dois livros: o “Catálogo Temático das obras de J.M.N.G.”, pelo Conselho Federal de Cultura - MEC-1970 e “José Maurício Nunes Garcia – Biografia”, Biblioteca Nacional-1997. Foi Cleofe, portanto, quem confirmou definitivamente a presença de José Maurício nos programas de concerto e posteriormente nas pesquisas universitárias. Sua missão em prol da obra do chamado Padre-mestre incentivou seguidores, hoje chamados de mauricianos. Faleceu em 05 de maio de 2002, no Rio de Janeiro.
Nasceu em Porto Alegre, em 03 de agosto de 1903. Iniciou os estudos de piano com João Schwan Filho. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, diplomou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica.
Em seguida, fez o curso de direito, ao mesmo tempo em que prosseguia estudos de piano com Henrique Oswald. Estudou composição com Francisco Braga. No Canadá, aperfeiçoou-se em piano com Gladys Barnes.
Integrante da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi também crítico musical e literário da Revista do Globo e de A Noite, do Rio de Janeiro. No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, manteve, entre agosto de 1932 e março de 1933, uma coluna sobre arquitetura, intitulada Arte de Construir. Colaborou com a Revista Brasileira de Música da Escola Nacional de Música.
Realizou conferências e cursos em várias cidades brasileiras e no exterior e publicou o opúsculo Meio século de temporadas líricas internacionais, pelo Museu dos Teatros, em 1964. Como compositor escreveu as canções Chinoca, com letra de Vargas Neto, e Gaita, com letras de Augusto Meyer.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de setembro de 1988.
Nasceu em Salzburg, a 10 de julho de 1778. Foi aluno de Michael Haydn, mestre de capela e organista da catedral de Salzburgo, que lhe confiou parte de suas funções de organista da catedral. Aos 16 anos transferiu-se para Viena onde, por sete anos consecutivos, estudou com Joseph Haydn. Deixou Viena em 1804, para ser kapellmeister no teatro alemão de São Petersburgo, na Rússia. Voltou a Viena em 1809 e mais tarde passou a ocupar o cargo de músico da casa do príncipe de Talleyrand. Foi responsável pela composição e execução do grande Te Deum que marcou a entrada de Luís XVIII em Paris, assim como pelo Requiem que, em 1815, celebrou a memória de Luís XVI e de Maria Antonieta na Catedral de Viena, na presença de todas as cabeças coroadas da Europa, presentes ao Congresso de Viena.
Chegou ao Rio de Janeiro a 30 de maio de 1816, na comitiva do Duque de Luxemburgo, embaixador extraordinário de Luiz XVIII, que tinha a missão de incrementar as relações diplomáticas entre França e Brasil.
A 16 de setembro de 1816, um decreto real nomeou-o professor público de música no Rio de Janeiro e encarregado de prestar serviços como compositor e executante. Foi professor do príncipe D. Pedro, de sua esposa Leopoldina, e da princesa D. Isabel Maria. Foi também professor de Francisco Manuel da Silva e da esposa do Cônsul Geral da Rússia, Sra. Langsdorff.
No Rio de Janeiro Neukomm escreveu várias peças. A principal delas foi a Missa Solemnis pro Die Acclamationis Joannis VI, composta em 1817 cujo autógrafo encontra-se na Biblioteca Nacional da França. Outra obra sacra de destaque escrita por Neukomm no Rio de Janeiro foi a Missa Sancti Francisci, de 1820, composta por encomenda de D. Leopoldina.
Neukomm foi um dos primeiros compositores no Brasil a se dedicar ao repertório de câmara, como o Noturno para oboé trompa e piano, escrito em 03 de julho de 1817 para o entretenimento da família real no Paço da Quinta da Boa Vista. Para os saraus da aristocracia compôs L’amoureux, uma fantasia para pianoforte e flauta, escrita em 12 de abril de 1819 e dedicada a seus amigos, o casal von Langsdorff.
A obra sinfônica mais significativa escrita por Neukomm no Brasil foi a Sinfonia para Grande Orquestra em mi bemol maior, de 1820. É a primeira obra do gênero escrita em solo brasileiro.
No terreno da música de caráter nacional Neukomm foi também pioneiro. Sua peça para piano intitulada O Amor Brazileiro, de 1819, foi construída a partir de um lundu de autoria de Joaquim Manoel da Câmara, autor que contava com sua admiração e do qual transcreveu diversas modinhas com acompanhamento de piano.
As múltiplas atividades de Sigismund Neukomm no Rio de Janeiro incluíram também a produção de artigos para o periódico vienense Allgemeine Musikalische Zeitung a partir de 1819, onde comentou episódios e citou importantes figuras da vida musical da Corte, especialmente José Maurício Nunes Garcia.
Voltou para a Europa em 1821 e faleceu em Paris, a 03 de abril de 1858.
Nasceu em Stuttgart, Alemanha, em 1929, mas é brasileiro naturalizado desde 1962. Foi aluno de composição de Johann Nepomuck David, na Alemanha, de Hans Joachim Koellreutter, no Brasil. Estudou no Conservatório Dramático Musical de São Paulo e frequentou cursos internacionais de férias em Lucerna, na Suíça, Darmstdat, Alemanha, e Salzburgo, na Áustria, onde foi aluno de Olivier Messiaen, Wolfgang Fortner e Ernest Krenek. Estudou também regência com L. von Matacic, Rafael Kubelik e Mueller-Kray. Em 1953, foi um dos fundadores da Escola de Música de Piracicaba, onde exerceu, durante 50 anos, as funções de diretor artístico, professor e maestro dos vários conjuntos da entidade: coro, orquestra de câmera e sinfônica. Em 1965, recebeu o título de “Cidadão Piracicabano”, por seus trabalhos em prol da educação da juventude.
Nasceu em Salzburg, na Áustria, em 06 de junho de 1901. Filho do mestre de capela Franz Braunwieser, foi menino cantor e ingressou no Mozarteum de Salzburg aos 14 anos de idade, onde estudou flauta com Anton Schöner, violino e viola, além de matérias teóricas com Bernhard Paumgartner. Antes de vir para o Brasil exerceu atividades musicais na Eslovênia, onde foi professor do Conservatório de Czernowitz, e na Grécia, como docente do Conservatório Estatal de Música de Atenas. Chegou ao Brasil em 1928, e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo entre os anos de 1930 e 1935. Assumiu a direção artística da Rádio Educadora Paulista (atual Rádio Gazeta) em 1932. Foi músico da Orquestra da Sociedade de Concertos Symphonicos, nos teatros Municipal, Sant’Ana, Santa Helena, sob a regência dos maestros Lamberto Baldi e Torquato Amore. Ocupou a regência, como substituto, do Coro do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo a convite de Mario de Andrade. Como regente trabalhou em sociedades corais alemãs como a Frohsinn e o Schubert Chor.
Em 1935 fundou, com sua esposa Tatiana Kipmann, a Sociedade Bach de São Paulo, que manteve atividades até 1977. Martin Braunwieser foi regente do coro da Sociedade Bach de 1940 a 1964 e com ele fez ouvir pela primeira vez na cidade de São Paulo obras como a Paixão Segundo São João, o Oratório de Natal e a Missa em si menor.
Participou, em 1938, da missão de pesquisas folclóricas, que percorreu o norte e nordeste do país, enviado pelo Departamento de Cultura da prefeitura paulista. Naturalizou-se brasileiro em 1938 e passou a lecionar no Instituto Musical de São Paulo, nesse mesmo ano. Entre os anos de 1948 e 1951 lecionou harmonia superior, contraponto e composição no Conservatório Musical Santa Marcelina. No Conservatório Estadual de Canto Orfeônico, ensinou regência nos anos de 1949 a 1971, tendo também organizado e dirigido, de 1949 e 1964, o ensino musical nos parques infantis da prefeitura de São Paulo.
Sua obra como compositor é pouco conhecida. Do tempo de estudante do Mozarteum de Salzburg é o Annahof Quartet, de 1922. Do ano seguinte é o poema sinfônico Das Welttheater (O teatro do mundo), baseado em obra do autor espanhol Calderón de La Barca. Do período em que esteve na Grécia há registros de duas suítes, uma para orquestra e outra para dez instrumentos de sopros, ambas compostas em 1925, as Melodias Orientais, de 1926, e uma peça para flauta e orquestra de câmara chamada Aus dem Orient, de 1927. A primeira obra composta no Brasil foi In der Fremde (No estrangeiro), uma canção para canto, flauta e piano, de 1930. Seguiram-se outras canções como Pouco desejo e Estudei anos, sobre texto de Omar Kayyam e Der Schwan (O Cisne) para coro feminino, cordas e piano. Escreveu também obras didáticas.
Faleceu em São Paulo em 01 de dezembro de 1991.
Compositor, regente e professor, Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 1795, e faleceu na mesma cidade, em 1865. Teve grande destaque na vida musical brasileira na primeira metade do século XIX. Seus mestres foram o Pe. José Maurício Nunes Garcia e Sigismund Neukomm. Foi cantor da Capela Real a partir de 1809, passando depois a timpanista e violoncelista da mesma instituição. Foi um dos fundadores da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, instituição voltada para o fomento da atividade operística no Rio de Janeiro e que estimulou a criação das primeiras óperas de Carlos Gomes, Henrique Alves de Mesquita e Elias Álvares Lobo. Já a Sociedade Musical de Beneficência tinha por objetivo o amparo dos músicos profissionais e de suas famílias. Por proposta da Sociedade foi fundado o Conservatório Imperial de Música, o primeiro do gênero na América do Sul, e que teve Francisco Manoel como seu primeiro diretor.
Como mestre da Capela Imperial foi responsável pela reorganização dos conjuntos musicais. Foi o principal regente da orquestra da Sociedade Fluminense e diretor artístico das companhias de ópera dos teatros São Januário, Provisório e Lírico Fluminense. Integrou o corpo de censores do Conservatório Dramático Brasileiro.
Escreveu diversos livros didáticos como o Compêndio de Música Prática (1832), o Compêndio de Música para uso dos alunos do Colégio Pedro II (1838), o Compêndio de Princípios Elementares de Música (1848) e o Método de Solfejo (1848). Por suas realizações recebeu em duas ocasiões a Ordem da Rosa, a primeira em 1846 no grau de Cavaleiro e a segunda em 1857 no grau de Oficial.
Deixou boa quantidade de obras, espalhadas em arquivos cariocas, mineiros e paulistas, abrangendo música sacra, modinhas e lundus. A realização artística que o consagrou e colocou seu nome na história, no entanto, foi a composição do Hino ao Sete de Abril, escrito para comemorar a Abdicação de D. Pedro I e que se tornou o Hino Nacional Brasileiro.
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1954. Estudou com Santino Parpinelli (violino) e Leda Coelho de Freitas (Canto) na Escola de Música da UFRJ, aperfeiçoando-se posteriormente com Paulo Prochet e Franco Iglesias. Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde concluiu a Tese: “De Petrópolis a Pasárgada – o Cancioneiro de Guerra-Peixe – Contextualização, Processo Criativo e Interpretação”, baseada na obra vocal do referido autor, é Mestre – suma cum laude pela UFRJ com a Dissertação: “Nacionalismo, Enculturação e Estética: uma Leitura dos Ciclos Drummondiana e Sumidouro, de César Guerra-Peixe”. Professor nas classes de Canto a Escola de Música da UFRJ, onde também lecionou Dicção, ingressou na instituição por concurso público em 1993. É membro da Comissão da Biblioteca Alberto Nepomuceno, na Escola de Música da UFRJ, posicionando-se ali como um ardoroso defensor da recuperação, pesquisa e difusão dos manuscritos das obras raras dos autores brasileiros que fazem parte daquele acervo. Membro fundador da Associação Brasileira de Canto, recebeu o Prêmio Especial para a Canção Brasileira no XII Concurso Internacional de Canto do Rio de Janeiro, e de seu repertório constam mais de 30 primeiras audições mundiais de peças e óperas especificamente para ele escritas, incluindo de autores como Ricardo Tacuchian, Edino Krieger, Guerra-Peixe, Ronaldo Miranda, João Guilherme Ripper, Ernani Aguiar, Lindembergue Cardoso, Cirlei de Hollanda, Rodrigo Cichelli, Villani-Côrtes, Osvaldo Lacerda, Caio Senna, Eunice Katunda, Tim Rescala, Marisa Rezende entre muitos outros.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 08 de fevereiro de 1921, filha de Pedro Moutinho dos Reis Filho e Maria Olympia de Moura Reis, professora que trabalhou com Villa-Lobos na implantação do ensino de música nas escolas primárias. Diplomada pela Escola de Música da Universidade do Brasil, em 1937, colaborou na Revista Brasileira de Música da Escola, a convite de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, de 1940 a 1941. Completou o curso de Biblioteconomia do DASP e, em 1942, ingressou, por concurso, na carreira de bibliotecário do MEC - Instituto Nacional do Livro/INL, trabalhando com Augusto Meyer.
Convidada pela União Pan-americana, atual OEA, exerceu, de 1947 a 1949, a função de assistente do musicólogo Charles Seeger, então diretor da divisão de música da entidade. De volta ao Brasil, em 1951 iniciou o trabalho de criação e organização da Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, graças ao apoio do então diretor da Biblioteca, o escritor Eugênio Gomes, e à compreensão do diretor do INL, construindo uma das mais importantes bibliotecas de música da América Latina. Em 1953, casou-se com o jornalista, linguista e violoncelista Evandro Moreira Pequeno.
Chefiou a Divisão de Música até 1990, quando se aposentou. Durante sua gestão organizou e apresentou inúmeras exposições comemorando efemérides musicais nacionais e estrangeiras, sendo que dezoito com catálogos impressos, focalizando a vida e a obra de compositores: José Maurício Nunes Garcia, em 1967; Francisco Braga, em 1968; Alberto Nepomuceno, em 1964; Ernesto Nazareth, em 1966; Glauco Velásquez, em 1964; Beethoven, em 1970; Mozart, em 1956 e 1991; Milhaud, em 1970 e ainda Música no Rio de Janeiro Imperial, em 1962, I Decênio da Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) e Três Séculos de Iconografia da Música no Brasil, em 1974, entre outras.
Ministrou cursos de organização de bibliotecas de música e participou de vários congressos da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de Documentação de Música (AIBM). Como vice-presidente desta associação, de 1965/74, colaborou em vários projetos da entidade, destacando-se o RISM (Répertoire International des Sources Musicales) e RILM (Répertoire International de Litterature Musicale). Foi membro correspondente do Boletin Interamericano de Música publicado pela OEA, Washington, D.C., de 1950/73. Distinções recebidas: Prêmio Paula Brito, em 1974; Prêmio Estácio de Sá, em 1977; Medalha Biblioteca Nacional, em 1990; Medalha Museu da Imagem e do Som-RJ, em 1990; Medalha da Societé d'encouragement au progrès-Paris, em 1993. Membro da Academia Brasileira de Música desde 1994, faleceu em 3 de agosto de 2015.
Trabalhos publicados:
"Bibliografia Musical Brasileira -1820-1950", em colaboração com Luiz Heitor C. de Azevedo e Cleofe Person de Mattos-INL.1951; "A Música Militar no Brasil no século XIX", Imp.Militar,1951; "Formação profissional do bibliotecário especializado em música"- Anais do 4º Congresso da AIBM-Bruxelas,1955; "Impressão musical no Brasil"-verbete Enciclopédia da Música Brasileira, SP,1977; "Bibliotecas e Arquivos de música no Brasil"-verbete Grove's Dictionary of Music and Musicians-Londres,1980; "Brazilian music publishers" - Inter-American music review-1988; "Música no Nordeste até os Oitocentos" - ensaio publicado na obra de Clarival do Prado Valadares- Nordeste Histórico e Monumental. R.J., Odebrecht,1982.
Compositor gaúcho, além de violinista e musicólogo, Luiz Cosme deixou uma obra relativamente pequena, em parte por ter falecido com apenas 57 anos (Porto Alegre 1908 – Rio de Janeiro, 1965). Estudou música no Conservatório de Porto Alegre, onde foi aluno de Assuero Garritano, e Oscar Simm. Ganhou uma bolsa para estudar violino e composição no Conservatório de Cincinatti, em Ohio, nos EUA, onde foi por dois anos spalla da orquestra da instituição. Após breve estada em Paris, voltou para Porto Alegre em 1930 e se tornou professor do Instituto Musical de Porto Alegre e do Colégio Metodista Americano. Fez a sua estreia como compositor, em concerto público, em 1931, na Sala Beethoven. No mesmo ano apresentou sua obra no Rio de Janeiro, onde passou a morar a partir de 1932.
Na capital do país Luiz Cosme tornou-se violinista da Orquestra da Rádio Nacional e da Orquestra do Theatro Municipal. A atividade profissional de Luiz Cosme se concentrou no Instituto Nacional do Livro e na Rádio MEC, onde foi produtor de programas. Escreveu vários livros sobre música, entre eles Música e Tempo (1952), Introdução à Música (1954), o Dicionário musical (1957), Música, sempre música (1959) e Música de Câmara (1961).
Recebeu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul o título de Doutor Honoris Causa e Prêmio Rádio Jornal do Brasil de 1963, como melhor compositor do ano.
A sua mais importante obra, o bailado Salamanca do Jarau, foi estreada pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Villa-Lobos, em 1936. No ano seguinte, a mesma obra foi regida em São Paulo, por Francisco Mignone, com a Orquestra Sinfônica Municipal. É de se notar que ambos os regentes foram presidentes da Academia Brasileira de Música. Um terceiro acadêmico foi responsável pela única gravação existente da obra. Mário Tavares a registrou com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC para o selo Odeon.
De sua obra destacam-se, além da já citada, o bailado Lambe-lambe, o Quarteto de cordas (1933), a Pequena Suíte (1932) para quarteto com piano, Mãe D’Água Canta (1931) e Oração a Teiniaguá (1932), ambas para violino e piano e a segunda também em versão orquestral, e as trilhas sonoras para os filmes Maria Bonita (1942) e Vento Norte (1949). Compôs ainda uma série de canções sobre texto de Cecília Meireles: Cantiga, Chorinho e Modinha, todas em 1947, e Madrugada no Campo, de 1949.
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, Dom Pedro I, teve um nome muito longo, mas uma vida muito curta: morreu com 36 anos de idade (Lisboa, 1798-1834). Apesar disso, teve tempo para proclamar a independência do Brasil, com 24 anos de idade, ser o seu primeiro imperador, até 1931, quando abdicou em favor de seu filho Pedro II, e ser o vigésimo sétimo rei de Portugal, sob o nome de D. Pedro IV. Tendo abdicado da coroa portuguesa em favor de sua filha Dona Maria da Glória, precisou recuperar o trono português, para restaurar os direitos da filha, usurpados por D. Miguel, seu irmão.
Durante seu governo no Brasil, de 1821 a 1831, primeiro como príncipe regente e, depois da Independência, como imperador e “Defensor Perpétuo do Brasil”, enfrentou grandes dificuldades político-econômico-militares. Sua vida pessoal e afetiva foi também muito tumultuada. Mesmo assim, ainda encontrou tempo para ser poeta, modinheiro, clarinetista e compositor, em tão curto espaço de tempo. Estudou música com Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. É autor de um dos hinos oficiais do Brasil, no caso o Hino da Independência, que tem letra de Evaristo da Veiga.
Há referências sobre duas peças para piano de autoria de D. Pedro I, uma Marcha Fúnebre e o Souvenir filial, publicadas pelo editor Pierre Laforge.
O Responsório de São Pedro de Alcântara Mortuus est e a Antífona de Nossa Senhora Sub tuum praesidium, são os primeiros ensaios do príncipe herdeiro no terreno da composição musical. Já o Te Deum e o Credo da Missa de Nossa Senhora do Carmo são obras de maior fôlego e podem eventualmente aparecer em algum concerto.
O Te Deum foi escrito por D. Pedro em dezembro de 1820 para celebrar o nascimento de seu filho, o príncipe João Carlos e dedicado a seu pai, o Rei D. João VI. Uma cópia da obra, na qual constava também uma abertura sinfônica, foi enviada por D. Leopoldina a seu pai, o Imperador Francisco I, em Viena.
Sua obra mais importante é o Credo. Foi muito executado durante o século XIX, pois contava com o incentivo do Imperador D. Pedro II, que gostava de ouvir a música composta por seu pai. Com a proclamação da república a obra foi sendo esquecida. Por ocasião do sesquicentenário da independência do Brasil, comemorado em 1972, foi novamente executado e ganhou sua primeira gravação com o Coro da Rádio MEC, a Orquestra Sinfônica Nacional e a regência de Henrique Morelenbaum.
Nascido em 1950 no Rio de Janeiro, estudou violino com Yolanda Peixoto e análise musical com Esther Scliar, e posteriormente na Europa com Max Rostal. Formou-se com grau máximo e distinção.
Na qualidade de concertista apresentou-se como solista de orquestra, recitalista e camerista, por diversos países Europeus. No Brasil, solou com todas as orquestras importantes do cenário musical.
É professor do bacharelado de Violino na UNI-RIO e convidado para os mais importantes cursos e festivais no Brasil. Alguns de seus alunos foram premiados em importantes concursos nacionais e internacionais.
Foi fundador e por dezessete vezes (17) Diretor Artístico do Curso Oficina de Música de Curitiba, festival que por vezes congregou cerca de mil e duzentos (1200) participantes, onde foi criado o "Simpósio Latino Americano de Música".
Para estes Festivais (Curitiba) várias peças de compositores brasileiros foram especialmente encomendadas.
Como primeiro violino do Quarteto da UFF, excursionou na Inglaterra e na Escócia, com programa exclusivamente brasileiro, fazendo gravação dele para a BBC. Também com este Quarteto realizou a primeira gravação mundial do Quarteto nº 4, de Villa-Lobos em disco. Como solista e camerista realizou inúmeras primeiras audições de música brasileira.
Participou das mais diversas Bienais de Música Contemporânea, executando em primeira audição mundial peças de José Penalva, Sonata para violino solo, de David Korenchendler, além de inúmeras outra obras. Foi Diretor Artístico e Spalla da Orquestra de Câmara Brasil Consorte, que estreou várias obras em primeira audição.
Gravou para a Orquestra de Câmara de Curitiba, atuando como maestro, com programa inteiramente brasileiro (Santoro, Emani Aguiar, H. Morozowicz e Guerra-Peixe). Executou em primeira audição no Brasil a Sonata nº 5, de Cláudio Santoro.
Em concertos no ano de 2004, com a parceria da pianista Lílian Barretto, executou programa integralmente brasileiro nos festivais "Festival Musical du Chateâu de Ia Follie” (Bélgica) e "Festival di Grottammare", segunda edição (Itália).
Na turnê patrocinada pela FUNART em concertos no sudeste e nordeste executou programa com predominância da música brasileira, gravou, na Suíça, CD que inclui e traz à cena a grande Sonata em La Maior, de Leopoldo Miguez (2005).
Em 2006 grava a integral da obra romântica de Francisco Mignone. Compositores como Bruno Kiefer, Ernani Aguiar, Odemar Brígido e Andersen Vianna dedicaram-Ihe obras.
Escreveu artigos para diversos periódicos musicais assim como importantes jornais. Foi jurado de diversos concursos, dentre eles o Primeiro Concurso Internacional de Violino Villa-Lobos (1983) e outros.
O Concurso Nacional de Cordas, o único no gênero em Juiz de Fora, traz o seu nome.
Mais recentemente, em dezembro de 2006 , realizou recital na Casa-Museu Claude Debussy em San-Germain en Laye (grande Paris), a convite da direção artística daquele estabelecimento, executando programa integralmente brasileiro (Mignone, Villa-Lobos, Nazareth e Ronaldo Mirando).
Soprano, nasceu no Rio de Janeiro em 1920 e faleceu em 1988.
Foi aluna de Murilo de Carvalho. Venceu concurso nacional de canto em 1936, realizando, desde então, inúmeras turnês nacionais e internacionais, particularmente nos Estados Unidos da América e nos países do leste europeu, notadamente na Rússia, onde se apresentou em concertos e gravou discos sob a regência de seu marido, o compositor José Siqueira.
Nasceu em Jaú, São Paulo, em 1945 e faleceu na cidade de São Paulo, em 2007. Arnaldo José Senise dedicou sua vida a divulgar e reinterpretar aspectos técnicos e estéticos da música, e ao mesmo tempo atuou como jornalista, pedagogo e pesquisador. Sua atividade musicológica se manifestou nos textos de grande discernimento crítico, em programas de concerto e encartes de CDs como os da série “Grandes Pianistas Brasileiros”. Porém, sua maior contribuição para a música brasileira foi a edição da Sinfonia em mi menor, de Alexandre Levy.
Arnaldo Senise diplomou-se pelo Conservatório de Música de Jaú e continuou seus estudos de piano, estética e análise musical de 1897 a 1980com Sophia Mello Oliveira, discípula de Luigi Chiaffarelli. Graduou-se, também, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Como professor, lecionou análise musical, história da música, estética musical e música brasileira. Participou de júris de concursos musicais e foi sócio benemérito da Sociedade Brasileira de Musicologia, da qual foi diretor de 1982 a 1985. Integrou a diretoria eleita sub judice para a reestruturação da Academia Brasileira de Música, foi conselheiro da Comissão Municipal de Cultura de São Paulo e autor de cerca de 100 publicações, entre ensaios, estudos e trabalhos científicos.
Pianista, compositor, regente e professor, Paulino Lins de Vasconcellos Chaves nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, a 26 de junho de 1883. Fez os primeiros estudos em Belém, Pará. Foi iniciado na música por sua mãe e pela professora Idalina França. Aos 8 anos, compôs a mazurca Saudades de uma rosa. Em 1896, por ocasião da morte de Carlos Gomes, escreveu uma Marcha Fúnebre em homenagem ao mestre. Iniciou brilhante carreira de pianista ainda na adolescência.
Estudou no Real Conservatório de Leipzig, na Alemanha, em dois períodos, entre 1899 e 1902 e entre 1913 e 1914, onde estudou com Robert Teichmüller (piano), Salomon Jadassohn e Paul Quasdorf (harmonia, contraponto, fuga e composição). Enquanto estudante do conservatório recebeu, em 1902, o prêmio Mozart Stipendium pelo primeiro lugar no concurso de piano. Retornando ao Brasil, em 1903, foi nomeado professor do Instituto Carlos Gomes de Belém (PA), que veio a dirigir mais tarde.
Veio pela primeira vez ao Rio de Janeiro em 1908 onde, em 03 de agosto, abriu o programa do terceiro concerto da Exposição Nacional, como solista do Concerto para piano no1 em mi bemol, de Franz Lizst, regido por Alberto Nepomuceno. No mesmo ano excursionou por Natal, Recife e Belo Horizonte se apresentando como solista e regente.
Em 1910, partiu para Manaus, tornando-se catedrático da Escola Normal do Amazonas.
Ali ficou até 1913, quando voltou a Leipzig para um ano de estudos de aperfeiçoamento. No retorno ao Brasil, voltou a fixar residência em Belém, onde criou diversas instituições musicais como o Centro Musical Paraense (1915) e o Coro de Santa Cecília (1916). Em 1918 criou o Quarteto Beethoven, para a difusão da música de câmera.
É desta época a estreia da Missa solene em honra de São Luís e da Missa de Santa Joana d'Arc, cantada na Basílica de Nazareth na festa da canonização de Santa Joana d'Arc. Ainda em Belém concluiu sua Sinfonia em mi menor. Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou sua intensa atividade artística. Foi nomeado professor do Instituto Nacional de Música. Apresentou-se como solista, mais uma vez com o Concerto para piano e orquestra, de Liszt, com a Orquestra do Instituto Nacional de Música em 1929. Faleceu no Rio de Janeiro, a 31 de julho de 1948.
Em 2010 a pesquisadora Lúcia Maria Chaves Tourinho lançou a biografia intitulada Maestro Paulino Chaves: dando vida ao artista e o catálogo de obras do compositor, com a inclusão de diversas partituras editadas.
O violoncelista, compositor e professor Joaquim Thomaz da Cunha Lima Cantuária nasceu em Pernambuco, em 29 de dezembro de 1800 e faleceu em 04 de setembro de 1878. Foi aluno do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Requereu o lugar de timbaleiro da Capela Imperial, até então ocupado por Francisco Manuel da Silva, mas não o obteve. Foi professor de música vocal e instrumental no Colégio de Órfãos de Olinda e mestre de capela, violoncelista e organista da Catedral. Escreveu uma Pequena Arte da Música, publicada em Recife, em 1857 (Sacramento Blake cita uma edição desta obra datada de 1836). Conhecem-se dele duas Missas, um Te Deum e três Vésperas Solenes.
Nasceu em São Paulo, em 1932. É compositora, pesquisadora e etnomusicóloga. Iniciou os estudos de música ao piano com a professora Leonilda Morganti. Aos oito anos passou a receber orientação do pianista e compositor Fructuoso Vianna e prosseguiu os estudos com Nair de Lima Tabet e Antonio Munhoz. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Ganhou bolsa de estudos da Comissão de Comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo para o curso de composição com Camargo Guarnieri, com quem estudou até 1961. Em 1966 foi bolsista do Instituto Torcuato Di Tella no Centro Latino-americano de Altos Estudos Musicais, para estudos de composição. Em 1970 obteve uma bolsa de estudos para estágio da Fundação Calouste Gulbenkian com a qual, em Lisboa, Portugal, trabalhou sob orientação do etnólogo Michel Giacometti e do compositor Fernando Lopes Graça.
Também conhecido como Brasílio Itiberê II (Curitiba, 17 de maio de 1896 - Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1967) foi um folclorista, músico e escritor brasileiro. Era sobrinho de Brasílio Itiberê da Cunha, João Itiberê da Cunha e do Monsenhor Celso Itiberê da Cunha.
Morando no Rio de Janeiro, onde transferiu residência para cursar Engenharia Civil, participou de movimentos literários na então capital brasileira e ajudou a fundar a Revista Festa (revista modernista) e com os conselhos de Villa-Lobos e Pixinguinha, abandonou a engenharia para dedicar-se a música.
Foi professor de folclore no Instituto de Artes da antiga Universidade do Distrito Federal e do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Na Revista Festa, escreveu alguns dos mais significativos contos do modernismo brasileiro.
Entre suas mais conhecidas composições, podemos citar: Suíte Litúrgica Negra, Trio nº1, Oração da Noite, O Canto Absoluto, Estâncias, Epigrama.
Como prosador e poeta, escreveu: Ora Vejam Só, Seu Jujuba...(1963); Mangueira, Montmartre e Outras Favelas - Viagens e Várias Histórias (1970).
Nasceu em São Paulo/SP, Brasil, em 23 de março de 1927 e faleceu na mesma cidade, em 18 de julho de 2011. Osvaldo Costa de Lacerda iniciou seus estudos de piano com Ana Veloso de Rezende, aos nove anos de idade,continuando-os, mais tarde, com Maria dos Anjos Oliveira Rocha e José Kliass. Aprendeu os primeiros rudimentos de harmonia e contraponto com Ernesto Kierski, de 1945 a 1947. No final da década de 1940, teve aulas de técnica vocal com a cantora russa exilada Olga Urbany de Ivanov. De 1952 a 1962, estudou composição com Mozart Camargo Guarnieri, a quem deve o início de sua carreira, e sob cuja orientação formou sua personalidade de compositor. Seu estilo caracteriza-se por um refinado nacionalismo, fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira, aliado a sólido domínio das técnicas modernas de composição.
Em 1963, passou um ano nos Estados Unidos, sob os auspícios da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, tendo sido o primeiro compositor brasileiro a usufruir uma bolsa de estudos dessa importante fundação. Teve, então, aulas de composição com Vittorio Giannini, em Nova York, e Aaron Copland, em Tanglewood. No final da década de 1970, aconselhou-se em orquestração com o maestro Roberto Schnorrenberg.
Em maio de 1965, foi um dos compositores que o Ministério das Relações Exteriores enviou aos Estados Unidos, para representar o Brasil no Seminário Interamericano de Compositores, na Universidade de Indiana, e no IIIº Festival Interamericano de Música, em Washington. Em abril de 1996, foi um dos compositores brasileiros que a American ComposersOrchestra convidou para participar, em Nova York, do Festival “Sonido de las Américas: Brazil”.
Entre suas obras, que vêm sendo cada vez mais executadas no Brasil e no exterior, destacam-se trabalhos para piano, canto e piano, coro, conjuntos de câmara, orquestra e banda, muitos dos quais se acham editados e gravados em discos, no Brasil e exterior.
No Brasil, tem os seguintes editores: Academia Brasileira de Música, Artur Napoleão, Cultura Musical, Irmãos Vitale, Mangione e Filhos, Musicalia, Novas Metas, Ricordi Brasileira, e Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, MusiMed, Universidade de Brasília, Funarte, Coomusa e Vozes. No exterior, são os seguintes os seus editores: GotthardDöring, Hans Gerig, Moeck, Schott’sSöhnne, Tonos, e Zimmermann, da Alemanha; Frangipani Press, Paul Price, Tempo Primo, e União Pan-americana, dos Estados Unidos; Saga, da Inglaterra.
É detentor dos seguintes prêmios em concursos de composição: 1º prêmio no concurso nacional de composição “Cidade de São Paulo”, promovido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1962, com a Suíte Piratininga para orquestra; 1ºprêmio no concurso de composição de obras sinfônicas, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a mesma Suíte Piratininga; 2ºprêmio no concurso de composição “A Canção Brasileira”, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, com a canção Mandaste a sombra de um beijo; 1º prêmio no concurso de composição e arranjos para coro misto a quatro vozes, promovido pela Universidade Federal da Paraíba, em 1967, com o coro Poema da necessidade; 1º Prêmio no “Iº Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Sopro-trompa e fagote”, promovido pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em 1984, com Três Melodias, para fagote e piano.
Além desses prêmios em concursos de composição, obteve também os seguintes: “Melhor Revelação como Compositor em 1962”, outorgado pela Associação de Críticos do Rio de Janeiro; “Melhor Obra de Câmara em 1970”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, com o Trio para piano, violino e violoncelo; “Melhor Obra de Câmara em 1975”, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte, com as Quatro Peças Modais para orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1978”, outorgado pela APCA, com Appassionato, Cantilena e Tocata, para viola e piano; “Melhor Obra de Câmara em 1981”, outorgado pela APCA, com o Concerto pra flautim e orquestra de cordas; “Melhor Obra de Câmara em 1986”, outorgado pela APCA, com a Sonata para oboé e piano; e “Melhor Obra Sinfônica em 1994”, com Cromos, para piano e orquestra.
Em 1968, recebeu o troféu “Ordem dos Músicos do Brasil-1968, Compositor de Musica Erudita”. Recebeu as seguintes medalhas: Alexandre Lévy, na qualidade de Presidente da Sociedade Pró Musica Brasileira, pela divulgação dada à obra daquele compositor; Marechal Candido Mariano da Silva Rondon e Brigadeiro José Vieira Couto de Magalhães, ambas outorgadas pela Sociedade Geográfica Brasileira.
Foi fundador da Mobilização Musical da Juventude Brasileira, em 1945, e diretor do Departamento de Divulgação da Música Brasileira, de 1951 a 1952, daquela entidade em São Paulo.
Foi fundador e diretor artístico da Sociedade Paulista de Arte, entidade que, de 1949 a 1955, apresentou diversos novos valores musicais ao público paulistano. Foi fundador e presidente da Sociedade Pró Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, de 1961 a 1966, promoveu ampla divulgação da música brasileira. Foi novamente presidente da mesma sociedade, quando esta ressurgiu brevemente em 1984.
Foi fundador e presidente do Centro de Música Brasileira, entidade que, em São Paulo, promove intensa divulgação da música erudita brasileira.
Foi membro da Comissão Municipal de Música, em Santos, de 1965 a 1967; presidente da Comissão Estadual de Música, em São Paulo, em 1967; e membro da Comissão Nacional de Música Sacra, de 1966 a 1970.
Dedicou-se sempre intensamente ao ensino da música, na qualidade de professor de teoria elementar, solfejo, harmonia, contraponto, análise musical, composição e orquestração. Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical”são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.
Destaca-se a sua participação, como professor, no curso de formação de professores da Comissão Estadual de Música, de São Paulo, de 1960 a 1962, e de 1969 a 1970; no I º Seminário de Música de Sergipe em 1967; no II º Festival de Inverno de Ouro Preto em 1968; no Curso Internacional de Música do Paraná, de 1966 a 1970, em 1975 e 1977, e em muitos outros cursos de música, realizados em diversas cidades do Brasil como Campinas, Ribeirão Preto, Franca, Pindamonhangaba, Presidente Prudente, Poços de Caldas, Londrina, Natal, dentre outras.
Foi o primeiro compositor convidado para o “Festival de Bar-Harbor”, do Maine, EUA, em julho de 1997, tendo tido várias de suas obras executadas em inúmeros concertos. Em 24 de novembro de 1997, recebeu o troféu “Guarani”, outorgado pela Secretaria de Estado da Cultura, de São Paulo, como personalidade musical do ano. Ainda em 1997, recebeu o Grande Prêmio da Crítica, da APCA.
Em janeiro de 1999, foi convidado a participar, na qualidade de compositor, do“Festival de Música Latino-Americana”, promovido pelo BardCollege em Annadale-on-Hudson, no Estado de New York. Obras suas foram então tocadas em diversos concertos promovidos pelo College. Nessa ocasião, um concerto com cinco de suas obras foi apresentado na prestigiosa série de concertos da Trinity Church, na cidade de New York, a cargo da Manhattan ChamberOrchestra, regida pelo entusiástico e eficiente maestro Richard Auldon Clark.
Em 29 de março de 2004, recebeu o Prêmio da APCA, por Lembrança de Amor, como melhor CD de 2003.
Em 24 de Julho de 2006, recebeu a Medalha Anhanguera, a mais importante condecoração concedida pelo estado de Goiás, pelos seus serviços prestados à música brasileira e à música em geral.
Compositor, regente e flautista, Octavio Batista Maul nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1901. Junto com seu pai, fundou uma banda musical na cidade natal. Estudou piano com Jaime Figueiras e harmonia com Agnelo França, ocupando o lugar de flautista no sexteto formado com seus irmãos. Em 1919, prestou exames no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde passou a frequentar a classe de contraponto e fuga de Francisco Braga, de quem foi aluno particular de composição, entre 1922 e 1926. Em 1929, fez estágios na Alemanha e Bélgica. Ao retornar ao Brasil, tornou-se aluno de Guilherme Fontainha. Em 1930, foi cofundador, junto com Alcina Navarro, do Instituto Musical de Petrópolis.
