
A Academia Brasileira de Música convida para “Encontros ABM 2025”, série de eventos online a serem realizados entre março e novembro. Através de debates e mesas redondas, músicos convidados irão suscitar a reflexão sobre temas atuais e relevantes para o desenvolvimento da música brasileira nas áreas da composição, da interpretação, da educação musical e da musicologia. Ao longo do primeiro semestre, os encontros mensais abordarão a “Ópera” – gênero de natureza múltipla que cumpre uma importante função de representação de imaginários socioculturais ao longo de sua história – sempre com convidados especiais e mediadores de elevado conhecimento neste segmento artístico.
Na terça-feira, dia 29 de abril, às 18h, a ABM vai promover mais uma edição do “Encontros ABM”. Com transmissão ao vivo pelo canal da ABM no YouTube, a roda de conversa aborda o tema “Ópera brasileira e novas tecnologias” contando com mediação do compositor, professor, conferencista e pesquisador Leonardo Martinelli, e participação da acadêmica, compositora, pianista e escritora Jocy de Oliveira, do musicólogo João Pedro Cachopo e do compositor Paulo Zuben. Neste Encontro, pretende-se discutir como a ópera brasileira resiste e se reinventa no contexto tecnológico contemporâneo.
Link para assistir ao vivo no YOUTUBE:
LEONARDO MARTINELLI (Moderador) é compositor, professor universitário, conferencista e pesquisador, com graduação, mestrado e doutorado pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Atualmente, suas pesquisas e composições enfatizam a questão do affetto e da expressividade enquanto elemento estrutural nas poéticas musicais contemporâneas. Entre 2014-16 dirigiu os programas educacionais do Theatro Municipal de São Paulo (a partir dos quais foram criados o Opera Studio, o Ateliê Contemporâneo e a Banda Sinfônica da Escola Municipal de Música). Trabalhou como docente em importantes instituições musicais brasileiras, tais como a Escola Municipal de Música de São Paulo e a Academia da Osesp. Nos últimos anos, tem se dedicado ao repertório lírico, tendo composto e estreado quatro óperas: O peru de Natal (2019) e O canto do cisne pelo Theatro São Pedro (SP), Três minutos de sol (2021) pelo Festival Amazonas de Ópera e Navalha na carne (2022) a primeira encomenda da história do Theatro Municipal de São Paulo. Em 2023 seu Concerto para orquestra foi estreado para celebrar os 15 anos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, e neste mesmo ano foi compositor residente no Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG). Atualmente trabalha como docente junto à Faculdade Santa Marcelina, onde leciona disciplinas relacionadas à história da música, estética, análise musical, orquestração e elementos da linguagem musical, além de composição musical.
JOCY DE OLIVEIRA é compositora, pianista e escritora. Como compositora direcionou seu trabalho para o desenvolvimento de uma linguagem multimídia, envolvendo música, teatro, instalações, textos e vídeo. Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais e suas obras têm sido apresentadas e aclamadas em importantes teatros e festivais brasileiros, europeus, norte-americanos e sul-americanos. Em sua produção composicional, destaca-se a ópera multimídia, com vários títulos aclamados pela crítica e público no Brasil e no exterior (Fata Morgana,1987; Liturgia do espaço, 1988; Inori à prostituta sagrada, 1993; Illud tempus, 1994; Canto e raga, 1995; Cenas de uma trilogia, 1999; As Malibrans, 1999/2000; Kseni – A estrangeira, 2004/2005; Solo – Pocket opera, 2006/2007; Berio sem censura, 2012; Liquid voices – A história de Mathilda Segalescu, 2017). Sua discografia é vasta, incluindo álbuns e singles em LPs e CDs de gravadoras brasileiras e norte-americanas. É autora de oito livros, tendo inclusive recebido o Prêmio Jabuti na categoria Artes em 2015, por “Diálogos com Cartas”. “Alucinações autobiográficas”, seu último livro, publicado pela Editora Relicário em 2024, sintetiza sua trajetória artística, incluindo a relação que estabeleceu com suas personagens femininas. Este livro deverá se tornar mais uma ópera.
JOÃO PEDRO CACHOPO é musicólogo e filósofo. Leciona Filosofia da Música na Universidade Nova de Lisboa, onde integra o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. Seus interesses atravessam os domínios da musicologia, da filosofia e dos estudos de media, e incluem: a relação da ópera com o cinema, o impacto da revolução digital na cultura contemporânea e questões de performance, dramaturgia e remediação. É autor de Callas e os seus duplos: metamorfoses da aura na era digital (Documenta, 2023), A torção dos sentidos: pandemia e remediação digital (Sistema Solar, 2020; Elefante, 2021), traduzido para inglês como The Digital Pandemic (Bloomsbury, 2022), e Verdade e enigma: Ensaio sobre o pensamento estético de Adorno (Vendaval, 2013). Derivado de sua tese doutoral em Filosofia contemporânea (UNL, 2011), esse livro recebeu o Prêmio do PEN Clube Português na categoria de Primeira Obra, em 2014. Traduziu para o idioma português Didi-Huberman, Rancière e Adorno. Foi pesquisador visitante na University of Durham (2012) e na Columbia University (2015). Entre 2017 e 2019, realizou pós-doutorado na University of Chicago. Foi professor visitante na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Estadual de Campinas em 2016 e em 2022, na Universidade de Brasília.
PAULO ZUBEN é compositor. É doutor em Musicologia pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e graduado em Composição pela Faculdade Santa Marcelina. No período de Mestrado, realizou estágio em composição e informática musical do IRCAM, em Paris. Desde 2008 é diretor artístico-pedagógico da Organização Social Santa Marcelina Cultura, responsável pela gestão da Escola de Música Tom Jobim, do Theatro São Pedro e do Guri Santa Marcelina, e desde junho de 2018, preside a Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura – ABRAOSC. Foi também diretor do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão entre 2009 e 2011. Tem livros publicados – Música e tecnologia: o som e seus novos instrumentos (Irmãos Vitale, 2004) e Ouvir o som (Ateliê Editorial, 2005) – e escreveu obras instrumentais e eletroacústicas gravadas em CDs, tocadas em importantes festivais de música do Brasil e do exterior, que receberam diversos prêmios. Em 2013, foi condecorado pelo Ministério da Cultura francês com a ordem de Chevalier dans l’Orde des Arts et des Lettres.