Em 1934 reingressou no Instituto Nacional de Música, onde foi aluno de regência de Francisco Mignone. Em 1936, passou a integrar o corpo docente do Conservatório Brasileiro de Música. Três anos depois, dirigiu concertos da Orquestra Sinfônica da Sociedade Pró-Música. Em 1940, lecionou, interinamente, na Escola Nacional de Música, tornando-se livre-docente na mesma instituição em 1945. Quatro anos mais tarde, foi efetivado no cargo. Participou da Sociedade Propagadora da Música Sinfônica e de Câmara fazendo parte de sua diretoria.
Dirigiu a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, apresentando obras suas, em 1951. Esteve à frente também da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra da Escola Nacional de Música. Em 1952, realizou excursão artística ao Rio Grande do Sul. Organizou e preparou a orquestra do Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro, com estreia oficial em 09 de dezembro de 1960, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa. No mesmo ano, realizou o Festival Octávio Maul, transmitido pela Rádio MEC.
Suas obras principais são: Marcha festiva (1922), Prelúdio sinfônico em dó sustenido maior (1927), Paisagem tropical (1934), Dança brasileira (1939), Iara Branca para cordas, Instantâneos para cordas, o Divertimento, para piano, violino e violoncelo (1936); Concerto Fantasia para piano e orquestra, Quarteto de cordas (1944) e diversas obras para piano destacando-se o Tríptico, o Recitativo e Balada, o Estudo em fá (1932), o Estudo em fá sustenido (1934), a Suíte mirim (1940) e a Sonata (1925). Compôs ainda música incidental para o Fausto de Goethe, em espetáculo realizado em 1948 no Teatro Quitandinha, em Petrópolis.
Faleceu em abril de 1974.
O compositor e cantor Cândido Ignácio da Silva nasceu por volta de 1800. Sua naturalidade é incerta. Manuel de Araújo Porto Alegre, seu contemporâneo, afirmou ser mineiro. Já o pioneiro editor de música Pierre Laforge, também seu contemporâneo, a ele se refere em anúncio nos jornais do Rio de Janeiro como um jovem e estimável compositor fluminense. Sua formação musical se deu no curso do Padre José Maurício Nunes Garcia. Seu instrumento era a viola para cujo naipe na orquestra da Capela Imperial solicitou ingresso em 1827, ou então alternativamente, no coro na voz de tenor. Foi um destacado cantor e assumiu as partes solistas de diversas obras de seu mestre, como a Missa de Santa Cecília. Como tenor solista participou de diversos concertos a partir de 1824, onde se apresentava cantando árias e trechos de óperas.
A partir da década de 1830 seu nome aparece também como compositor. Suas Variações para corneta de chaves e orquestra foi tocada por Desidério Dorison, em 1837. No mesmo ano os músicos Francisco da Mota, João Bartolomeu Klier e Antônio Xavier da Cruz apresentaram outro conjunto de variações escritas para flauta, corne-inglês, clarineta e orquestra. Suas últimas obras foram um Hino das Artes, apresentado no Teatro Constitucional Fluminense e 12 valsas para piano, editadas por Laforge.
Como compositor de modinhas e lundus Cândido Inácio da Silva foi considerado por Ayres de Andrade um dos mais inspirados e originais de quantos músicos brasileiros se consagraram ao gênero no século XIX. São dele algumas das mais célebres e executadas entre as modinhas de seu tempo, como Quando as glórias eu gozei e Busco a campina serena. Mas é com o lundu-canção com texto de Manuel de Araújo Porto Alegre intitulado Lá no Largo da Sé que a importância de Cândido Inácio da Silva pode ser reconhecida. Mário de Andrade, em extenso artigo publicado na Revista Brasileira de Música, considerava essa pequena peça um dos marcos históricos mais notáveis do gênero e de importância acentuada na evolução da música brasileira.
Teve vida relativamente breve, tendo falecido em 1838.
Júlio Medaglia é natural de São Paulo, diplomou-se em regência sinfônica na Alemanha, na Meister-klasse da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg. Fez curso de alta interpretação sinfônica com Sir John Barbirolli, de quem foi assistente.
Viveu na Alemanha por mais de 10 anos, atuando também na rádio e na TV, regendo algumas das mais importantes orquestras, inclusive na Filarmônica de Berlim.
Além de sua atividade como maestro no Brasil e no exterior, compôs mais de uma centena de trilhas sonoras para teatro, cinema e televisão. Uma seleção de músicas de suas trilhas foi gravada pelo conjunto de sopros da Filarmônica de Berlim (BIS 952), além de arranjos gravados pelos 12 violoncelos dessa Filarmônica (EMI). Em sua passagem pela música popular, foi um dos fundadores do Tropicalismo. É o autor do arranjo original da música “Tropicália”, de Caetano Veloso, que deu origem àquele movimento. É autor do hino oficial da Universidade de São Paulo com o poeta Paulo Bomfim.
Ocupou os cargos de Diretor do Instituto Estadual de Comunicação do Rio de Janeiro, Diretor da Rádio Roquette Pinto (RJ), Supervisor Musical Artístico da Rede Globo de Televisão, Diretor Artístico do Teatro Municipal de São Paulo e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, diretor artístico de Teatro Municipal do Rio de Janeiro, diretor do Festival de Inverno de Campos do Jordão, diretor da Universidade Livre de Música, diretor artístico do Centro Cultural São Paulo, regente da Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília. Para o Teatro Amazonas criou a Amazonas Filarmônica com músicos de vários países do mundo. Nesse teatro acontece o maior festival de ópera do país.
Por ocasião das homenagens a Carlos Gomes pela passagem dos 100 anos de seu falecimento, regeu e gravou em vídeo e CD com os 200 artistas da Ópera Nacional da Bulgária a ópera “O Guarany”, evento transmitido para vários países europeus pela Eurovisão.
Apresenta há 35 anos programa diário na Rádio Cultura FM de São Paulo. Produz e rege a orquestra da TV Cultura de São Paulo no programa Prelúdio, transmitido em cadeia nacional há 15 anos. Esse programa recebeu o prêmio de “melhor projeto cultural da TV brasileira” pela A.P.C.A.
É membro da Academia Nacional de Música e há 25 anos assina crônica mensal na revista Concerto. Recebeu do Ministério da Cultura a “Grã Cruz” da Ordem do Mérito Cultural. Recebeu semelhante honraria da presidência da Hungria por suas interpretações de obras de autores daquele país. Por seus 6 livros e mais de 500 artigos publicados, foi eleito por unanimidade para a Academia Paulista de Letras, cadeira de nº 3, que pertenceu a Mário de Andrade.
Compositor, pianista, professor e musicólogo, Armando Albuquerque nasceu em Porto Alegre/RS, em 29 de junho de 1901 e faleceu na mesma cidade, em 1986. Estudou no Conservatório de Música da cidade, tendo concluído o curso de violino em 1923. Foi aluno de Oscar Simm, em aulas de violino e J. Schwartz Filho, de harmonia. Tocou piano em grupos de música popular, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e foi arranjador da Rádio Difusora de Porto Alegre. Foi orientador musical da Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, entre 1959 e 1967. Por volta de 1946, começou a dedicar-se à composição. Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e professor de composição no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Régis Duprat (Rio de Janeiro, 11.07.1930 – São Paulo, 19.12.2021) estudou violino e viola com Joahanes Oesner, integrante do Quarteto Fritsche, de Dresden, e depois do Quarteto Municipal de São Paulo. O estudo do contraponto e composição foi feito com Olivier Toni e Claudio Santoro. De 1950 a 1966, foi violista de vários conjuntos de câmara e sinfônicos, diretor do Sindicato dos Músicos e da Associação dos Professores da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Foi cofundador de diversas entidades musicais, como a Orquestra de Câmara de São Paulo e a Orquestra Angelicum do Brasil. Em 1963, Duprat foi um dos signatários do “Manifesto Música Nova”, propunha uma renovação da linguagem musical através de princípios de experimentação, defendendo o “compromisso total com o mundo contemporâneo”.
Formado em História pela USP, cursou o Instituto de Musicologia e o Conservatório de Paris. Foi professor de viola e de história da música da Universidade de Brasília, onde se doutorou em musicologia, orientado por Sérgio Buarque de Holanda. Foi professor da UNESP e da USP, onde orientou dissertações e teses de mestrado e doutorado. É sócio honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia (1993) e membro eleito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1994). Foi cofundador da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – Anppom, além de ter atuado como professor da Unesp e da USP. À frente da Anppom, defendeu a importância da transdisciplinaridade.
Recebeu, em 1970, prêmio especial da Associação Paulista de Críticos Teatrais pela pesquisa musicológica sobre o período colonial paulista. Fez parte do corpo editorial da Revista Brasileira de Música, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, e da Modus, publicação da Universidade do Estado de Minas Gerais.
Como musicólogo dedicou-se, sobretudo, ao estudo da música colonial de São Paulo, da Bahia e de Minas Gerais. Publicou grande quantidade de estudos musicológicos em periódicos no Brasil e no exterior, assim como de revisões críticas de obras musicais. Colaborou com inúmeros verbetes para a Enciclopédia da Música Brasileira Erudita, Folclórica e Popular, em suas duas edições, de 1977 e 1998. Coordenou o trabalho de organização do Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, tendo como resultado a elaboração e publicação de três catálogos dos manuscritos musicais lá existentes.
Tem cerca de 120 trabalhos publicados em revistas especializadas, dentre os quais 20 livros, comunicações musicológicas apresentadas em congressos nacionais e internacionais e cerca de 300 transcrições musicológicas e transcrições orientadas de partituras do Brasil colonial e imperial. Produziu 18 LP´s e CD´s sobre a música brasileira, erudita e popular. Recebeu o Prêmio Clio de 1996, da Sociedade Paulistana de História. Em sua produção se destaca o livro “A Música na Sé de São Paulo Colonial” (1995), onde aborda o compositor André da Silva Gomes e apresenta seu catálogo de obras. Publicou sobre o mesmo compositor uma edição comentada de sua Arte explicada do contraponto (1998). Outros livros importantes são “Garimpo Musical” (1985) e a série “Música do Brasil Colonial” (1997).
Nas palavras do confrade Ricardo Tacuchian:
“Duprat é o elo entre a musicologia tradicional, naquilo que ela tem de mais rica, e a Nova Musicologia. Ele é um homem dos arquivos, dos documentos que precisam ser autenticados, da análise das formas de expressão musical de cada época e de cada local, da extração de exemplos de épocas remotas, mas que podem servir de luz para a compreensão dos dias atuais, enfim, um detetive sherlockiano. Duprat traz para a Musicologia Brasileira o método de um Jacques Chailley, Fernand Braudel, Pierre Francastel ou Marcel Beaufils, autores que alimentaram a avidez intelectual de nossa juventude e que ele conheceu de perto, mas que soube ultrapassá-los com sabedoria.”
Régis Duprat faleceu aos 91 anos, no dia 19 de dezembro de 2021.
Foi compositor, musicólogo e professor. Nasceu na cidade italiana de Bari, em 20 de janeiro de 1883. Iniciou seus estudos musicais com o pai e com o maestro Gaetano Foschini (contraponto, fuga e composição). Veio para o Brasil com cerca de vinte anos de idade. Foi flautista da Banda da Força Pública e fez parte do primeiro grupo de docentes do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, ocupando, entre 1910 e 1928, o posto de professor de harmonia, contraponto e fuga. Entre seus alunos estavam os futuros compositores Dinorah de Carvalho e Francisco Mignone.
Em 1928 fundou a Academia Musical de São Paulo e foi seu diretor até 1938. Passou a lecionar harmonia no Instituto Santa Marcelina, de São Paulo, de 1934 a 1943. Lecionou também no Conservatório Musical de Santos, no Conservatório Carlos Gomes e no Instituto Caetano de Campos, de São Paulo.
Em 1913 fundou e organizou o Centro Musical de São Paulo. Publicou o Compêndio de harmonia (1921), O Canto coral nos colégios e sua teoria e pequenos solfejos para uso dos orfeões (1936), Terminologia musical (Ricordi, 1941), Tratado de harmonia – clássico e moderno (Ricordi, 1948), Elementos de Cultura Musical (Ricordi, 1952) e Curso teórico prático de instrumentação para orquestra e banda (Ricordi, 1954). Foi responsável também pela publicação no Brasil do Método Completo de Divisão, de P. Bona.
Como compositor foi premiado pelo governo de São Paulo pelo poema coral sinfônico Centenário, escrito sobre texto de Francisco Roca Dordal para a inauguração do Monumento do Ipiranga, em 1922. A obra foi novamente executada em São Paulo em 1940 pelo maestro Armando Belardi na inauguração do Estádio do Pacaembu. Sua abertura Curumiaçu mereceu o primeiro prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938. Escreveu ainda Lenda Brasileira (1923), Rapsódia Brasileira (1940), Quarteto de cordas em dó maior (1909), Cinco aquarelas para violino e piano (1925), Suíte para violino e piano (1933), a Coleção Infantil para piano, música vocal para coro e canções.
Faleceu em São Paulo em 15 de agosto de 1971.
Compositor e professor, Domingos da Rocha Viana nasceu em Salvador, Bahia, em 20 de janeiro de 1807 e lá faleceu em 29 de fevereiro de 1856. Iniciou-se como músico de banda da Guarda Nacional. Foi condecorado por sua participação na Guerra da Independência, em 1822. Ferido em combate próximo do engenho Moçurunga, adotou-lhe o nome como lembrança. Aos 20 anos já lecionava música e em 1830 era professor de latim e português no Colégio São Pedro de Alcântara. Em 1833 fez concurso para as cadeiras públicas de música e de latim, sendo nomeado catedrático da primeira e substituto da segunda. Lecionou, ainda, na Academia de Música, sociedade que funcionou em Salvador de 1830 a 1836, e da qual participaram Damião Barbosa de Araújo e José Pereira Rebouças. Com a criação do Liceu Provincial, em 1837, ocupou a cadeira de música. No mesmo ano envolveu-se na Sabinada, rebelião de caráter republicano em Salvador, e foi preso, depois julgado e absolvido.
Nessa época compôs os versos e a música do Hino da revolução. Já era então um dos mais conceituados músicos de sua terra e em 1838 teve obra sua executada no Rio de Janeiro, no Teatro São Pedro de Alcântara, em concerto que reuniu aberturas sinfônicas de mestres da escola baiana. Em 1839 foi reintegrado nas funções de catedrático de música. Em 1846 apresentou à assembleia provincial um projeto sugerindo a criação de um conservatório de música em Salvador. Foi poeta e publicou anonimamente versos satíricos. Um dos primeiros autores brasileiros a escrever obra pedagógica musical, publicou um Compêndio musical, em Salvador, em 1834 (2ª ed., como “Novo compêndio de música”, Salvador, 1846; nova ed., como “Artinha Moçurunga”, Salvador, 1905).
Como compositor deixou diversas peças sacras, entre as quais um Te Deum, escrito em 1841, para a coroação de Pedro II, as Novenas de Nossa Senhora e do Senhor da Cruz, nove Missas, Credos, Ladainhas. Na música instrumental são conhecidas três Aberturas. Autor da letra e música do dueto bufo A Negra do munguzá, encenado várias vezes em Salvador com êxito, compôs diversas quadrilhas, valsas e o lundu Onde vai o sr. Pereira de Morais. Foi fecundo autor de modinhas.
Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 08 de novembro de 1930. Teve os primeiros contatos com a música tocando cavaquinho, violão e piano desde os nove anos de idade. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, terminando o curso em 1954. Paralelamente atuava em casas noturnas e participava da Orquestra da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro e arranjador Orlando Costa (Cipó). De 1954 a 1959, residiu em Juiz de Fora, onde se bacharelou em Direito e foi diretor, durante dois anos, do Conservatório Estadual de Música. Na cidade natal estreou seu Concerto para piano e orquestra, em 1956.
De 1960 a 1963, aperfeiçoou-se em piano com José Kliass. Transferindo-se para São Paulo, estudou composição com Camargo Guarnieri. Atuou nesse período como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes. Trabalhou também como arranjador em trilhas e jingles. A partir de 1970, passou a integrar, como pianista e arranjador, a orquestra da extinta TV Tupi.
Em 1975 passou a lecionar arranjos e improvisação na Academia Paulista de Música. Neste período iniciou uma série de apresentações como regente de conjuntos de câmara e como pianista, apresentando composições de sua autoria. Prosseguiu os estudos de composição com H. J. Koellreutter. No período, foi vencedor do concurso patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil com a peça Noneto. Em 1981, foi vencedor da Feira Livre de MPB, patrocinada pela TV Cultura, e escolhido como regente, arranjador, autor e compositor para representar o Brasil no décimo festival da OTI, realizado na cidade do México.
Em 1982, foi convidado a lecionar contraponto e composição no Instituto de Artes da UNESP. Em 1985, iniciou seus trabalhos do mestrado de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluído em 1988. Em 1986, foi vencedor do concurso de composição patrocinado pela Editora Cultura Musical, tendo obtido o primeiro lugar com a peça para violão Choro Pretensioso, e segundo lugar com a peça para piano solo Ritmata nº1.
Entre 1988 e 1991 foi pianista do programa “Jô Soares onze e meia”, no SBT. Atuou junto a Orquestra de Jazz Sinfônica, tendo, em agosto de 1990, apresentado no Memorial da América Latina a peça Caetê Jururê, como regente da orquestra. Em 1990, recebeu o prêmio A.P.C.A. (Associação Paulista de Críticos de Arte), por sua apresentação do Ciclo Cecília Meireles. Entre 1992 e 1995, foi professor de arranjo, improvisação e orquestração do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Em 1992, foi escolhido pela Escola de Música Arte Livre como compositor do ano, homenageado por meio de inúmeros recitais com obras de sua autoria. No ano de 1993, por ocasião da comemoração do centenário de nascimento do poeta Mário de Andrade, foi vencedor do concurso promovido pela prefeitura de São Paulo, com a composição Rua Aurora, baseda em texto do poeta. Em 31 de maio de 1994, foi-lhe conferida pela Prefeitura do município de Juiz de Fora a “Comenda Henrique Halfeld”.
Em 1995, sua obra Postais Paulistanos foi premiada pela A.P.C.A. como a melhor peça coral sinfônica. Em 1996, sua peça Chorando (para contrabaixo e piano) obteve 3º lugar no II Concurso Nacional de Composição para Contrabaixo, promovido pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Concluiu o Doutorado na UNESP em 1998. No mesmo ano, foi premiado pela A.P.C.A. pelo Concerto para vibrafone e orquestra. Compôs também o Concerto para flauta e orquestra, estreado em 8 de abril de 2000, em Londres, e o Te Deum, em comemoração aos 150 anos da cidade de Juiz de Fora.
Nasceu em 04 de julho de 1935, em São Paulo e faleceu no mesmo estado em 02 de maio de 2014. Estudou piano com Maria de Freitas Moraes e Alice Philips e composição com Olivier Toni. Seu catálogo de obras é extenso, incluindo obras para quase todas as formações instrumentais: câmara, vocal, coral, cênica e sinfônica. Obteve vários prêmios em concursos de composição no país e no exterior. Possui diversas obras editadas no Brasil, Europa e Estados Unidos. Em 1975, na Tribuna Internacional de Compositores, em Paris, regeu sua obra Ensaio-72 no Theatre de laVille. Transfigurationis, encomendada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, estreou em 1981, valendo-lhe na ocasião o premio da APCA/Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1988 esta obra foi estreada pela Orquestra Sinfônica Tonhalle, de Zurique, e em 1992 teve três execuções pela Orquestra Sinfônica Bruckner de Linz, na Áustria.
Em 1992 estreou com sucesso sua Sinfonia nº 2 - Mhatuhabh, em Zurique, sob a regência de Roberto Duarte frente à Orquestra Sinfônica Tonhalle, que encomendou a obra. Em 1995, quando da estreia desta sinfonia em São Paulo, com a OSESP, obteve novamente o prêmio da APCA. No mesmo ano conquistou a Bolsa Vitae de Artes para a composição da 3ª Sinfonia, tendo a obra sido escrita na Suíça, onde residiu por um ano. Esta peça teve estreia mundial em abril de 1998, sob a regência de Roberto Duarte e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Em 1994 foi eleito membro da Academia Brasileira de Música. Em julho de 1996, sua Missa Solene para coro e solistas infantis, órgão e percussão foi estreada na Hungria, obra encomendada para a comemoraçãodos 1000 anos da Abadia de Pannohalma.
Novamente, mediante concurso obteve em 1997 a Bolsa Vitae de Artes para a composição de três quintetos: Quinteto para oboé e quarteto de cordas; Quinteto para trompa e quarteto de cordas, de 1998, e Quinteto para 2 violinos, 2 violas e violoncelo, de 1998. Em 1997 compôs, atendendo a encomendas, Toccata para violino, violoncelo e piano; Tempestade Óssea, sexteto para 2 xilofones, 2 marimbas, 5 claves e 5 templeblocks, gravação do Grupo de Percussão da UNESP; A Coisa, cantata para coro e percussão sobre texto de Millôr Fernandes. Seu nome é verbete em destacadas publicações estrangeiras, tais como GrovesDictionaryof Music e Who's Who in theWorl. Dedicado também ao magistério, lecionou composição e outras disciplinas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde foi professor livre docente em composição, e chefe do Departamento de Música da ECA-USP em 1997.
Professor e crítico de música, Octavio Bevilacqua nasceu no Rio de Janeiro a 17 de maio de 1887 e faleceu nesta mesma cidade a 23 de agosto de 1959. Ele era neto do pianista Isidro Bevilacqua e filho do compositor Alfredo Bevilacqua. Sua avó, senhorinha Ribeiro de Melo, foi cantora da Capela Imperial. Otavio Bevilacqua estudou medicina até o terceiro ano, passando logo a dedicar-se exclusivamente à música. Foi aluno de piano de Frederico Nascimento e de contraponto e fuga de Alberto Nepomuceno. A 08 de agosto de 1915, conquistou o título de livre-docente de teoria e solfejo do antigo Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde passou depois a professor-assistente de harmonia. Foi também livre-docente, professor-assistente e professor-catedrático da Escola Normal, depois Instituto de Educação do Rio de Janeiro.
Em 1932, foi o primeiro professor a lecionar História da Música no Instituto Nacional de Música. Viajou pela Europa, comissionado para observar os métodos de ensino de música. Foi membro do Conselho técnico-consultivo da Prefeitura do Distrito Federal e sócio honorário do Instituto de Música da Bahia. Participou do I Congresso da Língua Nacional Cantada, organizado por Mario de Andrade, em São Paulo, em 1937, e recebeu a Medalha Carlos Gomes, do Estado da Guanabara, pelo conjunto de suas atividades. Foi crítico de música do jornal O Globo e escreveu também, como correspondente ou como colaborador, na revista Le Ménestrel (Paris) e The Journal of Musicology (Greenfield, Ohio), assim como na Revista Brasileira de Música, em O Cruzeiro, na Revista da Semana, entre outras.
Foi redator da Ilustração Musical, de 1930 a 1931, e da Revista da Associação Brasileira de Música, de 1932 a 1934. Realizou muitas conferências e publicou os seguintes livros: Pontos de teoria elementar de música (1921), e Notas sobre a história do canto coral (1933). Em colaboração com Laura Jacobina Lacombe, publicou os quatro volumes da obra Vamos cantar, de 1944 a 1948.
Nasceu em São João del Rei a 23 de agosto de 1819 e faleceu nesta mesma cidade a 22 de janeiro de 1887. Era filho de João Xavier da Silva Ferrão e de Maria José Benedita de Miranda. Era sobrinho, por parte de mãe, do compositor e professor Francisco de Paula Miranda, que foi diretor da Orquestra Lira Sanjoanense e era pai do também compositor Francisco Martiniano de Paula Miranda. Com o tio realizou estudos de música, tendo estudado canto, clarineta e violino. Complementou sua formação com os estudos de Latim, Francês, História, Geografia e Filosofia. Ordenou-se padre em 1846.
Em 1872, recebeu a Medalha de Prata da V Semana Industrial Mineira, realizada em Juiz de Fora, como prêmio por suas obras. São muitas as referências a ele em obras literárias e históricas, assim como em relatos de viagens e em diários. O próprio imperador Pedro II a ele se refere em seu diário, quando menciona sua admiração pelo Te Deum ouvido em 25 de abril de 1881 na Matriz do Pilar, em homenagem à visita do Imperador a São João del Rei.
São conhecidas mais de cem obras de José Maria Xavier, muitas das quais de grandes dimensões, conservadas em arquivos de manuscritos musicais de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
Sua obra é executada principalmente em São João del Rei, pelas bicentenárias orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, assim como em outras cidades mineiras, notadamente Prados e Ouro Preto. Especialmente no período da Semana Santa sua obra pode ser ouvida nas igrejas mineiras. Suas Matinas do Natal chegaram a ser editadas na Alemanha, representando um raro exemplo de música sacra oitocentista mineira com partitura impressa. De sua autoria são também as músicas para o Ofício de Ramos, para os Ofícios de Trevas, para o Ofício de Sexta-feira Maior, as Novenas de São Sebastião, Nossa Senhora das Mercês as Matinas da Assunção de Nossa Senhora, do Espírito Santo e de Nossa Senhora da Conceição.
Em 2004 seu Ofício de Trevas, as Matinas de Sábado Santo e as Matinas da Ressurreição foram gravados pelo Coral Lírico do Palácio das Artes e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência de Marcelo Ramos.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1947. Sobrinho-neto do compositor Arnold Schoenberg e do maestro Arthur Bodanzky, muito cedo começou a estudar piano e seguiu a vocação para regência com Hans Swarowsky, em Viena, e com Leonard Bernstein, em Tanglewood. Dentre os concursos internacionais de regência que venceu destacam-se os de Florença, 1969, da Sinfônica de Londres, 1972, e do La Scala, 1976. De volta ao Brasil em 1973, assumiu a direção dos teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na Europa, foi diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, do Teatro de Sankt Gallen, na Suíça, do Teatro Massimo, de Palermo e da Ópera de Bordeaux, além de ter sido regente residente na Ópera de Viena. Em 1996 dirigiu Il Guarany, de Carlos Gomes, na Ópera de Washington, nos Estados Unidos, tendo Plácido Domingo no papel de Peri.
Dedica-se também à composição para cinema e teatro, sendo o autor das trilhas sonoras dos filmes Pixote, O Beijo da mulher-aranha, Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, Gaijin – os caminhos da liberdade e Os Condenados, além da trilha sonora da minissérie Os Maias. Mais recentemente, compôs a música do filme Desmundo, de Alain Fresnot, e a música incidental da telenovela Esperança.
Nos doze anos em que esteve à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (1997-2008), Neschling elevou o grupo a níveis internacionais, tornando-a reconhecida pela crítica internacional como uma das orquestras a serem notadas entre as melhores do mundo (Revista Gramophone, dezembro de 2008). Neschling gravou com a OSESP uma série de CDs de música brasileira e internacional para o selo sueco BIS. Cinco deles receberam o selo Diapason D'Or, além de um Grammy Latino pela sua gravação da 6ª Sinfonia, de Beethoven, pelo selo Biscoito Fino.
Durante a gestão de Neschling a antiga Estação Júlio Prestes foi transformada em Sala São Paulo e o número de assinantes da orquestra chegou a quase 12.000, foram criadas a Academia de Música da OSESP, o Centro de Documentação Musical Eleazar de Carvalho, a Editora Criadores do Brasil, dentre outros projetos que impulsionaram a atividade sinfônica paulista e brasileira.
Sob sua direção, a OSESP fez duas turnês norte-americanas e duas turnês europeias, apresentando-se, entre outras salas, no Avery Fischer Hall, de Nova Iorque, e no Musikverein, de Viena. Viajou diversas vezes pela América do Sul e realizou duas grandes excursões pelo Brasil.
Atualmente John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo.
Nasceu em São João del-Rei, em Minas Gerais, a 20 de agosto de 1943, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 2002. Filho de Telêmaco Vítor Neves, violinista, compositor e maestro da Orquestra Ribeiro Bastos entre 1940 e 1950, José Maria Neves iniciou seus estudos musicais no Conservatório Estadual de Música de sua cidade natal, continuando-os nos Seminários de Música Pró-Arte, onde foi aluno de Guerra-Peixe e Esther Scliar. Transferindo-se para a França, em 1969, realizou cursos de aperfeiçoamento em composição com Louis Saguer, regência com Pierre Dervaux, regência coral com StéphaneCaillat e música eletroacústica com Pierre Schaeffer, além de ter concluído, sob a orientação de Jacques Chailley e Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, o mestrado e o doutorado em Musicologia na Universidade de Paris IV (Sorbonne).
Realizou pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin, de 1994 a 1995, e na Universidade Nova de Lisboa, de 1999 a 2000. Suas antigas relações com a Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei fizeram com que assumisse, em 1977, a função de regente daquela que é uma das mais antigas corporações musicais do país. Dirigiu suas atividades locais e em muitas turnês através do país, tendo com ela gravado, como registros musicológicos, seis discos de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX. Desde 1968, fez parte do corpo docente do Instituto Villa-Lobos da Universidade do Rio de Janeiro/UNI-RIO, recebendo o título de professor titular emérito quando se aposentou, em 1997.
Foi professor titular também do Conservatório Brasileiro de Música, onde lecionou desde 1972. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Educação Musical, 1972-1974, da equipe permanente dos Cursos Latino-Americanos de Música Contemporânea, 1978-1986, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, 1975-1999, e da Academia Brasileira de Música, 2003-2004. Foi membro do conselho editorial de periódicos do Brasil e dos Estados Unidos e consultor ad hoc para a área da música da Fundação CAPES e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq. Sua obra musicológica inclui cerca de 50 títulos, editados no Brasil e no exterior (livros, capítulos de livros, artigos e edições críticas de partituras). Foi autor de pequena obra musical, nela incluindo-se ensaios eletroacústicos e música incidental para teatro. Realizou mais de cinquenta revisões musicológicas de obras mineiras dos séculos XVIII e XIX, tendo sido o responsável pela primeira audição contemporânea da maioria delas, à frente da Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei.
Foi um dos mais famosos professores de sua época, além de regente e compositor. Alguns dos melhores compositores brasileiros do seu tempo foram seus alunos no Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro. Nascido em 1o de Janeiro de 1892, iniciou os estudos musicais na Escola XV de Novembro, praticando bombardino na banda da instituição. Prosseguiu sua formação no INM, onde foi aluno de Francisco Braga, Frederico Nascimento e Agnelo França. Em 1921 já seria livre-docente de harmonia. Paralelamente estudou Direito, concluindo o curso em 1932. Em 1935, obteve por unanimidade a cátedra de contraponto e fuga no INM. Ensinou também prosódia musical no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Em 1937, esteve em Paris e lá visitou o famoso conservatório.
Foi colaborador da Revista Brasileira de Música e publicou diversos livros didáticos de música, ainda hoje apreciados e utilizados no Brasil como Cartilha de Música (1926); Manual de Harmonia (1932); Curso de Contraponto (1933); Manual de Fuga (1935); Linguagem da música (1954).
Foi autor de obras para orquestra e música de câmara. Seu Prelúdio e Fuga para quarteto de saxofones foi publicado no Boletim Latino Americano de Música.
Faleceu nesta capital em 1967, cercado pelo carinho e admiração de seus alunos e colegas.
O espanhol José Zapata y Amat é figura cuja biografia é praticamente desconhecida. Desempenhou papel importante no Rio de Janeiro em meados do século XIX, mas desapareceu sem deixar vestígios. Conhecido em nosso país como Don José Amat, nasceu na Espanha, em local e data desconhecidos. Teria vindo para o Rio de Janeiro, em 1848, fugindo de perseguições políticas decorrentes de seu envolvimento com o movimento carlista na luta pelo trono espanhol. Tinha boa formação musical e aqui ensinou canto e composição. Escreveu canções sobre versos de vários poetas brasileiros, inclusive Gonçalves Dias (Minha terra tem palmeiras e A Canção do exílio), além dos álbuns Melodies brésiliennes (1851) e Les nuits brésiliennes (1862).
Em 1856 casou-se com uma de suas alunas de canto, Maria Luisa Amat, soprano com expressiva atuação na vida musical do Rio de Janeiro à época.
Em março de 1857 foi criada no Rio de Janeiro a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional e José Amat assumiu a função de gerente e administrador. Um dos objetivos da instituição era encenar óperas cantadas em português, mas a companhia só durou três anos. Mas foi tempo suficiente para revelar as primeiras óperas daquele que viria a ser o mais importante compositor brasileiro do século XIX, Carlos Gomes. Logo após, foi criada a Ópera Lírica Nacional, que também se dissolveu dois anos depois, em 1862. D. José era seu diretor e também encenou óperas estrangeiras. Em 1865 participou da Arcádia Fluminense e com o escritor Machado de Assis escreveu a Cantata da Arcádia. Após 1865 não são encontradas mais referências dele no Rio de Janeiro.
Especula-se que tenha ido à Europa buscar meios de reforçar seus empreendimentos artísticos, mas não se ouviu falar mais nele. D. José Amat foi autor de peças para piano solo e canções e era personalidade muito estimada na capital do Império, embora tenha vivido menos de sete anos no Brasil.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Estudou composição com Henrique Morelenbaum e piano com Dulce de Saules, na Escola de Música da UFRJ. Começou sua carreira como crítico de música do Jornal do Brasil e intensificou o seu trabalho como compositor a partir de 1977, quando obteve o 1º prêmio no Concurso de Composição para a II Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria de música de câmera. Em 1978, foi selecionado para representar o Brasil na Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO, em Paris. Nos anos seguintes, recebeu inúmeros prêmios em concursos nacionais de composição e também o Troféu Golfinho de Ouro, em 1981, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo/APCA (1982 e 2006). Em setembro de 2001, recebeu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo o Troféu Carlos Gomes, como melhor compositor do ano.
Participou de importantes festivais internacionais: o World Music Days, em Aarhus, Dinamarca (1983); a X Bienal de Música de Berlim (1985); o World Music Days, em Budapeste, Hungria (1986); o Aspekte Festival, em Salzburgo, Áustria (1992); a série Musiques del nostre Temps, em Palma de Mallorca, Espanha (992), Sonidos de las Americas/Brasil, no Carnegie Hall, em Nova Iorque (1996), Semana de Música Brasileira, realizada na Hochschule für Musik, em Karlsruhe, Alemanha (2000) e The First World Guitar Congress, em Baltimore nos EUA (2004).
Em 1984, foi feito Chevalier dans l’Ordre des Arts et des Lettres, pelo Ministério da Cultura da França.
Suas obras têm sido apresentadas nas principais salas de concerto do Brasil e do exterior, como o Queen Elizabeth Hall, em Londres, a Tonhalle, em Zurique, o Mozarteum, em Salzburgo, o Teatro Colón, em Buenos Aires e o Carnegie Hall, em Nova Iorque. Inúmeras peças de sua autoria estão gravadas e muitas delas foram comissionadas por importantes instituições, como a Fundação Apollon, de Bremen (Alemanha), a Towson University (EUA), a Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundação Vitae, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil, Sala Cecília Meireles, o Ministério da Cultura do Brasil e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Recebeu encomendas também de grupos e intérpretes como o coral sueco Vokalensemble, o Quinteto Villa-Lobos e o violoncelista Antônio Meneses.
Em novembro de 2003, a convite da Brahmsgesellschaft, foi artista residente no Brahmshaus Studio, em Baden-Baden, onde criou a obra Festspielmusik, para dois pianos e percussão.
Ronaldo Miranda foi professor de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diretor-adjunto do Instituto Nacional de Música da FUNARTE e diretor da Sala Cecília Meireles. Atualmente, é professor de composição do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
E-mail: rcmusica@terra.com.br
Portal: www.ronaldomiranda.com
Nasceu em Uberaba, Minas Gerais, em 01 de junho de 1895. A família transferiu-se para São Paulo e ainda menina começou a estudar piano, no Conservatório Dramático e Musical, onde foi colega de Mário de Andrade e Francisco Mignone. Em 1916 terminou seu curso de piano com distinção e iniciou turnês como recitalista. Ganhou bolsa de estudos do governo de Minas Gerais e partiu para a França, onde se aperfeiçoou com Isidor Philipp. Ao voltar ao Brasil foi apresentada por Mário de Andrade ao professor e maestro Lamberto Baldi, com quem continuou os estudos de composição e regência. Com Martin Braunwieser estudou orquestração. Nomeada inspetora de ensino superior, foi uma das fundadoras da Orquestra Feminina de São Paulo, cujos concertos obtiveram considerável repercussão. Em 1954 recebeu a medalha de ouro do IV Centenário da fundação da cidade por seu trabalho de formação musical das crianças paulistas. Em 1960, apresentou-se novamente em concertos na Europa.
Sua obra como compositora, no entanto, não foi extensa. Souza Lima organizou no Teatro Municipal de São Paulo um Festival Dinorah de Carvalho, em 1960. Dentre suas obras podemos destacar a suíte sinfônica Arraial em festa, as três Danças brasileiras, para piano, cordas e percussão; Serenata da Saudade, para orquestra de câmara (1931) e Contrastes, para piano e orquestra (1969). Para piano deixou a Sonata no1, A Sertaneja (1930), Onze Peças Infantis sobre Motivos Populares (1939) e Jogos no parque infantil (1943). Da produção coral se destacam Boi Tungão (1942), Ê bango-bango ê (1942) e a Missa De Profundis (1977), que mereceu prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Entre as canções podemos destacar a coletânea Noite de São Paulo (1936), sobre textos de Guilherme de Almeida.
Faleceu em São Paulo, em 1980.
As principais informações biográficas sobre o compositor foram reveladas por seu filho, Antônio Álvares Lobo, em documentos encaminhados a Luciano Gallet e que hoje se encontram na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. Foram usados também os trabalhos de Ayres de Andrade (Francisco Manoel da Silva e seu tempo) e Olga Cacciatore (Dicionário biográfico de música erudita brasileira). Elias Alves Lobo nasceu em Itu, São Paulo, em 09 de agosto de 1834. Estudou contrabaixo, piano e outros instrumentos. Em 1855, sua primeira Missa foi interpretada em Tietê. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar no Conservatório de Música, onde foi aluno de harmonia e contraponto de Raphael Coelho Machado. Escreveu a Missa de São Pedro de Alcântara e a ofereceu ao Imperador do Brasil, D. Pedro II, tendo sido cantada na Capela Imperial.
Em 1859 escreveu, para a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, A Noite de São João, que é considerada a primeira ópera brasileira. Com libreto em português, foi encenada na capital sob a direção do jovem Carlos Gomes. Escreveu uma segunda ópera para a mesma companhia, A Louca, também chamada de Os Salteadores da Mantiqueira, que não chegou a ser encenada, tendo sido apresentada apenas em redução para piano no Clube Fluminense, em 1862. Fixou-se em Campinas onde fundou uma sociedade musical e integrou uma orquestra dirigida por Santana Gomes. Foi professor da Escola Modelo Maria José em São Paulo, onde organizou, em 1875, um congresso para promover a música clássica e estimular o ensino musical no estado. No ano seguinte, publicou um Método de Música, com 2ª edição em 1883.
Em 1882 começou a compor uma terceira ópera, Sacrifício de amor, com libreto de Carlos Ferreira, que ficou inacabada. Na música sacra escreveu várias Missas. Além da já mencionada, há referência sobre a Missa do Senhor Bom Jesus, de 1874. Constam ainda três Credos e toda a música para o período da Semana Santa (1872), incluindo Domingo de Ramos, Ofícios de Quarta, Quinta e Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Ressurreição. Escreveu também as Matinas do Espírito Santo, Tantum Ergo, Salutaris Hostia e Ave Maria. Há ainda referência a um Oratório do Carmo, executado em Itu, em 1865, e um Oratório da Conceição, executado em Campinas, em 1885. Na música instrumental constam peças para piano solo, música de salão, o lundu Chá preto, sinhá?, obra publicada pela Casa Artur Napoleão, e a modinha Nerina, maga estrela.
Faleceu em 15 de dezembro de 1901.
Nasceu em São Paulo, em 18 de setembro de 1937. Estudou piano com Mathilde Frediani e Karl Heim. Em 1953 foi uma das vencedoras do concurso para solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, com a qual se apresentou pela primeira vez sob a regência de Eleazar de Carvalho interpretando o Concerto no1, de Villa-Lobos. Prosseguiu os estudos com Magdalena Tagliaferro, entre 1954 e 1957. Seguiu para Paris, onde deu continuidade aos estudos com Pierre Sancan, Christianne Sénart, o russo Pyotr Kostanoff e Lazare Levy. Ao retornar, em 1959, tornou-se aluna de Guilherme Fontainha, Camargo Guarnieri e Osvaldo Lacerda. Aperfeiçoou-se nos EUA com Olegna Fuschi e Howard Aibel, entre 1965 e 1967, ocasião na qual deu aulas na Escola de Artes da Carolina do Norte. Na Alemanha, entre 1969 e 1970, estudou com Walter Blankenheim.
Excursionou por várias cidades americanas em turnês de concertos. Deu recitais em Nova York, Washington, Houston, Miami, Chicago e Asheville, em importantes salas como a National Gallery of Arts, no Town Hall e no Carnegie Hall. Foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Cleveland, sob a regência de José Serebrier. Sua carreira internacional a levou para concertos na França (Salle Gaveau), Suíça, Inglaterra, Portugal, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Panamá e México.
No Brasil foi solista à frente de várias orquestras como a Sinfônica do Estado de São Paulo, a Sinfônica Municipal de São Paulo, a Sinfônica de Santo André, a Sinfonia Cultura, Sinfônica da USP, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica de Porto Alegre, a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Sinfônica, entre outras.
Recebeu prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes, da Ordem dos Músicos do Brasil e o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura/Funarte em 1995, na categoria intérprete. Em 1977 publicou o livro Técnica Pianística, pela editora Ricordi.
Casou-se em 1982 com o compositor Osvaldo Lacerda que a ela dedicou inúmeras obras, entre elas Cromos para piano e orquestra. Com ele fundou e atualmente preside o Centro de Música Brasileira em São Paulo.
Possui extensa produção fonográfica, com destaque para a gravação do Concerto no2 para piano e orquestra de Camargo Guarnieri, sob a regência do compositor, à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Outros registros importantes são os da obra de Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Eduardo Souto, Osvaldo Lacerda e muitos outros compositores brasileiros.
Desde 1993 faz parte da Academia Pernambucana de Música.
Portal: www.eudoxiadebarros.com.br
De ascendência espanhola, nasceu no Rio de Janeiro, a 04 de novembro de 1897. Depois de iniciar estudos de Medicina, que não concluiu, decidiu-se pela música, ingressando em 1917 no então Instituto Nacional de Música (INM), onde estudou piano com J. Octaviano e Henrique Oswald, matérias teóricas e composição com Frederico Nascimento, Francisco Braga e Luciano Gallet, recebendo também a orientação de Alberto Nepomuceno.
Em 1922 recebeu os três primeiros lugares no Concurso de Composição da Sociedade de Cultura Musical, com Noturno e Arabesque para piano e a canção Cisne. Em 1923 foi nomeado professor substituto de seu professor Frederico Nascimento, no INM. De 1924 é o Trio Brasileiro, para violino, violoncelo e piano, no qual já se evidencia a orientação nacionalista de sua obra. Em 1925 foi efetivado como professor do INM. No mesmo ano sua Suíte Sinfônica op.33 foi estreada pela Orquestra do INM sob a regência de Humberto Milano. Uma importante obra de câmara foi escrita no ano seguinte, o Quinteto op.37 para sopros, primeira composição brasileira para tal formação. Novas obras sinfônicas surgiram em 1928, o bailado Imbapára, e 1929, a Suíte Reizado do Pastoreio, que inclui o famoso Batuque gravado anos depois por Toscanini e Leonard Bernstein. No ano seguinte escreveu uma de suas peças para piano mais tocadas, os Três Estudos em Forma de Sonatina.
Fundou, em julho de 1930, o periódico Ilustração Musical, onde publicou artigos sobre educação musical e canto coral. A partir de 1932 passou a colaborar com Villa-Lobos na Superintendência de Educação Musical e Artística do Distrito Federal. Em 1934 foi convidado para integrar o corpo docente do Conservatório de Música do Distrito Federal e em 1936 fundou o Conservatório Brasileiro de Música. No mesmo período compôs a Valsa Suburbana para piano (1932), as Três Suítes Brasileiras para piano (1936/1938) e seu único Concerto para piano e orquestra (1935).
No final da década de 1930 seu Batuque ganhou expressão internacional ao ser editado pela Ricordi italiana e executado em Washington, Nova York, Berlim e México. Em 1938 o compositor, comissionado pelo governo brasileiro, regeu concertos na Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Peru, Cuba e Panamá. Em 1940, em sua excursão pela América Latina, a Orquestra da NBC, regida por Toscanini, incluiu o Batuque em vários concertos, inclusive no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça foi executada ainda em Boston e Roma.
O ano de 1941 é marcado pela estreia de sua ópera Malazartes, em 30 de setembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do próprio compositor. No ano seguinte passou a integrar o corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a convite de Villa-Lobos. Sua produção na década de 1940 inclui o Concerto para violino e orquestra (1942), estreado em 1945 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Erich Kleiber e Oscar Borgerth como solista, a Sinfonia no1 (1945), as Invenções Seresteiras para sopros (1944), a Sonata Breve, para piano (1947), a Sinfonia no2 “Caçador de Esmeraldas” (1947) e a derradeira obra, as Variações Sinfônicas, para piano e orquestra (1948).
No dia 26 de agosto de 1948 Lorenzo Fernandez regeu, no Salão Leopoldo Miguéz, o concerto comemorativo do centenário de fundação da Escola Nacional de Música, com a orquestra da instituição. Na manhã de 27 de agosto foi encontrado morto em sua residência, tendo falecido durante o sono.
Primeiro compositor brasileiro a conquistar notoriedade internacional, Antonio Carlos Gomes nasceu em Campinas, São Paulo, a 11 de junho de 1836. Com seu pai, Manuel José Gomes, mestre de banda e pai de 26 filhos de 4 casamentos, aprendeu a tocar vários instrumentos, inclusive o piano, e aos 20 anos ajudava no orçamento familiar dando aulas de música. O talento para a composição manifestou-se bem cedo: aos 18 estreava sua primeira Missa, dirigindo um conjunto musical da família. Nessa primeira fase, mostrava-se afinado com os primeiros sinais de um estilo musical brasileiro, presente em suas modinhas, entre elas a famosa Quem sabe? e em algumas peças para piano no estilo de música de salão, cujos títulos – A Cayumba, Quilombo, Quadrilha – evidenciam uma tentativa de introduzir no ritmo europeu da polca um certo condimento afro-brasileiro – e nisso ele seria um autêntico pioneiro.
Temperamento difícil, seus frequentes desentendimentos com a família acabariam por levá-lo a transferir-se primeiro para Santos, aos 25 anos, e daí para o Rio de Janeiro, onde seria contratado como pianista ensaiador da Ópera Nacional e onde comporia sua primeira ópera, A Noite no castelo, com libreto em português, estreada com grande êxito no Teatro Lírico, em 1861. Dois anos depois estreava uma segunda ópera, Joana de Flandres, obtendo então do imperador D. Pedro II uma pensão para estudar na Europa. D. Pedro, admirador de Wagner, teria indicado a Alemanha, mas Carlos Gomes, já então mais identificado com a ópera italiana, conseguiu mudar seu rumo para a Itália, graças aos bons ofícios da imperatriz Teresa Cristina, filha do Rei de Nápoles.
Em Milão, discípulo de Lauro Rossi, diretor do Conservatório, começaria sua fulgurante carreira, iniciada com duas operetas, Se sa minga e Nellaluna, cujas melodias foram popularizadas até em realejos. Mas o grande marco de sua carreira foi a ópera O Guarani, com libreto italiano baseado no romance de José de Alencar, estreada com grande êxito no Teatro alla Scala em 1870, aos 34 anos do compositor, com repercussão imediata em toda a Europa. Num gesto precipitado, no intervalo da estreia, Carlos Gomes venderia por uma soma irrisória os direitos da obra ao editor De Lucca, que ficaria com os lucros a partir de então, restando ao autor apenas as glórias, inclusive o título de Cavaleiro da Coroa de Itália, conferido pelo Rei Vittorio Emanuele. Sua produção operística incluiria outros quatro títulos: Fosca, 1873; Salvator Rosa, 1874; Maria Tudor, 1879 e LoSchiavo,1889.
Em seu último período de vida compôs ainda o poema vocal sinfônico Colombo para as comemorações do quarto centenário do Descobrimento da América e uma Sonata para cordas, de caráter brilhante e cujo movimento final, O Burrico de pau, remete de certa maneira aos albores nacionalistas de sua juventude. A importância de sua produção operística ofuscou o restante de seu catálogo, que inclui duas cantatas, diversas páginas instrumentais da primeira fase e numerosas composições para canto e piano.
No Brasil, viveu um momento de glória quando aqui veio, consagrado na Europa, para apresentar suas três óperas já famosas no Velho Continente – O Guarani, Salvator Rosa e Fosca – no Rio de Janeiro, em Salvador e em Recife. Foi recebido "como um príncipe e como um rei", como escreveu ao Visconde de Taunay. Mas o apoio que recebeu do Imperador D. Pedro II, que lhe conferiu o título de Grande Dignitário da Ordem da Rosa pelo êxito obtido na estreia de LoSchiavo no Rio de Janeiro, valeu-lhe o pouco reconhecimento do novo governo republicano, culminando com o seu retorno melancólico ao Brasil em 1895, já padecendo de um câncer de garganta, para dirigir o Conservatório de Música de Belém do Pará, onde morreu a 16 de setembro de 1896.
Considerado o mais importante compositor operístico das Américas e reconhecido como um dos mestres da ópera romântica, Carlos Gomes não teve, até hoje, o tratamento que lhe é devido em seu próprio país, onde os teatros de ópera, mantidos pelo poder público, raramente promovem montagens de suas obras – um débito que já se torna secular para com uma das figuras máximas da produção musical brasileira.
Nascido em 1953, Manoel Aranha Corrêa do Lago tem uma dupla formação, em Economia e Música. Bacharelou-se em Economia pela UFRJ (1977), seguido de um Mestrado em Administração Pública (Master in Public Affairs) na Universidade de Princeton (1980).
Seus estudos musicais realizaram-se em Genebra, Paris, Rio de Janeiro e Princeton com Madeleine Lipatti e Arnaldo Estrella (piano), Esther Scliar e Annette Dieudonné (teoria musical), Henrique Morelenbaum (orquestração), Michel Phillipot e Milton Babbitt (análise), e Nadia Boulanger (composição). Em 2005, doutorou-se em Musicologia na Unirio, seguido em 2008- sob a orientação de José Maria Neves e Elizabeth Travassos- de um pós-doutorado no IEB/USP, sob a de Flavia Camargo Toni.
Tem publicado textos diversos: para a re-edição americana da partitura de Le Boeuf sur le Toit de Darius Milhaud pela Dover Publications, e para revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, e em 2016 do livro Uma nova Missão Francesa .
Foi membro do Conselho da Fundação OSESP ( 2009-2917) , e em 2010 foi eleito para a Cadeira n.15 ( “Carlos Gomes”) da Academia Brasileira de Musica.
Tem publicado textos em revistas especializadas tais como a Brasiliana, da Academia Brasileira de Música, a Latin American Music Review, da Universidade do Texas-Austin, na Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, na Revista Brasileira de Música, da Escola de Música da UFRJ, e nos Cahiers Debussy do CNRS – Paris.
Coordenou a edição crítica do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, lançada em 2009 pela Academia Brasileira de Música e pela FUNARTE. Sua tese O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhaud no Brasil: Modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana foi agraciada com o “Prêmio Capes/Área de Artes 2006” e publicada em 2010. Em 2011 foi o organizador do livro O Boi no Telhado – Música brasileira no Modernismo Francês, publicado pelo Instituto Moreira Salles.
Faz parte do Conselho de Programação da Sala Cecília Meireles e do Conselho da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Mais conhecido no Brasil por sua longa atividade como crítico musical do "Jornal do Brasil", Renzo Massarani nasceu em Mantua, Itália, a 26 de março de 1898. Realizou sua formação musical em Parma, Viena e Roma, tendo tido, entre outros, a orientação de OttorinoRespighi na Academia Santa Cecilia de Roma, da qual se tornaria professor. Como compositor, é autor de diversas obras sinfônicas, de câmara e para vozes, tendo obtido grande êxito com a ópera Noi due, premiada em concurso internacional. Durante longos anos atuou como regente do famoso Teatro dei Piccoli, em Milão, com o qual realizou diversas viagens pela Europa e as Américas. Em 1939 transferiu-se para o Rio de Janeiro, vítima das perseguições políticas e raciais do fascismo italiano. Aqui, confessando-se decepcionado e traumatizado com a proibição de suas obras em seu próprio país, abandonou a composição, dedicando-seao ensino da música, à elaboração de arranjos e principalmente à crítica musical, que exerceu com seriedade e independência, procurando sempre apoiar os novos talentos. Naturalizado brasileiro em 1945 foi membro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais e da Academia Brasileira de Música. Morreu a 28 de março de 1957.
Considerado um dos expoentes da criação musical brasileira da atualidade, José Antonio Resende de Almeida Prado nasceu em Santos, São Paulo, a 08 de fevereiro de 1943 e faleceu na mesma cidade em21 de novembro de 2010. Discípulo de Dinorah de Carvalho, piano, Osvaldo Lacerda, harmonia e Camargo Guarnieri, composição, seu nome conquistou prestígio nacional em 1969, ao conquistar o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara, com a cantata Pequenos Funerais Cantantes, sobre texto de Hilda Hilst. Executada então no Theatro Municipal do Rio de Janeiro pelo coro e a orquestra do teatro sob a regência de Henrique Morelenbaum, teve como solistas Maria Lúcia Godoy e Eladio Pérez-Gonzales. Do júri internacional que premiou sua obra faziam parte Guerra-Peixe, Roberto Schnorrenberg e Ayres de Andrade, do Brasil, Fernando Lopes Graça, de Portugal, Franco Autori, dos Estados Unidos, Hector Tosar, do Uruguai, Roque Cordero, do Panamá, JohannesHoemberg, da Alemanha, e KrzysztofPenderecki, da Polônia.
O prêmio, oferecido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Guanabara e entregue pelo Secretário Gonzaga da Gama Filho, permitiu ao jovem compositor realizar um estágio de dois anos na Europa, incluindo uma breve permanência em Darmstadt para trabalhar com Gyorgy Ligeti e LukasFoss e um longo período em Fontainebleau e Paris, recebendo a orientação de mestres como NadiaBoulanger e Olivier Messiaen. Sem renunciar aos valiosos ensinamentos de Camargo Guarnieri, os contatos com a música e as ideias de grandes expoentes da música europeia contemporânea abriram para perspectivas novas, ampliando os seus horizontes e estimulando a sua fértil imaginação criadora, levando-o a construir uma forte personalidade musical própria sobre os pilotis de uma severa disciplina formal e técnica e uma inesgotável fantasia musical. Extremamente prolífero, seu catálogo de obras é um dos mais consistentes e volumosos da criação musical brasileira de hoje, tendo a ecologia e a religiosidade como referências permanentes.
Sua diversificada produção inclui, entre muitas outras, obras de grande porte como a Missa da Paz, os Pequenos Funerais Cantantes, a Trajetória da Independência (Prêmio do Governo do Estado de São Paulo), o oratório Therèse ou l’Amour de Dieu. a Paixão segundo Marcos, o Ritual para sexta-feira santa, a cantata Bendito da Paixão de Jesús de Nazaré, o oratório Villegaignon ou LesIslesfortunées (estreado na França), além de um conjunto significativo de obras sinfônicas: a Sinfonia nº 1 (Prêmio Lili Boulanger), os Arcos sonoros da catedral Anton Bruckner, a Sinfonia dos Orixás, obras para piano e orquestra como Aurora, Exoflora, Concerto nº 1 e Variações Concertantes, para violino e orquestra como a Fantasia (encomenda da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro para comemorar a visita do Papa João Paulo II) e a Sinfonia OréJacy-Tatá, inspirada na constelação da bandeira brasileira e encomendada pelo Ministério da Cultura para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento, ambas estreadas por sua filha, a violinista Constanza de Almeida Prado. Para piano solo, compôs uma série de Cartas Celestes, visões sonoras dos céus do Brasil, e também Rios, de inspiração ecológica, além de sonatas, sonatinas, variações e peças avulsas. É autor, ainda, de diversas canções e obras corais e para outros instrumentos, além de música de câmara. Suas obras têm sido executadas com frequência e com grande êxito no Brasil e no exterior e têm merecido numerosos prêmios.
Paulista de Bebedouro/SP, nasceu a 26 de agosto de 1905 e faleceu em Rio Bonito/RJ, em 24 de setembro de 1973. Já aos 12 anos de idade participava ativamente da vida musical de sua cidade tocando em bandas de música e pequenos conjuntos. Em 1922 viajou para o Rio de Janeiro e se matriculou no Grêmio Arcangelo Corelli. Transferiu-se em 1932 para o então Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para estudar flauta com Pedro Vieira Gonçalves e harmonia, contraponto e fuga com Paulo Silva. Ao concluir seu curso, em 1934, obteve também o Prêmio de Medalha de Ouro, em flauta.
Na fundação da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, Ary Ferreira ocupou o posto de primeiro-flautista, onde permaneceu por 25 anos. Foi o flautista na primeira audição mundial do Assobio a Jato, de Villa-Lobos, em 1950, ao lado do violoncelista Iberê Gomes Grosso. Ambicionando ser regente viajou para a Áustria, em 1953, com o apoio da Academia Brasileira de Música, onde estudou com Hans Svarowsky por dois anos na Academia de Música de Viena. Estreou como regente em 1957 à frente da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Como compositor deixou algumas obras, entre elas um Trio para violino, violoncelo e piano, um Noturno para flauta e piano e o Episódio Sinfônico, para orquestra.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1830. Iniciou os estudos musicais com Desidério Dorison. Em 1848 ingressou no Liceu Musical, na classe de Gioacchino Giannini. Prosseguiu os estudos com o mesmo professor no Conservatório de Música, onde se diplomou em 1856. Foi o primeiro aluno a receber o prêmio de Viagem à Europa.
Seguiu para a França em 1857, matriculando-se na classe de harmonia de François-Emmanuel-Joseph Bazin no Conservatório de Paris. Naquela capital apresentou sua primeira ópera, Une nuit au chateau, e fez sucesso com uma quadrilha chamada Soirée brésilienne. Em Paris compôs e remeteu para o Brasil uma Missa, executada em 26 de agosto de 1860, na Igreja da Santa Cruz dos Militares, regida por Francisco Manoel da Silva, e a abertura sinfônica L’Étoile du Brésil, executada no Conservatório de Música em 1861.
Sua ópera O Vagabundo foi representada a 24 de outubro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense. Em Paris, um mal esclarecido incidente o levou à prisão e fez com que perdesse a pensão, sendo obrigado a retornar ao Brasil em julho de 1866. No Rio de Janeiro, integrou como trompetista a orquestra do Alcazar Lírico. A partir de 1869 passou a atuar como regente da orquestra do Teatro Fênix Dramática.
É considerado o compositor que estabeleceu o tango brasileiro, ao assim designar sua composição intitulada Olhos matadores, em 1871. Em 1872, assumiu o cargo de organista da Igreja de São Pedro. No mesmo ano tornou-se professor do Conservatório de Música, inicialmente nas disciplinas de teoria e solfejo e, a partir de 1890, de instrumentos de metal. Permaneceu como professor após o Conservatório se transformar em Instituto Nacional de Música, pelo qual se aposentou em 1904. Entre seus alunos ilustres estão Joaquim Antônio da Silva Callado e Anacleto de Medeiros.
Como compositor fez muito sucesso com operetas e mágicas como Trunfo às avessas (1871), Ali Babá (1872) e A Coroa de Carlos Magno (1873). Escreveu ainda modinhas, canções, lundus e uma série de outras obras, especialmente para piano.
Foi uma figura importante e admirada por vários outros músicos. Chiquinha Gonzaga dedicou seu tango característico Só no Choro (1889) “ao maestro Henrique Alves de Mesquita” e Ernesto Nazareth escreveu em sua homenagem o tango Mesquitinha.
Faleceu, no Rio de Janeiro, a 12 de julho de 1906.
Carlos E. Kater, musicólogo, compositor e educador musical é Doutor em História da Música e Musicologia pela Universidade de Paris IV-Sorbonne (1981), com Pós-Doutorado pela mesma instituição (1987) e Professor Titular concursado pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1991).
Criou e editou, ao longo de 10 anos, duas importantes revistas: Cadernos de Estudo: Análise Musical e Cadernos de Estudo: Educação Musical (ONG Atravez, 1987-1998), bem como o periódico Música Hoje (UFMG, 1993-1998).
Na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais fundou o NAPq (Núcleo de Apoio à Pesquisa), que dirigiu de 1989 a 2000, coordenou os Cursos de Especialização (Pós-Graduação Latu sensu) em Musicologia Histórica Brasileira e em Educação Musical e foi diretor do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea.
Um dos fundadores da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, foi o Diretor da Região Sudeste, seu Vice-Presidente por 2 mandatos consecutivos (1996-98 e 1998-2000), tendo também participado de sua Equipe Editorial e Conselho Científico em várias gestões.
Membro das mais reconhecidas associações (ANPPoM-Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/Brasil; ABEM-Associação Brasileira de Educação Musical/Brasil; etc.), atua como consultor científico junto a entidades representativas da área (Ad Hoc do CNPq, CAPES e FAPESP).
É autor de muitos textos publicados, entre os quais os livros Música Viva e H.J.Koellreutter: movimentos em direção à modernidade (SP: Musa, 2001), Eunice Katunda, musicista brasileira (SP: M&K, 2020) e Musicantes e o Boi brasileiro (SP: Musa, 2013). Os acervos de documentos de H.J. Koellreutter e de Eunice Katunda foram digitalizados por ele e se encontram, em parte, acessíveis publicamente em seu site.
O livro Arte por toda parte (coleção em vários volumes editada pela Ed. FTD), do qual é o autor da parte musical, foi aprovado pelo MEC e se tornou um dos 10 finalistas indicado ao Prêmio Jabuti de Livro Didático, em 2017.
Criou e coordenou, em equipe, o projeto Música na Escola (Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, 1997-1999), que viabilizou a formação musical em escolas da rede pública para mais de 4.000 professores e seus alunos, tendo ainda criado e dirigido o Grupo de Ação Musical Coreto (com o qual montou Cidade, de Gilberto Mendes no Museu da Imagem e do Som de São Paulo), o coral VOX (da Universidade São Marcos) e o grupo de Musicantes (com apresentações interativas em diversos espaços sociais durante 10 anos).
O projeto A Música da Gente, criado e coordenado por ele desde 2013, propõe uma educação musical criativa, centrada na realidade brasileira e na criação e interpretação de músicas inéditas, aliada ao desenvolvimento pessoal. Teve inúmeras edições e desdobramentos ao longo dos anos, em diversas regiões do Brasil (escolas da SME de São Bernardo do Campo e escolas do SESC em diferentes regiões do país), tendo alcançado mais de 30.000 participantes até o momento.
Possui composições apresentadas em significativos festivais e encontros de música no Brasil, bem como arranjos musicais e restauração de obras. Desde 2018 vem lançando videoclipes de suas composições, além de ter gravado 1 CD e 1 EP com algumas delas.
Desde agosto de 2022 publica mensalmente o projeto “Encontros com Villa-Lobos”, integrado por entrevistas realizadas por ele, na década de 1980, com personalidades significativas que conviveram com esse grande compositor brasileiro.
Nasceu a 05 de setembro de 1931, em Lagow, na Polônia. Aos três anos e meio chegou ao Brasil e naturalizou-se aos 16 anos. Sua formação foi feita na Escola Nacional de Música, onde estudou violino, viola, regência e composição. Sua atividade profissional é múltipla. Como camerista, participou de importantes grupos, entre eles o Quarteto Iacovino, o Quarteto de Cordas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da Rádio Ministério de Educação e Cultura e da Escola de Música da UFRJ, com o qual excursionou pelo Brasil, América do Sul e Europa.
O início de sua carreira como regente, em 1959, foi casual. Em um espetáculo de balé onde Margot Fontaine era a artista principal, assumiu a batuta em virtude de um impedimento repentino do regente programado. Em 1962, assumiu o cargo de regente adjunto da Orquestra do Theatro Municipal. Em sua intensa atividade como regente tem abordado todos os gêneros, regendo com frequência concertos sinfônicos, óperas e balés. A música nova e de compositores brasileiros tem merecido sua atenção especial. Sob sua batuta foram apresentadas em primeira audição mundial obras de Francisco Mignone, Almeida Prado, Aylton Escobar, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Edino Krieger, entre muitos outros. Do repertório contemporâneo internacional apresentou pela primeira vez no Brasil obras de Schoenberg (Kol Nidrei), Stravinsky (The Rake’s Progress), Britten (Peter Grimes), Lutoslawsky (Concerto para orquestra), Penderecki (Dies Irae) e Berio (Sinfonia).
Foi regente do Coral Israelita Brasileiro, professor de contraponto, fuga e composição na Escola de Música da UFRJ e chefe do departamento de composição entre 1973 e 1975. Ocupou cargos de direção como o de diretor, por duas vezes, da Sala Cecília Meireles, diretor-geral do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, também por duas vezes, diretor de Departamento da Coordenadoria de Música da Fundação de Artes do Rio de Janeiro e diretor-artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira dirigiu as principais orquestras brasileiras. No exterior regeu na Argentina, Bélgica, Chile, Equador, Escócia, Espanha, Inglaterra, Itália, México, Mônaco, Paraguai, Polônia, Uruguai e Venezuela. Em seu repertório constam mais de 40 títulos de óperas e balés e inúmeras obras sinfônicas.
Gravou mais de 20 discos, entre LPs e CDs, com destaque para o Credo, de D. Pedro I, a Missa e Credo a 8 vozes, de Castro Lobo, as Matinas de Natal, de José Maurício Nunes Garcia, o poema sinfônico Ave, Libertas!, de Leopoldo Miguéz, Floresta Amazônica, de Villa-Lobos e várias obras de Francisco Braga.
Faleceu no Rio de Janeiro aos 90 anos, em 22 de julho de 2022.
Nasceu na cidade de São Paulo, em 16 de outubro de 1894. Iniciou os estudos de música no Brasil com Savino de Benedictis. Transferindo-se para a Itália estudou no Conservatório San Pietro a Majella, em Nápoles, onde se diplomou em 1917. Destaca-se, entre seus professores, Alessandro Longo, famoso revisor da obra de Domenico Scarlatti, com quem estudou piano e Giovanni Barbieri, seu professor de composição. Ainda na Itália teve duas óperas de sua autoria encenadas, Godiamo la vita!, em 1917, no Teatro Morgana de Roma, e Principessa dell’atelier, em 1918, no Teatro Bellini, em Nápoles.
Voltando ao Brasil, foi professor do Conservatório Dramático de São Paulo, onde trabalhou por quase 25 anos e do qual foi diretor. Foi um dos fundadores da Sociedade Sinfônica de São Paulo, diretor da Rádio Educadora Paulista, membro do Conselho de Orientação Artística do Estado de São Paulo e destacado participante do movimento do canto orfeônico.
Como compositor escreveu duas óperas, música sinfônica, de câmera, instrumental e vocal. Escreveu três poemas sinfônicos: Crepúsculo sertanejo, de 1916, Nero, de 1915 e Noite de São João, de 1924. Na música de câmara produziu um Quarteto de cordas (1937), uma Sonata para violino e piano (1943), além de obras para piano solo e música vocal.
Faleceu em São Paulo, aos 84 anos, a 24 de maio de 1979.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1843. Sua família descende de Nicolas-Antoine Taunay, um dos artistas integrantes da Missão Artística Francesa, patrocinada por D. João VI para implementar o ensino das artes no Brasil. Seu pai, Félix Émile Taunay, foi diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Sua formação se deu no Colégio Pedro II, onde estudou literatura. Estudou física e matemática na Escola Militar de Aplicação. Colou grau como bacharel em matemática e ciências naturais em 1863.
Como engenheiro militar participou da Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. A experiência vivida nos campos de batalha resultou no livro A Retirada da Laguna, de 1869. Ao retornar do Paraguai iniciou carreira política, sendo eleito deputado pela província de Goiás, em 1872. Foi presidente da província de Santa Catarina entre 1876 e 1877, pela qual foi eleito deputado em 1881. Transferiu-se para Curitiba, onde foi responsável pela criação do primeiro parque público da cidade. Foi nomeado presidente da província do Paraná em 1885 e eleito senador por Santa Catarina em 1886. Recebeu do Imperador D. Pedro II o título de Visconde em 1889. Em sua carreira literária publicou os romances Inocência (1872), Lágrimas do coração (1873) e Ouro sobre azul (1875). Suas Memórias foram publicadas postumamente, em 1908.
O interesse da família Taunay por música vinha de longa data. Seu pai, o Barão de Taunay, conheceu e ouviu obras de José Maurício. Em suas Memórias o Visconde relata seu encontro com Bento das Mercês, arquivista da Capela Imperial, quando pela primeira vez ouviu uma Missa de José Maurício na abertura dos trabalhos legislativos. Em 1880, o Visconde de Taunay iniciou uma série de artigos sobre a vida e a obra do compositor na Revista Musical e de Belas Artes, publicada no Rio de Janeiro pela casa editora de Arthur Napoleão & Miguéz. Iniciou em seguida campanha pleiteando o levantamento e a publicação das obras de José Maurício, que resultou no primeiro catálogo de obras do compositor.
Em 1897, foi realizada a primeira edição de obra de José Maurício, o Requiem, de 1816. No ano seguinte foi a vez da Missa em si bemol, precedida de um “esboceto biográfico” escrito por Taunay. Por ocasião da inauguração e sagração da nova Igreja de Nossa Senhora da Candelária, foi executada, por iniciativa de Taunay, a Missa de Santa Cecília, de 1826, última obra de José Maurício, sob a regência de Alberto Nepomuceno. Foi também graças à ação do Visconde de Taunay que a maior coleção de manuscritos de José Maurício foi comprada pelo governo da república para a biblioteca do Instituto Nacional de Música.
Taunay teve atuação decisiva também em prol da carreira de Carlos Gomes e foi o autor do enredo para a ópera Lo Schiavo. Convidado pela Sociedade Congresso Militar pronunciou, em 1880, um discurso – “Homenagem a Carlos Gomes” – publicado por G. Leuzinger & Filhos. Sua correspondência com o autor da ópera Il Guarany foi publicada em 1910, pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Os inúmeros artigos e discursos parlamentares do Visconde de Taunay sobre José Maurício e Carlos Gomes foram reunidos por seu filho, Affonso d’Escragnole Taunay em dois livros: Dois artistas máximos – José Maurício e Carlos Gomes e Uma grande glória brasileira – José Maurício Nunes Garcia, publicados em São Paulo pela Editora Melhoramentos, em 1930.
Visconde de Taunay faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1899.
A cadeira vaga após o falecimento do acadêmico Guilherme Bauer, em 3 de março de 2024
Nascida em Boston, nos Estados Unidos, em 14 de março de 1920, veio para o Brasil com apenas seis meses. Estreou, com onze anos, durante um concerto infantil no Teatro Municipal de São Paulo, onde sete anos mais tarde estrearia profissionalmente como solista, com a Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Souza Lima. Sua estreia internacional ocorreu em 1942, no Town Hall de Nova Iorque.
A partir de então realizou sua movimentada e premiada carreira como concertista, estendida à Europa, onde a criação musical brasileira esteve sempre presente. Entre seus momentos mais importantes como solista com orquestras estão a apresentação em Paris, de Bachianas Brasileiras nº 3, sob a regência do autor e no Festival Brahms, durante a Semana de Gala da Filarmônica de Berlim, sob a regência de Karl Böhm. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Em 1972, passou a viver na Alemanha onde lecionou na Escola de Música e Arte Dramática de Hamburgo.
Nesse país gravou para a Deutsche Grammophon. Foi jurada em importantes concursos internacionais de piano. Com Airton Pint, violino, e Antonio Lauro Del Claro, violoncelo, formou o "Artistrio". Faleceu em São Paulo, 30 de março de 2002.
Nascida na cidade de Goiás/GO, Belkiss Carneiro de Mendonça iniciou seus estudos musicais com sua avó Maria Angélica da Costa Brandão (Nhanhá do Couto), grande incentivadora da música no estado de Goiás.
A partir de 1945, quando concluiu o curso de piano na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, na classe do professor Paulino Chaves, Belkiss Carneiro de Mendonça passou a aperfeiçoar-se com renomados professores e músicos como Joseph Kliass, Camargo Guarnieri e Arnaldo Estrella, entre outros, iniciando uma brilhante carreira como concertista. Dedicou-se, desde 1946, ao estudo e pesquisa da música brasileira, divulgando-a através de gravações, recitais, concertos, publicações, cursos, palestras e conferências em vários países da Europa e em todas as Américas. Seu trabalho no plano regional, nacional ou internacionalrepresentou, sobretudo, um esforço multidisciplinar e laborioso para a consolidação de uma consciência musical no plano erudito. Em 2002, foi eleita para a cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Música. Faleceu em Goiânia, em novembro de 2005.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1o de julho de 1940. Iniciou os estudos musicais no Colégio Santo Inácio. Foi aluno de violino de Iolanda Peixoto. Ingressou na Escola Nacional de Música em 1960, onde foi orientado por Oscar Borgerth. Participou da Orquestra Sinfônica Universitária e posteriormente ingressou na Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Como compositor, teve aulas de contraponto e composição com Cláudio Santoro, de análise musical com Esther Scliar e de harmonia, contraponto, fuga, composição e orquestração com Guerra-Peixe. Em 1977 organizou o grupo Ars Contemporânea que durante sete anos realizou inúmeros concertos visando divulgar, principalmente, o repertório brasileiro.
Lecionou composição e orquestração na Universidade Estácio de Sá/RJ, de 1986 a 1999 e lecionou harmonia, contraponto, fuga, orquestração e composição na Escola de Música Villa-Lobos do Rio de Janeiro.
Foi idealizador do selo RioArte Digital, que registrou em CD de mais de 50 obras de compositores brasileiros e do Projeto Estreias Brasileiras, patrocinado pelo Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB que, em 1997, encomendou e estreou 33 obras de autores nacionais.
Deu palestras sobre música brasileira, em 1996, nas universidades da Flórida, Miami e Houston, nos EUA. Em 1999, no Conservatório Bruckner, em Linz, na Áustria, participou de um ensaio público de sua obra Reflexos, encomendada e estreada pelo George Crumb Trio.
Contabiliza um total de oito prêmios em concursos de composição, com destaque para o Prêmio ESSO de Música Erudita, Concurso Latino-Americano da UFBa e Prêmio da Sociedade Cultura Artística de São Paulo/SP. Recebeu, em 1998, o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA pelo Quarteto de cordas nº 2.
Sua obra compreende composições para diferentes formações. Na música orquestral podem ser citadas: Introdução, Seções e Coda (1979), o Canto Flutuante (1981), Blocos Sinfônicos (2012), Homenagem a Villa-Lobos (1987) e Três Toques Emotivos, para orquestra de cordas (2007). As obras concertantes são representadas pelas Cadências, para saxofone (1995), violino (1982) e piano (2005) e orquestra. Na música de câmara produziu, entre outras obras, o Quarteto de cordas no1 “Petrópolis” (1983), o Quarteto de cordas no2 (1997), Trio para violino, violoncelo e piano, (1980), Reflexos, para flauta, violoncelo e piano (1999), Duas peças para violoncelo e piano, (1989) e as Partitas Brasileiras, (1994-2001) para violino solo.
Faleceu aos 83 anos, em 3 de março de 2024.
Nasceu em São Paulo, a 23 de julho de 1902, onde estudou piano com Luigi Chiaffarelli. Transferiu-se em 1913 para o Rio de Janeiro onde foi estudar particularmente com Henrique Oswald, que o iniciou na carreira de concertista. No mesmo ano o periódico Fon Fon publicou pequena matéria chamando atenção para o jovem pianista, elogiado por Henrique Oswald e Arthur Napoleão. Em 1921 se transferiu para a Europa e tornou-se aluno de piano de Heinrich Barth e de contraponto, fuga e composição de Friedrich Koch, em Berlim. Durante o ano de 1924 residiu em Londres, onde foi aluno de Tobias Matthay, na Royal Academy of Music. Ao retornar para Berlim passou a estudar piano sob a orientação de James Kwast e orquestração com Emil von Reznicek. Entre 1928 e 1929 estudou regência em Basel, Suíça, com Felix Weingartner.
Em 1930 Walter Burle Marx retornou ao Brasil e estreou como regente no Teatro Lírico, à frente da Orquestra do Centro Musical do Rio de Janeiro, tendo Alexander Brailowsky como solista do Concerto para piano, de Tchaikovsky. Em 1931, fundou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, conjunto que realizou vários concertos, promovendo estreias no Brasil de importantes obras sinfônicas, dentre elas da 9a Sinfonia, de Beethoven. Em 13 de outubro de 1931, Burle Marx regeu a Filarmônica no Theatro Municipal no concerto que marcou a inauguração da estátua do Cristo Redentor. Com a Filarmônica acompanhou solistas do porte de Marguerite Long, Arthur Rubinstein e Guiomar Novaes. Promoveu a vinda do maestro Felix Weingartner para concertos em 1933. A orquestra, infelizmente, teve existência curta, sendo extinta em 1933. Ainda em 1931 Burle Marx iniciou sua carreira internacional, com concertos no Chile e na Argentina.
Em 1932, foi nomeado professor do recém-criado curso de regência do Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal o Rio de Janeiro. Foi, portanto, o primeiro professor de regência de curso superior de música no Brasil.
Com a extinção da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, Burle Marx prosseguiu com sua carreira internacional e em 1934 regeu concerto com a Filarmônica de Berlim e com a Filarmônica de Hamburgo. No ano seguinte regeu concerto com a Sinfônica Nacional de Washington e decidiu se estabelecer definitivamente nos Estados Unidos, onde regeu algumas das principais orquestras, como a Filarmônica de Nova York, as sinfônicas de Boston e Detroit e a Orquestra de Cleveland.
Retornou ao Brasil em algumas ocasiões. Em maio de 1947 foi nomeado diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, permanecendo na função até 1949, quando retornou aos Estados Unidos. Voltou ainda em 1967 e 1975 para concertos com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC.
De sua produção como compositor, podemos destacar as Sinfonia no1 (1945), no2 Brasiliana (1950), no3 Macumba (1956) e no4 (1973). Deixou ainda dois Concertinos para piano (1980 e 1984), o Concerto para violoncelo (1982), dois Quartetos de cordas (1978 e 1986) e o Sambatango, para violoncelo e piano (1976).
Faleceu na cidade de Akron, nos Estados Unidos, em 28 de dezembro e 1990.
Nasceu no Porto, Portugal, em 06 de março de 1843. Seu pai, Alexandre Napoleão, foi pianista e professor particular do instrumento. Menino prodígio, seu primeiro recital de piano aconteceu em 1849, quando tocou a quatro mãos com seu pai em apresentação privada. No ano seguinte começaram as apresentações públicas. Em Portugal se apresentou, dentre outros lugares, na Sociedade de Concertos do Porto e no Teatro São Carlos de Lisboa. A partir de 1852 passou a excursionar pela Europa e também pela América, merecendo elogios de grandes personalidades musicais, como do compositor Hector Berlioz em crônica publicada no Journal Des Débats, após concerto de Arthur Napoleão em Paris. Sua carreira não se limitou à de solista, sendo importante sua atuação como camerista em duo com dois dos maiores violinistas de sua época: Henri Vieuxtemps e Henryk Wieniawski.
Sua primeira apresentação no Brasil se deu em 1857, quando tinha apenas 14 anos, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Seguiu em turnê por províncias do Rio da Prata e retornou no ano seguinte, quando tocou no Theatro São Pedro de Alcântara. Depois de muitas viagens, fixou-se definitivamente no Rio de Janeiro, em 1866. Na então capital do país tornou-se comerciante de instrumentos e partituras criando a famosa Casa Arthur Napoleão que, no papel de editora, muito incentivou e propagou a música brasileira durante décadas. Publicou também a Revista Musical e de Belas Artes, com circulação semanal, entre 1879 e 1880.
Continuou a atuar como pianista concertista e camerista, destacando-se o duo formado com o violinista cubano Joseph White. Como professor, teve entre seus alunos Chiquinha Gonzaga. Fundou em 1883 a Sociedade de Concertos Clássicos no Rio de Janeiro.
Sua obra é praticamente dedicada ao piano, embora possamos encontrar também uma opereta (O Remorso vivo) e peças para orquestra e banda (Marcha Heroica a Camões). Uma de suas obras mais importantes é L’Africaine, grande fantasia para piano e orquestra op.28. Seus Études pour virtuoses foram compostos em 1910 e formam a parte mais importante de sua obra.
O compositor deixou escrita uma autobiografia, intitulada Memórias de Arthur Napoleão, cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, que foi publicada em partes no jornal Correio da Manhã no ano de sua morte. Outra obra que se tornou referência é Arthur Napoleão – Resenha comemorativa de sua vida pessoal e artística, pelo Visconde Sanches de Frias (1845-1922), obra editada em Lisboa em 1913.
Arthur Napoleão faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1925.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1944. Sonia Maria Vieira Rabinowitz iniciou na música como aluna de piano de Allan Félix de Souza e de teoria musical de Maria Luiza Priolli. No Conservatório Brasileiro de Música graduou-se em 1962, tendo sido aluna de Maria José Maia. Graduou-se em piano também pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi aluna de Elzira Amábile. Estudou ainda com Jacques Klein. Em 1965 conquistou o primeiro prêmio no VI Concurso Nacional de Piano do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma bolsa de estudos na Escola Superior de Música de Leipzig, Alemanha, onde se aperfeiçoou durante dois anos com Heinz Volger. Concluiu o mestrado em música em 1976, sob a orientação de Heitor Alimonda.
Vários compositores, como Guerra-Peixe, Dawid Korenchendler, Oriano de Almeida, Maria Helena Rosas Fernandes, Murillo Santos e Ricardo Tacuchian a ela dedicaram obras. Guerra-Peixe musicou sete poemas seus, dos quais Sinto e provo foi editado pela Irmãos Vitale.
Gravou mais de 20 discos com música brasileira. Cinco deles foram considerados melhores do ano, pela Associação dos Produtores de Discos. Destaca-se a redescoberta da obra do compositor Misael Domingues e gravações de peças de Ernesto Nazareth, Alexandre Levy, Guerra-Peixe e Ricardo Tacuchian.
Como solista, tem se apresentado nos EUA, América Central e do Sul (México, Costa Rica e Venezuela), na Europa (França, Inglaterra, Espanha e Itália) e em Israel.
Foi professora de História da Música da Escola de Música da UFRJ, onde foi também diretora do setor artístico e cultural e diretora da unidade.
Foi eleita para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Nasceu em Curitiba, Paraná, em 10 de setembro de 1878 e faleceu nessa mesma cidade, em 09 de julho de 1956. Sua formação musical teve início na Escola de Belas Artes do Paraná. Teve atuação como violoncelista na orquestra do maestro Francisco Rodriguez Maiquez, Companhia de Zarzuelas Maria Alonso. Organizou, nessa época, uma orquestra de salão. Veio para o Rio de Janeiro para servir na Alfândega, entre 1906 e 1907, quando estudou com Cavalier Darbilly. Promovido a primeiro escriturário de alfândega de Paranaguá, em 1907, lá organizou e dirigiu uma pequena orquestra. Mais tarde, fixou residência definitiva em Curitiba, dedicando-se a pesquisas sobre música.
Exerceu atividades como professor no Colégio Paroquial de Paranaguá, na Academia Paranaense de Comércio e na Faculdade de Ciências Econômicas. Foi um dos fundadores e organizadores do Círculo de Estudos Bandeirantes, membro da Academia Paranaense de Letras, do Centro de Letras do Paraná, do Instituto de Musicologia de Montevidéu e do Conselho de Defesa do Patrimônio do Paraná. Fundou os periódicos O Vigilante, mensal e O Cruzeiro, semanal, o primeiro em Paranaguá e o segundo em Curitiba, tendo colaborado nas revistas simbolistas O Sapo e Azul.
Compositor e diplomata, Brasílio Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, no Paraná, em 01 de agosto de 1846. Era irmão do crítico musical João Itiberê da Cunha e tio do compositor Brasílio Itiberê da Cunha Luz. Sua iniciação ao piano foi feita em casa, com sua irmã Maria Lourença. Tornou-se logo pianista de renome, tendo realizado muitos concertos em seu estado natal e em São Paulo, onde frequentou a Faculdade de Direito. Realizou concertos beneficentes, como o realizado para a Sociedade Redemptora em agosto de 1870, para arrecadar fundos para a compra da liberdade de crianças escravas.
Sua obra A Sertaneja é considerada uma das primeiras composições brasileiras baseadas em material de tradição popular. Foi publicada pela Casa Levy em 1869 e tornou-se seu trabalho mais importante e conhecido.
Ingressou na carreira diplomática muito jovem, em 1870, por indicação de Pedro II, e teve postos diversos na Itália, no Peru, na Bélgica, no Paraguai e na Alemanha. Teria mantido relações de amizade com alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton Rubinstein, para quem teria escrito um Estudo de Concerto, Sgambatti e Liszt, que dizem ter tocado sua rapsódia A Sertaneja.
Faleceu em Berlim, Alemanha, enquanto ocupava o cargo de Ministro Plenipotenciário do Brasil na Prússia, em 11 de agosto de 1913.
Deixou cerca de 60 obras, a maioria para piano solo. Boa parte delas se encontra na Biblioteca Casa da Memória da Fundação Cultural de Curitiba e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Nasceu em 26 de dezembro de 1941, em Niterói/RJ. Roberto Ricardo Duarte estudou piano no Conservatório de Música de Niterói e aperfeiçoou-se com Arnaldo Estrella. Graduou-se em composição e regência na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, onde foi aluno de Francisco Mignone, José Siqueira, Eleazar de Carvalho e Raphael Baptista. Concluiu o curso de Direito pela Universidade Federal Fluminense. Fez pós-graduação em música na UFRJ e estudou no Corso Internazionale di Interpretazione Musicale di Ravello, na Itália. Foi bolsista do DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico e da Fundação Vitae.
Fundou e foi o regente titular do Coro e Orquestra de Câmara de Niterói. Dirigiu também o Coral da Universidade Federal Fluminense e o Coral da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ, de 1981 a 1995, da Orquestra Sinfônica do Paraná, de 1998 a 1999, da Orquestra Unisinos (RS), de 2003 a 2005 e da Orquestra do Teatro São Pedro (SP).
Sua carreira internacional começou logo após conquistar o segundo lugar (Prêmio Koussevitsky), no Concurso Internacional de Regência do Festival Villa-Lobos, em 1975. Entre as orquestras com as quais trabalhou se pode destacar a Tonhalle de Zurique, Ungarische Philharmonie, da Radio Suisse Romande, Orchestra G. Enescu, Sinfônica da Eslováquia, de Câmara de Moscou, Sinfônica de Moscou, Orquestra Bruckner-Linz, Sinfônica de Akron e a Sinfônica de Bari, além de quase todas as maiores orquestras brasileiras. Na Itália fundou, em 1988, a Orquestra de Câmara Tommaso Traetta.
Desde 1991, gravou diversos CDs com obras de Villa-Lobos e de outros compositores brasileiros. Ao longo da carreira realizou mais de uma centena de primeiras audições.
Por mais de vinte e sete anos ministrou aulas de regência na Escola de Música da UFRJ e cursos em vários estados brasileiros. No exterior, realizou master classes no Chile, Grécia, Suíça e Itália. Foi professor de regência por quatorze anos no Corso Internazionale di Polifonia Latino Mediterranea, na Itália.
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, do Conselho Municipal de Cultura de Niterói, do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil e dos Serviços Culturais do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal Fluminense. De 1978 a 1980, foi diretor artístico dos Cursos Internacionais de Férias Pró-Arte, de Teresópolis. Recebeu o prêmio de Melhor Regente do Ano da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, em 1994 e 1997. Em 1996, foi agraciado com o Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura.
Como revisor vem realizando novas edições de obras de Villa-Lobos, para a Max Eschig e a Academia Brasileira de Música. Para a FUNARTE, revisou e editou as óperas completas Il Guarany e Lo Schiavo, de Carlos Gomes. Publicou pela editora da Universidade Federal Fluminense dois volumes de Revisão das obras orquestrais de Villa-Lobos (1989 e 1994). Pela editora Algol, de São Paulo, publicou Villa-Lobos errou? – subsídios para uma revisão musicológica em Villa-Lobos (2009).
Helza de Cordoville Camêu (1903-1995) foi compositora, pianista, musicóloga, pesquisadora e divulgadora da música brasileira. Começou a estudar piano com Paula Ballariny, aos 7 anos e, aos 16, passou a estudar com Alberto Nepomuceno. Quatro anos depois, aos 20, deu seu primeiro recital.
Continuando os estudos, Helza passou a dar mais ênfase à composição do que ao piano. Suas composições começaram a ficar conhecidas a partir de 1934. Em 1936, seu Quarteto de Cordas op. 12ganhaou o 2º prêmio no concurso promovido pelo Departamento de Cultura de São Paulo. Em 1944, com o poema sinfônico Suplício de Felipe dos Santos, levou o 1º prêmio do concurso promovido pela OSB. Ingressou na Rádio MEC em 1955, onde trabalhou como produtora, com destaque para o programa Música e músicos do Brasil. Em 1977, lançou seu único livro editado a Introdução ao estudo da música indígena no Brasil, considerado o mais completo estudo da música dos nossos índios. Ao falecer, aos 92 anos, HelzaCamêu deixou inacabado o livro Tempo e música – um estudo sobre música brasileira dos séculos XVI ao XX.
Nasceu em Piracicaba, São Paulo, em 10 de dezembro de 1900. De família oriunda da cidade de Tatuí/SP, João da Cunha Caldeira Filho estudou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde foi aluno de Samuel Arcanjo e Savino de Benedictis. Foi monitor de Mário de Andrade em suas turmas de História da Música. Aperfeiçoou-se na França com grandes mestres como Isidor Phillip, Marguérite Long e Wanda Landowska. Em 1931 retornou ao Brasil e começou a lecionar história da música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Foi professor ainda do Conservatório Estadual de Canto Orfeônico de São Paulo, do Instituto Musical de São Paulo e do Instituto Musical de Santos. Em 1937 ingressou por concurso no Instituto de Educação Caetano de Campos, onde se aposentou em 1964.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Em 1967 ganhou da União Panamericana, com sede em Washington D. C., nos EUA, o Diploma Interamericano de Música. Em 1975 recebeu do governo francês o título de Chevalier des Arts et des Lettres.
Sua carreira como crítico musical teve início em 1932, no Correio de São Paulo. Logo depois exerceu a mesma função na Folha da Noite. Em 1935 assumiu a coluna no jornal O Estado de São Paulo, onde escreveu por mais de 40 anos.
Entre suas obras publicadas destacam-se: Música contemporânea e música no Brasil, Noções de história da música (1942), A Música em São Paulo (1954), Os Compositores (1961), São Paulo espírito, povo e instituições (1968) e Apreciação musical (1971).
Faleceu em São Paulo, em 21 de maio de 1982.
Nasceu em Pindamonhangaba/SP, em 05 de agosto de 1846. Iniciou os estudos musicais no violino aos 10. Com a idade de 15 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro e tornou-se aluno do Conservatório de Música, onde estudou por dois anos com Francisco Manoel da Sila e Demétrio Rivera. Retornou à cidade natal aos 17 anos onde, além de trabalhar na casa comercial do pai, dirigiu a banda local. Em 1865 passou a trabalhar na Câmara Municipal e em 1877 foi eleito vereador.
Por sua Missa de São Benedito (1884) mereceu por parte do Imperador D. Pedro II uma bolsa para estudar na Itália. Na cidade de Milão escreveu sua primeira ópera, Edméa. A segunda, Carmosina, foi encenada na mesma cidade, no Teatro Dal Verme em 1888, com a presença do Imperador.
Retornou ao Brasil em 1891. Em 1896 fez executar sua Ode Fúnebre em homenagem a Carlos Gomes, falecido naquele ano. Retornou à Itália em 1903, onde escreveu a ópera Maria Petrovna, não conseguindo, contudo, encená-la. De volta ao Brasil em 1906 foi um dos fundadores do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde lecionou por décadas.
É autor de seis Sinfonias, sendo a primeira de 1899 e a última, Sinfonia Militar, de 1923. Escreveu ainda a Missa do Espírito Santo (1867), Missa de Nossa Senhora da Conceição (1872), Missa de Nossa Senhora Aparecida (1880), Missa de Nossa Senhora do Bom Sucesso (1882), Missa do Coração de Jesus (1907), Missa de Nossa Senhora de Lurdes (1922), Missa de Nossa Senhora Auxiliadora (1930), Missa de Nossa Senhora do Carmo (1931) e Missa de São Paulo (1932), a ópera Helena (1916), os poemas sinfônicos Trilogia da Noite, Pátria e A Vitória de São Paulo (1932), assim como hinos marchas, música sacra e inúmeras canções para canto e piano.
Sua filha Estefânia escreveu a biografia do músico paulista, editada em São Paulo, em 1946. Em 2014 o jornalista Douglas Salgado Jacometti, tetraneto do compositor, escreveu o livro As memórias de João Gomes de Araújo.
O compositor faleceu quase centenário, em 08 de setembro de 1943, em São Paulo.
Sérgio Oliveira de Vasconcellos-Corrêa nasceu em São Paulo, em 16 de julho de 1934. Iniciou os estudos musicais em 1946 com a pianista Ilíria Serato, prosseguindo, a partir de 1951, com Ubelina Reggiani de Aguiar no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Na mesma instituição estudou harmonia, composição e regência coral com Martin Braunwieser. Tornou-se discípulo de Camargo Guarnieri, com quem estudou entre 1956 e 1968. No Rio de Janeiro fez curso de especialização em didática da música no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.
Foi professor do Conservatório Paulista de Canto Orfeônico. Foi um dos fundadores da Sociedade Pró-música Brasileira, que presidiu de 1985 a 1995. Foi professor ainda da Faculdade Santa Marcelina, do Departamento de Música da Universidade Estadual Paulista/UNESP e do Instituto de Artes da Universidade de Campinas/UNICAMP. Foi crítico musical da Folha da Tarde e do jornal O Estado de São Paulo, com o pseudônimo de José Guilherme. Em 1994 fundou a Academia Paulista de Música, da qual foi o primeiro presidente.
Recebeu prêmios e distinções como o 2o lugar no Concurso Nacional de Composição da Cidade de São Paulo de 1962, com a Suíte Piratininga; Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte em diferentes edições (1973, 1974, 1979 e 1982) e o prêmio Governador do Estado de São Paulo de “melhor composição” pelo Concertino para trompete e orquestra, de 1975.
Entre suas obras, além das já citadas, podem ser destacadas as óperas Retábulo de Santa Joana Carolina e Tibicuera; o Concertino para piano (1967), o Concerto do Agreste, para violão e orquestra (1992), o Concerto para Harmônica, a Sinfonia no1, para sopros (1999), o Trio para violino, violoncelo e piano (1964), além de várias peças para piano e canções.
Sua obra didática compõe-se de três livros: Planejamento em Educação Musical (1971); Introdução à Harmonia (1975) e O Estudo do piano, um início sem fim.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1988.
Site: http://svasconcelloscorrea.blogspot.com.br/
Nasceu em Manaus, Estado do Amazonas, em 23 de novembro de 1919. Estudou violino em sua cidade natal e aos 13 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para prosseguir os estudos com Edgard Guerra. Em 1940 foi um dos músicos fundadores da Orquestra Sinfônica Brasileira, atuando no naipe de violinos. No mesmo ano iniciou os estudos de composição com Hans-Joachim Koellreutter e integrou o Grupo Música Viva. Em 1943 ganhou o Chamber Music Guild de Washington por seu Quarteto de cordas no1 e em 1945 foi distinguido com bolsa da Guggenheim Foundation Fellowship. Por sua militância no Partido Comunista teve sua entrada impedida nos Estados Unidos e rumou para Paris, com bolsa do governo francês para estudos com Nádia Boulanger. Na Europa participou do II Congresso de Compositores Progressistas, em Praga, na Tchecoslováquia, como delegado brasileiro. Ao contato com as teorias de Jdanov e do Realismo Soviético para as artes alterou sua orientação estética e aderiu ao nacionalismo musical.
De volta ao Brasil em 1949 passou um período em fazenda na Serra da Mantiqueira. Voltou ao Rio de Janeiro em 1950 para trabalhar na Rádio Tupi e Rádio Clube do Brasil. Em seguida ingressou na Rádio Ministério da Educação como diretor artístico e fundou a Orquestra de Câmara da Rádio MEC. Na década de 1950 realizou turnês de concertos pela União Soviética e países da Europa Oriental onde executou e gravou obras como a Sinfonia no4 “Da Paz”, Canto de Amor e Paz e o Ponteio, para cordas. Durante estada em Paris, em 1957, criou as Canções de Amor em parceria com Vinícius de Moraes.
Em 1962, a convite de Darcy Ribeiro, criou o departamento de música da Universidade de Brasília. Após o golpe militar de 1964, Santoro rumou para Heidelberg, na Alemanha, onde lecionou composição e regência na Escola Superior de Música. Na Alemanha foi ainda “Compositor Residente” da Casa de Brahms (Baden Baden). Em 1978 retornou ao posto na UNB e assumiu a direção da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional.
Durante sua carreira Santoro foi distinguido com inúmeros prêmios como o da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro (1950), Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (1951 e 1958), Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1960), Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1977) e Prêmio Shell (1985), entre outros.
Recebeu condecorações do Governo do Amazonas (1969), da República Federal da Alemanha (1979), Medalha do Mérito do Estado do Amazonas (1982), Ordem do Rio Branco (1985), Ordem do Mérito de Brasília (1986), Governo da Bulgária (1986), Governo da Polônia (1987), Ordem do Mérito do Alvorada (1987), Governo da França (póstumo, 1989). Recebeu postumamente também o titulo de Cidadão Honorário de Brasília (2003) e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (2005).
Como regente convidado dirigiu algumas das mais importantes orquestras do mundo como as filarmônicas de Leningrado, Bucarest, Sofia e Varsóvia, as sinfônicas do Porto, de Magdeburg, da Rádio de Praga, da Rádio de Leipzig, Estatal de Moscou, RIAS
Berlin, ORTF de Paris, OSSODRE de Montevidéu, Beethovenhalle de Bonn e as principais orquestras brasileiras.
Claudio Santoro faleceu em Brasília, a 27 de março de 1989 e sua obra está sob a responsabilidade da Edition Savart (http://editionsavart.com/)
Nasceu na cidade de Cantagalo/RJ, em 25 de novembro de 1845. São escassas as informações biográficas e não há referências sobre sua formação musical inicial. Sabe-se, no entanto, que entre 1860 e 1862 partiu para a Bélgica, onde teria sido aluno do Conservatório de Bruxelas e estudado com Henry Vieuxtemps. Retornou ao Brasil entre 1869 e 1871 e se estabeleceu no Rio de Janeiro. Em 1879 pleiteou o cargo de mestre da Capela Imperial, mas não tomou posse e não atuou efetivamente. Em janeiro de 1880 estreou a opereta Antonica da Silva, com libreto de seu tio Joaquim Manoel de Macedo, no Teatro Fenix Dramática. No ano seguinte foi exonerado do posto na Capela Imperial.
Em 1883 transferiu-se para a cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, onde conheceu sua esposa, Cecília de Macedo. É encontrado posteriormente residindo em Barbacena (1896) e Juiz de Fora, sobrevivendo com aulas de violino e eventuais concertos. Em 1909 conseguiu uma bolsa do governo de Minas Gerais e partiu para Bruxelas, onde trabalhou na conclusão de sua ópera Tiradentes. Em 1910 trechos da ópera foram apresentados em concerto com a presença do Rei da Bélgica. Em 1922 retornou ao Brasil, passando a residir na cidade de Cataguases, deixando, no entanto, boa parte de suas composições com a filha na Europa.
De sua produção restam conhecidas hoje poucas obras. Das mencionadas, a ópera Tiradentes pertence ao acervo da Biblioteca da Escola de Música da UFMG e foi encenada no Palácio das Artes de Belo Horizonte, em abril de 1992, com Inácio De Nonno no papel título e a regência de Roberto Duarte. Da opereta Antonica da Silva não se sabe o paradeiro. Há referências sobre seis concertos para violino e orquestra, dos quais apenas o último sobreviveu em redução para piano. O manuscrito se encontra na Seção de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Também na Biblioteca Nacional são encontradas obras impressas, como o Álbum pour piano – Onze morceaux, impresso pela editora Bevilacqua, com miniaturas para piano solo e violino e piano, a Sonata para piano op.158 e o Poema Sinfônico op.160, dedicado a Floriano Peixoto, em redução para piano. No Almanack Garnier foi publicada em 1909 a canção Una Lacrima e no acervo de Flausino Vale encontra-se o manuscrito da Fantasia sobre temas de Moniuszko op.154, para violino e piano.
Faleceu no dia 1o de dezembro de 1925, aos 80 anos.
Teve sua formação musical iniciada nos Seminários de Música da UFBA a partir de 1969, convivendo com a intensa produção musical de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Walter Smetak, Milton Gomes e Fernando Cerqueira. Teve sua primeira obra apresentada em 1976. Seguiu para os EUA, onde realizou o bacharelado em composição na University of Illinois, Champaign-Urbana, tendo sido orientado por Herbert Brün e Ben Johnston. Pela mesma universidade obteve o grau de Mestre em Educação, tendo estudado e convivido com figuras como Alexandre Ringer, Stephen Blum, Bruno Nettl, Salvadore Martirano, entre outros. É Doutor em Artes pela Universidade de São Paulo, em 2000, e em Educação pela Universidade Federal da Bahia, com teses dedicadas ao ensino de composição e à análise da música do compositor suíço-baiano Ernst Widmer.
Foi diretor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia de 1988 a 1992, tendo criado em sua gestão o Programa de Pós-Graduação em Música da UFBA. Pró-Reitor de Extensão desta Universidade em duas gestões, 1996 e 2002, foi presidente da Fundação Gregório de Mattos, de 2005 a 2008, função equivalente à de Secretário de Cultura de Salvador. Desde 2014 atua como Assessor Especial do Reitor da Universidade Federal da Bahia, tendo coordenado o Congresso da UFBA, evento que marcou os 70 anos da Instituição (2016)
É docente da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, desde 1979, onde leciona composição e análise musical para os cursos de graduação, mestrado e doutorado. É Editor da Revista ART, criada em 1981, atualmente ART Music Review (www.revista-art.com).
Seu catálogo tem 120 obras, 98 estreadas, e registro de 480 performances em mais de 20 países, sendo mais de cem delas internacionais. Já teve obras comissionadas/estreadas por: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Festival de Campos de Jordão, Festival Música Nova de Santos, American Composers Orchestra/Carnegie Hall, Orquestra Sinfônica de Seattle, OSESP, Juilliard Contemporary Ensemble, Mivos Quartet, GRUPU-Unicamp, Conselho Musical da cidade de Düsseldorf.
Em 2015 foi indicado em primeiro lugar nacional para a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, por um colegiado composto por 79 compositores, regentes e professores de composição. Em 2017 também foi indicado para o primeiro prêmio (obra Sinfônica) da XXII Bienal. Autor de diversos livros e artigos sobre composição e seu ensino, além de temas de crítica cultural, e mentor de uma nova geração de compositores baianos, é cofundador da OCA-Oficina de Composição Agora.
Site: http://www.paulolima.ufba.br/
Carioca de nascimento, de 1943, Luiz Paulo Horta se fez conhecer como pianista, crítico musical e depois como jornalista. Estudou matérias teóricas com Ester Scliar e Cleofe Person de Mattos e piano com SalomeaGandelmann, Homero Magalhães e Moura Castro. A partir de 1970, trabalhou como crítico musical do “Jornal do Brasil”, em sucessão a Ronaldo Miranda, exercendo o cargo com notável competência e imparcialidade. De 1985 a 1990, dirigiu a seção de música do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, quando teve oportunidade de trazer ao Brasil KarlheinzStockhausen. A partir de 1990, foi crítico musical do jornal “O Globo”, onde exerceu também outras funções, como a de diretor da prestigiosa página “Opinião”.
Eleito para a ABM em 1993 foi também membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Letras.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de dezembro de 1905. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1923 e foi aluno de Alfredo Bevilacqua, Charles Lachmund e Paulo Silva. Era pianista e compositor, mas optou pela musicologia e pela crítica musical. Em 1932, sucedeu a Guilherme Pereira de Mello como bibliotecário do Instituto Nacional de Música. Em 1934 participou da criação da Revista Brasileira de Música, primeiro periódico científico em música do Brasil, e foi seu editor até 1942. A partir de 1939 foi catedrático de folclore no Instituto Nacional de Música e fundou o Centro de Pesquisas Folclóricas.
Com Luciano Gallet e Lorenzo Fernandez fundou, em 1930, a Associação Brasileira de Música. Em 1937 foi um dos fundadores da Sociedade Pró-Música, que promovia concertos e concursos. Em 1941 foi consultor da Divisão de Música da União Pan-Americana, de Washington. Em 1947 aceitou o posto de chefe da seção de música da UNESCO, em Paris, onde trabalhou até 1965.
Estabelecido em Paris, realizou uma série de palestras e conferências no Instituto de Altos Estudos da América Latina, da Universidade de Paris. Após aposentar-se na UNESCO foi professor visitante da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, entre 1967 e 1968, e da Universidade de Indiana, em Bloomington, em 1969. Entre 1966 e 1973 foi membro do comitê executivo do Conselho Internacional da Música da UNESCO e colaborou nas mais importantes publicações mundiais de música. De 1966 a 1977, foi membro do Conselho Internacional de Música Folclórica, de Londres.
Alguns de seus trabalhos publicados no Brasil se tornaram referenciais. Em 1950 lançou Música e Músicos do Brasil, uma coletânea de artigos que publicou em diferentes jornais e revistas, com importantes estudos sobre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manoel da Silva, Carlos Gomes e outros compositores brasileiros, assim como crônicas sobre a vida musical do Rio de Janeiro. Em 1952 publicou importante obra de referência: a Bibliografia Musical Brasileira, em colaboração com Cleofe Person de Mattos e Mercedes Reis Pequeno. Em 1956 foi a vez de seu livro mais importante, 150 anos de música no Brasil. Publicou ainda diversos textos em espanhol, francês e inglês, em diferentes periódicos internacionais.
Luiz Heitor faleceu em Paris, em 10 de novembro de 1992.
Carioca, nascido em 11 de julho de 1848, Joaquim Antônio da Silva Callado começou os estudos musicais pela mão do pai, que era mestre da Banda Sociedade União de Artistas. Estudou posteriormente com Henrique Alves de Mesquita, pouco antes do mesmo partir para a Europa como bolsista. Aos 15 anos apresentou-se pela primeira vez em concerto. Sua composição Querosene (1863) é uma das primeiras de suas obras conhecidas. Em 1866 realizou concerto no Teatro Ginásio Dramático, com a presença da Família Imperial. Sua composição que primeiro fez sucesso foi uma quadrilha chamada Carnaval (1867), ano em que perdeu seu pai, aos 52 anos. Sua primeira polca, chamada Querida por todos (1869) foi dedicada à Chiquinha Gonzaga. Seu Lundu Característico (1871) fez muito sucesso e lhe valeu a indicação para o cargo de professor de flauta no Conservatório Imperial de Música, assim como do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Criou, por volta de 1875, um conjunto que se tornou padrão na música instrumental carioca e considerado o primeiro grupo de choro, composto por dois violões, uma flauta e um cavaquinho. Foi um dos maiores flautistas brasileiro de seu tempo e rivalizava com o belga Matheus André Reichert, que havia se estabelecido no Rio de Janeiro em 1859. Em 1879 Callado foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, a mais alta condecoração do Império. Sua peça intitulada Flor Amorosa é até hoje tocada e recebeu posteriormente letra de Catulo da Paixão Cearense. Callado morreu no Rio de Janeiro, vítima de meningite, em 20 de março de 1880.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1942. Iniciou os estudos musicais em 1958. Em 1960 ingressou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, mais tarde Escola de Música da UFRJ, onde estudou violino com Carlos de Almeida, composição com José Siqueira e Henrique Morelenbaum e regência com Eleazar de Carvalho. Na UFRJ estudou também Física e passou a se interessar pela música eletrônica. É de sua autoria a primeira obra brasileira para sons eletrônicos, a Valsa Sideral, de 1962.
Em 1969 seguiu para Buenos Aires, onde estudou como bolsista do Centro Latino Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato Di Tella. Teve como orientadores, entre outros, Alberto Ginastera e Eric Salzman. Em 1970 prosseguiu os estudos no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht, com bolsa do governo holandês. Entre 1971 e 1973 fez um curso de aperfeiçoamento junto ao Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, onde atuou sob a orientação de Pierre Schaeffer, Guy Reibel e François Bayle. No mesmo período iniciou seu curso de Doutorado em Estética Musical na Sorbonne, Universidade de Paris VIII, sendo orientado por Daniel Charles. Ainda em 1973 retornou ao Brasil e assumiu a cadeira de composição no Departamento de Música da Universidade de Brasília, onde se aposentou como professor titular. Na capital do país organizou o GeMUnB (Grupo de Experimentação Musical da UNB), especializado em música contemporânea com o qual realizou turnê de concertos na Europa em 1975. Em 1977 concluiu sua tese de doutorado intitulada Son Nouveau, Nouvelle Notation.
Em Brasília coordenou vários projetos, como o Núcleo de Pesquisas Sonológicas, a Orquestra de Câmara da UnB e os Festivais de Música Contemporânea. Entre 1992 e 1993 foi contemplado com a Bolsa Vitae de Artes para escrever sua ópera Olga. No mesmo período recebeu uma bolsa de Pós-Doutorado do CNPq para realizar pesquisas musicais durante um ano na Europa e no Oriente Médio, em cidades como Paris, Berlin, Baden-Baden, Freiburg, Amsterdam, Tel Aviv e Jerusalém, resultando em diversas obras novas.
Entre janeiro e julho de 1993 foi compositor residente do Ateliers UPIC. No mesmo ano sua obra Idiosynchronie foi distinguida com o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO.
Entre os festivais internacionais de que participou podemos citar: o Festival de Música Eletroacústica de Bourges, na França; o Festival Présences 95, onde foi estreada sua nova obra Rimbaudiannisia MCMXCV, encomendada pela Radio France e diferentes edições do Festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea. No Brasil participou de diversas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte, do Panorama da Música Brasileira Atual, da Escola de Música da UFRJ, e da Bienal de Música Eletroacústica do Estado de São Paulo. Organizou e coordenou os Encontros de Música Eletroacústica de Brasília e foi eleito o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, em 1997.
Ministrou cursos e workshops em instituições como a Universidade de Aveiro, o Instituto Goethe, o Laboratorio de Informática y Electrónica Musical (LIEM) de Madrid, a Sorbonne, Université de Paris VIII,
Recebeu homenagens, prêmios e encomendas de organismos como o Ministério da Cultura da Espanha; do Ministério da Cultura do Brasil; da Radio France; da Fundación Carolina de Madri, Espanha; da Fundação Stichting Dijkverzwaring, da Holanda e da Fundação Gaudeamus de Amsterdam. Do Ministério da Cultura da França recebeu, em 2002, o título de Chevalier des Arts et des Lettres. No mesmo ano a Assembleia Legislativa do Distrito Federal, Brasil, outorgou a Antunes o título de Cidadão Honorário de Brasília.
Jorge Antunes ingressou na Academia Brasileira de Música em 1994.
Nasceu em Tietê, São Paulo, em 01 de fevereiro de 1907. O pai, Miguel Guarnieri, era barbeiro e flautista. Sua mãe, Géssia Arruda Camargo Penteado, era pianista. Deles recebeu as primeiras lições, prosseguindo com Benedito Flora e Virgínio Dias. Em 1923 mudou-se para São Paulo e trabalhou como pianista em cinemas e cafés. Passou a estudar com Ernani Braga e, pouco depois, com Antônio de Sá Pereira e Lamberto Baldi. Em 1928 conheceu Mário de Andrade, que o encaminhou para a música nacionalista. No mesmo ano ingressou como professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde ficou até 1933.
Em 1935 assumiu a regência do Coral Paulistano, onde ficou por três anos. Em 1938 seguiu para Paris, onde realizou estudos com Charles Koechlin e François Rühlmann. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial retornou ao Brasil.
Em seguida voltou seu interesse para os Estados Unidos, onde permaneceu por seis meses no ano de 1942, como bolsista do Departamento de Estado e da Pan-American Union. No mesmo ano ganhou o primeiro lugar no Concurso Internacional Fleischer Music Collection, com seu Concerto para violino e orquestra. No mesmo período dirigiu a Sinfônica de Boston. Em 1945 assumiu a direção da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Na década de 1950 atuou como assessor do Ministro da Educação, Clóvis Salgado. Foi a época da Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, documento no qual condenou o dodecafonismo, e exortou os compositores a permanecerem na trilha do nacionalismo musical.
Criou em 1975 a Orquestra Sinfônica da USP, da qual foi regente titular por quase duas décadas.
Como professor de composição criou uma verdadeira escola e orientou importantes compositores de diferentes gerações como Osvaldo Lacerda, Sérgio de Vasconcellos-Corrêa, Aylton Escobar, Almeida Prado e Marlos Nobre.
Sua obra é rica e diversificada, abrangendo os mais diferentes gêneros. Escreveu sete Sinfonias; seis Concertos para piano; concertos e peças concertantes para violino, viola, violoncelo, flauta e clarineta; diversificada música de câmara, incluindo três quartetos de cordas, sete sonatas para violino e piano e três para violoncelo e piano. Na música para piano solo se destacam as sonatas e sonatinas e os 50 Ponteios. Abordou também a música para cinema (Rebelião em Vila Rica) e a ópera (Pedro Malazartes e Um homem só). Deixou também grande número de canções, obras para coro e música sacra.
Em 1992 recebeu da Organização dos Estados Americanos (OEA) o Prêmio Gabriela Mistral como “Maior Músico das Américas”.
Faleceu em São Paulo, em 13 de janeiro de 1993.
Leopoldo Américo Miguéz nasceu em Niterói/RJ, em 09 de setembro de 1850. Aos dois anos de idade se transferiu com a família para a cidade de Vigo, na Espanha, onde viveu até 1857. Em seguida se estabeleceu no Porto, em Portugal, onde foi matriculado no Liceu da cidade e recebeu aulas de música. Estudou violino com Nicolau Medina Ribas e harmonia e composição com Giovanni Franchini. Sua primeira obra, um Noturno para piano, foi escrita em 1867, época em que inicia seu trabalho no comércio.
Em 1870 a família retornou ao Brasil e Miguéz se empregou como guarda-livros na Casa Dantas. Ao mesmo tempo participou de concertos como violinista, atuando na Filarmônica Fluminense. Em 1877 estabeleceu sociedade com o pianista Arthur Napoleão e abriu, na Rua do Ouvidor, uma casa especializada na venda de partituras e instrumentos musicais. Continuou a atuar como violinista e participou de concerto em duo com o famoso violinista cubano José White.
Em 1882 estreou no Teatro São Pedro de Alcântara sua Sinfonia em si bemol, para coro e orquestra. No mesmo ano viajou novamente para a Europa, levando consigo carta de apresentação de D. Pedro II para o diretor do Conservatório de Paris, Ambroise Thomas. Na França estabeleceu contato com compositores como Vincent D’Indy e César Franck e travou contato mais próximo com a música de Wagner. No ano seguinte retornou ao Brasil e passou a atuar no Clube Beethoven e como regente de companhias líricas. Em 1886, estava à frente da orquestra da Companhia Lírica Italiana quando protagonizou o incidente que proporcionou a estreia como regente de Arturo Toscanini.
Aderiu ao movimento republicano e em 1889 participou e venceu o concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, que se tornou o Hino à Proclamação da República. Em 1890 foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música, instituição de ensino que substituiu o antigo Conservatório de Música. Para o INM escreveu, no ano seguinte, os livros Teoria elementar da música e Elementos de teoria musical.
Através da direção do INM, exerceu efetiva liderança e ditou os rumos da vida musical do Rio de Janeiro. Em 1895 viajou para a Europa para visitar os conservatórios de música de vários países e conhecer novas práticas pedagógicas com o intuito de implementá-las no INM. Em 1896 criou, com Alberto Nepomuceno, a Associação de Concertos Populares e no ano seguinte sua ópera Pelo Amor estreou no Cassino Fluminense. Em 1901 foi a vez I Salduni, sua segunda ópera, estrear no Teatro Lírico.
Sua obra se concentra especialmente nas peças orquestrais. Como exemplo podemos citar os poemas sinfônicos Parisina, Prometeu e Ave, Libertas! e a Suíte Antiga. Na música de câmara sobressai a Sonata para violino e piano, além de várias peças para piano, como Allegro appassionato, e o Noturno op.10 e Noturno op.20.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 06 de julho de 1902, com apenas 52 anos.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1935. Estudou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Escola de Música da UFRJ, onde recebeu orientação de Guilherme Fontainha. Aos sete anos de idade atuou como solista da Orquestra Juvenil daquela instituição. Formou-se com Medalha de Ouro e recebeu prêmio para estudar em Viena com Bruno Seidelhofer, e em Milão, com Andolfi.
Ao retornar ao Brasil construiu sólida carreira, apresentando-se em recitais e como solista à frente das principais orquestras brasileiras e algumas do exterior. Notabilizou-se como intérprete de compositores brasileiros e contemporâneos. Apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira tocando os Quatro Temperamentos, de Paul Hindemith, sob a regência do autor. Estreou no Brasil obras de Hans Werner Henze e Samuel Barber. Especializou-se na interpretação de obras de Camargo Guarnieri, de quem fez a primeira audição do 5º Concerto para piano e orquestra, a ela dedicado. Para Laís de Souza Brasil Guarnieri dedicou ainda a Sonata para piano (1972). Fez várias turnês nos Estados Unidos, Europa e América Latina. Sob a regência de Camargo Guarnieri foi solista à frente da Orquestra Sinfônica de Chicago.
Possui extensa e importante discografia, com destaque para a obra de Guarnieri. Realizou a gravação integral dos 50 Ponteios, das três Sonatas para violoncelo e piano, com Antônio Del Claro, e de três Sonatas para violino, com a violinista e filha do compositor, Tânia Camargo Guarnieri. Gravou também, sob a regência do autor, os Concertos para piano nº3, 4 e 5, além do Concertino para piano, sob a regência de Simon Blech. Outra gravação integral importante foi realizada em 1999 com a violinista Mariana Salles, com todas as sonatas para violino e piano do compositor Cláudio Santoro, em CD do selo ABM Digital.
Nasceu em Rodelas, na Bahia, em 26 de fevereiro de 1909. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1926 e ingressou na banda do 2º Batalhão de Caçadores de São Gonçalo. Em 1928 tornou-se aluno do Conservatório de Música de Niterói. Aperfeiçoou-se com Paulo Silva e Hostílio Soares. Ingressou no Instituto Nacional de Música em 1932, estudando com Francisco Braga, Paulo Silva, J. Octaviano e Francisco Mignone. Em 1940, fez um curso de regência com o maestro húngaro Eugen Szenkar, titular da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1945 ingressou no corpo docente do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. No ano seguinte tornou-se catedrático da Escola Nacional de Música da então Universidade do Brasil, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Publicou obras didáticas como Elementos fundamentais da música (1948) e Canto Orfeônico no curso secundário (1951).
Regeu como convidado as orquestras Sinfônica Brasileira, do Theatro Municipal e da Escola Nacional de Música. Entre suas obras destacam-se duas sinfonias (1950 e 1952), os poemas sinfônicos Contemplação dos Cimos (1940) e O Rapto do Fogo (1941), o Concertino para trombone (1942), a Sonata para violoncelo e piano (1937), o Trio para violino, violoncelo e piano (1939) e o Quarteto de cordas (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1996.
Nasceu em 02 de novembro de 1853, em Belém do Pará. A mãe, Ana Cândida Malcher, era pianista e o iniciou no instrumento. Prosseguiu os estudos com o professor Joaquim Pinto de França. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar com Felício Tati.
Em 1870 seguiu para os Estados Unidos, onde se formou engenheiro pela Universidade de Le Haye, na Pennsylvania. Partiu para a Itália em 1876, onde ingressou no Conservatório de Milão, onde estudou com Michele Saladino. Tornou-se amigo de Carlos Gomes e esteve presente na estreia da ópera Maria Tudor do compositor de Campinas. Em 1881 recebeu de seu pai, o médico e presidente do legislativo provincial José da Gama Malcher, a incumbência de contratar uma companhia lírica para a terceira temporada lírica do Teatro da Paz.
Retornou ao Brasil em 1882, acompanhando a Companhia Lírica Tomás Passini, contratada pela Associação Lírica Paraense, e trouxe consigo o amigo Carlos Gomes, para a apresentação de Salvator Rosa, em Belém. No intervalo das récitas da ópera de Carlos Gomes se apresentou como regente em sua Marcha Heróica op.18.
Assumiu o cargo de diretor artístico da empresa Gomes Leal & Cia e encenou sua primeira ópera Bug-Jargal no Teatro da Paz (1890), depois levada para apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1892 tornou-se professor do Liceu Paraense (1892), onde formou um grupo coral e orquestra sinfônica. Posteriormente foi professor do Instituto Carlos Gomes, do qual foi diretor (1898-1900) e assumiu a presidência do Centro Musical Paraense (1914).
Escreveu uma segunda ópera, Iara, estreada no Teatro da Paz, em 1895. Há registros ainda de duas outras óperas, Idílio e O Seminarista, hoje perdidas. Escreveu também peças para piano solo, obras orquestrais, canções, música de câmara. Faleceu em Belém, em 1921.
Em 2005 o musicólogo Vicente Salles publicou o livro Maestro Gama Malcher, a figura humana e artística do compositor paraense, pela Universidade Federal do Pará.
Nasceu em 20 de janeiro de 1948, na cidade de Curitiba/PR. Estudou no Rio de Janeiro e depois na Alemanha, com Auréle Nicolet. Aos 20 anos, após retornar ao Brasil, ingressou como flautista na Orquestra Sinfônica Brasileira, função que ocupou por 17 anos. Participou de grupos de câmara com o clarinetista José Botelho e o fagotista Noel Devos, assim como em duo com seu irmão, o pianista e compositor Henrique de Curitiba Morozowicz. Atuou em concertos em duo com Jean Pierre Rampal.
Como regente, tem dirigido as principais orquestras do país, como Sinfônica Brasileira, Sinfônica Nacional, Sinfônica da USP, de Campinas, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Salvador, Jazz Sinfônica e Banda Sinfônica de São Paulo, entre outras. Foi o titular da Orquestra de Câmara de Blumenau, com a qual gravou diversas obras de compositores brasileiros, e da Orquestra da Universidade Estadual de Londrina.
Foi o criador e diretor artístico do Festival de Música de Londrina e idealizador dos Festivais de Música de Câmara de Blumenau. Foi também diretor artístico do Encontro Nacional Pequenos & Grandes Artistas, em Goiânia.
Foi professor da Universidade Federal de Goiás, onde dirigiu o coro e realizou gravações. É atualmente o regente da Orquestra Sinfonia Brasil, com a qual lançou um CD inteiramente dedicado ao compositor Radamés Gnattali.
Ayres de Andrade Júnior, musicólogo e professor, nasceu no Rio de Janeiro em 27 de junho de 1903 e faleceu nessa cidade em 26 de outubro de 1974. Estudou com Barrozo Netto, Agnelo França, Henrique Oswald no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde conquistou o prêmio Medalha de Ouro. Fez aperfeiçoamento em Paris com Marguérite Long e Isidor Phillipp. Teve interrompida sua carreira de concertista devido a acidente que lhe afetou a mão direita.
Foi professor do Conservatório Brasileiro de Música, da Academia Lorenzo Fernandez e integrou o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi diretor da Sala Cecilia Meireles e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi agraciado em 1968 com o Troféu Estácio de Sá, setor música, concedido pelo Museu da Imagem do Som do Rio de Janeiro.
Exerceu a crítica musical em O Jornal e redigiu programas na Rádio MEC. Foi também colaborador da Revista Brasileira de Música. Seu mais importante trabalho musicológico é o livro Francisco Manuel da Silva e seu tempo, publicado em 1967 em dois volumes, considerado uma das principais fontes para o estudo da música brasileira, especialmente do Rio de Janeiro, do século XIX.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1852. Em 1853 se transferiu para São Paulo onde a família estabeleceu um comércio de pianos. Entre seis e sete anos começou a estudar com Gabriel Giraudon, francês que se estabelecera na cidade. Com 16 anos partiu para a Europa, passando a residir na cidade de Florença onde ingressou no Instituto Moriani, estudando contraponto, harmonia e composição com os professores Maglioni e Grazzini e piano com Henry Ketten e Giuseppe Buonamici.
A partir de 1879 passou a receber uma bolsa de estudos, concedida pelo Imperador Pedro II. Em 1896 viajou para o Brasil, acompanhado do violoncelista Cinganelli, para uma série de concertos, inclusive com música de sua autoria. Daí em diante, passou a retornar ao Brasil regularmente para turnês.
Em 1900 foi nomeado pelo presidente Campos Sales, chanceler do Brasil no Consulado do Havre, seguindo, posteriormente para o Consulado de Gênova. Em 1902 venceu, com a obra Il Neige, o concurso de composição do jornal Le Figaro, com júri formado por Saint-Saens, Gabriel Fauré e Louis Diémer.
Em maio de 1903, Henrique Oswald foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Música pelo Barão do Rio Branco. Permaneceu no cargo até 1906. Em 1909 tocou o seu Concerto para piano e orquestra, no Instituto Nacional de Música, sob a regência de Alberto Nepomuceno, então diretor. Após retornar a Florença, lá recebeu o convite formal para assumir como catedrático uma cadeira no Instituto Nacional de Música. Instalou-se então definitivamente no Brasil, não retornando nunca mais à Itália, tornando-se disputado professor. Teve entre seus alunos Lorenzo Fernandez, Luciano Gallet e Fructuoso Viana.
Em julho de 1920 recebeu a Médaille du Roi Albert, conferida pelo governo da Bélgica. Em 1931 embaixador da França no Brasil comunica a concessão do título de Chevalier de la Légion d’Honneur. Henrique Oswald, no entanto, faleceu no Rio de Janeiro, em 09 de junho de 1931 e foi condecorado durante seu velório.
Sendo pianista, compôs especialmente para seu instrumento, embora tenha deixado produção importante em outros gêneros, como sinfonias, concertos para violino e piano, música de câmara como duos, trios, quartetos e quintetos, três óperas, música sacra e canções para voz e piano.
Suas obras foram publicadas na Itália e no Brasil por diversas editoras como: Genezio Venturini (Florença); Carish e Janichen (Leipzig / Milão); Ricordi (Milão e São Paulo); Durand (Paris); Boston Music Co. (Boston); Bevilacqua; Arthur Napoleão e Vieira Machado, no Rio de Janeiro e Mangioni; Mello Abreu e Novas Metas, em São Paulo.
No Rio de Janeiro seus manuscritos encontram-se na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ, Biblioteca Nacional e Arquivo Nacional; em São Paulo, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Site: http://www.oswald.com.br/
Nasceu em São Paulo, em 14 de outubro de 1943. Estudou na Academia Paulista de Música com Osvaldo Lacerda, Guilherme Fontainha e Ciro Brizola. Prosseguiu os estudos de piano com Lúcia Branco, composição com Camargo Guarnieri e regência com Alceo Bocchino e Francisco Mignone. Estudou também na Columbia University, nos Estados Unidos, com Vladimir Ussachevsky e Mario Davidovsky. No início da década de 1960 transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro e passou a se relacionar com os colegas cariocas, frequentando a Escola de Música da UFRJ e os Seminários de Música Pro-Arte. Ingressou como cantor do Conjunto Roberto de Regina, cantando no registro de contratenor.
Despontou como compositor nas duas edições do Festival de Música da Guanabara, em 1969 e 1970, com Poemas do Cárcere e a Missa Orbis Factor, premiada com o terceiro lugar e prêmio do público. Como compositor foi laureado por suas criações dedicadas ao Teatro, com o Prêmio Molière, e ao Cinema, com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e da Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA.
No Rio de Janeiro foi diretor da Escola de Música Villa-Lobos, coordenou projetos no Instituto Nacional de Música da Funarte, ocupou cargos executivos na Funarj e Theatro Municipal e manteve programas de música na TV Educativa. Em São Paulo foi diretor da Universidade Livre de Música e dos Festivais Internacionais de Campos do Jordão, São Paulo.
Como regente foi titular e diretor artístico de importantes orquestras nacionais, como a Sinfônica de Minas Gerais, a Filarmônica Norte/Nordeste do Brasil e a Sinfônica de Campinas, além de dirigir, como convidado, concertos com as principais orquestras brasileiras e latino-americanas.
Foi professor de orquestração, composição e regência do Departamento de Música da ECA-USP e também regente adjunto da Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo.
Tem recebido frequentes encomendas de obras. Em 2008 sua obra intitulada Salmos Elegíacos para Miguel de Unamuno, estreou pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob regência de John Neschling. Em 2009, teve obras estreadas em Bruxelas, na Bélgica, e uma obra comissionada por ensembles dedicados à música contemporânea, em Zurique. Em 2013 foi lançado pelo Selo Digital OSESP um CD exclusivo com obras corais de sua autoria pelo Coro da OSESP e a regência de Naomi Munakata.
Para a temporada de 2015 recebeu uma encomenda conjunta da OSESP e Fundação Gulbenkian, para as quais escreveu a obra Rua dos Douradores – Litania da Desesperança, baseada no Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
Compositor, pianista, regente e musicólogo, Valdemar de Oliveira nasceu em Recife, Pernambuco, a 02 de maio de 1900 e faleceu na mesma cidade a 18 de abril de 1977. Estudou piano com Olímpia Braga e composição com Euclides Fonseca, aperfeiçoando-se com a professora francesa Angéline Radévèse, que se estabeleceu em Recife, em 1911. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1922, escreveu em 1924 a tese Musicoterapia. Formou-se também em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1929. Foi professor da cátedra de Higiene na Faculdade de Medicina do Recife a partir de 1928 e de História Natural da Escola Normal Oficial, a partir de 1942. Foi colunista do Jornal do Commércio de Recife entre 1934 e 1970. A partir de 1946 foi editor da revista Contraponto.
Foi homem intimamente ligado às atividades artísticas em sua cidade natal, e foi diretor do Teatro Santa Isabel entre 1939 e 1950. Presidiu a Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco de 1945 a 1977 e organizou o grupo Teatro Amador de Pernambuco, em 1941. Foi titular da Academia Pernambucana de Letras, da qual foi presidente entre 1949 e 1961. Publicou ensaios sobre a história do teatro em Recife no século XIX, premiados no Concurso de Monografia do Serviço Nacional de Teatro em 1976 e 1977. Escreveu operetas e revistas, como Berenice (1925), Aves de arribação (1926), A Rosa vermelha (1927), Sai Carlota (1927) e A Madrinha dos cadetes (1933). Deixou ainda o Choro triste e a Valsa para mão esquerda, para piano, e algumas canções.
Compositor, pianista e professor, Euclides de Aquino Fonseca nasceu em Recife, Pernambuco, em 06 de janeiro de 1854 e faleceu em Olinda, Pernambuco, em 31 de dezembro de 1929. Estudou com Inocêncio Smolz e ocupou o cargo de crítico musical, em jornais e revistas do Recife e de Lisboa. Lecionou na Escola Normal Oficial do Recife, dedicando-se também à composição.
Foi o fundador do Centro Musical Pernambucano e do Orfeão da Escola Normal Oficial. Foi regente da orquestra do Clube Carlos Gomes. Escreveu e publicou em 1925, pela editora do Diário de Pernambuco, o livro Um século de vida musical em Pernambuco.
Compôs em 1888 um Te Deum para comemorar a abolição dos escravos. Sua ópera Leonor foi composta para o Clube Carlos Gomes e estreada no Teatro Santa Isabel de Recife, em 07 de setembro de 1883.
Deixou ainda as óperas Il Maledetto; As Damas d’honor e A Princesa do Catete. Na música orquestral pode ser mencionada a Fantasia para piano e orquestra, a Sinfonia Republicana e a Abertura em dó menor. Os manuscritos das obras de Euclides Fonseca se encontram na Seção de Obras Raras do Instituto Ricardo Brennand, da cidade de Recife, Pernambuco.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1964. Iniciou suas atividades musicais como cantor do Coral do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro e nos cursos de verão do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, onde estudou teoria musical com Gilberto Bittencourt e viola com Nayran Pessanha. Ingressou na Escola de Música Villa-Lobos, onde estudou teoria e percepção musical com Marcilda Clis. Na cidade de Petrópolis fez parte do Coral Municipal e das orquestras Camerata Abrarte e Academia Música Nova.
Em 1985, ingressou no curso de composição da Escola de Música da UFRJ, onde estudou percepção musical com Judith Cocareli, história da música com Ricardo Tacuchian, instrumentação e orquestração com Murillo Santos, piano com Maria Helena Andrade, contraponto e fuga com Henrique Morelenbaum e regência com Roberto Duarte. Concluiu o curso de regência em 1991.
Como instrumentista prosseguiu seus estudos com Marco Antônio Lavigne e ingressou na Orquestra Sinfônica Jovem do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e na Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Frequentou cursos de verão de Prados/MG e as Oficinas de Música de Curitiba/PR, onde estudou com os maestros Alceo Bocchino e Lutero Rodrigues. De 1998 a 2000 fez curso de aperfeiçoamento e especialização em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, na Universidade de Cuyo, em Mendoza, Universidade Católica Argentina e no Teatro Colón de Buenos Aires, com bolsa da Fundação VITAE.
Em 1994 ganhou o 1º prêmio no Concurso Nacional de Regência promovido pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense. A partir da premiação passou a ser convidado para as temporadas de orquestras como a Sinfônica Brasileira, a Petrobras Sinfônica, a Sinfônica da Paraíba, a Sinfônica de Minas Gerais, a Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica do Estado do Espírito Santo e Sinfônica de Campinas. De 2000 a 2007, foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde dirigiu concertos, óperas e balés.
Cursou mestrado e doutorado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Publicou mais de vinte artigos em revistas especializadas, periódicos e anais. Em 2005 lançou seu primeiro livro, A Música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro, premiado com o primeiro lugar no II Concurso José Maria Neves de Monografias da Academia Brasileira de Música. Em 2008 lançou A Música na corte de D. João VI, pela Editora Martins, de São Paulo.
Produziu dezenas de discos, todos dedicados à música brasileira de concerto, como a primeira gravação integral da ópera Colombo, de Carlos Gomes que ganhou em 1998 dois prêmios: o APCA/Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prêmio Sharp, na categoria “Melhor Disco Erudito”.
Realizou mais de cinquenta primeiras audições e, como regente, já executou obras de 53 compositores brasileiros desde o período colonial até os contemporâneos mais jovens, inclusive em diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Foi diretor da Escola de Música da UFRJ, onde é professor de regência e prática de orquestra, além de diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ.
Pianista, nasceu em Campinas, São Paulo. Foi aluna de MarguériteLong, depois de ter estudado no Brasil com José Kliass, da escola Liszt. Esta formação caracteriza sua técnica e sua interpretação pianística. Uma de suas principais características é sua militância musical, preocupando-se em revelar obras raramente tocadas dos grandes mestres, assim como aquelas de compositores contemporâneos. Em razão disto, ela foi responsável pela primeira audição no Brasil de obras de Pierre Boulez, do Concerto para piano, de Schoenberg, em Portugal, e da obra de Michel Philippot (com quem se casou), de Villa-Lobos e de diversos compositores brasileiros do século XX na Europa e nos Estados Unidos.
Professora respeitada, deu aulas na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A partir de 1980, foi professora do Conservatório Europeu de Paris. Por suas atividades de intérprete, recebeu inúmeras medalhas e condecorações, inclusive a Ordem do Ipiranga, a Ordem do Mérito de Brasília e a Ordem Nacional das Artes e Letras, assim como diversos prêmios como o de melhor realização discográfica de 1983, pela gravação integral da obra pianística de Villa-Lobos. Ela gravou também a obra pianística de G. Gershwin, os Prelúdios e Fugas, de Mendelssohn, obras de Michel Philippot. É autora do livro "Villa-Lobos, o índio branco" e está preparando estudo sobre a pedagogia de Liszt. É sucessora de Valdemar de Oliveira na cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Música.
Compositor, pianista, organista, professor e crítico, Silvio Deolindo Froes nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de outubro de 1864 e faleceu nessa cidade, em 03 de dezembro de 1948. Sua mãe, pianista e cantora lírica, foi quem o iniciou na música. Em 1882, mudou-se para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Politécnica, mas optou por continuar na área musical, tendo como orientador Miguel Cardoso, em harmonia. Em 1888, seguiu para a Europa, onde estudou composição e órgão com Charles-Marie Widor, em Paris e, na Alemanha, com E. Welt e Felix Mottl, em Leipzig e Karlruhe, respectivamente. Ao retornar ao país, fixou-se em Salvador, passando a dar aulas de piano, órgão, teoria, composição e harmonia.
Foi também professor do quadro do magistério público. Ocupou a direção do Conservatório de Música, ligado à Escola de Belas Artes, em 1898. Fundou e dirigiu, mais tarde, o Instituto de Música. Publicou artigos em jornais e revistas do país e exterior.
Sua obra hoje é pouco conhecida. Deixou duas óperas inacabadas, a Sinfonia em si bemol (1909), uma Sonata para violino e piano (1896), um Septeto para cordas e sopros (1897), música para piano e canções.
Musicólogo, violinista, compositor e professor, Vincenzo Cernicchiaro nasceu em Torraca, na Itália, em 23 de julho de 1858 e faleceu no Rio de Janeiro, em 07 de outubro de 1928. Veio para o Brasil aos doze anos de idade, mas retornou à Itália para estudar no Real Conservatório de Milão, onde recebeu o Primeiro Prêmio de violino. Vindo para fazer alguns concertos no Brasil, fixou residência no Rio de Janeiro. Apresentou-se em duo com o pianista Arthur Napoleão. Ingressou no Clube Mozart e no Clube Beethoven, a partir de 1880, apresentando-se como concertista. Em 1883 esteve em São Paulo para concertos na Casa Levy em parceria com a soprano Marietta Siebs. Na ocasião, Cernichiaro atuou como violinista do Trio no1 op.10, de Alexandre Levy e ajudou a fundar o Clube Haydn, a primeira associação de concertos de São Paulo.
Com o pianista Jeronymo Queiroz fundou, em 1886, a Sociedade de Quartetos do Rio de Janeiro. No ano seguinte voltou a São Paulo e apresentou-se no Clube 06 de julho da cidade de Itu, acompanhado pelo pianista Eugênio Hollander. Em 1890, passou a integrar o corpo docente do Instituto Benjamim Constant, como professor de violino e viola. Ocupou também a cátedra de violino no Instituto Nacional de Música, a partir desse mesmo ano. Em 1899 apresentou-se em duo com o compositor Camile Saint-Saenz em concerto no Teatro São Pedro de Alcântara, fazendo a estreia no Brasil da Sonata no1 para violino e piano do compositor francês. Regeu o Requiem, de Verdi, na Igreja da Candelária, em 1906.
Como compositor deixou principalmente obras para seu instrumento, como o Estudo de Concerto, o Andante e Polonaise op.12, Mazurca, Tarantela, Premier Regret (morceux de salon) e Chant de Coer.
Sua contribuição mais importante, no entanto, foi a Storia della Musica nel Brasile: dai tempi coloniali sino ai nostri giorni (História da Música no Brasil: dos tempos coloniais até nossos dias), um livro de mais de 600 páginas publicado em Milão, pela Fratelli Riccioni, em 1926.
Nasceu em Salvador, Bahia, em 15 de dezembro de 1948. Sua formação de compositora foi orientada por Ernst Widmer, na Universidade Federal da Bahia, de 1969 a 71, por Mauricio Kagel, na Musikhochschule Köln, de 1972 a 77, por Lejaren Hiller e Morton Feldman, na SUNY at Buffalo, de 1982 a 85. Ao lado da composição, realizou estudos em teoria da música orientados por John Clough, SUNY-Buffalo, e Janet Schmalfeldt, Yale University, de 1989 a 1990. É doutora em composição pela Universidade de New York, em Buffalo (PhD, 1985) e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba.
Esteticamente diversificada, sua produção musical passou por diferentes interesses: pesquisa timbrística, nos anos 70, serialismo não dodecafônico nos anos 80, e procedimentos intertextuais desde os anos 90. No entanto, comum a todas essas fases é uma estreita relação com a literatura. Na maioria de suas obras, a voz se faz presente, falada ou cantada, em solo ou coro, veiculando sons inarticulados ou textos poéticos. Dentre os poetas brasileiros que inspiraram suas composições, incluem-se Augusto dos Anjos, Mario de Andrade, Thiago de Melo e W. J. Solha.
Ao lado da atividade composicional, atua na área de teoria analítica da música, dedicando-se especialmente ao estudo do repertório brasileiro contemporâneo e, principalmente, às obras do Grupo de Compositores da Bahia. É autora do livro Ernst Widmer, Perfil Estilístico (UFBA, 1997). Coordena a pesquisa Marcos Históricos da Composição Contemporânea na UFBA e publicou os catálogos de obras de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso, Fernando Cerqueira e Agnaldo Ribeiro.
Integrou o comitê assessor para a área de artes do CNPq. É membro fundador da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), da qual foi a primeira presidente entre 1988 e 1990. Em 2014 fundou a Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical (TeMA), da qual é a presidente.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em abril de 2003.
Violinista e compositor, nasceu em Campinas, São Paulo, em 15 de março de 1881 e faleceu no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1954. Iniciou seus estudos musicais e de violino com Simões Junior, e teve sua estreia como concertista aos nove anos de idade, no Teatro Novelli, de Juiz de Fora, Minas Gerais. Dois anos depois, seguiu para a Europa para prosseguir seus estudos, ingressando no Conservatório Real de Bruxelas, na classe de EugèneIsaye. Lá ganhou, em 1897, o primeiro prêmio de violino. Em 1899, concluiu o curso de harmonia, e em 1901 o de contraponto, recebendo um ano depois o primeiro prêmio de fuga na classe de Edgar Tinel. Iniciou sua vida artística profissional apresentando-se como solista e camerista, e organizando um trio que se apresentou na Sociedade Real, de Bruxelas. Excursionou pela Europa e América do Sul. Em 1911, foi nomeado professor catedrático do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, introduzindo ali a escola franco-belga de violino. Teve uma atuação importante nos meios musicais cariocas, criando junto com a cantora Camila da Conceição, a primeira Academia Brasileira de Música. Fundou também o Grêmio de Amigos da Música e o Centro de Cultura Musical, e foi membro do conselho técnico e administrativo da Escola de Música e diretor da "Rádio Jornal do Brasil". Foi, ainda, presidente de honra da Escola de Música Santa Cecília, de Petrópolis, Rio de Janeiro. Foi sucessor de Sílvio Deolindo Froes na cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Música.
Obras principais
Música instrumental: Cismas de matuto, para piano; Fantasia brasileira, para violino e piano.
Música vocal: Seis melodias para canto e piano e A Balada do pingo d’água, para coro.
O compositor, regente, musicólogo e professor Padre Jayme Cavalvanti Diniz nasceu em Água Preta, Pernambuco, em 01 de maio de 1924. Estudou filosofia no Seminário de Olinda e teologia no Seminário Central de São Paulo. Em 1936, iniciou seus estudos de piano, teoria e solfejo em Pesqueira, Pernambuco, dando continuidade no Seminário de Olinda, onde foi, de 1941 a 1943, organista e regente de coro. Em 1945 apresentou sua Missa Mirabilis Deus. No ano seguinte, transferiu-se para o Seminário do Ipiranga em São Paulo, onde frequentou as classes de composição sacra com Furio Franceschini e frei Pedro Sinzig, e de interpretação com Paula Loebenstein. É desse período a sua colaboração para a revista "Música Sacra", de Petrópolis. Em 1951, fez estudos de técnica dodecafônica com César Guerra-Peixe. Como participante do III Curso Internacional de Férias da Pró-Arte, em Teresópolis, em 1952, estudou regência com H. J. Koellreutter, estética musical com Ernst Krenek e história da música com HildeSinnek. Em 1957, criou a ScholaCantorum Padre Jayme Diniz. No ano seguinte, foi aperfeiçoar-se no Instituto Pontifício de Música Sacra, de Roma, onde fez cursos de musicologia com Higino Anglès, instrumentação com EdgardoCarducci-Agustini, polifonia com Domenico Bartoluci e paleografia musical Eugenio Cardine. No Liceu Isabella Rosato, em Roma, estudou contraponto e prática de coros com Arnaldo Boreggi. Em Paris, frequentou o Instituto Gregoriano e o Conservatório de Música, em 1959.
Retornando ao Brasil em 1960, realizou o II Concurso Nacional de Música Sacra, sendo também nomeado membro do Departamento de Cultura da Prefeitura de Recife e convidado para fundar o curso de m úsica, na Universidade Federal de Recife, onde foi nomeado professor de história da música e de harmonia complementar. Regeu, no mesmo ano, o coral da Escola de Belas Artes. Em 1961, presidiu a comissão arquidiocesana de música sacra de Olinda e Recife, foi professor de canto gregoriano e regente coral do Seminário de Olinda. Foi fundador e regente do Coro Guararapes. Também ministrou curso de história da música no Pontifício Colégio Brasileiro, em Roma. Publicou ensaios musicológicos em jornais, revistas e livros. Dentre eles, destaque-se: "Músicos pernambucanos do passado", Recife, 1969-1971, "Ciranda – roda de adultos no folclore pernambucano", Recife, 1960, "Nazaré – estudos analíticos", Recife, 1963, "A Sinfonia de Alberto Nepomuceno", Recife, 1964, "Organistas da Bahia, Velhos organistas da Bahia" e "Os Mestres de Capela da Santa Casa da Misericórdia de Salvador", tornando-se o mais destacado estudioso da música do nordeste brasileiro.
Nasceu em Campinas, no Estado de São Paulo, em 1924, onde estudou composição com Damiano Cozzella e Savino De Benedictis, e na Academia Santa Cecília de Roma, com Boris Porena. Foi professor titular de contraponto e fuga e música contemporânea na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Fundador e pPresidente da Sociedade Pró-Música de Curitiba, desenvolveu in tensa atividade de concertos como diretor de coros. Foi regente do Teatro Carlos Gomes e professor na Escola Superior de Música de Blumenau. Teve obras publicadas na Alemanha e no Brasil e gravadas pelo governo do Estado do Paraná e pela Fundação Cultural de Curitiba. Escreveu peças para coro, piano, música de câmara e música sacra. Faleceu em 2002.
Regente, organista, compositor e professor, nasceu em Roma, Itália, em 04 de abril de 1880 e faleceu em São Paulo, em 15 de abril de 1976. Começou seus estudos musicais com o pai, Filippo Franceschini. Estudou na Academia Santa Cecília de Roma e especializou-se em contraponto e órgão com Filippo Capocci. A seguir, em Paris, estudou fuga e instrumentação com Jules Mouquet e canto gregoriano com Dom André Mocquereau, na ilha de Wight, na Inglaterra. Apresentou-se como regente de orquestra em Corfu e Atenas, Grécia, em 1903.
Em 1904, veio para o Rio de Janeiro, como regente auxiliar e de coros de uma companhia lírica. Em 1907, mudou-se para São Paulo, onde se tornou professor de música sacra e canto gregoriano do Seminário Provincial da Arquidiocese de São Paulo, vindo a ser mestre de capela da Sé no ano seguinte. Fez vários cursos de aperfeiçoamento na Europa com Giacomo Setaccioli, Charles-Marie Widor, Philippe Bellenot e Vincent d’Indy. Foi considerado o melhor organista brasileiro de seu tempo, tendo feito inúmeros concertos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Recusou convites para substituir seu antigo professor, Filippo Capocci, na Basílica de São João de Latrão, como mestre de capela.
Lecionou, particularmente, órgão, contraponto, fuga e composição. Entre 1933 e 1939, deu aulas de análise musical no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, e foi nomeado professor do curso de cultura e análise musical do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Entre 1944 e 1945, foi professor do curso de estudos dos instrumentos de orquestra organizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Publicou o Breve curso de análise musical, São Paulo, 1931, e Compêndio de canto gregoriano, São Paulo, 1938.
Compôs mais de 400 peças, entre missas, cânticos sacros, música para canto, orquestra, órgão e piano. Seu acervo particular, incluindo manuscritos, diários, cartas, fotos, programas de concertos e documentos diversos está dividido entre as bibliotecas da Escola de Comunicação e Artes/ECA da Universidade de São Paulo/USP e a da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita/UNESP.
Compositor e pianista, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1863. Sua iniciação no piano foi com sua mãe, a pianista Carolina Augusta Pereira da Cunha. Posteriormente, estudou com Eduardo Madeira e com Lucien Lambert. Quatro anos mais tarde, compôs sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe. Tornou-se profissional do piano, compondo e editando diversas obras. Com Brejeiro, se torna o grande fixador do tango brasileiro. Em 1898, dá seu primeiro concerto no salão nobre da Intendência de Guerra. Atuou, em 1917, como pianista na sala de espera do Cine Odeon, para o qual compôs o tango Odeon. Em 1919, empregou-se na Casa Carlos Gomes, onde executava ao piano as partituras solicitadas pelos fregueses interessados em comprá-las.
No ano seguinte compôs, episodicamente, fox-trotes, sambas e marchas carnavalescas, então em voga. Fez uma audição de peças suas no Instituto Nacional de Música, em 1922, a convite de Luciano Gallet. Quatro anos depois, assistiu à conferência de Mário de Andrade sobre sua obra, na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo. Estes dois eventos marcam a definitiva aceitação de Nazareth como compositor. Nessa época, se apresentou no salão do Conservatório Dramático e Musical de Campinas, São Paulo. Tocou na inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC. Em 1930, gravou para a Odeon disco onde aparecia o tango Escovado e a polca Apanhei-te, cavaquinho, com a denominação de choro.
Em 1932 empreendeu uma turnê de concertos pelo Rio Grande do Sul e Uruguai, se apresentando nas cidades de Porto Alegre, Rosário e Sant’Anna do Livramento. Quando se encontrava em Montevidéu, capital do Uruguai, foi acometido de grave crise nervosa. De volta ao Rio de Janeiro teve confirmado o diagnóstico de sífilis e foi internado no Hospício D. Pedro II, na Praia Vermelha. Em 1933 foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, de onde fugiu no ano seguinte, morrendo por afogamento em represa próxima, em 04 de fevereiro de 1934.
Nazareth teve no piano o veículo para suas ideias musicais. Sua obra é composta por mais de 200 títulos, englobando os principais gêneros da música de salão baseados em danças populares instrumentais. Estão contabilizados 88 tangos, 41 valsas e 28 polcas e ainda marchas, quadrilhas, schottisches e fox-trotes, assim como peças de concerto.
Site: http://www.ernestonazareth.com.br/
Natural da cidade de Russas, Liduino é atualmente professor de Composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos nomes mais relevantes da música contemporânea. Em seu currículo, apresenta marcas importantes, como sua atuação como doutor em Composição e Teoria e como mestre em Composição pela Louisiana State University, nos Estados Unidos.
Seu interesse pela música começou quando tinha 11 anos de idade, em 1974, a partir do seu contato com o violão. Liduino integrou o grupo de música da igreja matriz sob a coordenação do pianista e organista Cônego Pedro de Alcântara Araújo. Por volta de 1982, iniciou seus estudos de harmonia com Vanda Ribeiro Costa, que o levaram a um maior aprofundamento na área da composição. Em 1986, atuou na fundação do grupo de música de câmara do Ceará Syntagma. O músico também chegou a desempenhar a função de consultor de música da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).
As obras desenvolvidas por Pitombeira já foram executadas tanto no Brasil quanto no exterior. Como exemplos, as iniciativas do Quinteto de Sopros da Filarmônica de Berlim, na Alemanha, da Louisiana Sinfonietta e do New York University New Music Trio, nos Estados Unidos, e a Orquestra Filarmônica de Poznan, na Polônia.
Além disso, o cearense conquistou importantes premiações de composição no Brasil, como o primeiro prêmio no Concurso de Composição "Sinfonia dos 500 Anos" e o primeiro no I Concurso Nacional Camargo Guarnieri, com a obra “Suite Guarnieri”. Nos Estados Unidos, recebeu, em 2004, o prêmio de compositor do ano no “2003 MTNA-Shepherd Distinguished Composer of the Year” por seu trabalho "Brazilian Landscapes No.1".
Em 2019, Liduino foi agraciado com a Medalha Villa-Lobos, concedido pela Academia Brasileira de Música e em 2021 foi eleito membro, ocupando a cadeira 28. O compositor também desenvolve artigos científicos sobre composição e teoria e pesquisas como membro do grupo MusMat da UFRJ. A presença na ABM será oficializada ainda neste ano.
Pianista, folclorista e compositor, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 03 de fevereiro de 1912 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 06 de outubro de 2007, aos 96 anos de idade. Em 1932 bacharelou-se em direito pela Universidade do Ceará. Em 1936 concluiu o curso de piano no Instituto Nacional de Música com medalha de ouro.
Foi aluno de Barrozo Netto e Nicolai Orloff, tendo estudado no ConservatoireAméricain no Palácio de Fontainebleau onde foi aluno de Robert Casadesus, MarguariteLong e NadiaBoulanger, recebendo no fim do curso o grande prémio Mentiond’HonneurduConcours de Virtuosité, láurea outorgada a Aaron Copland alguns anos antes.
Como pedagogo e professor de seu instrumento, teve oportunidade de orientar os estudos de eminentes pianistas brasileiros, tais como Jacques Klein, Gerardo Parente, Maria da Penha e Irany Leme.
Como compositor notabilizou-se pelo Ciclo de Canções Afro-Brasileiras, Cantos Indígenas, Acalantos Brasileiros, Suíte Sul Americana (Plano), Suíte Brasileira, para 2 pianos, Sarau de Sinhá - ballet, para piano a quatro mãos e orquestra sinfônica, o ciclo O Natal Brasileiro, para coro misto, Ponteios para violão, Glória in Excelsis, para soprano e orquestra, além de numerosas peças avulsas para piano solo e música de câmara. Estas obras foram gravadas em, pelo menos, 18 discos LP e cd, no país e no exterior. Na qualidade de intérprete, mencionem-se os dois últimos discos gravados: "12 valsas de Ernesto Nazareth", da SOARMEC e "Os Pianeiros".
Foi membro dos dois conselhos do Museu da Imagem e do Som, música erudita e música popular, organizando e dirigindo a coleção de depoimentos ao vivo de um sem número de músicos brasileiros, como Francisco Mignone, Guiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro.
No ano de 1965, sob os auspícios do Ministério das Relações Exteriores, levou a Paris o conjunto de Balé Folclórico do Brasil que se apresentou no Theâtre Sarah Bernhardt com grande sucesso. Durante muitos anos foi diretor de programação e programador cultural da Rádio MEC, com programas como "Estampas Brasileiras" e "Mosaico Pan-Americano", ambos ligados à difusão da música.
Quando de sua passagem pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, dirigiu a série de documentários, de mais de 40 discos, intitulada "Documentos Sonoros do Folclore Brasileiro". Bem como participou de pesquisas de campo, principalmente no seu estado natal, como a “Romarias de Canindé”, da série "Romarias Brasileiras", realizada com apoio do Instituto Nacional do Folclore e da Embaixada da Itália no Brasil e o LP “A Arte da cantoria”, que reúne belíssima antologia sobre cantadores do nordeste brasileiro.
Sua viagem à Almofala, nos anos 70, ensejou por parte do IPHAN uma ação vigorosa pela recuperação daquela igreja de arquitetura colonial tomada pelas dunas. Escreveu artigos musicológicos, sobre Ernesto Nazareth, José Maurício Nunes Garcia, Villa-Lobos e DariusMilhaud.
Foi consultor brasileiro na finalização do filme "It’salltrue" sobre fotogramas da obra inacabada de Orson Welles no Ceará, nos anos 40.
Recebeu da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro o título de Doctor Honoris Causa pelo conjunto de sua obra.
A Fundação Casa de Rui Barbosa conferiu-lhe a Medalha Rui Barbosa pela sua contribuição à cultura brasileira.
Aloysio de Alencar Pinto foi membro titular da Academia Nacional de Música e da Academia Brasileira de Música, onde foi o 1º sucessor de Furio Franceschini na cadeira nº 28.
Flavio Vieira da Cunha Silva, nasceu a 07 de fevereiro de 1939, em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. Os estudos de piano, iniciados com uma tia, foram continuados em Porto Alegre, com Milton Lemos e Natho Henn. Frequentou os cursos internacionais de férias de Teresópolis e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, passando a estudar com Hans Graff, Alda Caminha e Homero Magalhães, além de fazer estudos gerais com Esther Scliar e Guerra-Peixe. Em 1960, ingressou na embaixada da França como discotecário e foi aprovado para o curso de filosofia da Faculdade Nacional de Filosofia. Durante dois anos, foi redator de programas da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Em 1968, obteve bolsa para estudos de musicologia em Paris, tendo se dedicado, sobretudo, à etnomusicologia, com Jacques Chailley, Tran Van Khê, Simha Arom, Claude Laloum, Émile Leipp e Claudie Marcel-Dubois, sob cuja orientação e, com apoio de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, preparou a memória Origines de la samba urbaine a Rio de Janeiro, só concluída em 1974, após voltar ao Brasil e fazer intensa pesquisa em cerca de 2.500 periódicos cariocas publicados, sobretudo, entre 1916 e 1918.
Em 1977, ingressou na Funarte, como funcionário do então Instituto Nacional de Música, onde exerceu as mais diversas funções envolvendo divulgação e organização musical no Brasil e ocupou vários cargos, inclusive o de diretor do atual Centro da Música, do qual é coordenador de música erudita. Coube-lhe organizar diversas edições das Bienais de Música Brasileira Contemporânea. Organizou livro sobre Camargo Guarnieri, com estudos de vários especialistas, aos quais acrescentou textos seus. Participou da edição de outros livros sobre música pela Funarte, e de gravações de música brasileira.
Foi bolsista da Fundação Vitae e recebeu da Academia Brasileira de Música o segundo lugar em concurso de monografias, com estudo sobre relações entre músicas clássicas e populares no Brasil entre 1920 e 1950, mediadas, em especial, pela influência do disco e do rádio. As pesquisas envolvidas por esses trabalhos levaram-no a encontrar gravações esquecidas de coros escolares cariocas, gravadas em discos em 1940, e que motivaram um dos artigos que publicou na Revista Brasiliana. Ainda para a ABM, organizou o catálogo de obras de Francisco Mignone. Tem diversos estudos em andamento e participa com frequência, como palestrante, conferencista e debatedor, de eventos científicos na área da musicologia e da cultura brasileira.
Eleito para a Academia Brasileira de Música a 11 de fevereiro de 2008, foi empossado a 15 de março do mesmo ano. Teve dois filhos, e foi casado com a pianista, também acadêmica, Lais de Souza Brasil. Faleceu em 8 de outubro de 2019.
Foi professor e compositor. Nasceu em São Paulo, em 18 de março de 1882 e faleceu nessa mesma cidade, em 13 de novembro de 1957. Sua iniciação musical foi no Liceu Salesiano do Coração de Jesus, onde participou da execução de músicas religiosas. Fez aperfeiçoamento com G. Foschini, estudou composição com Agostinho Cantu e piano com José Wincole, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Nessa entidade veio a ser professor catedrático e diretor. Durante o período em que dirigiu o conservatório, realizou programa de organização e reformas da secretaria, biblioteca, museu, discoteca, sociedade orquestral, curso infantil e classes de pedagogia e análise musical. Veio a lecionar em outras escolas paulistas de música, como o Instituto Dom Bosco. Foi integrante de várias comissões examinadoras de concursos da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Foi membro do Conselho de Orientação Artística de São Paulo. Publicou Lições elementares de teoria musical (1918), Método de Solfejo e Curso de leitura rítmica musical (1921).
Compositor, pianista, regente e crítico musical, Alexandre Levy nasceu em São Paulo, capital, em 10 de novembro de 1864 e faleceu prematuramente na mesma cidade, em 17 de janeiro de 1892. Era filho do clarinetista francês Louis Levy, radicado em São Paulo desde 1860 e fundador da Casa Levy, um dos principais comércios de música da época. Luís Henrique Levy, seu irmão três anos mais velho, e seu pai foram seus iniciadores na música. Seu professor de piano parece ter sido o pianista francês radicado em São Paulo Gabriel Giraudon, antes de estudar com o pianista russo Luis Maurice. Sua estreia como pianista foi aos oito anos de idade. Seu talento foi amplamente reconhecido, tendo sido mesmo comparado a Mozart por críticos musicais de seu tempo. A importância da Casa Levy e a popularidade de seu pai propiciaram-lhe contato direto com todos os músicos paulistas importantes, e com todos aqueles que iriam apresentar-se naquela cidade. Em 1882, Alexandre e Luís Levy tocaram em Buenos Aires.
Desde 1880, diversas obras suas para piano começaram a ser editadas na Europa. Em 1883, foi feito diretor de concertos do Clube Haydn, importante sociedade paulista de concertos. Em 1885, atuou como regente pela primeira vez, em concerto deste mesmo Clube Haydn. Em 1887, viajou para a Europa, tendo estudado em Paris com Émile Durand e Vincenzo Ferroni. Ao final deste mesmo ano retornou a São Paulo, onde iniciou trabalho de crítico musical na imprensa. Algumas de suas composições desta época já seguem clara tendência nacionalista. É o caso de duas obras para piano, o Tango Brasileiro e as Variações sobre um tema popular brasileiro, onde usa a melodia da famosa canção “Vem cá, Bitu”, e da Suíte Brasileira, onde, no último movimento, intitulado Samba, utiliza elementos da música rural paulista. Outras obras de Levy, por sua vez, seguem claramente as características da música romântica austro-germânica, como os poemas sinfônicos Werther e Comala, a Sinfonia em mi menor, o Trio em si bemol e diversas obras para piano, como o Romance sem palavras op.4, o Allegro Appassionato op.14 e as Schumannianas, para piano.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de novembro de 1939, descendente de uma família da Armênia que imigrou para o Brasil. Iniciou os estudos musicais com Nelly Adelino dos Santos. Aos 12 anos ingressou na Escola Nacional de Música, tendo estudado com Florêncio de Almeida Lima, José Siqueira e Francisco Mignone. Foi orientado em composição também por Cláudio Santoro e em regência por Hilmar Schatz e Hans Swarowsky. Diplomou-se em piano em 1963 e em composição e regência em 1965. Fundou o grupo Ars Contemporânea em 1971 para o qual compôs e estreou obras de compositores brasileiros. Ao mesmo tempo dirigiu o grupo Síntese, voltado para o repertório medieval e renascentista.
Concluiu o Doutorado em Composição na University of Southern California, em 1990, quando recebeu o Academic Achievement Award, prêmio conferido a pós-graduandos que se destacam em suas respectivas especialidades. Realizou o pós-doutorado em Lisboa, no Museu da Música Portuguesa, com bolsa da CAPES.
Foi professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Villa-Lobos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, além de professor visitante da State University of New York at Albany, com bolsa da Fulbright para o programa Scholar in Residence, e da Universidade Nova de Lisboa. Em 2011 ministrou um curso sobre Música do Brasil no Século XX no Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca. Como professor da Escola de Música da UFRJ criou o Panorama da Música Brasileira Atual.
Tacuchian é membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, da Federação Fluminense de Bandas de Música Civis, da Sociedade Brasileira de Musicologia e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música.
Como compositor participou, entre outros festivais, da Tribune Internationale des Compositeurs du Conseil lnternational de la Musique, da UNESCO (1977); do International Society of Contemporary Music/World Music Days (1978); do Music of the Americas Festival 2001, da Florida International University, e do Other Minds Music Festival 8, em São Francisco, Califórnia (2002). Teve obras executadas em todas as edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Em 2000, com bolsa da Rockefeller Foundation, foi compositor residente na Villa Serbelloni, em Bellagio, Itália.
É membro do corpo editorial da revista da ANPPOM e da revista da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, consultor ad hoc do CAPES, CNPQ, FAPERJ, UERJ, Ciência Hoje da SBPC, Fundação Universidade Estadual de Maringá, Universidade Estadual de Londrina, UNICAMP, The Rockefeller Foundation e John Simon Guggenheim Memorial Foundation, entre outras instituições.
Segundo seu catálogo de obras, publicado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 2014, é autor de cerca de mais de 250 títulos, apresentados no Brasil e em mais de 30 países da Europa, Ásia, América do Norte e América Latina, com mais de uma centena de gravações em cerca de 40 itens discográficos.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1981, instituição da qual foi presidente em dois períodos, de 1993 a 1997 e de 2006 a 2009.
Portal: https://sites.google.com/site/tacuchianmusica/
Ênio de Freitas e Castro (Montenegro, 27 de junho de 1911 - Porto Alegre (?) 21 de junho de 1975) foi um professor, compositor, pianista, maestro, folclorista e musicólogo brasileiro.
Começou seus estudos em Vacaria. Com apenas 13 anos de idade já era pianista do cinema local. Em 1925 mudou-se para Porto Alegre, ingressando no Conservatório do Instituto de Belas Artes, onde estudou com Antonina Maineri (piano) e AssueroGarritano (teoria musical e harmonia). Deu seu primeiro recital em 1930 e depois se transferiu para o Rio de Janeiro, a fim de se aperfeiçoar no Instituto Nacional de Música.
Ali foi aluno de piano de Guilherme Fontainha, concluindo seu curso em 1932 com Medalha de Ouro, por unanimidade. Em 1937, terminou o curso de composição e regência, sob a orientação de Paulo Silva (contraponto e fuga), Francisco Braga (composição e instrumentação), Francisco Mignone (regência) e Octávio Bevilacqua (história da música). Mas antes de concluir os estudos foi convidado a assumir a cátedra de Harmonia no Instituto de Belas Artes. Além de professor, foi concertista e maestro da Orquestra Filarmônica de Porto Alegre. Entre 1954 e 1955 esteve em Paris para outros estudos avançados. Foi fundador e dirigente da Associação Rio-Grandense de Música e membro fundador da Cadeira n. 29 da Academia Brasileira de Música.
Foi o primeiro Superintendente de Educação Artística e o primeiro Diretor da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, sendo o responsável pela criação da Discoteca Pública, da Biblioteca Pública Infantil, do Instituto de Tradições e Folclore e do Serviço de Radiodifusão Educativa. Escreveu artigos para o Diário de Notícias e deixou o livro Princípios de Arquitetura Musical (Porto Alegre, 1940). Outros artigos apareceram nos livros Rio Grande do Sul - Imagem da Terra Gaúcha (Porto Alegre, 1942) e Fundamentos da Cultura Rio-Grandense (Porto Alegre, 1960).
Principais composições
Música orquestral: Sinfonia e Suite, para orquestra de cordas
Música de câmara: Trio, para piano, violino e violoncelo e Quarteto de cordas
Canto e piano: Historietas, Mar, Ouve o canto da noite, Porque, A velha carta e A vida.
Professor e compositor, João Baptista nasceu em Silveiras, São Paulo, em 19 de setembro de 1886 e faleceu na mesma cidade, em 20 de maio de 1961. Sua iniciação musical se fez como participante de banda dirigida por Desidério Alves Leite. Em 1904, foi para Mogi das Cruzes, onde participou da Corporação Musical Guarani. Passou a reger a Corporação Musical União Mogiana, fruto da união das bandas Guarani e Euterpe, ambas de Mogi das Cruzes, até 1914. Nessa época, começou a compor e escrever revistas para teatro. Seus estudos superiores começam em 1912, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, orientado por Savino de Benedictis e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva Júnior.
Fundou no ano seguinte o Instituto Musical de Mogi das Cruzes e, ao concluir seu curso, assumiu a função de mestre de capela da igreja matriz da cidade. Anos depois, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se especializou no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e obteve o primeiro registro junto ao Ministério de Educação e Saúde como professor de canto orfeônico. Assim titulado, assumiu a cadeira de música e canto orfeônico da penitenciária-modelo do Estado de São Paulo. Tornou-se colaborador do maestro João Gomes Júnior, na preparação dos alunos de grupos escolares, por ocasião da comemoração do Centenário da Independência, em 1922. Por esse tempo, foi efetivado como professor da Escola Normal Padre Anchieta, São Paulo. Em 1927, fundou com outros músicos o Instituto Musical de São Paulo.
Em 1944, teve a missão de elaborar um plano para o ensino de canto orfeônico. Em 1949 passou a dirigir o curso de canto orfeônico do Instituto de Educação Caetano de Campos, transformado posteriormente em Conservatório Estadual de Canto Orfeônico. Foi iniciativa sua a fundação do Conservatório de Canto Orfeônico, que tem hoje seu nome ligado à Universidade Católica de Campinas, São Paulo. Dentre suas composições encontram-se peças para piano e violino e música sacra. Publicou Chave para os cadernos de exercícios caligráficos e análise musical, São Paulo, 1922.
Compositor, organista, pianista e professor, Alberto Nepomuceno nasceu em Fortaleza, Ceará, em 06 de julho de 1864. Em 1872 se transferiu para Recife, onde iniciou os estudos de piano e violino. Em 1880 se tornou aluno de harmonia de Euclides Fonseca. No ano seguinte conheceu Tobias Barreto, que o iniciou nos estudos de filosofia e língua alemã. Torna-se republicano e abolicionista. Retornou ao Ceará em 1884. No ano seguinte partiu para o Rio de Janeiro. Residindo com a família Bernardelli, passa a estudar com Miguel Cardoso e revela suas primeiras composições. Apresentou-se como pianista no Clube Beethoven e realizou turnê de concertos com o violoncelista Frederico Nascimento.
Em 1888 partiu para a Europa matriculando-se no Liceo Musicale Santa Cecília de Roma, onde estudou harmonia com Eugenio Terziani e Cesare De Sanctis e piano com Giovanni Sgambatti. Participou, em 1890, do concurso que, após a Proclamação da República, iria escolher o novo hino nacional brasileiro. Obteve o terceiro lugar e uma pensão do governo que permitiu ampliar sua estada na Europa. Segui para a Alemanha, onde estudou na Academia Meister Schulle e no Conservatório Stern de Berlim com Heinrich Herzogenberg, Theodor Lechetitzky, Arnó Kleffel e Max Bruch.
Na Noruega contraiu matrimônio com Walborg Bang, sua colega de conservatório, e hospedou-se na casa de Edvard Grieg. Ao retornar para a Alemanha regeu a Orquestra Filarmônica de Berlim em suas provas finais, apresentando o Scherzo, para orquestra e a Suíte Antiga, para cordas.
Retornou ao Brasil em 1895, após estada em Paris para estudos na Schola Cantorum, com Guilmant. Ao chegar assumiu a cadeira de professor de órgão do Instituto Nacional de Música, que viria a dirigir em dois períodos, o primeiro entre 1902 e 1903, após a morte de Leopoldo Miguéz, e o segundo entre 1906 e 1916. Foi regente da Sociedade de Concertos Populares e diretor musical dos concertos da Exposição Nacional da Praia Vermelha de 1908. Em 1910 empreendeu viagem à Europa, regendo concertos em Bruxelas, Genebra e Paris, onde conheceu Debussy. Em 1913 estreou sua ópera Abul no Teatro Coliseo de Buenos Aires, apresentada também em Rosário e Montevidéu no mesmo ano e em 1915 no Teatro Constanzi, de Roma.
De sua obra se destacam as composições para piano e as canções, especialmente as escritas em português, motivo de intenso debate com o crítico Oscar Guanabarino nos jornais cariocas. De sua obra orquestral podemos destacar a Série Brasileira, de 1891, onde pela primeira vez aparece um instrumento típico brasileiro, o reco-reco, no famoso Batuque. Outras obras importantes são: o Trio para violino, violoncelo e piano, (1916), os três quartetos de cordas, escritos entre 1890 e 1891, a Sinfonia em sol menor, escrita em Berlim em 1894; a abertura O Garatuja (1904), as Seis Valsas Humorísticas, para piano e orquestra (1902), a Serenata para orquestra de cordas (1906) e o episódio lírico Artemis (1898).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1920.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de agosto de 1959. Iniciou o estudo de música através do violão. Em 1979 ingressou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estudou com Henrique Morelenbaum, Ronaldo Miranda e Roberto Duarte. Na mesma instituição realizou o mestrado. Cursou o Doutorado na The Catholic University of América, em Washington D.C., sob orientação do violinista e compositor Helmut Braunlich (composição) e da musicóloga Emma Garmendia (música latino-americana). Realizou estudos adicionais em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino, em Mendoza e Buenos Aires, na Argentina.
Foi professor e coordenador do Curso de Música da Universidade Estácio de Sá. Nos EUA, foi professor assistente da classe de orquestração na The Catholic University of America e professor do Programa de Música do Sistema Público de Educação de Montgomery County, Maryland. Desde 1988, é professor de composição, harmonia e análise musical nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Música da UFRJ. De volta ao Brasil, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em 1998 e diretor da instituição de 1999 a 2003.
Em 2004, foi nomeado Diretor da Sala Cecilia Meireles, cargo que ocupa atualmente.
Como regente, dirigiu diversas orquestras como a Sinfônica Nacional, Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, Orquestra da Rádio Cultura de SP, Orquestra Sinfônica da Província de Cuyo (Arg.) e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Ripper fundou e foi o diretor artístico e regente da Orquestra de Câmara do Pantanal, em Mato Grosso do Sul.
Suas obras têm sido tocadas nas principais salas de concerto do Brasil e exterior. Destacam-se a Brasiliana, para orquestra de sopros (1996); a Abertura Concertante (1999), a partir de uma encomenda da Orquestra Sinfônica de Akron, Ohio – EUA; a cantata Peabiru, para solistas, coro, dois pianos e percussão (2000); o Ciclo Portinari, série de oito canções para soprano e meio-soprano sobre poemas do pintor; Psalmus (2002) para orquestra sinfônica; Magnificat (2004), para solistas, coro e orquestra de câmara, escrita para os 30 anos da Camerata Antiqua de Curitiba; Ciclo Pierrot – Seis Canções de Carnaval (2005), sobre poemas de Manuel Bandeira, para barítono e piano; Cervantinas (2005), para meio-soprano e banda sinfônica, encomendada pela Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo escreveu Desenredo (2008) e Cinco Poemas de Vinícius de Moraes (2013). Para o Quinteto Villa-Lobos compôs o Concerto a 5 (2012) e para a Sinfônica Brasileira a Concertante para piano e orquestra (2013). É um dos compositores brasileiros que mais têm se dedicado à ópera, tendo escrito Domitila (2000), baseada na correspondência amorosa entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos; Anjo Negro (2003), escrita sobre o texto homônimo de Nelson Rodrigues; Piedade (2012), baseada na trágica morte de Euclides da Cunha; Onheama (2014), sob encomenda do Festival de Ópera de Manaus, e O Diletante (2014), baseada em texto de Martins Pena, sob encomenda do projeto Ópera da UFRJ.
Site: http://www.joaoripper.com.br/site/
Musicólogo, professor e historiador nasceu em Campo Grande, Ceará, em 25 de janeiro de 1904. Partiu para o Rio de Janeiro em 1928, para fazer o curso de medicina. Fez pesquisas e análises de documentos sobre a música no Brasil, chegando a reunir grande coleção de manuscritos e edições raras de música brasileira desde o período colonial. Veio a ocupar cargos públicos na área musical, foi vice-presidente da Orquestra Sinfônica Brasileira e membro do Conselho de Música Erudita do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Dirigiu a "Revista Brasileira de Cultura", onde assinou artigos sobre música brasileira. Publicou "A Modinha e o lundu no século XVIII", editado em São Paulo, pela editora Ricordi Brasileira, em 1964, além de grande quantidade de artigos em jornais e revistas especializadas.
Considerado, por muitos, o mais autorizado intérprete e autêntico divulgador da obra orquestral de Villa Lobos, o compositor e regente Mário Tavares foi, desde 1960, o maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. De seu mestre, Don Victor Tevah, Tavares herdou a maneira eficiente e descontraída com que obtinha, em tempo recorde, o mais alto rendimento artístico das orquestras com as quais se apresentava. Regeu mais de 120 mil solistas, nacionais e estrangeiros. O renomado maestro atuou em Bonn, na Alemanha, com a BeethovenhalleOrchester; nos Estados Unidos, Portugal, Porto Rico, Chile, Colômbia, Peru, Romênia e Bulgária.
Durante dezesseis anos foi regente oficial dos Festivais Internacionais Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Paralelamente, atuou como principal maestro dos Festivais da Canção Popular, entre 1967 e 1975, na Rede Globo de Televisão. São até mesmo lendárias as suas atuações "salvando situações emergenciais" como no jubileu de Bela Bártok, com GiorgySandor, em 1970, ou com Arnaldo Estrella ao piano, no Centenário de Busoni, em 1966, ou ainda acompanhando em improviso a MstslavRostropovich, nos trinta anos da Manchete, em 1982. Fez a estréia mundial do Gênesis, de Villa-Lobos, e a primeiro audição da Floresta do Amazonas em 1969, do bailado Rudá e da Fantasia Concertante para orquestra e violoncelos.
No gênero lírico, regeu óperas como Salomé, de Richard Strauss, Yerma, de Villa-Lobos, além de outras de Puccini, Carlos Gomes e Francisco Mignone. O compositor recebeu vários prêmios nacionais, como o do quinquagésimo aniversário do Theatro Municipal, o do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e o de Música para Bailado/93. Mário Tavares foi fundador da Associação Brasileira de Violoncelistas e membro honorário e vitalício de orquestras sinfônicas corno as de Porto Rico, a da Universidade do Chile e a Filarmônica Oltênio da cidade de Craiova, na Romênia. Foi agraciado pelo governo brasileiro com a ordem do Rio Branco, no grau de comendador. Foi membro honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia. Primeiro regente brasileiro a receber o Prêmio Nacional da Música - MINC/95, com expressiva votação de âmbito nacional. Faleceu no Rio de Janeiro, em 05 de fevereiro de 2003.
Nasceu em Petrópolis/RJ, em 17 de novembro de 1909. Os primeiros estudos musicais foram realizados ainda na Cidade Imperial, prosseguindo, a partir de 1932, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro como aluno de Francisco Braga, Francisco Mignone e Paulo Silva. Diplomou-se em 1937. Paralelamente, estudou piano com Rossini Freitas.
Foi colaborador na organização da Orquestra Sinfônica Pró-Arte, da qual veio a ser regente. Em 1939, esteve em Buenos Aires, visitando organizações musicais. Foi nomeado professor catedrático de prática de orquestra da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, em 1945.
Foi membro do conselho técnico administrativo da Fundação Rádio Mauá. Em 1946 criou a Orquestra Universitária da Casa do Estudante do Brasil. Em 1948, recebeu o título de sócio conselheiro da Sociedade Carlos Gomes e ingressou na Escola Cultural de Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, na qual foi professor de regência e composição. Ocupou a regência da Orquestra Sinfônica Paraense, em 1952, com a qual excursionou no norte do país. Participou de estágio nos Estados Unidos e Europa, a convite da UNESCO, em 1954. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Como convidado regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica Nacional.
São de sua autoria as teses A Educação auditiva do pianista e o piano nas suas várias finalidades, de 1940 e Prática de orquestra, de 1944. Publicou ainda o Tratado de Regência aplicado à orquestra, banda e coro, pela editora Irmãos Vitale (1976).
Como compositor deixou diversas obras, entre as quais se destacam os poemas sinfônicos Lincoln (1944) e A Conquista do Sertão (1959), o balé Teresinha, o Scherzo (1942) e a Toada (1951) para orquestra, a Dança da Índia Enamorada, para cordas (1966), os Instantâneos Folclóricos (1963) para quinteto de sopros e o Divertimento Folclórico (1978) para quinteto de metais. Sua obra A Conquista do Sertão foi gravada em CD pela Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob a regência de Roberto Duarte.
Faleceu em 02 de junho de 1984, no Rio de Janeiro.
Nasceu em Salvador/BA, em 26 de junho de 1867, filho de Pedro Theodoro Pereira de Mello e Helena Francisca de Mello. Ingressou em 1876 na Casa Pia e Colégio de Órfãos de São Joaquim, onde teve aulas com Elisário de Andrade, mestre da banda musical. No educandário estudou Letras, Latim, Humanidades e concluiu o curso em 1883. Retornou em 1892 como mestre da banda e fundou uma Schola Cantorum. Em 1908 publicou, em Salvador, A música no Brasil: dos tempos coloniais até o primeiro decênio da República, pioneira obra de história da música nacional.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro e assumiu em 1928 o posto de bibliotecário interino do Instituto Nacional de Música, sendo efetivado no ano seguinte. Ao longo de sua vida em Salvador reuniu preciosa coleção de manuscritos e edições impressas de modinhas, lundus e música de salão. A Coleção Guilherme de Mello foi doada ao Instituto Nacional de Música por seu proprietário. Estão presentes na coleção peças de autores consagrados como Gabriel Fernandes da Trindade, Xisto Bahia e Carlos Gomes, assim como uma série de outras de autores anônimos que retratam a diversidade da música popular brasileira da época.
O pioneirismo de seu livro justificou uma segunda edição em 1947, corrigida e prefaciada por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, tendo sido reeditada pela Escola Nacional de Música.
Guilherme de Melo faleceu no Rio de Janeiro, em 04 de maio de 1932.
Pianista e musicólogo, Manuel Vicente Ribeiro Veiga Junior nasceu em Salvador, Bahia, a 20 de fevereiro de 1931. Iniciou seus estudos musicais em 1939, com Sylvia Souza. Formou-se em Engenharia em 1953, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1954 e 1957, estudou nos Seminários de Música, atualmente Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, tendo concluído o curso de piano sob a orientação de Sebastian Benda. Venceu o concurso de piano da Orquestra Sinfônica Brasileira e foi solista com esta orquestra em 1956, sob a regência de Eleazar de Carvalho.
No mesmo ano realizou turnê de 23 concertos em 13 Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, com o violinista belga Clemens Quatacker, patrocinado pela Juventude Musical Brasileira. Entre 1957-1958, com Bolsa do Comitê de Líderes e Especialistas do American Council on Education, realizou extenso programa de visitas a universidades e centros musicais nos Estados Unidos. Entre 1959-1961, com bolsa concedida pela Organização de Estados Americanos, estudou na Juilliard School of Music, classe de piano de Beveridge Webster. Entre 1963-1964, estudou em Nova York com Guiomar Novaes e Wolfgang Rosé. Tocou em importantes salas dos Estados Unidos e do Brasil.
Em 1966, iniciou carreira de professor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, onde permaneceu até sua aposentadoria. Nesta instituição, desempenhou por diversas vezes atividades de coordenação de curso, chefia de departamento e de direção. Desde a década de 70, tem sido membro do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Doutorou-se em musicologia pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em 1981.
É consultor da área de artes da CAPES e do CNPq, tendo sido representante da área de música nesta última agência de fomento. É pesquisador 1A do CNPq. Foi um dos fundadores da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, tendo sido membro de sua primeira diretoria em duas ocasiões. É membro fundador da Associação Brasileira de Etnomusicologia/ABET e Professor Emérito da UFBA.
Nasceu em Iguatu, Ceará, em 28 de julho de 1912. Transferiu-se, jovem ainda, para o Rio de Janeiro, passando a integrar a Banda de Música do Batalhão Naval, onde tocava tuba. No Instituto Nacional de Música estudou contraponto e fuga com Paulo Silva e regência com Francisco Mignone. Diplomou-se em 1934. Teve a sua ópera em dois atos Descobrimento do Brasil encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1939. Ao deixar a Marinha, tocou em cabarés, cassinos e circos, até ser empossado na Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Com a fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira em 1940 tornou-se assistente do maestro titular Eugen Szenkar, com quem teve aulas de regência. Na mesma época fundou e dirigiu o Coral Eleazar de Carvalho.
Em 1946, seguiu para os Estados Unidos, onde estudou regência com Sergey Koussevitzky, no Berkshire Music Center, em Massachusettts. No ano seguinte, dividiu com Leonard Bernstein a função de assistente de Koussevitzky. Na Europa, estreou em 1950, no Palais Beaux-Arts de Bruxelas, regendo a seguir outras orquestras. Sucedeu a Koussevitzky na cátedra de regência no Berkshire Music Center, onde permaneceu até 1965. Recebeu o título de doutor em Música, em 1963, pela Washington State University, Saint Louis, Estados Unidos, e, em 1970, o doutorado em letras e humanidades, pelo Hofstra College, Hempstead, Nova Iorque.
Foi professor de regência da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Julliard School of Music de New York, da Yale University e do Hofstra College. Entre seus alunos encontram-se nomes importantes como Claudio Abbado, Zubin Metha, Seiji Osawa, Gustav Meier, David Wooldbridge, Harold Faberman e Charles Dutoit. No Brasil seus dois mais destacados discípulos foram Roberto Duarte e Roberto Tibiriçá. Sua ação pedagógica se estendeu aos festivais de música de Campos do Jordão e Itu.
Foi diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da Sinfônica da Paraíba e da Sinfônica de Porto Alegre. Participou de várias temporadas de óperas nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. Regeu inúmeras orquestras por todo o mundo incluindo as Filarmônicas de Berlim, Viena, Londres, Israel, Nova York e Los Angeles e as Sinfônicas de Londres, Boston Cleveland, Washington, Detroit e Dallas, entre outras. Foi conductor emeritus da Orquestra Sinfônica de Saint Louis, da qual foi diretor musical e regente, e também da Orquestra Sinfônica Pró-Arte de Hempstead.
Dedicou-se ao repertório contemporâneo e brasileiro. Estreou obras de vários compositores brasileiros, inclusive Villa-Lobos, e participou como regente das primeiras edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Eleazar de Carvalho deixou poucas obras. São conhecidas, além de Descobrimento do Brasil (1939), uma segunda ópera, Tiradentes (1941), e as Variações sobre duas séries dodecafônicas, para percussão e orquestra de cordas (1968).
Faleceu em São Paulo, em 12 de setembro de 1996.
Antônio Francisco Braga nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1868. Começou seus estudos musicais no Asilo dos Meninos Desvalidos, em 1876. Ingressou no Conservatório de Música e em 1886 concluiu seu curso de clarineta com Antônio Luís de Moura, tendo também sido aluno de harmonia e contraponto de Carlos de Mesquita. No ano seguinte, estreou Fantasia-Abertura, no primeiro dos concertos da Sociedade de Concertos Populares. Em 1888, foi nomeado professor de música do Asilo. Em 1890, ao classificar-se entre os quatro primeiros colocados no concurso para a escolha do novo hino nacional brasileiro, obteve bolsa do governo para estudar na Europa.
Conquistou o primeiro lugar no concurso para admissão no Conservatório de Paris, onde se tornou discípulo de Jules Massenet (1842-1912). Após o término do curso de composição viajou para Dresden (Alemanha), onde fixou residência, e visitou Bayreuth para assistir à encenação da tetralogia wagneriana. Voltou para o Brasil em 1900. Foi nomeado professor de contraponto, fuga e composição do Instituto Nacional de Música em 1902. Em 1908 tornou-se professor de música do Instituto Profissional Masculino e instrutor das bandas de música do Corpo de Marinheiros e Regimento Naval.
Foi um dos mais ativos regentes de seu tempo. Inaugurou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1909 regendo seu poema sinfônico Insônia. Foi, a partir de 1912, o principal regente da Sociedade de Concertos Sinfônicos, da Orquestra do Instituto Nacional de Música (1924) e, a partir de 1931, primeiro titular da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1920 teve seu poema sinfônico Marabá executado pela Filarmônica de Viena sob a regência de Richard Strauss em concerto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No mesmo teatro teve seu Episódio Sinfônico executado por Erich Kleiber com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ganhou do governo francês a comenda da Legião de Honra, no grau de cavaleiro, em 1931. Em 1937 foi criada a Sociedade Propagadora da Música Sinfônica (Sociedade Pró-Música), da qual foi presidente perpétuo. Foi fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Músicos. É autor de grande quantidade de hinos patrióticos, dos quais o mais popular é o Hino à Bandeira (1906), com letra de Olavo Bilac.
Suas obras principais, além das já citadas, são: a ópera Jupira, encenada pela primeira vez no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, os poemas sinfônicos Paysage (1892) e Cauchemar (1895), a música incidental para O Contratador dos diamantes (1905) de Afonso Arinos, onde se incluem as Variações sobre um tema popular brasileiro, e o Trio para piano, violino e violoncelo (1930). É grande também sua produção na música sacra, tendo composto as Missas de São Francisco Xavier (1910) e de São Sebastião (1911), o Te Deum Alternado (1904), o Stabat Mater (1911), a antífona Sub Tuum Praesidium (1903), O Salutaris Hostia (1911). Deixou inacabada a ópera Anita Garibaldi.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1945.
Nasceu em Curitiba/PR, em 11 de abril de 1936. Iniciou os estudos de piano com a professora Alice Serva Pinto. Prosseguiu com o professor russo José Kliass em São Paulo. Estreou como solista com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo em 1952. Foi para Paris em 1954 para estudar com Marguerite Long. No mesmo ano casou-se com o maestro Eleazar de Carvalho.
Foi solista à frente de grandes orquestras como a Sinfônica de Boston, a Orchestre National de Belgique e Sinfônica de Saint Louis, entre outras, sob a regência de importantes maestros, incluindo Igor Stravinsky. Apresentou várias primeiras audições de compositores que a ela dedicaram obras, como Olivier Messiaen, Iannis Xenakis, Luciano Berio, Lukas Foss, Cláudio Santoro e Johon Cage. De Messiaen gravou em 1969 para o selo Vox de Nova York, o Catalogue d’Oiseaux e Vingt Regards sur l’Enfant Jesus.
Como compositora direcionou seu trabalho para o desenvolvimento de uma linguagem multimídia, envolvendo música, teatro, instalações, textos e vídeo. Recebeu vários prêmios como: Guggenheim Foundation, Rockfeller Foundation (1983 e 2007), Bogliasco Foundation, CAPS, do New York Council on the Arts, Fundação Vitae, RioArte. Suas obras têm sido apresentadas em teatros e festivais como: Berliner Festspiele, Haus der Kulturen der Welt, Hebbel Theater em Berlim, StaadtsTheater Darmstadt, Festivals Dresdner Tage der Zeitgenössischen Musik, Desden, Expo 2000 Hannover, Ludwigshafen Opera Festival, Salzburg Festival – Aspekte, Hayden Planetarium, Carnegie Hall, Brooklyn Academy – em New York, New Music America Festivals, Miami Planetarium, Bellas Artes – México, Teatro Avenida, Buenos Aires, Chengdu – China, Radio France – Paris, Bayrischer Rundfunk, Munique Gaudeamus e Gulbenkian Foundations, Biennials of Contemporary Music, Rio de Janeiro, Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre outros inúmeros festivais e rádios em diferentes países.
Em 2007, o Festival Internacional de Campos do Jordão/SP homenageou sua obra programando várias de suas peças (ópera, concerto de câmera, peça para soprano e orquestra de cordas). Em 2008, lançou um Box com 4 DVDs compilando suas 6 óperas, com distribuição internacional pela NAXOS Video Library. No mesmo ano, o Instituto Oi Futuro do Rio de Janeiro promoveu uma retroprospectiva de seu trabalho em forma de instalação, exposições, concertos e ópera, durante dois meses, que foi visitada por cerca de 20 mil pessoas.
Seus espetáculos mais recentes foram Revisitando Stravinsky (2010) e Berio sem censura (2012), apresentados no SESC São Paulo e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda em 2012, a Radio France, Paris, apresentou um perfil de sua trajetória e obra em dois programas exclusivos de uma hora cada.
É autora de seis livros publicados no Brasil e nos EUA. Seu mais recente trabalho – Diálogo com cartas – foi lançado pelo SESI/SP em 2014 e também na França, pela editora Honoré Champion, 2015.
Suas últimas obras são Mobius Sonorum, para a XI Bienal de Música Brasileira Contemporânea e Esferas rítmicas para a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 2015.
Portal: http://www.jocydeoliveira.com/
Compositor, regente, professor e fagotista Antônio de Assis Republicano nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 15 de novembro de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1960. Estudou fagote no então Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro na classe de Agostinho Gouveia, obtendo Medalha de Ouro em 1920. Aperfeiçoou-se em composição, contraponto e fuga com Francisco Braga e em harmonia com Agnelo França. Em 1921 a Sociedade de Concertos Sinfônicos apresentou seu poema sinfônico Ubirajara. Concluiu o curso de composição em 1924 com o grau máximo.
Sua ópera O Bandeirante foi estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1925, sob a regência de Gino Marinuzzi. Em 1927 realizou turnê de concertos pelos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. No mesmo ano escreveu o oratório A Natividade de Jesus, sobre texto de Afonso Celso. Em 1930 foi nomeado professor de contraponto e fuga no Conservatório Mineiro de Música de Belo Horizonte. De volta ao Rio de Janeiro, lecionou análise harmônica e construção musical no Instituto Nacional de Música.
Em 1937 transformou A Natividade de Jesus em ópera e a encenou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Publicou diversas obras teóricas, inclusive um Tratado de composição. É de sua autoria a orquestração do Hino do Maranhão e do Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manoel da Silva, oficializada por Decreto Federal de 1942. Em 1947 ingressou na Escola Nacional de Música como catedrático de instrumentação e orquestração. Em 1958 tornou-se também professor de composição. É autor dos poemas sinfônicos, Ubirajara (1921) e Navio Negreiro (1925), do bailado Narciso (1945), das óperas O Bandeirante (1925), A Natividade de Jesus (1937), O Ermitão da Glória (1943) e Amazonas (1938), de Improviso sobre tema brasileiro para piano e orquestra (1925), de Concerto para piano e orquestra (1950), Concerto para violino e orquestra (1948), das sinfonias “Das Multidões” (1938), “Das Américas” (1945) e “De São Paulo” (1955), da Sinfonia em dó (1953) e das Seis Danças Brasileiras (1924-1956), dentre outras.
Nasceu em 20 de março de 1869, em Porto das Flores, Juiz de Fora/MG. Estudou primeiramente com seu pai, o flautista Manuel Marcelino do Valle (1839-1903), sendo posteriormente aluno de piano de Elisa Schmidt e Wilhelm Bickerle. De acordo com o biógrafo Américo Pereira, Francisco Valle começou a compor aos quatorze anos de idade e, a partir de 1885, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou piano com Alfredo Bevilacqua e harmonia com Miguel Cardoso. Suas primeiras obras foram a Sonata em dó menor e a Mazurca Sentimental.
Foi no ano de 1886 que começou a se projetar como pianista. Em agosto exibiu-se no Club Beethoven do Rio de Janeiro e em setembro na Exposição Industrial de Juiz de Fora. Seu concerto para a Princesa Isabel no Paço de São Cristóvão, em setembro desse ano, rendeu-lhe uma carta de apresentação para o imperador Pedro II, que se encontrava então em Paris. Partiu para a França em setembro de 1887, com recursos financeiros de seu avô materno. Vivendo modestamente, foi aluno ouvinte do Conservatório de Paris, estudou piano com Charles-Wilfrid Bériot, órgão com Charles-Marie Widor e composição particularmente com César Franck.
Durante sua estada em Paris, Francisco Valle reencontrou seu colega brasileiro Sílvio Deolindo Fróis, além dos compositores Alexandre Levy e Francisco Braga, que lá também estudavam. Fróis, em uma carta de 1938, deixou um importante testemunho das atividades de Francisco Valle naquela capital e sobre sua amizade com os franceses André Dulaurens e Charles Tournemire.
Seu regresso ao Brasil foi forçado pela morte de seu avô em 1890, que havia deixado sua família em difícil situação. No Brasil, Francisco Valle passou um curto período dando aulas de piano em fazendas da região de Juiz de Fora, casando-se em 1894 com Maria da Conceição Coimbra, que faleceu em 1903, e com a qual teve três filhos. No ano seguinte transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu como professor de piano, e apresentou suas composições em concertos no Teatro São Pedro de Alcântara e no Clube Sinfônico em 1895. Foi também nomeado membro honorário do conselho do Instituto Nacional de Música em 1896, integrando bancas de exames na instituição. Uma doença neurológica que já se manifestava por essa época obrigou-o a retornar para Minas Gerais em outubro de 1899, fixando-se em Juiz de Fora. Recuperado de sua doença, Valle casou-se com Petrina Leal, tendo com ela seu quarto filho.
Nos primeiros anos da República a produção de Francisco Valle reflete os acontecimentos políticos dessa fase: em 1897 foi apresentado no Rio de Janeiro, sob a regência de Alberto Nepomuceno, um poema sinfônico de sua autoria intitulado Depois da Guerra, inspirado na Revolta da Armada (1893-1894); em 1900 o compositor escreveu o Hino do Centenário, para celebrar o Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil.
Foi também em 1900 que o compositor apresentou, no Teatro Novelli de Juiz de Fora, várias de suas novas composições, entre as quais a versão para dois pianos do Bailado na Roça. Em 1905 o compositor apresentou em Juiz de Fora uma palestra usando como exemplo uma série de variações ao piano sobre o já conhecido tema Vem cá Bitu.
Em 1906 Valle escreveu sua última obra completa – Batel da Dor, para dois pianos. Nesse mesmo ano, em 10 de outubro, Francisco Valle não resistiu à sua angustiosa neurastenia e atirou-se ao rio Paraibuna.
Natural de Leme, São Paulo, 1936, estudou com Camargo Guarnieri e diplomou-se em sua classe de composição e regência no Conservatório Musical de Santos, em 1973. Foi contratado como professor da UNICAMP em março de 1974. Viajou no mesmo ano para a Europa, onde estudou com Nadia Boulanger, em Paris e com Alberto Ginastera, em Genebra. A partir de 1976 passou a residir em Paris onde estudou com Oliver Messiaen, Pierre Boulez e Iannis Xenakis. Participou de ateliers de criação com John Cage, Andre Boucourechliev, Andrey Eschpay, Ton de Leeuw e outros.
Especializou-se em música eletroacústica no Groupe de Recherches Musicales – GRM, com Guy Reibel e Pierre Schaeffer, entre 1976/78. Sua produção inclui várias obras sinfônicas, de câmara e eletroacústicas, além de músicas para filmes, curtas e longas metragens, vídeos, teatro, dança e espetáculos multimídia. Sua obra Estrias IV, para violoncelo, representou o Brasil na 26º Tribuna Internacional dos Compositores, UNESCO, 1979, e foi destaque na Tribuna Internacional de Composição para América Latina e Caribe/TRIMALCA, UNESCO, São Paulo, 1980. Encadeamento, para cinco contrabaixos, representou o Brasil na 28ª Tribuna Internacional dos Compositores – UNESCO, Paris, 1981. Entre seus prêmios destacam-se Prix du Public e Prix de la Critique, do Centro Internacional de Percussão, em Genebra, 1975, com a obra Cambiantes; Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA, de 1980, com Contextura, melhor obra sinfônica; Prêmio APCA de 1984, com …Os Ventos Quentes, melhor obra experimental; prêmio candango no XVII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, filme de curta metragem O Incrível Senhor Blois, de 1981, melhor trilha sonora.
Premiações recentes: honorable mention & merit award human and nature relationship, 18º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 95 e Finalist award – The New York Film Festival – NY/USA – 95 com a trilha sonora Beija-Flor (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/ Rede Globo de Televisão; no mesmo ano, o documentário foi ainda premiado como o terceiro melhor vídeo no Columbus International Film & Vídeo Festival – Ohio, EUA, foi finalista do Festival International du Film Ornitologique – França; e Japan Wildlife Festival – Japão. Merit Award for Conservation Message – 20º International Wild Life Film Festival – Missoula, MO/USA – 97, com a trilha sonora Encanto das Águas (sinfônica), Especial da EPTV – Campinas/Rede Globo de Televisão.
É doutor em música pela UNICAMP e professor titular aposentado do Departamento de Música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP. Criou em 1983 o núcleo interdisciplinar de comunicação sonora/NICS e foi seu coordenador de 1983 a 2000. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC; membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica/SBME; membro fundador da Academia Paulista de Música e Academia Campineira de Música. Foi eleito para a Academia Brasileira de Música em 1994.
Compositor, pianista, regente e professor, Francisco Mignone nasceu em São Paulo, capital, a 03 de setembro de 1897. Iniciou os estudos de flauta com seu pai, Alfério Mignone, e de piano com Sílvio Motto. Estreou como flautista aos 13 anos de idade. No Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, estudou com de Savino de Benedictis e Agostinho Cantú, diplomando-se em 1917 em piano, flauta e composição. Nesta época, produziu muita música popular e de salão, que assinava com o pseudônimo de Chico Bororó. Em 16 de setembro de 1918 apresentou no Theatro Municipal de São Paulo algumas obras de sua autoria, como o poema sinfônico Caramuru (1917) e a Suíte campestre (1918).
Com bolsa concedida pelo Governo de São Paulo viajou para Milão em 1920, onde estudou com Vincenzo Ferroni. Na Itália escreveu a ópera O Contratador de Diamantes, estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1924. Ainda na Itália escreveu uma segunda ópera, L’Innocente, também estreada no Rio de Janeiro, em 05 de setembro de 1928.
Antes de voltar para o Brasil passou um período na Espanha (1927/1928), onde compôs a Suíte Asturiana (1928). Durante sua estada na Europa, Mignone participou de dois concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. No primeiro, em 1923, ficou com o primeiro prêmio com a peça Cenas da Roça. No segundo, em 1926, foi duplamente premiado, com as peças Festa Dionisíaca (1923) e No sertão (1925).
Retornou ao Brasil em 1929 e tornou-se professor do Conservatório Dramático e Musical. Também atuou como pianista acompanhador, tendo trabalhado com os tenores BeniaminoGigli e Tito Schippa. No Conservatório reencontrou Mario de Andrade, cuja pregação nacionalista foi importante para a reorientação estética da obra de Mignone. É o momento no qual compõe a 1ª Fantasia Brasileira, para piano e orquestra.
Em 1933 radicou-se no Rio de Janeiro, assumindo o posto de professor de regência do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. Em 1939 foi efetivado no cargo. Em 1936 participou da fundação do Conservatório Brasileiro de Música, sendo seu primeiro vice-diretor. Nos dois anos seguintes realizou concertos na Europa, regendo diferentes orquestras, entre elas a Filarmônica de Berlim e a RAI de Roma.
Foi diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Música e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Regeu o concerto inaugural da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Ministério da Educação e foi seu primeiro regente titular. Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios e honrarias como a Ordem do Rio Branco (1972), Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1979) e o Prêmio Shell de Música Brasileira (1982).
Sua obra é extensa e abrange os mais diversos gêneros, desde peças para piano, com destaque para as Lendas Sertanejas, as Valsas de Esquina, as Valsas Choro, quatro Sonatas e quatro Sonatinas; os Concertinos para fagote (1957) e clarineta, o Concerto para piano (1958), os bailados Maracatu do Chico Rei, Leilão (1939) e Quincas Berro D’Água, peças orquestrais como Festa das Igrejas (1940) e a Sinfonia Tropical e as óperas O Chalaça (1972) e Sargento de Milícias (1980).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1986.
Nasceu em Livramento, na Bahia, em 1939. Começou sua carreira em bandas de música e dedicando-se à música popular. Em 1961 ingressou nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, quando trabalhou sob orientação de Ernst Widmer. Diplomou-se em composição e regência em 1974 na Escola de Música da mesma Universidade, na qual atuou como madrigalista, percussionista e fagotista de sua orquestra sinfônica. Tornou-se, posteriormente, professor de composição e de outras disciplinas, na mesma instituição. Foi membro da Academia Brasileira de Música, ocupando a cadeira nº 33, recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, tem inúmeras de suas obras gravadas e várias outras editadas, inclusive fora do país. Produziu cerca de 110 obras. Faleceu em 1989.
Obras principais
Música de câmara: Nove variações, 1985; Sedimentos, 1973; Sincronia, 1974; Trio nº 2, 1970.Música orquestral: Captações, 1969; Caricaturas, 1968; Espectros, 1970; A Festa na Canabrava, 1966; O Fim do mundo, 1966; Minisuíte, 1967; Pleorama, 1971; Procissão das carpideiras, 1969, Relatividade I, 1980; Viassacra, 1971; Sanctus, 1972.
Música instrumental: Tocata, para piano, 1972.
Música sacra: Agnus Dei, 1974; Kirie Christe, 1971; Sanctus, para coro e órgão, 1972.
Música vocal: Forrobodó na saparia, 1982.
Professor e violoncelista, nasceu no Rio de Janeiro, em 03 de novembro de 1894. Iniciou seus estudos musicais em 1905, no Instituto Nacional de Música. Teve aulas de harmonia e violoncelo com Frederico Nascimento, Breno Niederberger, Eurico Costa e Francesco Comaglia. Entre 1912 e 1914, esteve em Roma, como aluno da Academia de Música Santa Cecília, em classes de violoncelo com Luigi Fiorino, e harmonia com Giacomo Setaccioli. Ao regressar ao Brasil, terminou seus estudos de violoncelo no Instituto Nacional de Música, na classe de Alfredo Gomes, obtendo ao final o Primeiro Prêmio e Medalha de Ouro. Em 1927, estudou contraponto, fuga e harmonia com Paulo Silva e, mais tarde, composição e orquestração com Francisco Braga, história da música com Octávio Bevilacqua, regência com Walter Burle Marx, música sacra com frei Pedro Sinzig e harmonia com Agnello França.
Atuou em diversos grupos de câmara, como o Trio Beethoven, com o qual realizou concertos nos salões do Jornal do Commercio, do Clube dos Diários, promovidos pela Sociedade de Cultura Musical. Foi violoncelista do Quarteto de Laureados, criado em 1920 com alunos premiados do INM. Formou ainda o Trio Brasileiro com Humberto Milano no violino e Barrozo Neto ao piano. Foi violoncelista da orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos e um dos fundadores da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1931, onde atuou como violoncelo solista. Foi também integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Rádio Clube.
Foi nomeado, em 1934, professor interino de harmonia, análise harmônica e construção musical na Escola Nacional de Música e, em 1942, professor interino de harmonia superior, cadeira na qual foi efetivado dois anos depois. Assumiu, posteriormente, a cátedra de composição na Escola Nacional de Música e no Conservatório Brasileiro de Música. Entre seus alunos se destacam Waldemar Henrique, Breno Blauth e Guerra-Peixe. Iniciou a carreira de regente em 1931 e atuou à frente de várias orquestras no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Como compositor deixou diversas obras sinfônicas e de câmara como a ópera A Lenda do Irupê, o episódio lírico Branca Dias, a Sinfonia em sol menor, a Suíte Sinfônica, os Prelúdios Sinfônicos, os poemas sinfônicos São Paulo e Anchieta, a Canção e Dança, para violoncelo e orquestra, a Suíte Auriverde, para orquestra de cordas, o Trio em dó menor, dois Quartetos de cordas e uma Sonata para piano.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de junho de 1966.
Compositor e regente, José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 10 de fevereiro de 1871. De família de músicos, aos sete anos começou a aprender piano com o irmão Pedro. Aos dez anos iniciou estudos com o professor Grunewald e aos doze tornou-se aluno de piano de Tomás Legori e canto de Pedro Pedotti. Em 1889 apresentou-se em audições promovidas pela Sociedade Filarmônica Porto Alegrense. Em 1893 viajou para Milão, Itália, onde frequentou o Real Conservatório como aluno assistente e estudou com Arturo Buzzi-Peccia. Mais tarde tomou aulas particulares com Amintore Galli e Vincenzo Ferroni, mestres do Real Conservatório. Ficou dois anos na Europa e, logo depois de seu retorno ao Brasil, promoveu a execução, na Igreja do Outeiro de Nossa Senhora da Glória, no Rio de Janeiro, da Ave Maria, sua primeira composição apresentada em público.
Voltando a Porto Alegre, frequentava o Bazar Musical e o Café América, e promovia reuniões de músicos em sua casa, entre eles os violinistas Raimundo Viana e Fábio Barros, com os quais muitas vezes improvisava um trio. Participou também dos serões musicais em casa de Otilia Barreto. Entre 1896 a 1911 realizou várias viagens à Europa. Fundou, em 1897, junto com Olímpio Olinto de Oliveira, o Clube Haydn, em Porto Alegre. A 02 de abril de 1897 realizou um concerto no salão do Cassino e a 29 de abril de 1897 participou do segundo concerto do Clube Haydn. Em 1898 apresentou em Porto Alegre fragmentos de Requiem, do Pe. José Maurício Nunes Garcia. Em 1901 compôs a Marcha da exposição, para a inauguração da Exposição Estadual, e, em outubro do mesmo ano, concluiu sua ópera em dois atos Carmela, que estreou no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, a 17 de outubro de 1902, sob a direção de Ciro Colleoni. Em 1903 fez uma apresentação dessa mesma ópera, mas adaptada para piano, no Rio de Janeiro. Pouco depois, viajou para Milão, onde casou com a harpista Medea Ferrea, que, em Porto Alegre, adotaria o pseudônimo de Isulina Santoro.
Em 1906, já no Brasil, levou a ópera Carmela, no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro, com tanto sucesso, que foi reencenada mais quatro vezes. A 10 de junho de 1906 o Instituto Nacional de Música recebeu-o para uma audição de câmara, dedicada somente a obras de sua autoria: interpretou Rêverie, Dança espanhola, Marcha humorística e Festa napolitana. Em 1908 foi nomeado diretor do Conservatório de Música de Porto Alegre. Em 1909 viajou para Paris, França, em tratamento de saúde, retornando a Porto Alegre já quase paralítico. A 28 de agosto de 1913 participou do concerto que apresentou sua nova ópera, em três atos, O Rei Galaor, no salão do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Provesi, que seria estreada no Theatro Municipal, no entanto, somente a 29 de setembro de 1922.
Faleceu no Rio de Janeiro, capital, em 02 de novembro 1916.
Estudou na Escola de Música da UFRJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Com Han-Joachim Koellreutter estudou composicão, contraponto e arranjo. Licenciou-se em música pela UNI-RIO em 1983. Compositor e diretor musical de várias peças de teatro. É um dos mais premiados compositores brasileiros, tendo recebido diversos prêmios Mambembe, Shell, Coca-Cola, APTR, CBTIJ e outros. Faz música para cinema, TV e exposições e trabalhou para a TV Globo por 29 anos. Atuou como compositor e regente em muitos festivais de música contemporânea no Brasil e no exterior. Autor de óperas, musicais, música de câmera e eletroacústica. Sua peça Pianíssimo foi o primeiro texto infantil apresentado na Comédie-Française. Recebeu as bolsas Vitae e Rio-Arte. Foi diretor da Sala Baden Powell, RJ, em 2005 e 2006. Escreve e apresenta o programa Blim-blem-blom na rádio MEC-FM desde 2011, premiado na Bienal do México. Seu Quarteto Circular foi indicado ao Grammy Latino de 2011. Sua ópera O perigo da arte, estreou em 2013 em Buenos Aires e sua montagem brasileira em 2014 foi escolhida como um dos 10 melhores espetáculos do ano pelo jornal O Globo. Seus trabalhos mais recentes em TV tiveram muita repercussão : as novelas Meu pedacinho de chão e Velho Chico e a minissérie Dois irmãos, todas com direção de Luiz Fernando Carvalho. Fez a música do filme Pluft, com direção de Rosane Svartman e em 2019 lançou a Classical tracks, uma livraria digital de música clássica voltada para o mercado audiovisual. Foi novamente premiado pela músicas de vários espetáculos infantis e trabalhou em duas novas grandes produções para o Parque Beto Carrero World, sendo uma delas o aclamado show Hotwheels. Em 2018 começou uma importante colaboração com o maestro Rodrigo Toffolo, da Orquestra Ouro Preto, escrevendo as músicas para O pequeno Príncipe e Fernão Capelo Gaivota. Em 2021 e 2022 lançou três novas óperas: O engenheiro, O boi e o burro no caminho de Belém e Auto da Compadecida (também para a Orquestra Ouro Preto), além do musical Pinóquio, apresentado em todas as unidades do CCBB do país. Em 2022 comemorou seus 60 anos de idade e 45 de carreira, regendo a OSN da UFF em concerto na Sala Cecília Meireles, RJ. É membro da Academia líbano-brasileira de letras, artes e ciências.
Compositor, violinista e professor, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 18 de março de 1914. Iniciou seus estudos de violino na Escola de Música Santa Cecília de Petrópolis. Mais tarde, na Escola Nacional de Música, estudou com Paulina d’Ambrósio. Fez cursos de aperfeiçoamento em composição no Conservatório Brasileiro de Música com Newton Pádua e H. J. Koellreutter, que o introduziu na técnica dodecafônica. Foi um dos fundadores do Grupo Música Viva, que abandonou no fim da década de 40, quando voltou a professar o nacionalismo musical.
Teve sua Sinfonia nº1, de 1946, executada pela Orquestra da BBC de Londres. Mais tarde, seu Noneto foi regido por Hermann Scherchen, que o convidou para residir na Europa. Preferiu assinar contrato com uma emissora de rádio do Recife, onde aprofundou pesquisas folclóricas, que resultaram na publicação do livro Maracatus do Recife, em 1955. Realizou também pesquisas em São Paulo, onde trabalhou com Rossini Tavares de Lima. No período resultaram obras como o Ponteado, a Suíte Sinfônica no1 “Paulista” e a Suíte Sinfônica no2 “Pernambucana”, compostas em 1955, e o Pequeno Concerto para piano e orquestra, de 1956. Para o Concurso Sinfonia Brasília escreveu a Sinfonia no2, de 1960.
Fixou residência no Rio de Janeiro a partir de 1962, tornando-se violinista da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC e professor de composição dos Seminários de Música Pró-Arte. Lecionou também na Escola de Música Villa-Lobos, na Universidade Federal de Minas Gerais e na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Teve importante atuação como arranjador, tendo trabalhado na Rádio Nacional, na Rádio e TV Tupi, na TV Paulista, TV Globo e nos Festivais Internacionais da Canção (FIC). É autor do famoso arranjo para “Pra frente, Brasil”, música de Miguel Gustavo para a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. Criou também diversas trilhas sonoras para filmes, com destaque para Terra é sempre Terra (1950), O Canto do mar (1953), Riacho de Sangue (1966) e Batalha dos Guararapes (1978).
Foi premiado em concursos de composição como o do programa Música e Músicos do Brasil da Rádio MEC, com o Trio no2 para violino, violoncelo e piano (1960) e no Concurso do Sesquicentenário da Independência do Brasil, do Departamento de Cultura do Estado da Guanabara, com a obra Museu da Inconfidência (1972).
Foi eleito para a ABM em 1971. Recebeu inúmeros prêmios e honrarias de diferentes entidades como Medalha Sylvio Romero pela Prefeitura do Distrito Federal (1951), prêmio “Melhores do Ano”, pela Sociedade Brasileira de Críticos Teatrais e da Rádio Jornal do Brasil (1963), Medalha do Mérito Carlos Gomes, concedida pelo Governo do Estado da Guanabara (1965), Prêmio Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978), Medalha de Mérito da Fundação Joaquim Nabuco de Recife, Pernambuco, Medalha Koeler da Câmara Municipal de Petrópolis, Prêmio Shell (1986) e o Prêmio Nacional da Música, do Ministério da Cultura (1993).
Da Fundação Vitae de São Paulo recebeu a Bolsa Vitae de apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, para compor a obra sinfônica Tributo a Portinari, sua última composição, estreada em 1993 na abertura da X Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1993.
Nasceu em Brusque, Santa Catarina, a 17 de março de 1928. Iniciou aos sete anos estudos de violino com seu pai, Aldo Krieger. Aos 15 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para prosseguir sua formação no Conservatório Brasileiro de Música, onde estudou com H. J. Koellreutter. Em 1945 passou a integrar o Grupo Música Viva. Em 1948 foi escolhido em concurso para estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, EUA, onde assistiu também a aulas de Darius Milhaud. Estudou ainda na Juilliard School of Music, de Nova Iorque com Peter Mennin (composição) e na Henry Street Settlement School of Music com William Nowinsky (violino). Representou a Juilliard no Simpósio de Compositores dos Estados Unidos e Canadá realizado em Boston, e atuou como violinista da Mozart Orchestra de Nova Iorque.
Retornando ao Brasil em 1950 iniciou a atividade de produtor na Rádio Ministério da Educação, onde exerceu a função de diretor musical e organizou a Orquestra Sinfônica Nacional, e de crítico musical do jornal Tribuna da Imprensa. Em 1952 estudou com Ernst Krenek no III Curso Internacional de Verão de Teresópolis, RJ.
Com bolsa do Conselho Britânico, estudou em Londres durante um ano com Lennox Berkeley, da Royal Academy of Music. Em 1959 obteve o primeiro prêmio no I Concurso Nacional de Composição do Ministério da Educação, com Divertimento para Cordas. Em 1961 seu Quarteto de Cordas nº1 obteve o Prêmio Nacional do Disco. Em 1965 suas Variações Elementares foram estreadas no III Festival Interamericano de Música de Washington, e no ano seguinte seu Ludus Symphonicus foi estreado pela Orquestra de Filadélfia no III Festival de Música de Caracas, Venezuela. Em 1969 e 1970 organizou e dirigiu os Festivais de Música da Guanabara, dos quais se originaram, a partir de 1975, as Bienais de Música Brasileira Contemporânea.
Entre os prêmios e honrarias que recebeu estão: Prêmio Internacional da Paz do Festival de Varsóvia (1955), Prêmio da Fundação Rottelini de Roma (1955), Medalha de Honra do Cinquentenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1959), Troféu Golfinho de Ouro (1969 e 1988), a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza, do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina (1997), Troféu Barriga-Verde (1977), Comenda da Ordem Cultural do Ministério da Cultura e Belas Artes da Polônia (1985), Medalha do Mérito Cultural Anita Garibaldi, do Estado de Santa Catarina (1986), Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura (1994) e Medalha Pedro Ernesto, maior honraria concedida pela cidade do Rio de Janeiro. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
Dirigiu a divisão de música clássica da Rádio Jornal do Brasil e exerceu a crítica musical no Jornal do Brasil. Em 1976 assumiu a direção artística da FUNTERJ – Fundação de Teatros do Rio de Janeiro. Em 1979 criou o Projeto Memória Musical Brasileira/PRO-MEMUS, junto ao Instituto Nacional de Artes da FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura. De 1981 a 1989 foi diretor do Instituto Nacional de Música. Foi presidente da FUNARTE, da Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Música.
Seu catálogo inclui obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratórios, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Suas composições têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior, inclusive por orquestras do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Bahia, Belo Horizonte, Liège, Bruxelas, Paris, Londres, Munique, Buenos Aires, Córdoba, Nova Iorque, Filadélfia, Washington, Colônia, Tóquio e outras.
Crítico e musicólogo carioca, nasceu a 28 de maio de 1913. Formou-se em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina em 1934, e em piano, no ano seguinte, pela Escola Nacional de Música da antiga Universidade do Brasil. Nessa instituição, ganhou a medalha de ouro de piano, em 1937. Deu continuidade a seus estudos de piano com Tomás Terán e ingressou no curso de formação de professores de canto orfeônico da Universidade do Distrito Federal, formando-se em 1940. Nesse período já colaborava na Revista Brasileira de Música, da qual chegou a ser redator-responsável. Foi redator da Rádio MEC e de 1944 a 1974 foi redator e crítico de música dos jornais Correio da Manhã e Última Hora e da revista Manchete. Foi secretário-geral da Comissão de Música do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores. Foi membro da comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Teatro e Música.
Como musicólogo seus livros mais importantes são: Lorenzo Fernandez, compositor brasileiro (1950), Música do Brasil (1951), Do lado da música (1955), Memórias de Vera Janacópulos (1959), as coletâneas Matéria de Música I e II (1967 e 1972), Villa-Lobos: síntese crítica e biográfica (1974) e A evolução de Villa-Lobos na música de câmara (1979).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1992.
Compositor, regente e professor, Octávio Meneleu Campos nasceu em Belém, Pará, em 22 de julho de 1872. Iniciou seus estudos com a mãe, a pianista Adelaide da Costa Campos. Interessou-se pelo violino, após contato com o violinista baiano Adelino Francisco do Nascimento. Suas primeiras composições publicadas são de 1888. Em 1891, abandonou a faculdade de Direito que cursava em Recife, e viajou para Milão, aonde veio a frequentar o Real Conservatório de Música, quando estudou com Vincenzo Ferroni. Estudou piano, violino, contraponto, canto gregoriano, harmonia, composição e regência.
Retornou para Belém, em 1900, para assumir a direção do Instituto Carlos Gomes, também estreando como regente no Teatro da Paz. Sua atuação foi intensa: reforma curricular, promoção de concertos e organização de uma orquestra, um quarteto e um coral. É um período de grande produção como compositor, tendo escrito o Intermezzo elegíaco, para o quarto aniversário da morte de Carlos Gomes, o Presto scherzando para orquestra, o Concerto para piano e o Concerto para dois violinos.
Viajou novamente à Europa em 1903 e, em Milão, realizou concertos no Liceo Beccaria e no Real Conservatório quando foram executadas a Sinfonia em lá maior, escrita em 1898, a Fantasia para violino e orquestra e a Suíte Brasileira, ambas de 1901. Ao retornar a Belém reassumiu a direção do Instituto até 1906. No período compôs a suíte Miniaturas, para orquestra, com motivos retirados do folclore paraense. Seguiu para Milão onde compôs a ópera Gli Eroi. Tempos depois, em Paris, realizou audição privada da ópera e apresentou obras de câmara na Sala Berlioz. Inaugurou em 1908, em Belém, uma escola particular de música, onde lecionou. Um ano depois, fez apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em 1913, retornou a Paris para audições. Mudou-se para Portugal, por dois anos, chegando a lecionar nesse país. Ao retornar em 1916 a Belém, retomou o magistério e fundou o Orfeão Meneleu Campos. Como presidente do Centro Musical Paraense e diretor do Serviço de Canto Coral do Estado promoveu concertos vocais sinfônicos e organizou um orfeão com alunos de escolas primárias em Belém.
Além das já citadas, suas obras principais são: a ópera Il Salvocondutto (1899), o Prelúdio em ré maior (1893), Tango (1897) e Marcha nupcial (1902), todas para orquestra, além dos Quartetos em sol maior (1899), em lá maior (1899), em ré maior (1901) e em mi maior (1901-1902) e as canções O Baile na flor (1899), Canto noturno (1899), Perchè (1901), Nella mia barca (1901), Romanzetta (1903), Hinos das normalistas (1903), Alla Mamma! (1908), Infiniment (1913) e Marcha infantil (1925).
Deixou Belém em fins de 1927 para uma viagem ao Rio de Janeiro.
Faleceu repentinamente quando se encontrava na cidade de Niterói/RJ, em 20 de março de 1927.
Alda Oliveira (14 de março de 1945, Salvador, Bahia) dedicou a sua carreira à interpretação pianística, à consolidação da educação música no Brasil, ao ensino de música em vários níveis e contextos e à pesquisa. Graduou-se em piano e Licenciatura em Música (UCSAL e UFBA), fez Mestrado em Composição (Tufts University) e PhD em Educação Musical (University of Texas). Foi pesquisadora nível 1 A do CNPq por treze anos. Em 2015/2014 foi pesquisadora visitante no Eliot-Pearson Child Study Department da Tufts University onde concluiu o livro sobre a Abordagem PONTES (Paco Editorial, Jundiaí,SP, para formação do professor de música articulado às variáveis presentes nas situações e tramas presentes nos diversos contextos socioculturais. Publicou dois livros de canções para crianças e jovens: Passeio no Zoológico e Canções para Infância (Ed. Solisluna, Salvador). Alda recebeu prêmios em Composição, em Piano. Foi Diretora da Escola de Mùsica da UFBA e da Escola Pracatum de Carlinhos Brown. Presidiu a ABEM, a CEE/ARTES, a CEE/Música na SESU/ MEC e o I Encontro Latino Americano de Educação Musical ISME/ABEM em Salvador, Bahia. Recebeu os títulos de Sócia Benemérita da ABEM, de Housewright Eminent Scholar pela Florida University (USA) e de Honorário Life Member pela ISME (International Society for Music Education).
Compositor e professor, nasceu em Saúde, na Bahia, em 21 de março de 1944. Iniciou os estudos de música com a flauta, a viola e a tuba. Estudou na Universidade Federal da Bahia graduando-se em Estruturação Musical (1966) e Composição (1969), ambas na classe de Ernst Widmer. Participou de cursos de extensão com Edgar Willems, Edino Krieger, Ingmar Gruemauer e Peter Maxwell Davies. Professor aposentado da Universidade Federal da Bahia é mestre em composição e teoria da música pela Universidade Brandeis, doutor em composição pela Universidade do Texas, em Austin, membro da Associação Brasileira de Educação Musical/ABEM, da International Society for Music Education/ISME, membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia, da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música/ANPPOM e do Centro de Produção, Documentação e Estudos de Música/SONARE.
Na Universidade Federal da Bahia, além de professor de composição e teoria da música, atuou na administração acadêmica, tendo exercido cargos de chefia na Escola de Música e na administração central da universidade.
Como compositor tem suas obras editadas, executadas e gravadas no Brasil e no exterior. O seu nome está incluído no The New Grove Dictionary of Music and Musicians, no Dizionario Enciclopedico Universale Della Musica e dei Musicisti, no Rieman Musik Lexikon, no Diccionario de la Musica y los Músicos, no Die Musik in Geschichte und Gegenwart e em fontes de referência a respeito da música do Brasil e da América Latina.
Atuou como pesquisador senior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, e como assessor junto a diversas universidades e órgãos de fomento à pesquisa tais como o CNPq a Fundação CAPES, a Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo/FAPESP, e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Sul/FAPERGS. Atualmente exerce a presidência do SONARE além de atuar no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal da Bahia, onde leciona disciplinas relacionadas à composição, teoria da música e informática aplicada à música. Em suas pesquisas tem se dedicado principalmente ao uso da informática aplicada à teoria da música e à composição.
Em 1994 foi lançado, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o livro A música de Jamary Oliveira: estudos analíticos, uma coletânea de textos onde diferentes autores abordam a obra do compositor. Em 2011 teve várias de suas peças para piano gravadas em CD pela pianista Cristina Capparelli Gerling.
Faleceu em Salvador, 29 de março de 2020.
Pianista, compositor, regente e professor, José Vieira Brandão nasceu em Cambuquira, Minas Gerais, em 26 de setembro de 1911. Aos sete anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro e, em 1924, ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou teoria e solfejo com Roberta Gonçalves de Sousa Pinto, Raimundo da Silva e Alfredo Richard, contraponto e fuga com Paulo Silva e piano com Custódio Fernandes Góis. Diplomou-se em 1929, obtendo Medalha de Ouro de piano. Três anos depois, recebeu o diploma do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, do Rio de Janeiro. Fez aperfeiçoamento em piano no Rio de Janeiro com Marguerite Long, em 1932.
Em 1934, fundou o Madrigal Vox, do Conservatório Brasileiro de Música, do qual foi o regente até 1945. Fez recitais no Brasil e no exterior. Tornou-se professor de regência no Conservatório de Canto Orfeônico, a partir de 1943.
Colaborou artisticamente com Villa-Lobos, de quem foi um dos mais notáveis intérpretes. Foi responsável pelas estreias de obras como a Bachianas Brasileiras no3, em Nova York, Choros no11, como solista da Orquestra do Theatro Municipal em 1942, e ainda As Três Marias, Valsa da Dor e vários números do Guia Prático. Fez também a transcrição para piano de peças para violão de Villa-Lobos.
Entre 1945 e 1946, foi bolsista da University of Southern California, em Los Angeles, período em que estudou os diversos sistemas de educação musical utilizados pelas escolas norte-americanas e regeu o conjunto coral daquela universidade, o Madrigal Singers, além de realizar várias palestras e recitais em diversas cidades norte-americanas. Foi quem representou o Brasil na Bienal de Educadores Musicais em Cleveland, EUA, em 1946. Em 1947 retornou aos EUA, desta vez acompanhando Villa-Lobos para auxiliá-lo na preparação do musical Madalena, estreado na Broadway.
Ao retornar ao Brasil, dedicou-se à composição e ao trabalho de regente coral no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e no Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro. Fez parte do Serviço de Educação Musical e Artística da Prefeitura do antigo Distrito Federal. Foi docente livre de piano na Escola Nacional de Música, a partir de 1950. Em 1956, assumiu o cargo de técnico em educação musical e artística junto à Secretaria Geral de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Foi diretor do Conservatório Brasileiro de Música em 1990 e recebeu o Prêmio Nacional da Música da Funarte em 1997.
Começou a compor ainda no tempo de estudos no INM. São dessa época peças como o Minueto para piano (1926) e a canção Sabiá e Mangueira (1929), com texto de Álvaro Moreira. Como compositor é reconhecido por sua consistente obra para coro, com destaque para clássicos do repertório brasileiro, como Trem de Ferro, Canção de muitas Marias e Cussaruim em Dois Tempos, todas com texto de Manuel Bandeira, além de Chorinho, A Missa e o Papagaio e os dois Vocalizes. Deixou ainda várias obras de câmara como o Trio para violino, viola e violoncelo (1960), o Trio para violino, violoncelo e piano (1963), os Quarteto de cordas no1 (1944) e Quarteto de cordas no2 (1960), o Divertimento no1, para quinteto de sopros, a Dança e Seresta para violino e piano, a Seresta e Desafio, para oboé e violoncelo, a Sonata para violoncelo e piano (1954) e várias canções com acompanhamento de piano. Deixou ainda obras de maior fôlego como a ópera Máscaras, com libreto de Menotti Del Picchia, e a Fantasia Concertante para piano e orquestra (1937).
Faleceu no Rio de Janeiro, a 27 de julho de 2002.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1881. Iniciou os estudos de piano como aluno do professor Frederico Malho. Ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou matérias teóricas com Arnaud Gouvêa, piano com Alfredo Bevilacqua, harmonia com Frederico Nascimento e composição com Alberto Nepomuceno. Formou com Humberto Milano e Alfredo Gomes um Trio que marcou época no Rio de Janeiro. Realizou concertos em Bruxelas, Paris, Roma e Turim. Foi diretor artístico da Sociedade de Cultura Musical do Rio de Janeiro.
Ingressou como catedrático do Instituto Nacional de Música em 1906. Foi grande incentivador do canto coral, estimulado pelo movimento do Canto Orfeônico, sob a liderança de Villa-Lobos, nas escolas da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1932. Naquela ocasião tiveram lugar os memoráveis concertos do Coral Barrozo Netto e do Coral Jovem Carlos Gomes, no Salão Leopoldo Miguéz e a apresentação, em um desses concertos, da Suíte Vozes da Floresta, de sua autoria, para coro, solistas e orquestra.
Revisou e editou obras pianísticas para editoras brasileiras, até hoje utilizadas, como os estudos de M. Clementi, J. B. Cramer e C. Czerny.
Como compositor deixou extensa produção de peças para piano. Destacam-se as Variações sobre um tema original, Minha Terra, Movimento Perpétuo, Corrupio, Valsa Lenta, Serenata Diabólica, Galhofeira, Rapsódia guerreira, Feux Follets, Danse des fantoches e Romance sem palavras. No terreno das canções produziu Cantiga, A um coração, Olhos Tristes, Canção da Felicidade, Dorme, Regresso ao Lar, Adeus e Balada, entre outras. As obras de maior envergadura são o Concerto para piano e a ópera A Rainha da noite e a mencionada Suíte Vozes da Floresta.
Faleceu no Rio de Janeiro, 01 de setembro de 1941.
Estudou violino e mais tarde, piano, concluindo o curso de regência na Universidade de São Paulo/USP, em 1980. Até então havia atuado como regente coral, à frente de vários grupos, destacando-se o Madrigal Klaus-Dieter Wolff que recebeu o prêmio de melhor coral do ano de 1980, outorgado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte/APCA. Nos três anos seguintes, continuou seus estudos na Alemanha, na Escola Superior de Música de Detmold, sob a orientação de Martin Stephani. Durante este período, estudou também com Sergiu Celibidache.
De volta ao Brasil, em 1984, desenvolveu intenso trabalho voltado à formação de músicos, atuando como regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí, de 1985 a 1987, e da Orquestra Sinfônica Juvenil do Litoral, de 1984 a 1991. Durante 12 anos, de 1986 a 1998, foi regente da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, com a qual realizou várias turnês nacionais e concertos no México e Dinamarca. Na temporada de 1992, foi também regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Coordenou e dirigiu eventos, cursos e festivais de música, destacando-se o Festival de Inverno de Campos do Jordão, do qual foi diretor artístico durante quatro anos, de 1987 a 1990, e as Oficinas de Música de Curitiba.
De 1996 a 2003, foi regente titular e diretor artístico da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, de Porto Alegre. De 1998 a 2005 foi regente da Sinfonia Cultura, Orquestra Sinfônica da Rádio e TV Cultura, da qual tornou-se também, a partir de 1999, seu coordenador musical. Com esta orquestra que, durante a sua existência, foi aquela que maior número de composições brasileiras executou em todo o país, realizou centenas de gravações radiofônicas e dezenas de gravações para a televisão, além de várias gravações de trilhas de cinema, vinhetas e acompanhamentos de grupos de balé. Como regente convidado, já dirigiu as principais orquestras brasileiras e atuou também no exterior, na Alemanha, Costa Rica, México, Espanha e Dinamarca.
Tendo regido um amplo repertório internacional dedicou-se cada vez mais, nos últimos 20 anos, à pesquisa, divulgação e interpretação do repertório brasileiro. Realizou inúmeras revisões e editorações de obras ainda em manuscritos, preparando-os para serem executados. Dedica-se também à execução de obras brasileiras de autores contemporâneos, tendo participado de diferentes edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte e realizado ao longo da carreira mais de uma centena de estreias mundiais.
Na área de musicologia, produziu numerosos textos sobre diversos compositores brasileiros e suas obras, vários deles publicados, com ênfase nas linhas de Análise e Interpretação, bem como História, Estilo e Recepção. Em 2012 lançou pela Editora UNESP o livro Carlos Gomes – Um tema em questão: a ótica modernista e a visão de Mário de Andrade.
É doutor em musicologia pela Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2009, e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes-Música, do Instituto de Artes da UNESP, em 2001.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Música em 2002.
Crítico e compositor, João Itiberê da Cunha nasceu em Açungui, hoje Cerro Azul, no Estado do Paraná, em 08 de agosto de 1870. Seu pai, João Manoel da Cunha, era músico amador, latinista e diretor de Instrução Pública do Paraná. Com ele, João Itiberê conheceu as primeiras noções de música. Em 1880, quando tinha dez anos de idade, seu irmão Brasílio Itiberê da Cunha, diplomata e compositor, o levou para a Bélgica, onde se tornou aluno do Collége Saint-Michael, o mesmo onde estudava o escritor Maeterlinck. Em seguida foi matriculado no Institut Saint Louis. Diplomou-se em Direito pela Universidade de Bruxelas. Na capital belga escreveu e publicou Prélude, livro de poemas, em 1889.
Teve participação no movimento simbolista belga, graças à sua atuação na revista La Jeune Belgique. Transferiu-se para Paris, onde trabalhou para o Le Figaro. Voltou ao Brasil em 1892, fixando-se em Curitiba, onde lançou a revista O Cenáculo. No ano seguinte, ingressou na carreira diplomática, servindo como secretário na Legação do Paraguai. Não aceitando a transferência para a Legação da Bolívia, em 1898, abandonou definitivamente a diplomacia e entrou para o jornalismo. No Rio de Janeiro, trabalhou inicialmente em A Imprensa, jornal de Rui Barbosa. Foi um dos fundadores do jornal Correio da Manhã, onde assinava seus textos e críticas musicais com as iniciais JIC. Como compositor, deixou algumas poucas obras, especialmente para piano solo e canções.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1953.
Nasceu em Nápoles, Itália, em 22 de março de 1884. Era filho de Adelina Alambary e de seu professor de canto, o tenor português Eduardo Medina Ribas. Na primeira infância, Velasquez foi confiado a uma família italiana, sendo trazido para o Brasil com onze anos, passando por filho adotivo de sua mãe verdadeira, com quem viveu até o fim de sua curta vida. Fez seus estudos musicais no Instituto Nacional de Música com Frederico Nascimento e Francisco Braga.
Suas primeiras composições datam de 1902. Sua música está escrita em linguagem bastante moderna para sua época, razão pela qual alguns críticos viram nela sinais do expressionismo e mesmo tendências ao atonalismo. Seus amigos músicos ficaram tão impressionados com a produção musical deste jovem compositor que, quando de seu falecimento, aos 30 anos de idade, constituíram uma sociedade com o objetivo de difundir sua obra. Pouco antes de seu falecimento, foi feito movimento no sentido de ser obtida bolsa de estudos do governo brasileiro, cujo verdadeiro objetivo seria permitir ao compositor tratar-se em algum centro suíço especializado em tuberculose, doença que provocou sua morte prematura em 21 de junho de 1914, no Rio de Janeiro.
A Sociedade Glauco Velasquez foi fundada em 17 de janeiro de 1915. Entre os admiradores do compositor brasileiro estava o francês Darius Milhaud, que residia no Rio de Janeiro e conheceu a obra de Velasquez através de Luciano Gallet. Milhaud participou, em 1917, como violinista e pianista, de concertos interpretando a música de câmara de Velasquez. Foi também o responsável por completar e apresentar, em 1918, o Trio no4, para violino, violoncelo e piano. Outra obra de Velasquez que ficou incompleta foi a ópera Soeur Beatrice. Escreveu ainda sonatas para violino e para violoncelo, música para piano e canções.
Nasceu em Piracicaba/SP. Celso Porta Woltzenlogel estudou na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, na classe do professor Moacyr Liserra. Aperfeiçoou sua formação musical em Paris, onde teve aulas com Alain Marion, Jean-Pierre Rampal e Nadia Boulanger. Em Boston/EUA,foi aluno do New England Conservatory of Music.
Foi flautista das orquestras Sinfônica Nacional da Rádio MEC e Sinfônica Brasileira. Como camerista fundou e atuou nos grupos Ars Barroca, Quinteto Villa-Lobos, Sexteto do Rio, Duo Instrumentalis e Flautistas do Rio. Além de suas atividades no campo da música clássica, participou intensamente de gravações de trilhas sonoras para o cinema e televisão e nos discos de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim, Egberto Gismonti, Francis Hime, Chico Buarque, entre tantos outros.
Como professor, ministrou master class nos mais importantes cursos de férias e festivais do país e do exterior. Foi professor titular de flauta da Escola de Música da UFRJ, sendo o responsável pela formação de diferentes gerações de flautistas brasileiros. Coordenou o Projeto Bandas da Funarte desde sua criação, em 1976, até 1990.
Já se apresentou em Atlanta, Assunção, Baton Rouge (Louisiana), Bariloche, Beijing, Budapest, Buenos Aires, Caracas, Chicago, Copenhague, Estocolmo, Halifax, Hamburgo, Havana, Izmir, La Plata, Le Mans, Los Angeles, Lima, Lund, Madri, Malmo, Marselha, Mendoza, México, Montevidéu, Nice, Orlando, Porto, Quito, Rosário, Santiago do Chile, Slovenia, San José da Costa Rica, São Petersburgo, Tuscaloosa, Valencia e Vilnius.
Publicou vários trabalhos didáticos, destacando-se o Método Ilustrado de Flauta e, mais recentemente, o Flauta Fácil, método prático para principiantes. Foi fundador e presidente da Associação Brasileira de Flautistas (1994/2007). Desde 1999 reside em Paty do Alferes/RJ onde continua produzindo trabalhos didáticos junto à Editora Irmãos Vitale, além de ministrar aulas de flauta para jovens da região sul fluminense e participar como professor do Festival Vale do Café desde sua primeira edição.
Site: http://www.celsowoltzenlogel.net/
Nascido em Curitiba, Para¬ná, em 1918, aos 5 anos já tocava piano em festivais de arte, diplomando-se em piano pelo Conservatório de Salzburgo, Áustria. Após sua passagem como professor de piano, na Escola de Música e Belas Artes do Para¬ná, e de fisiologia da voz, no Con¬servatório de Santos, transfe¬riu-se para o Rio de Janei¬ro, onde atuou como diretor musical das rádios Mayrink Veiga e Mun¬dial. Foi regente de importan¬tes orques¬tras brasi¬leiras, tais como a Orquestra Sinfônica Brasileira, a do Thea¬tro Municipal do Rio de Janeiro e a Or¬questra de Câmara da Rádio Ministério de Educação e Cultura, além de reger e orquestrar repertório diversificado para or¬questras de rádio e tele¬visão. Foi ocupante da cadeira nº 37 da Acade¬mia Brasileira de Músi¬ca. De sua obra orquestral destacam-se ‘Seres¬ta suburbana’, ‘Fantasia, para orquestra’, de 1938, ‘Bailado do trigo’, de 1940 e a sinfonia ‘Um poema para a Lapa’. Alceo Bocchino faleceu em 07 de abril de 2013.
Nasceu em São Paulo, em 21 de março de 1898. Seu irmão, o pianista José Augusto de Souza Lima, foi quem o iniciou, aos quatro anos de idade, nos estudos musicais. Prosseguiu com Luigi Chiaffarelli (piano), Agostino Cantú (harmonia e composição) e Saverio Simoncelli (violoncelo). Com dezesseis anos de idade, já havia feito recitais no Rio de Janeiro e São Paulo, e obtido prêmios de composição. Em 1919, foi o primeiro colocado em concurso para bolsa de estudo no Conservatório de Paris, onde permaneceu entre 1919 e 1930. Estudou piano com Isidor Philipp, Marguerite Long, Egon Petri e Alexander Brailowsky, música de câmara com Camille Chevillard e Paul Paray, história da música com Maurice Emmanuel, harmonia, órgão e composição com Eugène Cools e Eugène Gigout e regência com Camille Chevillar.
Ganhou o primeiro prêmio de piano do Conservatório de Paris em 1922. Em 1926, veio a substituir Marguerite Long no mesmo conservatório. Em 1923, conseguiu a vaga de solista, por concurso, dos concertos Colonne, de Paris. Estudou a obra pianística de Claude Debussy com Madame Debussy e grande parte da obra pianística de Maurice Ravel, com o próprio compositor. Fez turnês pelo Brasil, França, Itália, Alemanha, Turquia, África, Argentina e Uruguai.
Colaborou com o Quarteto de Cordas Léner. Ganhou o primeiro prêmio, em 1937, com seu poema sinfônico O Rei Mameluco, em concurso promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Recebeu menção honrosa com o Poema das Américas em concurso sinfônico organizado por Henry Reichold, nos Estados Unidos, em 1942, no qual participaram 400 compositores das Américas. Foi pianista por dez anos do Trio de São Paulo, do Departamento Municipal de Cultura. Fez conferências sobre música brasileira nos Estados Unidos, entre 1971 e 1972, a convite da Universidade de Michigan, e dirigiu a orquestra desse centro. Fundou e dirigiu a Orquestra de Câmara da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, regeu ainda a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi fundador e diretor artístico da Rádio Tupi de São Paulo e teve participações na Rádio Gazeta, de São Paulo, como solista de piano e regente. Foi diretor e fundador da Instrução Artística do Brasil. Dirigiu cursos de virtuosidade nos conservatórios Carlos Gomes, de São Paulo e Santa Cecília, de Santos. Foi professor da Academia Paulista de Música. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e diretor artístico da editora musical Irmãos Vitale.
Como compositor, além das acima citadas, se destacam as seguintes obras: ópera Andrea Del Sarto (1957), os bailados Lendas Brasileiras (1941) e Brasil Moderno (1960), o Poema de São Paulo, para orquestra, o Concerto em lá menor para piano e orquestra, Intermezzo, para violino, violoncelo e piano (1918), Quarteto de cordas, Berceuse e Sonata em mi menor para violino e piano, Canção Infantil (1918), Tocatina (1940), Valsa Brasileira (1942), Noturno (1968) para piano, o Hino da Revolução de 1932 e as duas séries de Cantos Infantis Brasileiros, para coro (1973). Escreveu ainda a obra didática O Futuro pianista e revisou inúmeras obras para piano publicadas pelas editoras Vitale e Ricordi.
Em 1982 publicou, pela IBRASA de São Paulo, sua autobiografia, intitulada Moto Perpétuo, a visão poética da vida através da música.
Faleceu pouco tempo depois, em São Paulo, em 28 de novembro de 1982.
Compositor, professor e pianista, Homero de Sá Barreto nasceu em Cravinhos, São Paulo, em 25 de março de 1884. Teve formação na área de humanidades, em São Paulo. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, matriculou-se no Liceu de Artes e Ofícios e, posteriormente, no Conservatório Livre de Música. Frequentou também o Instituto Nacional de Música, onde teve aulas de piano com Alfredo Bevilacqua e de harmonia com Frederico Nascimento. Abandonou o Instituto devido à debilidade de sua saúde. Foi livre docente da Escola Normal e, em 1917, foi nomeado professor de canto do Instituto Nacional de Música.
Sua obra é pequena. Algumas delas foram adaptadas por Villa-Lobos e adotadas no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Entre elas se destacam a ópera Jati, o poema sinfônico Fiat Lux, a Suíte Antiga, para orquestra, o Trio para violino, violoncelo e piano, Moto Perpétuo, para violino e piano, a Missa Pro Defunctis, as canções Amor!, Desengano e Arabescos, Canção Russa e Lamento Noturno, para piano.
Faleceu aos 40 anos, no Rio de Janeiro, em 02 de dezembro de 1924.
Nasceu em 07 de março de 1943, em São Luís do Maranhão. Em 1946 radicou-se no Rio de Janeiro. Iniciou o estudo do violão por influência do pai, também violonista. Estudou com Antônio Rebello e Jodacil Damasceno. A partir de 1959 passou a estudar com o professor uruguaio Oscar Cáceres. Em 1961 conheceu Arminda Villa-Lobos, esposa do compositor, que o convidou a gravar a primeira integral dos Estudos para violão e participar da primeira audição mundial do Sexteto Místico. Em 1963 apresentou a primeira audição da série completa dos Estudos para violão, durante o Festival Villa-Lobos.
Em 1965, venceu o VII Concours International de Guitare da ORTF e se radicou na França, iniciando sua carreira internacional. Na Europa estudou com Julian Bream e Andrés Segóvia e gravou seus primeiros discos para os selos RCA, Musidisc Europe e Erato. Entre os concertos de maior destaque de sua carreira internacional figuram parcerias com artistas como M. Rostropovitch, Yehudi Menuhin e Victoria de Los Angeles, assim como atuações como solista diante das orquestras Royal Philharmonic Orchestra, English Chamber Orchestra, Orchestre National de France, Orchestre J. F. Paillard, Orchestre National de L'Opéra de Monte-Carlo, Concerts Pasdeloup e Concerts Colonne.
Para a Editora Max Eschig criou uma coleção de obras para violão onde figuram compositores como Cláudio Santoro, Edino Krieger, Ricardo Tacuchian, Francisco Mignone, Almeida Prado, Radamés Gnattali e Nicanor Teixeira. Para a Ricordi de São Paulo organizou uma coletânea com obras de João Pernambuco, Garoto (Anibal Sardinha) e Dilermando Reis.
Em 1974 fixou residência novamente no Rio de Janeiro mantendo a carreira internacional até 1980, quando decidiu suspender as grandes turnês. Foi diretor da Sala Cecília Meireles em 1980. No mesmo ano recebeu o título de Notório Saber da Universidade Federal do Rio de Janeiro e criou o curso de violão da Escola de Música da UFRJ. No ano seguinte tornou-se também professor da UNIRIO. Como fruto das atividades didáticas nas duas universidades criou em 1982 a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro. Vários compositores escrevem para a orquestra (ou transcrevem originais) como Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Edino Krieger e Roberto Gnattali.
Em 1986 assumiu a direção do Museu Villa-Lobos, permanecendo no cargo até 2010. À frente da instituição liderou as comemorações pelo centenário do compositor em 1987, conseguiu a sede definitiva e digitalizou todo o acervo. Em 1987 fundou a Associação de Amigos do Museu Villa-Lobos/AAMVL.
Em sua carreira artística continuou gravando para selos como Vison, Ritornello, Sony, Kuarup e Rob Digital. Suas antigas gravações para a Erato foram relançadas pela Warner (WEA). Em 2002 lançou seu livro Mentiras…ou não?, pela Editora Zahar.
Turibio Santos foi condecorado como Chevalier de la Legion D'Honneur pelo Governo Francês, em 1985, e pelo Governo Brasileiro como Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul, em 1989. Foi presidente da Academia Brasileira de Música entre 2010 e 2013.
Portal: www.turibio.com.br
Médico sanitarista e músico amador, Rodolpho Josetti nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 17 de setembro de 1888 e faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de março de 1946. Violinista e musicólogo teve sua iniciação musical em colégio religioso de Novo Hamburgo. Mais tarde, fez aperfeiçoamento com diversos mestres na Alemanha. Ao retornar ao Brasil, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1912. Fez curso de aperfeiçoamento no Instituto Oswaldo Cruz. Era membro do American College of Surgeons de Chicago/EUA, eleito em 1920, e publicou inúmeros trabalhos sobre medicina.
Fundou em 1934 a Sociedade de Cultura Artística do Rio de Janeiro, da qual ocupou a presidência. Através da Cultura Artística promoveu inúmeros concertos com artistas nacionais e internacionais como Pablo Casals, Fritz Kreisler, Andrés Segovia, Antonieta Rudge, Quarteto Guarnieri, entre muitos outros. Da Sociedade Pro-Arte foi responsável pela seção brasileira da Revista Intercâmbio. Foi violinista do quarteto do Clube da Música de Câmara. Pronunciou várias conferências radiofônicas, na Casa d’Itália e na Escola Nacional de Música. Participou, com Andrade Muricy, da comissão nomeada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1939, para organizar o Conselho Administrativo do Theatro Municipal. Pelas rádios Difusora e Jornal do Brasil apresentou a série Música e Saúde, vinculada ao Serviço de Propaganda Sanitária e também uma série de 22 conferências sobre as sinfonias de Beethoven. Recebeu do governo italiano a comenda Coroa d’Itália em 1941. Sua obra musicológica aborda compositores universais e é voltada para o público leigo. Publicou: Schubert, ensaio crítico e biográfico; Goethe, prefácio à guisa de ensaio; Luigi Boccherini (1941) e Beethoven e suas nove sinfonias (1945).
Compositor, professor, pianista, regente e folclorista, nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1893. Durante sua formação escolar, no Colégio Pedro II, participou de várias atividades como cantor, pianista e ator. Formou-se em arquitetura. Atuou como pianista em cafés e cinemas. Em 1913 começou a atuar como acompanhador e, por incentivo de Glauco Velasquez, apresentou-se a Henrique Oswald. No ano seguinte fez sua matrícula no Instituto Nacional de Música, onde teve aulas com Henrique Oswald e Agnelo França. Neste mesmo ano veio a fundar a Sociedade Glauco Velasquez, para a difusão da obra do compositor prematuramente falecido. Terminou seu curso de piano em 1916, iniciando logo sua carreira no magistério. No ano seguinte, estudou com Darius Milhaud, então residente no Rio de Janeiro, que o colocou em contato com a música moderna francesa.
A partir de 1918 iniciou sua carreira de compositor. Em 1924 lançou os dois primeiros cadernos das Canções Populares Brasileiras, e fundou a sociedade coral Pró-Arte. Mais três cadernos completariam, em 1926, as Canções Populares Brasileiras. Nesse mesmo ano tornou-se o diretor da revista musical Weco. Em 1930, descontente com os rumos da música brasileira, acionou campanha que culminou com a fundação da Associação Brasileira de Música.
Tornou-se diretor do Instituto Nacional de Música em 1930, nomeado por Getúlio Vargas. Empreendeu uma grande reforma curricular com a colaboração de Mário de Andrade e Antônio de Sá Pereira. A reforma imposta, sem a participação do corpo docente do INM, gerou conflitos que culminaram com sua renúncia em 1931.
Escreveu duas monografias, O Índio na música brasileira e O Negro na música brasileira (1928), e outros trabalhos de pesquisa sobre cantigas e danças brasileiras. Os escritos foram reunidos postumamente por Mário de Andrade e publicados sob o título de Estudos de Folclore (1934).
De sua obra se destacam: Elegia e Romances nos1 e 2, para violino e piano (1918), a Suíte Turuna, para violino, viola, clarineta e percussão (1926), a Suíte Nhô-Chico, para piano (1927), a Suíte sobre temas afro-brasileiros, para sopros e piano (1928) e a Suíte Popular, para orquestra (1929).
Faleceu precocemente no Rio de Janeiro, em 29 de outubro de 1931.
Nasceu em São Paulo, em 02 de março de 1952. Iniciou o estudo do piano aos nove anos com o maestro Souza Lima. Aos 12 anos estreou como solista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Estudou harmonia, contraponto e composição com Artur Hartmann. Em 1967 seguiu para a França com bolsa do governo Frances para estudar no Conservatório de Paris, onde foi aluno de composição de Olivier Messiaen e de piano de Lucette Descaves. Do governo da Alemanha, através do DAAD, ganhou bolsa em 1969 para estudar na Escola Superior de Música de Freiburg com Carl Seemann e Konrad Lechner. Seguiu para Londres com apoio do Conselho Britânico em 1974, onde foi orientado por Louis Kentner. Retornou ao Brasil em 1977. Suas realizações fonográficas, como compositor e/ou como intérprete contam com mais de 70 títulos, apresentando um vasto repertório, com ênfase especial para Liszt, e suas próprias composições. Estão distribuídos no Brasil, Europa, Japão e Estados Unidos.
Recebeu inúmeros prêmios como pianista e compositor, assim como distinções e honrarias em reconhecimento ao seu trabalho artístico no Brasil, França, Alemanha, Inglaterra, Hungria e Japão. Da Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA já recebeu diversas vezes o prêmio de melhor obra do ano.
Ocupou a presidência da Sociedade Brasileira de Musicologia no triênio 1993/1995, e em 1998 tomou posse na presidência da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/SBMC, International Society for Contemporary Music, Brazilian Section, para um mandato de quatro anos.
É responsável pelo programa de música sacra Laudate Dominum, da Cultura FM de São Paulo.
Suas turnês de concertos incluíram, afora o Brasil, quase todos os países da Europa, China, Japão, Taiwan e Oriente Médio. A convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil realizou uma extensa viagem de concertos por oito países da América Latina, apresentando-se na Colômbia, Equador, Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia. No Japão já realizou mais de 250 concertos em cerca de 200 cidades em turnês regulares desde 1994.
Assumiu a presidência da Fundação Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 2001, cargo que ocupou por oito anos.
Seu extenso catálogo de obras abrange mais de 500 composições em diferentes gêneros, desde piano solo e música de câmara até peças corais sinfônicas, com especial ênfase na música sacra. Algumas de suas obra são publicadas pela Ponteio Publishing de Nova York e pela LittleStar do Japão.
Ingressou na Academia Brasileira de Música em 2000.
Site: http://www.amaralvieira.com/
Historiador e folclorista, nasceu em Itapetininga, São Paulo, a 25 de abril de 1915. Iniciou seus estudos de piano e de teoria musical com seu pai, Mozart Tavares de Lima. Diplomou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Fundou e dirigiu a revista Folclore, participando também da criação do Centro de Pesquisas Folclóricas Mario de Andrade. Ocupou o cargo de professor de história da música e de folclore nacional no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Foi colaborador dos seguintes jornais: "Jornal da Manhã", "Correio Paulistano", "Folha da Manhã", "Roteiro", "Planalto", "A Noite", "Hoje e das revistas Ilustração", "Hoje e Leitura". Foi fundador da Academia Paulista de Música, redator de arte do jornal "A Gazeta", comentarista musical da "Rádio Gazeta". Foi fiscal de ensino musical do Serviço de Fiscalização Artística da Secretaria de Governo, membro da comissão de ensino da Fundação Armando Alvares Penteado e membro do Conselho Nacional de Folclore. Escreveu "Manifestações folclóricas em São Paulo", para o livro de Ernâni Silva Bruno: São Paulo, e "Terra e povo", editado em Porto Alegre em 1967,"Notas sobre pesquisas do folclore musical", São Paulo, 1945, "Folclore nacional", São Paulo, 1946, "Ai, eu entrei na roda, 50 rodas infantis, São Paulo, 1947, "Poesias e adivinhas", São Paulo, 1947, "ABC de folclore", São Paulo, 1952, "Da conceituação do lundu", São Paulo, 1953, "Melodia e ritmo no folclore de São Paulo", São Paulo, 1954, "Folguedos populares de São Paulo", São Paulo, 1954, "O Folclore na obra de escritores paulistas", São Paulo, 1962, "O Folclore do litoral norte de São Paulo", Rio de Janeiro, 1968 e "Folclore das festas cíclicas", São Paulo, 1971.
Soprano e folclorista, foi musicista de raros méritos. Estudou no Instituto Nacional de Música da Universidade do Brasil, onde formou-se com Medalha de Ouro em Piano. Durante toda sua vida, usou o piano sobretudo como colaboradora de cameristas, particularmente de cantores, granjeando fama de parceira musical de qualidades excepcionais. Estudou canto com Murillo de Carvalho, com ele aprendendo a usar com perfeição a pequena voz de que dispunha. Se não foi cantora famosa por ter timbre ímpar ou volume poderoso, fez nome por saber dizer as canções que cantava. O grande crítico Andrade Muricy dela dizia: "um recital de Maria Sylvia é uma festa de inteligência. É uma intérprete". Suas qualidades fizeram com que grande quantidade de compositores tenham dedicado a ela muitas canções de câmara, que ela cantou em estreia mundial, muitas vezes acompanhada dos autores.
Maria Sylvia Pinto foi professora requisitada. Lecionou canto por muitos anos no Instituto Villa-Lobos da UNI-RIO, além de ter dado aulas particulares para cantores já atuantes que buscavam orientação quanto à interpretação da canção de câmara e, muito particularmente, da música brasileira. Ela foi também professora de folclore brasileiro da mesma universidade. Os arquivos da Rádio MEC guardam muitas gravações de programas nos quais Maria Sylvia cantou. Ela deixou também o livro "A canção brasileira", editado por ela em 1985. Foi sucessora de Rossini Tavares de Lima na cadeira nº 39 da Academia Brasileira de Música, para a qual tinha sido eleita inicialmente no quadro especial de membros intérpretes.
O musicólogo Renato Almeida nasceu em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, em 06 de dezembro de 1895. Após a conclusão do curso de humanidades, partiu para o Rio de Janeiro, onde mais tarde ingressou na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelando-se em direito em 1915. O direito e o jornalismo foram suas atividades profissionais, atuando nos periódicos Monitor Mercantil e na América Brasileira, como redator-chefe. Assumiu a direção do Licée Français do Rio de Janeiro, em 1926, época de seu ingresso no Ministério das Relações Exteriores, onde chefiou o Serviço de Informações e, posteriormente, o Serviço de Documentação do Itamaraty.
Em 1947, no âmbito do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura/IBECC do Ministério das Relações Exteriores, fundou a Comissão Nacional de Folclore, sediada no Palácio do Itamaraty e vinculada à UNESCO. Entre 1947 e 1952, promoveu em vários estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Alagoas, a Semana do Folclore. Foi também o promotor do I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, tendo presidido também, três anos depois, o II Congresso Brasileiro de Folclore, em Curitiba. Também organizou e presidiu, em 1954, o Congresso Internacional do Folclore, por ocasião do IV Centenário da Cidade de São Paulo. De sua obra musicológica destaque-se: História da música brasileira (1926 e 1942); Compêndio de história da música brasileira (1948); Inteligência do folclore (1957); O Folclore na poesia e na simbólica do direito (1960), Tablado folclórico (1961), O IBECC e os estudos de folclore no Brasil (1964), Manual de coleta folclórica (1965); Música e dança folclóricas (1968); Danses africaines en Amérique Latine (1969) e Vivência e projeção do folclore (1971).
Publicou artigos na Revista Brasileira de Folclore, como O Folclore negro no Brasil (1968).
Foi membro-fundador efetivo do Conselho Superior de Música Popular Brasileira do Museu da Imagem e do Som/MIS, a partir de 1966.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1981.
Nasceu em São Paulo, em 09 de outubro de 1893. Fez estudos secundários no Ginásio do Carmo. Em 1911, matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, nos cursos de piano e canto, formando-se em piano em 1917, ano em que publicou os primeiros ensaios de crítica de arte, em jornais e revistas e seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema. Em 1922, tornou-se professor de história da música e de estética musical do Conservatório. Dois anos depois, assumiu a cátedra de história da música e de piano. Em 1922 publicou Paulicéia desvairada e organizou, no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, evento cultural que marcou o início do modernismo no Brasil e que apresentou novas ideias e conceitos para a arte brasileira.
O ano de 1928 viu nascer suas duas obras mais importantes, o romance Macunaíma e o Ensaio sobre a música brasileira, que fixou as bases do nacionalismo musical brasileiro e tornou-se a principal referência teórica para várias gerações de compositores. Publicou um ano depois o Compêndio de história da música (1929), reescrito posteriormente com o nome de Pequena história da música (1942), e a seguir Modinhas imperiais (1930). Em Música, doce música (1933), reuniu escritos, conferências e textos de crítica musical. A partir de 1934 tornou-se colaborador da Revista Brasileira de Música, publicada pelo Instituto Nacional de Música/INM, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No INM já havia colaborado com a reforma curricular de 1931, em parceria com Luciano Gallet e Antônio de Sá Pereira.
Assumiu a direção do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1935, tendo sido o criador no mesmo ano da Discoteca Pública Municipal e do Quarteto Haydn, atual Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. No ano seguinte criou o Coral Paulistano. Do mesmo período são outras iniciativas importantíssimas, como a fundação da Sociedade de Etnografia e Folclore (1936), a organização do I Congresso da Língua Nacional Cantada (1937) e da Missão de Pesquisas Folclóricas (1938), que realizou um levantamento etnográfico de manifestações folclóricas do Norte e Nordeste do Brasil.
Em 1936 redigiu para o Ministério da Educação, por solicitação de Gustavo Capanema, o documento que estabeleceu as bases para a organização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/SPHAN, fundado em 1937.
Desligou-se do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 1938 e se estabeleceu no Rio de Janeiro, assumindo a direção do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, onde também lecionava filosofia e história da arte.
Em 1941 publicou Música do Brasil e em 1944 foi homenageado pela Revista Brasileira de Música, com a publicação de uma separata do volume IX, por ocasião de seu cinquentenário de nascimento. Mário de Andrade faleceu em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1945.
Inúmeros trabalhos e escritos seus foram incorporados às suas Obras completas, iniciada em 1944, compreendendo 20 volumes. Entre eles se destacam Aspectos da Música Brasileira (vol. XI), Música de Feitiçaria no Brasil (vol. XIII) e Danças Dramáticas do Brasil (vol. XVIII). Textos inéditos foram publicados ao longo dos anos como o Dicionário Musical Brasileiro (1989) e Introdução à Estética Musical (1995).
Mestre (1985) e Doutora (1989) em Artes, é Livre-Docente (2004) e Professora Titular (2009) da Universidade de São Paulo. Pesquisadora no Instituto de Estudos Brasileiros, onde foi Presidente e Coordenadora do Programa Culturas e Identidades Brasileiras entre 2010 e 2014. Orienta também na pós-graduação em Musicologia do Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicações e Artes (USP). Antes de seu ingresso na Universidade, como pesquisadora do Centro Cultural São Paulo, processou e descreveu todo o acervo constituído pela Missão de Pesquisas Folclóricas trabalhando, a partir da década de 1990, pelo restauro e preservação da Coleção.
Na Musicologia tem trabalhado com ênfase nos assuntos da primeira metade do século XX atuando principalmente nos seguintes temas: a literatura musical de Mário de Andrade, Modernismo e Música, Camargo Guarnieri: vida e obra, Etnomusicologia, Metodologia da Pesquisa em Música.
Vasco Mariz (Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1921 - Rio de Janeiro, 16 de junho de 2017) foi um historiador, musicólogo, escritor e diplomata brasileiro. Estudou música no Conservatório Brasileiro de Música e formou-se em direito pela Universidade do Brasil, em 1943. Diplomata de carreira desde 1945, serviu o Itamaraty por 42 anos, aposentando-se como embaixador do Brasil em Berlim. Como diplomata, trabalhou em Portugal, Iugoslávia, Argentina, Itália e Estados Unidos. Foi representante do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos e embaixador do Brasil no Equador, Israel e Chipre, cumulativamente, Peru e Alemanha Oriental. Representou o Brasil em numerosas conferências internacionais da ONU, OEA, UNESCO e FAO. No Itamaraty, chefiou as Divisões de Política Comercial, de Organismos Internacionais, de Difusão Cultural e da Europa Ocidental. Foi depois chefe do Departamento Cultural e de Informações, assessor especial para relações com o Congresso Nacional e secretário de assuntos legislativos.
Como musicólogo, foi secretário da Comissão Nacional de Música da UNESCO, presidente do Conselho Inter-americano de Música da OEA e vice-presidente do IBECC, órgão da UNESCO no Brasil. Depois de aposentado, foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura do MinC, onde presidiu a Câmara de Artes, de 1987-1989. Foi colaborador regular do suplemento Cultura de "O Estado de São Paulo" e do "Jornal do Brasil". Foi membro do júri e presidiu diversos concursos nacionais e internacionais de música. Tem proferido numerosas palestras em diversas instituições culturais em vários estados do Brasil. Foi condecorado por diversos governos estrangeiros e recebeu várias medalhas brasileiras. É membro do conselho técnico da Confederação Nacional do Comércio, da Academia Brasileira de Música, que presidiu de 1991 a 1993, do PEN Clube do Brasil, dos Institutos Histórico e Geográfico Brasileiro e de São Paulo e da Academia Brasileira de Arte, da Real Academia de História da Espanha, das Academias de História de Portugal e Argentina. Vinte e seis dicionários e enciclopédias brasileiros e internacionais trazem verbetes a ele dedicados.
Em 1983, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe o prêmio José Veríssimo pelo melhor estudo histórico do ano. Em 1993, a prestigiosa revista norte-americana “Inter-American Music Review”, de Los Angeles, publicou um Tribute to Vasco Mariz, comentando a sua obra como musicólogo. Em 1996, sócio benemérito do PEN Clube do Brasil; em 2000, a Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA concedeu-lhe o grande prêmio da crítica musical pelo conjunto de sua obra musicológica e pela divulgação da música clássica brasileira no Brasil e no exterior. Em 2007, a Academia Paulista de História deu-lhe o prêmio Clio; em 2009 a APCA voltou a conceder-lhe o prêmio personalidade musical de 2008. É sucessor de Renato de Almeida na cadeira nº 40 da Academia Brasileira de Música.
De sua obra musicológica, destaque-se: "Figuras da música brasileira contemporânea", 2ª ed., Editora Universidade de Brasília, 1970; "A Canção Popular Brasileira e A Canção Brasileira de Câmara", 6ª ed., Editora Francisco Alves, RJ, 2002; "Dicionário biográfico musical", 3ª ed., Editora Vila Rica, 1991; "Heitor Villa-Lobos, compositor brasileiro" 12ª ed., Editora Francisco Alves, 2006, além de duas edições nos EUA, uma na União Soviética, uma na França, uma na Itália e uma na Colômbia; "Vida musical", 1ª série, Editora Lello e Irmãos, 1950; 2ª série, MEC, 1970; 3ª série, BCD Editores, 1997; "Alberto Ginastera", Centro de Estudios Brasileños, 1954; "História da música no Brasil", 7ª ed., Editora Nova Fronteira, 2009; "Três musicólogos brasileiros, ensaios sobre Mário de Andrade, Renato Almeida e Luiz Heitor", Civilização Brasileira, 1985; "Claudio Santoro", Civilização Brasileira, 1984; "Villegagnon e a França Antártica", Nova Fronteira, 2000 - 2ª ed., 2005; "La Ravardière e a França Equinocial", Topbooks, 2007; "Temas da polícia internacional", Topbooks, 2008; "Cartas de Villegagnon", Editora Batel, 2009 e “Ensaios Históricos” Francisco Alves, 2004.
Foi o organizador das seguintes obras: "Música brasileña contemporánea", Editora Apis, Rosário, Argentina, 1952; "Quem é quem nas artes e letras do Brasil", MRE, 1967; "Ribeiro Couto", Centro de Estudios Brasileños de Lima, 1985; "Ribeiro Couto, 30 anos de saudade", Univ. Santa Cecília dos Bandeirantes, 1994; "Antônio Houaiss, uma vida", Civilização Brasileira, 1995; "Francisco Mignone:o homem e a obra", FUNARTE, 1997; "O centenário de Rui Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras, 1998; "Maricota Baianinha e outras mulheres", ABL, 2002, "A Antologia de Contos de Ribeiro Couto", Academia Brasileira de Letras; "Brasil / França: as relações históricas no período colonial", Editora da Biblioteca do Exército, 2006.
Como lexicógrafo, além de seu "Dicionário Biográfico Musical", Vasco Mariz contribuiu com numerosos verbetes nos seguintes dicionários e enciclopédias nacionais e estrangeiras: "Diccionario Enciclopédico de la Musica", Barcelona, 1946; "Brockhaus Riemann Musik Lexikon", Mainz, Alemanha, 1979; "New Grove Dictionary of Musicians", Nova York, 7ª edição, 1984; "Koogan / Houaiss Enciclopédia e Dicionário Ilustrado", Rio de Janeiro, 2000; "Enciclopedia ENCARTA", Madri, 2001 (CD-Rom); "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", Rio de Janeiro, 2001; "Mini-Dicionário da Língua Portuguesa Caldas Aulet", Rio de Janeiro, 2004 e "Diccionario Biográfico Español", da Real Academia de la História, Madrid, edição de 2007. Sua biografia de Villa-Lobos foi adaptada para um CD-Rom pela LN Comunicações e Informática, Rio de Janeiro, 1998.
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